quarta-feira, 10 de outubro de 2012

HOMICÍDIOS NO BRASIL, MAPA DA VIOLÊNCIA



BRASIL CAMPEÃO MUNDIAL DE HOMICÍDIOS
                  
Segundo levantamento feito pela ONU, o Brasil é o segundo pais mais estressado do mundo.  O povo está inquieto e agressivo. Não há paz nas ruas; é uma exasperação assustadora; mata-se por qualquer motivo, seja por assassinatos ou no trânsito.
Pelo relatório, os países com as mais altas taxas de homicídios, entre eles o Brasil, estão nas Américas Central e do Sul e na África. Honduras aparece em primeiro lugar no ranking com uma taxa de 82,1 assassinatos por grupo de 100 mil. Em segundo lugar vem El Salvador, com uma taxa de 66 mortes por 100 mil. Entre os primeiros nesta lista estão ainda Jamaica (52,1), Venezuela (49) e Guatemala (41). Na América do Sul, a taxa do Brasil (22,7) é mais alta que a da Guiana (18,4), do Equador (18,2) e até do Paraguai (11,5).
O Iraque, por exemplo, aparece com apenas 608 mortes em 2008 e índice de apenas 2 mortes por 100 mil habitantes, segundo dados da OMS.
Em números absolutos, no entanto, o Brasil, com a maior população do continente, amarga o primeiro lugar no ranking não só da América do Sul, mas do mundo inteiro. Foram 43.909 pessoas mortas intencionalmente em um ano, enquanto na Colômbia foram 15.459, e, na Venezuela, 13.985.
O Brasil é o país quinto país mais populoso do mundo, atrás de China, Índia, EUA e Indonésia. O segundo com mais homicídios em um ano, de acordo com o estudo, foi a Índia, com 40.752 mortes em 2009. A população indiana, no entanto, é mais de cinco vezes maior que a do Brasil.

Baseando-se em dados do DataSUS, do Ministro da Saúde, tida como a fonte mais confiável, consta-se que em 2008, por exemplo, 85.270 brasileiros perderam a vida de forma violenta: (48.610 foram assassinadas e 36.666 perderam a vida no trânsito, em 2008 e 92% são homens.

Em 2003, 50.980 homicídios; 2004, 48.374; 2005,  47.458; 2006, 49.145 e em 2007, 47.707 homicídios.
Em 5 anos de guerra no Vietnã, morreram 57 mil americanos e na guerra do Iraque, apenas 3 399 soldados aliados (a maioria americanos, morreram no conflito, enquanto isso no Brasil... Para 80% dos brasileiros consultados a violência está fora de controle e  ninguém confia nas polícias etc.
Cresce vertiginosamente a frota de carros blindados, casas com cercas elétricas e sofisticados sistemas eletrônicos, condomínios fechados e nem mesmo nas pequenas cidades do interior  vive-se em paz
É a "tragédia anunciada" da segurança pública brasileira: 50 vezes mais mortos que na Faixa de Gaza . "Aproximadamente 50 mil homicídios ocorrem a cada ano no Brasil", sublinha a Human Rights Watch. número pode ser comparado ao de países em guerra, segundo o jornal. Angola demorou 27 anos para chegar a um milhão de mortes, mas estava oficialmente em guerra civil. A estatística é de um estudioso da violência, o economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que quer alertar para a "A questão social não seria unicamente responsável se a gente tivesse um sistema coercitivo que funcionasse. Temos um sistema de segurança pública falido. A violência é como um barco à deriva desses problemas sociais, socioeconômicos", diz.

ESPÍRITO SANTO TEM UMA DAS MAIS ALTAS TAXAS DE HOMICÍDIOS, segundo ONU

O Espírito Santo é um dos estados do Brasil com o maior índice de homicídios, de acordo com o "Estudo Global sobre Homicídio" do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc, na sigla em inglês). Os números são de 2009, e pelo balanço, o estado possui uma média de 30 a 60 homicídios a cada 100 mil habitantes por ano, maior que a média nacional de 22,7 mil homícidios por 100 mil habitantes.
Segundo o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e especialista em políticas públicas, Roberto Simões, a situação capixaba é alarmante. "Pela ONU, acima de 10 homicídios a cada 100 mil habitantes, a situação já é de epidemia. Aqui no estado, nós já passamos e muito desse número. Pra se ter uma idéia, com este número há uma média de 1800 a 2000 mortes por ano no Espírito Santo. A grosso modo, para a população ter a dimensão da gravidade da situação, é como se um avião boeing lotado caísse todo mês em terras capixabas", diz o professor.
A região que alcançou os maiores números foi o Nordeste. Para o especialista, pelos recursos sociais que possui, o Espírito Santo não deveria estar competindo com a região nestes dados. "Temos indicadores sociais mais elevados que os estados do Nordeste e estamos com números semelhantes aos deles. Precisamos de uma política pública mais efetiva para mudar esta situação", afirma.
Segundo o delegado-chefe da Polícia Civil do Espírito Santo, Joel Lyrio Júnior, nos últimos dois anos os números de homicídio no estado têm caído. "Admitimos que nossos dados são preocupantes. Mas, os números dos últimos anos são diferentes destes dados da ONU. Pois, as ações governamentais de lá pra cá têm visado dar ênfase na proteção social, além da proteção policial", diz.
Aumenta vertiginosamente a frota de carros blindados, casas com cercas elétricas e de farpas de aço, sofisticados sistemas eletrônicos de segurança, até mesmo em pequenas comunidades do interior.

Jul io Jacobo Waiselfisz, no seu livro Mapa da Violência - Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil, diz:

“Estados que durante anos foram relativamente tranqüilos, alheios a essa fúria homicida, entram numa acelerada voragem de violência. Outros que tradicionalmente ocupavam posições de liderança no panorama nacional da violência veem seus índices cair, e até de forma drástica em alguns casos.
A violência homicida, que era patrimônio indesejado dos grandes centros urbanos do país, com seu crescimento maciço e caótico desloca-se para áreas de menor densidade e peso demográfico.
Tendo como causa o incremento do consumo de drogas e do narcotráfico; não se fala das diversas formas emergentes de dominação e controle territorial que disputam com o Estado a legitimidade do uso da violência, seja resultante do tráfico, de milícias, de madeireiras ilegais ou interesses econômicos e políticos rondando grandes empreendimentos agrícolas no arco do desmatamento. Como assim também não se fala das áreas de biopirataria, ou dos municípios de fronteira com suas diversas rotas das atividades ilegais. Tampouco fazemos referência ao enorme peso de uma cultura da violência que resolve os conflitos pela via do extermínio do próximo, cultura que, pelos dados disponíveis, está se espalhando no país”.
O Brasil concentra quase um décimo das mortes por homicídio ocorridas no mundo. Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (6) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), foram registrados no país 43.909 assassinatos de um total de 468 mil no mundo todo. E a população brasileira corresponde a menos de 3% dos habitantes do planeta.
“Temos 34,5 milhões de jovens de 15 a 24 anos de idade. Mais ou menos 19% desses jovens não estudam nem trabalham”, adverte Julio Jacobo Waiselfisz, que é o coordenador do Mapa da Violência do Brasil, um estudo feito anualmente. Em edições anteriores, o levantamento havia detectado os mesmos problemas apontados pela agência da ONU. “São na maioria jovens negros, da periferia, com baixo índice de escolaridade. São o caldo de cultura da criminalidade, da droga, que é o único caminho que a sociedade lhes deixou aberto.”
Os dados utilizados no levantamento dizem respeito ao ano de 2009 e foram fornecidos pelo Ministério da Justiça. Eles mostram que os crimes têm caminhado dos estados mais populosos em direção a pontos antes relativamente tranquilos. Alagoas, Pará, Rondônia e Mato Grosso são alguns dos que registram os piores índices. Waiselfisz explica que se trata de um fenômeno visto a partir da década de 1990. Os municípios fora das regiões metropolitanas começam a ter mais crimes registrados. Contrabando em fronteiras, crescimento de novos pólos industriais e novas frentes de desmatamento explicam o deslocamento de eixo, somados a uma melhoria nos serviços de registros de dados em cidades menores. 
Na América do Sul, a taxa é de 15,6 homicídios por 100 mil habitantes, quase o dobro da média mundial. Há grandes disparidades regionais. No Brasil, são 22,3, contra 33 por 100 mil na Colômbia e 49 por 100 mil na Venezuela. Na outra ponta estão o Chile, com 3,7 mortes, o Suriname, com 4,6, e o Peru, com 5,2, sempre em relação a cada 100 mil moradores. 
Em números absolutos, a Colômbia fica na segunda posição regional, com 15.459 assassinatos, contra 13.985 da Venezuela. O que chama atenção da ONU é a grande mortalidade entre jovens do sexo masculino, bem diferente do que se vê no restante do mundo. A taxa de crimes entre os 20 e os 24 anos responde por 16% do total, seguida pelas faixas de 25 a 29 anos (14%) e de 30 a 34 (11%). “São jovens de classes muito baixas que abandonaram seus estudos porque as famílias não podem mantê-los. Como não têm estudo, não têm acesso ao trabalho. São jovens que não têm nenhum tipo de acesso às estruturas sociais”, lamenta o Jacobo Waiselfisz.
O relatório indica que estas políticas, somadas às adotadas localmente, explicam a forte redução da taxa de criminalidade em São Paulo, que passou de 20,8 homicídios por grupo de 100 mil habitantes em 2004 para 10,8 em 2009. "A diminuição dramática dos homicídios cometidos em São Paulo, a cidade mais populosa do Brasil, mostra que muito pode ser feito por meio de medidas preventivas e repressivas, tendo como foco fatores de risco específicos”, anota o estudo.
Para Jacobo Waiselfisz, a explicação passa por diferentes vertentes que acabam por se encontrar. Em uma ponta, houve uma melhoria do sistema de segurança pública do estado a partir do fim da década de 1990, em especial por conta de pressões da sociedade civil. Em outra, a criação do Plano Nacional de Segurança Pública e do Fundo Nacional de Segurança Pública contribui para dar recursos ao combate à criminalidade. Soma-se a isso a reação de vários municípios da região metropolitana de São Paulo, que antes lideravam os rankings nacionais de homicídios e que passam a adotar políticas ousadas, com resultados rápidos.
Além de defender o desarmamento no combate aos homicídios, o ministro da Justiça considera que fazem falta ações integradas, em especial para combater a impunidade. Além disso, ele considera que cada estado deveria criar unidades específicas para investigação deste tipo de crime – calcula-se em menos de 10% o índice nacional de solução de casos de assassinatos. “São grandes os desafios que todos aqueles que governam, seja no âmbito federal ou estadual, têm o dever de enfrentar de forma conjugada, superando entraves políticos e buscando soluções necessárias para a sociedade brasileira.”
Esta semana, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, criticou a omissão dos sucessivos governos federais em ter uma política forte de combate aos homicídios. Embora se trate de uma questão que diz respeito às corporações de segurança estaduais, o autor de Elite da Tropa considera que é preciso que o Executivo nacional tome o controle da articulação de iniciativas. “Para um presidente da República, não é um bom negócio avocar a si essas responsabilidades, tornando-se protagonista de uma área problemática, que dá resultados a longo prazos. Esse é um processo de 10, 20 anos para chegar um ponto mínimo de racionalidade.”
Com 1,09 milhão de homicídios entre 1980 e 2010, o Brasil tem uma média anual de mortes violentas superior à de diversos conflitos armados internacionais, apontam cálculos do "Mapa da Violência 2012", produzido pelo Instituto Sangari e divulgado nesta quarta-feira.
O estudo também conclui que, apesar da redução das mortes violentas em diversas capitais do país, o Brasil mantém um índice epidêmico de homicídios - 26,2 por 100 mil habitantes -, que têm crescido sobretudo no interior do país e em locais antes considerados "seguros".
Calculando a média anual de homicídios do país em 30 anos, Julio Jacobo Waisefisz, pesquisador do Sangari, chegou ao número de 36,3 mil mortos no ano - o que, em números absolutos, é superior à média anual de conflitos como o da Chechênia (25 mil), entre 1994 e 1996, e da guerra civil de Angola (1975-2002), com 20,3 mil mortos ao ano.
A média também é superior às 13 mil mortes por ano registradas na Guerra do Iraque desde 2003 (a partir de números dos sites iCasualties.org e Iraq Body Count, que calculam as mortes civis e militares do conflito).
"O número de homicídios no Brasil é tão grande que fica fácil banalizá-lo", disse Waisefisz à BBC Brasil. "Segundo essas mesmas estatísticas (feitas a partir de dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde), ocorreram, em 2010, quase 50 mil assassinatos no país, com um ritmo de 137 homicídios diários, número bem superior ao de um massacre do Carandiru por dia", diz o estudo, em referência à morte de 111 presos no centro de detenção do Carandiru (SP), em 1992.
"Estados que durante anos foram relativamente tranquilos, alheios à fúria homicida, entram numa acelerada onda de violência", diz a pesquisa. Cidades menores como Marabá (PA) passaram a liderar taxa de homicídios por 100 mil habitantes. É o caso, por exemplo, de Alagoas, que, com 66,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2010, se tornou o Estado com o maior número de mortes violentas (era o 11º em 2000).
O Pará, que era o 21º Estado com mais mortes violentas em 2000, subiu para a terceira posição em 2010, com uma taxa de 45,9 homicídios por 100 mil habitantes.

Homicídios no Brasil

Em 2010, o país registrou 49,9 mil mortes violentas. No total de 30 anos (1980-2010), esse número chegou a 1,09 milhão. Alagoas, Espírito Santo, Pará, Pernambuco e Amapá.
Estados onde cresceram os homicídios entre 2000 e 2010: Pará (332%), Bahia (332,4%), Maranhão (329%), entre outros
Estados onde caiu a incidência de homicídios entre 2000 e 2010: São Paulo (-63,2%), Rio de Janeiro (-42,9%), Pernambuco (-20,2%), entre outros
Cidades com maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2010: Simões Filho (BA) - 146,4 - Campina Grande do Sul (PR) – 130 - Marabá (PA) - 120,5
Fonte: Fonte: http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_web.pdf



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