quarta-feira, 22 de agosto de 2012

QUEM É JOAQUIM BARBOSA?



Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, noroeste de Minas Gerais. É o primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.

Foi Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia e, após, foi advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) (1979-84).

Prestou concurso público para procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado e doutorado ambo s em Direito Público, pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e 1993. Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro -  UERJ. Foi visiting scholar no Human Rights Institute da Faculdade de Direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law (2002 a 2003).

Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade.
 






O Ministro JOAQUIM BARBOSA, ao contrario de alguns pares, possui Biografia e não prontuário criminal... ,
E todos os postos ocupados por ele foram via concurso, não por quota.

Também se destaca pela honradez no julgamento do Mensalão do PT o Dr. Roberto Gurgel, procurador-geral da república

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ONDA DE GREVES DESAFIA GOVERNO DILMA

AGOSTO VERMELHO, Onda de greves desafia governo Dilma

Mais de 350 mil servidores federais de 28 diferentes carreiras estão parados, alguns há mais de 90 dias.  E Acuado pela greve dos servidores, governo admite negociar. A presidente Dilma é refém da REPÚBLICA SINDICAL.
“Quem ela pensa que é?” já deram o recado; é uma queda de braço... Ministérios, universidade, IFES, fundações, agências reguladoras. O Movimento grevista se espalhou pelo país e expôs ministro próximo ao núcleo da presidente a vaias.

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF) informou que servidores filiados à entidade de cinco ministérios e de outras cinco áreas estão em greve. A paralisação parcial atinge as pastas da Saúde, do Planejamento, Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Turismo.

Também estão sem trabalhar os servidores da Fundação Nacional de Saúde, do Hospital das Forças Armadas, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ibama, Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Arquivo Nacional.
Já o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagênicas) informou que dez agências reguladoras estão em greve, como Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Agência Nacional de Telecomunicações.
O movimento de reivindicação dos servidores das agências teve início em 16 de julho e tem 66% de adesão, segundo o sindicato. A entidade informou que as agências empregam 7,5 mil servidores públicos em todo o país.

Nesta terça-feira (7), policiais federais também entraram em greve.
Policiais rodoviários federais
também ao movimento. Também estão em greve, desde 21 de maio, os professores da Universidade de Brasília. Os técnico-administrativos da instituição estão parados desde 11 de junho.
Filiados ao Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e Ministério Público da União no DF (Sindjus) aprovaram greve em 1º de agosto.
O Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF) informou que servidores filiados à entidade de cinco ministérios e de outras cinco áreas estão em greve. A paralisação parcial atinge as pastas da Saúde, do Planejamento, Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Turismo.

Também estão sem trabalhar os servidores da Fundação Nacional de Saúde, do Hospital das Forças Armadas, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Arquivo Nacional.

A despesa média mensal com servidores do Executivo saltou de R$ 2.840 per capita, no início do governo petista, para R$ 7.690, hoje -alta de 170%, contra uma inflação acumulada de 70%.
Diz GUSTAVO PATU: “A administração petista estabeleceu, na bonança econômica de Lula, um padrão de generosidade com o funcionalismo que Dilma, neste momento de vacas magras, não pode reproduzir”.
Polícia rodoviária ampliou a operação-padrão para todo o país
Reajustes salariais bem superiores aos da iniciativa privada não foram a única benesse concedida aos sindicatos dos servidores, que estão entre as principais bases políticas do PT.
O quadro de civis do Poder Executivo foi elevado de 485 mil para os atuais 573 mil funcionários, revertendo praticamente todo o enxugamento promovido nos anos FHC.
Atendendo à pressão das corporações, o número de carreiras na máquina administrativa federal saltou de pouco mais de 30 para mais de uma centena hoje -cada uma com seus próprios planos de carreira e demandas salariais.
Essa expansão não seguiu uma política de recursos humanos que identificasse as necessidades dos diferentes órgãos e categorias.
Tratou-se, principalmente, de uma ofensiva de reparação aos servidores do Executivo, que, no governo tucano, haviam sido sacrificados pelo ajuste fiscal e viram seus vencimentos se distanciarem ainda mais dos salários do Legislativo e do Judiciário.
 PACOTES
 Graças a dois pacotes de reajustes salariais generalizados, em 2006 e 2008, os funcionários da administração direta, das autarquias e das fundações tiveram ganhos inéditos em tempos de inflação controlada.
A despesa média mensal com servidores do Executivo saltou de R$ 2.840 per capita, no início do governo petista, para R$ 7.690, hoje -alta de 170%, contra uma inflação acumulada de 70%.
 No topo do ranking salarial, delegados da Polícia Federal, cuja remuneração máxima era de exatos R$ 9.281,73, hoje recebem até R$ 19.699,82, mais que o dobro.
 O surto de reajustes desencadeou uma corrida entre carreiras e poderes. Na lógica sindical do funcionalismo, não importam apenas os ganhos, mas também a posição na hierarquia salarial do serviço público.
 Dilma, no entanto, foi obrigada a promover uma política de contenção de gastos para controlar a inflação herdada do antecessor e manter a dívida pública sob controle.  Como os programas sociais de transferência de renda e as obras de infraestrutura são prioridades indiscutíveis, o quadro de pessoal foi a vítima preferencial do ajuste.
Como em todo o Brasil, Vitória também já enfrenta os transtornos no Aeroporto com a Polícia Rodoviária Federal parando o trânsito no acesso e no interior,  a Polícia Federal com parando os embarques com a “operação padrão” e muitos perderam os vôos. Também paralisaram a emissão de 70 passaportes por dia, navios em fila para atracar porque a ANVISA não libera, exportações paradas e o caos nas avenidas paralisando o trânsito e por aí vai.  
                             

FAREMOS O GOVERNO SANGRAR
O Sindifisco, entidade sindical da Receita Federal, deu um aviso ao Ministério do Planejamento. Se o governo levar adiante o plano de substituir na fiscalização aduaneira os auditores federais por servidores dos Estados e das prefeituras, a medida será entendida como uma “declaração de guerra.”
“E nessa guerra, vamos fazer o governo sangrar”, disse Pedro Delarue  presidente do Sindifisco, em reunião com Sérgio Mendonça, secretário de Relações do Trabalho da pasta do Planejamento. Ocorrido na noite de quarta (8), o encontro foi relatado por Delarue a delegados sindicais do fisco nesta quinta (9).
O linguajar bélico do líder do sindicato da Receita foi reproduzido em textos pendurados no site da entidade. Num, Delarue refere-se à audiência com o auxiliar da ministra Miriam Belchior (Planejamento) como evidência de que, emparedado pelas greves, o “governo já sente a necessidade de negociar.”




quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MULHER, COMO FAZÊ-LA FELIZ


 Este texto circula na internet sem autoria:

COMO É FÁCIL UM CASAL VIVER FELIZ...
Como fazer um HOMEM feliz ???

É necessário apenas: 1) Sexo; 2) Comida;
3) Cerveja; 4) Futebol.

Como fazer uma MULHER feliz ???
A história começa assim...
No mais alto pico do Tibet vive o mais sábio homem do mundo.
Certa vez um rapaz foi à sua procura e perguntou-lhe:
- Mestre dos mestres! Qual o caminho mais curto e seguro para conquistar o coração de uma mulher?
O mestre respondeu-lhe:
- Não há caminho seguro para conquistar o coração de uma mulher, filho.
Só trilhas à beira de penhascos e caminhos sem mapas, cheios de pedras e serpentes venenosas..
- Mas, então, mestre... O que devo fazer para conquistar o coração da minha amada? Então lhe disse o grande guru:
- Fazer uma mulher feliz é fácil. - Só é necessário ser:

1) Amigo - 2) Companheiro - 3) Amante - 4) Irmão - 5) Pai - 6) Chefe - 7) Educador - 8) Cozinheiro - 9) Mecânico
10) Encanador - 11) Decorador de Interiores - 12) Estilista 13) Eletricista - 14) Sexólogo - 15) Ginecologista – 16) Psicólogo - 17) Psiquiatra - 18) Terapeuta - 19) Audaz 20) Simpático - 21) Esportista - 22) Carinhoso - 23) Atento 24) Cavalheiro - 25) Inteligente - 26) Imaginativo – 27) Criativo - 28) Doce - 29) Forte - 30) Compreensivo 31) Tolerante - 32) Prudente - 33) Ambicioso - 34) Capaz 35) Valente - 36) Decidido - 37) Confiável - 38) Respeitador
39) Apaixonado - 40) - E, de preferência, RICO!!!
Não cuspa no chão; - Não coce o saco na frente dela;
- Não arrote alto. Aliás, não arrote; - Dê flores e muitos.. Muitos presentes; - Corte e limpe as unhas.. Não coma as unhas; - Não peide sob o cobertor. Aliás, não peide.
- Levante a tampa do vaso antes de mijar. - Deixe ela ter ciúme de você, ela pode; - Use desodorante (que preste);
- Dê descarga depois de sair da privada; - Não fale palavrão;
- Não seja engraçadinho com os outros; - Não fale mal da mãe dela. Aliás, ame a mãe dela; - Não tenha ciúme dela;
- Não fique barrigudo. Aliás, não engorde; - Não demore no banho; - Não chegue tarde em casa. - Saia para trabalhar e volte correndo; - Não beba até tarde com amigos. Aliás, não tenha amigos; - Não seja pão-duro. Use pelo menos 2 cartões de crédito; - Não diga que mulher não sabe dirigir;
- Não olhe para outras mulheres.... Aliás, não existem outras mulheres; - Aprenda a cozinhar; - Diga 'eu te amo' pelo menos 05 vezes por dia; - Lave a louça; - Ligue para ela, de qualquer lugar; - Deixe ela conversar durante horas ao telefone; - Não ronque; - Não seja fanático por futebol;
- Faça a barba todos os dias para não arranhá-la;
- Nunca reclame de nada; Repare quando ela cortar o cabelo, mesmo que seja apenas as pontinhas, e diga sempre que ficou lindo...
E é muito importante ainda não esquecer as datas do seu: aniversário, noivado, casamento, formatura, menstruação, data do Primeiro beijo; aniversário da mãe, tia, irmão ou irmã mais querida; aniversário dos avós, da melhor amiga... E do gato
Infelizmente, o cumprimento de todas estas instruções não garante 100% a felicidade dela, porque poderia sentir-se presa a uma vida de sufocante perfeição e fugir com o primeiro traste 'gozador da vida' que encontre.

- E o mais importante, meu rapaz... Espere... Volte aqui...
- NÃO... NÃO PULE... NÃO SE MATE !!!!

Este texto circula na internet sem autoria e foi enviada pelo padre SILVANO SURMATZ, do Paraná
                                   ******************

Já Mefistófeles (Satanás) no Fausto de Goethe (Johann Wolfgang von Goethe)  diz: “O que faz mesmo uma mulher feliz é o dinheiro, a luxúria e uma boa casa para a família”...



domingo, 22 de julho de 2012

VIDEOGAMES E PORNOGRAFIA levarão à extinção da humanidade



Thiago Barros Para o TechTudo
“Se você joga muito videogame e assiste a vídeos pornográficos na Internet, cuidado: você pode estar ajudando a acabar com a raça humana. Pelo menos, é isso o que garante o professor Philip Zimbardo, da Universidade americana de Stanford na Califórnia, Estados Unidos. Segundo ele, estas duas atividades estão criando um tipo de homens que se vicia em fatores alheios ao mundo real e acabam perdendo as suas capacidades de desenvolverem relacionamentos saudáveis com outras pessoas.
O polêmico professor Zimbardo é contra videogames e pornografia 

De acordo com o jornal Mercy News, o doutor Zimbardo acredita que os homens estão gastando muito tempo isolados no mundo digital. E, segundo ele, as pessoas solitárias acabam morrendo mais cedo. Portanto, a expectativa de vida deles só tende a diminuir. Em seu livro, “Porque meninos estão sofrendo e como podemos ajudar”, o psicólogo argumenta que os homens estão crescendo sem serem “animais sociais”. Ou seja, ignorando a convivência em sociedade.

“Os meninos passam muito tempo no mundo digital, jogando vídeo game, vendo pornografia, mandando SMS, vendo televisão – e sempre sozinhos”, diz.
O professor, de 79 anos, acredita que este é um processo de regressão que muitos homens estão fazendo. De acordo com ele, o excesso de uso dos jogos e de visualizações de programas eróticos estão criando uma geração de rapazes “covardes e com medo de navegarem nas complexidades e riscos da vida real, escola e emprego”.

E ele cita um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos que confirma que pessoas que regularmente assistem vídeos adultos têm mais depressão e problemas físicos. Além disso, a mesma pesquisa confirma que muitos jovens utilizam o mundo real como uma válvula de escape para toda a pressão que sofrem no dia a dia. O professor lembra ainda das pesquisas que associam comportamentos violentos aos videogames.

“Temos que achar soluções para acabar com o Modo Destruição dos meninos”, completa.

sábado, 7 de julho de 2012

DOM SEBASTIÃO VOLTOU




“Lula não tem caráter”. Disse o Sociólogo Chico de Oliveira, fundador do PT, no programa Roda Viva, da TV Cultura de 02/07/12.
Também sobre Lula, opina Delfim Netto, (VEJA 27/06/12, pg. 64): “O nível do mar aumentou. O problema é que o Lula pensa que foi ele quem levantou o nível do mar”,  diz o ex-ministro da fazenda e guru do lulopetismo, informando que as exportações cresceram devido à conjuntura, mas sem ajuda nenhuma do governo brasileiro.

                         E gostei tanto do texto do historiador Marco Antonio Villa (*) que resolvi incluí-lo na íntegra neste blog. Diz o autor:
        
"Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer,  pouco republicanas de fazer política.

Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.

No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.

Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.
Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.

Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.

Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".

Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem idéias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.

Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.

Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.

Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".

Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.

E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?"

Artigo publicado em O Estado de S.Paulo de 16/06/12

(*) MARCO ANTONIO VILLA, HISTORIADOR,  É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR)




sexta-feira, 22 de junho de 2012

VISÃO ESTRATÉGICA PETRÓLEO, MINÉRIOS, ÁGUA – DOCE E A 4ª FROTA

           
                               VISÃO ESTRATÉGICA
PETRÓLEO, MINÉRIOS, ÁGUA – DOCE E A 4ª FROTA
              (*) Heitor Garcia de Carvalho

As questões são reais mas mais complexas.
Quarta frota. Obama tem  problemas variados com a questão das armas. Há uma nova geração de material bélico e tem que descartar o antigo. O que tem a ver com isso? Contrariando as estratégias militares estão mantendo os porta aviões dispersos e ancorados em cada porto disponível nos EUA, com exceção dos que estiverem em combate no Afeganistão e na recente intervenção na Líbia. Tradução: cada porta aviões com sua tripulação embarcada de cinco mil homens e muitos outros em terra cria uma movimentação econômica enorme na cidade sede ou seja, votos!!! O presidente cancelou os futuros porta aviões porque como a tecnologia recente é de aviões não tripulados e estes navios são caros para manutenção e tem que ser protegidos passaram a ser elefantes brancos em teatros de guerra avançados. Em terra de índios... tem sua utilidade. Os EUA vão atacar o Brasil? Nunca o fizeram antes mas exercer intimidação sempre ocorreu. O livro a USAID e a Educação Brasileira do escritor Arapiraca tem umas quatro páginas listando as intervenções americanas na América Latina...

A pergunta é quem a esquadra vai interceptar? Quem quer proteger? Não há perspectivas de invasão e desembarque nem na América Latina e nem na África e muito menos Europa. A guerra da Líbia, em cenário de amplos espaços de deserto, era favorável à força aérea. Já na Líbia ou Irã isto não é a mesma coisa.

A frota estaria protegendo a via de transporte de petróleo vindo de  plataformas marítimas nas costas da África e do Brasil. Enquanto campos na terra e oleodutos podem ser alcançados por pequenos grupos e homens bomba para atingir uma plataforma há necessidade de tecnologia mais avançada.

Os EUA  com novas tecnologias de perfuração (a tal horizontal...) estão explorando xisto betuminoso no seu território e no Canadá. Já têm expectativa de auto-suficiência energética mas preferem guardar uma porção considerável do que está no seu território como reserva estratégica.
Com relação aos minérios de terras raras necessários a produtos de alta tecnologia como celulares, células fotovoltaicas, etc... hoje o virtual monopólio é da China com mais de 90 por cento de produção. Há em quantidades apreciáveis na África mas as maiores reservas conhecidas e exploráveis estão no Brasil. Só que não precisam se apoiar na força militar para obtê-las, uma pequena quantidade de dólares de propina e conseguem controlar as holdings que vão fazer a lavra.

-Água doce. A América Latina é o único continente que tem alta disponibilidade por habitante. Porém é inviável transportá-la e nem os americanos sedentos resolverão mudar-se em grande migração para os trópicos. Também eles têm muitas reservas e inclusive as geleiras canadenses. Guerras pela água serão prováveis na Ásia, Europa, África mas não na América Latina, Tais guerras não serão necessariamente com forças armadas mas muito mais com armas econômicas, por exemplo, deslocando para onde há disponibilidade indústrias que consumam muita água.     
Como reagir às "demonstrações de força" americanas? Mais fácil falar do que fazer.

-Militar. A guerra "assimétrica" exige do poder dominante um excesso de recursos como a lição do Vietnam demonstrou. Pode levá-lo à exaustão. O que o Brasil deve fazer? Empatar o jogo seria muito difícil, a URSS, que conseguiu várias paridades, se esvaiu até o colapso econômico. Mas ter condições de "vender caro a pele" pode ser um dissuasor razoável.

-Econômica. Somente o desenvolvimento de tecnologias próprias, sem pagamento de royalties e sem ter  "Codgos secretos com senhas de acesso ocultas para seus desenvolvedores estrangeiros" podem "vender caro a pele" também na guerra assimétrica econômica.
Sintetizando: a situação não é estática e está evoluindo muito rápido. Há ameaças reais. É preciso muita preparação, pesquisa, inteligência (no sentido militar) e trabalho para impor respeito ao menos no sentido de tornar muito custosa qualquer aventura... Vamos, como diz um amigo, continuando "nossa guerrinha"...

Não conseguimos fazer uma batalha do apocalipse com relação a "tudo que está aí mas vamos contribuindo um palito de fósforo acendido de cada vez e com persistência para evitar ficar apenas amaldiçoando a escuridão.
Na verdade não há muita "profundidade" nas minhas observações. O que tem de vantagem é o ponto de vista, isto é, tendo tido acesso  a informações "privilegiadas!, isto é, passado quatro anos no Canadá, um ano em Portugal no auge da crise e, é claro, tantos anos de Brasil e andado por ele quase todo, tenho tido uma posição "em cima da montanha" para ver um pouco da floresta ao invés de ficar só ao pé de uma grande árvore.

Outra atitude importante é manter um trânsito entre quem privilegia um ponto de vista e quem se opõe. A verdade absoluta de um lado contra a de outro  vai, aos poucos, no evoluir das circunstâncias e
da própria argumentação, sendo polida e mudada. De vez em quando  aceitar que erramos feio é o único caminho sensato a seguir. Duvidar das certezas absolutas é o caminho de Descartes para uma reformulação de séculos de adesão (que se tornou cega) a um conjunto de dogmas que eram inconsistentes desde o início mas que muitas vezes nos iludia.

Entre as fontes de debate de questões estratégicas temos no Brasil os estudos de Geoestratégia, nos EUA a Stratford (há relatórios gratuitos na internet), na Russia há as análises disponíveis na web da Gazeta Russa. Cada um tem seus próprios interesses e não pode ser tomado como verdades absolutas mas... lendo as várias fontes fica-se com melhor média de opiniões e/ou elenco de coisas em debate.
As questões domésticas americanas que "explicam" os movimentos erráticos das forças militares quando se olha quem lucra com cada movimento do complexo industrial militar estão na imprensa,
nos debates políticos. É o que se chama no Brasil de "currais eleitorais" e nos EUA "pork barrell".

As questões realmente estratégicas são mais encontradas nos textos da Stratford e da Gazeta Russa, naturalmente em campos opostos. Muito das posições brasileiras se encontram em trabalhos acadêmicos sobretudo do Itamaraty e de alguns grupos - a favor e contra!- de estudiosos nas  pós-graduações. Os estudos universitários são técnicos e chatos mas fundamentados. Os discursos políticos usam dados escolhidos aqui e a
acolá para defender interesses diversos mas terão mais efeito na realidade do que a pesquisa.
E a gente vai pondo estas coisas na bateia e mexendo e remexendo, deixando passar o tempo, na esperança de achar algum ouro..

Alguma futurologia abaixo do Equador. Um destes gurus da informática disse que a melhor maneira de prever o futuro é construí-lo. Se os planos derem certo e os prazos forem atingidos então o futuro se fará presente, realidade. Um pouco de futurologia pode sustentar o ânimo enquanto, agarrados aos destroços de um barco naufragado, tentamos a travessia da vida.
Há muitos indicadores positivos no Brasil e no planeta e que andam sendo ignorados na mídia, sobretudo naquela destinada a anestesiar e iludir as massas facilitando a exploração. Informações alternativas estão disponíveis aos notívagos e usuários de canais de TV traço, isto é, aqueles cuja cotação de audiência é menor que um e portanto aparecem com este símbolo. . Também estão na internet mas é preciso certa habilidade para desconfiar que existem e para obtê-las. Um exemplo: a TV Justiça colocou ao vivo o julgamento do caso da descriminalização do aborto de fetos com anencefalia. A maioria da população recebeu versões editadas daquele programa que, subliminarmente, induziam a interpretações diferentes das expostas pelos juízes. O Novo Telecurso, muito bom, passa às cinco e meia da manhã e os horários nobres exibem as telenovelas. Os noticiários mais densos foram deslocados para depois da meia noite ou antes das seis horas da manhã. Aqueles noticiosos com esportes, celebridades, paisagens do país, crimes e acidentes são a marmita servida ao meio dia e no horário nobre publicitário.

Demografia. Há vinte ou trinta anos a pilula e o maior nível de instrução das mulheres reduziu a natalidade. Avanços na economia e nas ciências (não adiantaria ter conhecimentos e não ter recursos financeiros para financiá-los) est]ao aumentando a expectativa de vida. Criou-se no Brasil o bônus demográfico, aquele em que a forma da pirâmide populacional passa a se assemelhar a uma gota. Poucas crianças, poucos idosos e muita população em idade ativa. Ou, dito de outro modo, muitos produzindo e poucos consumindo gerando excedentes de renda. Em dez anos haverá o modelo pote, ou seja, jovens adultos de hoje estarão entrando na terceira idade com suas aposentadorias, não haverá crianças transformadas em adultos em número suficiente para pagar a s pensões. Poucos jovens significará menor número de crianças e, em consequência, daqui a vinte anos a população total começará a diminuir. Estima-se que em 2050 a Rússia terá metade da população atual. O bônus populacional traz prosperidade mas seria importante acumular recursos para ter como sobreviver às vacas magras.

Agropecuária. Potencializada pelas pesquisas da EMBRAPA, com mercado consumidor do exterior exigindo padrões elevados de qualidade e bons preços, o setor vem batendo recordes a cada ano.Há ainda condições para incrementos “clássicos” de produtividade; Seleção genética, trangênicos, melhoria da logística diminuindo os absurdos de quebra entre o produtor e a mesa do consumidor. Mas há provável adoção de práticas sustentáveis. Há desenvolvimento da aquacultura, novas culturas de grãos, frutas, legumes, fibras, etc...Controles de pragas, aplicação de tecnologias hoje ainda de ponta usadas para a espécie humana estendendo-as aos animais parecem indicar uma aceleração de crescimento no campo e, inclusive, autoabastecimento nas cidades. Alimentos eternos, isto é, com validade indeterminada permitirão sobreviver às secas e outras quebras de safra. Quanto aos prazos...

Indústria. O setor industrial no Brasil, no passado, foi sendo constituído com o descarte relativo de máquinas tornadas obsoletas nos países desenvolvidos. Com a saturação dos mercados naqueles países muita coisa está sendo repassada ao Brasil que tem mercado consumidor ainda ávido daqueles produtos. Todas as marcas de automóvel do planeta estão abrindo fábricas no país e tentando obter uma fatia de mercado. Já amortizaram completamente os investimentos no país de origem mas não conseguem vender mais porque todos já possuem modelos de última geração. No Brasil cada nova venda é lucro líquido por que os custos de desenvolvimento já foram pagos na origem. A cidade de S. Paulo já tem mais lojas de luxo que nos países que as criaram. Há mais helicópteros em S.Paulo do que na maioria das capitais européias. Estão sendo introduzidos no país o trem bala, o grid inteligente de energia elétrica, a energia fotovoltaica, a eólica. Em todos os setores há efervercência de lançamentos. Em síntese, a indústria entra em uma novo patamar ou fase de produtividade. O grande trunfo é ter mercado consumidor. Será um vôo de galinha? Sem pesquisa que alimente uma inovação contínua para além do que for conquistado o risco existe. Pode haver fôlego para mais uma década ou estourar uma bolha em um ou dois anos. Um refluxo em relação à China já começou nos EUA. Produzir na América do Norte já se torna competitivo porque o dólar se enfraqueceu, a cadeia logística de transporte encarece o produto e compromete prazos de entrega.Ainda não se tornou um padrão ou regra mas a época de ouro da terceirização de produção já perde o antigo esplendor. 

O Brasil tem “descoberto” fatores ocultos. O Pré-Sal, reservas de gás no vale do Jequitinhonha similares às da Sibéria, reservas de minerais de terras raras. Estes são necessários para os produtos de alta tecnologia e hoje só tem exploração, em torno de noventa por cento, na China. Por outro lado as tecnologias de exploração e beneficiamento ainda precisam ser dominadas por brasileiros.
O grande obstáculo a todo este progresso é a baixa qualificação da mão de obra e escassez de formação de quadros superiores em universidades a despeito dos progressos reais já feitos. 

Serviços. Neste particular estão sendo feitos enormes progressos na direção de modernizá-los. Os ganhos de produtividade com uso da convergência digital reduzindo custos, prazos, aumentando a confiabilidade, automatizando, etc... tem sido enorme. Serviços financeiros e bancários estão se modernizando a cada semana. Turismo está removendo atrasos de décadas. Serviços de saúde tem apresentado resultados de ponta como nos centros mais avançados. Há renovação na habitação, segurança, educação, entretenimento. Atenção para uma certa cacofonia nestas afirmações pois, se há avanços, convive-se com situações de extrema deficiência ou carência lado a lado com os casos de sucesso. Nos serviços é quase impossível a transferência direta de tecnologia do exterior para o país. Há que qualificar os prestadores de serviço pelo menos até um nível em que possam executar os novos processos. Um antigo peão de gado pode, com treino aligeirado, fazer uma inseminação artificial para melhorar geneticamente o plantel. Mas alguém terá que ter feito o processo científico e tecnológico que precede o procedimento final relativamente simples feito com instrumentos adequados com base em diagnósticos e metodologias avançadas. As exigências internacionais de padrões sanitários para que importem carne obrigam a cuidar do gado de forma certificada por agências com credibilidade internacional. Esta pressão internacional impede que ao lado de um rebanho vacinado contra aftosa haja um produtor tradicional sem certificação e sem controle.

Sintetizando, no setor serviços, há pressões definidas pelo aumento acelerado da produtividade e isto está ocorrendo. Há casos em que podem, por algum tempo, conviver lado a lado, padrões diferentes em que alguns atendem a exigências internacionais e outros são destinados à população local ou classes de menor poder econômico. Esta dupla estratégia é cada vez menos praticável porque o risco de que uma prática contamine a outra traria prejuízos enormes. A falha em conseguir atingir os padrões de qualidade exigidos no mercado globalizado terá consequências desastrosas. Os eventos de grande porte previstos para os próximos anos serão uma oportunidade de dar um salto adiante ou, na eventualidade de grandes fracassos, de instaurar crise de dimensões sem precedentes na história do país. Criminalidade e banditismo organizados e globalizados podem ter nestes eventos uma chance de transformar o país em uma nova Colômbia como está sendo o caso do México.
Tentando criar um certo fecho para estas reflexões é relevante constatar que há uma encruzilhada de tomada de decisões e possibilidades de ações afirmativas e positivas. Há, embora muita vez encoberta ou abafada pela glorificação de pseudo-sucessos, uma enorme capacidade de trabalho, de criação, de obtenção de resultados e de realizações dentro do país. As forças vivas e positivas são, mais uma vez, chamadas ao sacrifício e à ação e a continuar a carregar o piano.

Um rei nú. O programa Brasil Carinhoso, PAC-2, apesar da apresentaçâo glamurosa e atraente é um projeto com muitos problemas de concepção e implementação.
O “Brasil Carinhoso” seria desnecessário se o fome zero houvesse sido bem sucedido. Mas como admitir dificuldades e corrigí-las macularia a propaganda de sucesso e demandaria esforços, investimento e trabalho consequente, é mais conveniente inventar uma nova ação.
O nome do programa também tem um apelo emocional e evita traduzir meta como Fome Zero que pretende complementar sem substituir. Em princípio traz uma regra de saída porque se refere a crianças de zero a seis anos. A consequência implícita seria que as famílias sairiam do programa quando seus filhos atingissem esta idade., m Mas estendendo o raciocínio um pouco mais teremos a consequência implícita na regra: quando a criança atingir aos seis anos, ou antes disto, as mães engravidarão novamente para não perder o benefício.

Pode parecer que isto não ocorreria uma vez que as famílias felizes recebendo o bolsa família não teriam porque continuar no limiar da miserabilidade. Na prática isto é que irá acontecer.
Uma segunda questão incomoda em uma análise que leve as metas do projeto a mais algumas consequências práticas. A meta da criação de milhares de creches é excelente, mas, oculta uma outra realidade, ou seja, a inexistência delas mesmo depois de oito anos de governo na administração anterior em que a economia batia recordes de crescimento e o poder público federal tinha superavit primário. Ou, dito de outro modo, faltou investimento nisto. Melhor que isto seja corrigido, antes tarde do que nunca. Então, com creches as mães poderão ingressar no mercado de trabalho. Este item, da consequência lógica anterior também, implicitamente, é indicador de alguma questão mal explicada. Se a economia está aquecida, falta mão de obra, há salários altos e transferências de renda que alimentam o consumo, porque estas mulheres devem deixar os filhos nas creches e ingressarem no mercado de trabalho para complementar renda? Estavam fora do mercado porque careciam de vagas de emprego ou faltavam-lhes qualificações para o trabalho? Como na loteria esportiva é melhor marcar um triplo nesta questão. Faltavam vagas, agora há carência de mão de obra. Há vagas mas os candidatos carecem das qualificações necessárias. Na questão de rendimentos, com a expansão dos crediários, comprometeu-se a renda adquirida, cresceu a inadimplência, é preciso mais renda. 

Promover o ingresso desta outra camada no mercado de consumo através de transferências de renda certamente promoverá mais consumo e, com ele, indução de mais oferta. Esta oferta, em uma lógica básica, deveria induzir mais produção e mais emprego. Esta maior ocupação levaria a mais renda e se criaria um círculo virtuoso. Mas, na prática, ao se atingir o pleno emprego dos recursos produtivos, há que se mudar de patamar de capacidade instalada. Para isto teria que ter havido, previamente, investimento em ampliação da capacidade produtiva. Seria injusto dizer que não houve esforços neste sentido nos oito anos anteriores. Grandes obras de infraestrutura foram iniciadas, atrairam-se novas indústrias e investimento externo, há enormes projetos em perspectiva como o Pré-Sal e o reequipamento da marinha mercante e construção naval, a retomada da indústria de defesa, etc.. etc.. Mas... as contas, novamente, faltam fechar. 

Um exame do calendário das realizações e da implementação das ações parece indicar uso daquele famoso kit de primeiros socorros obrigatório nos carros para resolver as mortes por acidentes nas estradas. A cada agravamento de situação há o lançamento bombástico de mais um projeto que camufla fatos de que os rumos e metas dos projetos anteriores andam muito longe de se tornarem realidade. A lista seria longa, vamos assinalar alguma coisa para exemplo. Aumento de consumo sem correspondente acréscimo de oferta terá por consequência inflação, desabastecimento e aumento de importações. Novamente há que se marcar um triplo.
Com os altíssimos juros pagos no mercado brasileiro e o aumento do consumo interno, muito investimento direto estrangeiro,que a presidente chamou de tsunami de dólares, entrou no Brasil e trouxe como consequências a valorização excessiva do Real. Esta valorização tornou os produtos brasileiros, sobretudo os manufaturados, pouco competitivos para exportação. O consumidor brasileiro continuou pagando produtos caros, juros altos e... importando em quantidades crescentes bens e serviços. A indústria começou a sofrer setorialmente com a concorrência dos importados e reagiu inicialmente importando insumos. O governo começou a exigir que as indústrias estrangeiras se estabelecessem no país e tivessem alto conteúdo nacional. Medida esta última, em princípio correta, mas que chegou tarde para salvar as empresas brasileiras. A cada dia se descobre que empresas tradicionais, na surdina, tornaram-se simples subsidiárias de estrangeiras. As cadeias de supermercados, por exemplo, ainda que haja algumas marcas tradicionais tornaram-se subsidiárias. As empresas de aviação também e setor atrás de setor o padrão se repete.

Por mais que os indicadores teimem em mostrar sucesso no combate à inflação, inclusive com recursos como renúncia fiscal, manutenção do preço de combustíveis, na ponta o consumidor tem que acomodar aumentos. A prestação de serviços tem tido aumentos nominais relativamente pequenos mas reais bastante significativos. Não se reflete bem nos índices que as diaristas estão cobrando muito mais. O que ocorre é que muitas famílias estão sendo obrigadas a cancelar este serviço. Os bancos diminuíram a taxa de juros mas passaram a cobrar outras taxas e seu faturamento total continuou o mesmo.
Outro ponto nesta equação é o desabastecimento relativo. As prateleiras dos supermercados continuam ainda cheias mas determinadas marcas ou produtos desapareceram ou se encontram com preços triplicados. O consumidor pode escamotear a inflação mudando para novas marcas ou alternativas que surgem. Algumas destas alternativas são importadas, como no caso das cervejas. Há marcas tradicionais que caíram sob o controle estrangeiro, por exemplo, a cervejaria Kaiser passou a ser Heineken. Ela já era da Coca Cola mas pode ser citada como exemplo de empresa e marca tradicional que tornou-se subsidiária estrangeira.
O tradicional feijão preto, isto é, uma atividade em que o país vem batendo recordes sucessivos de produção e produtividade, já tem mais de sessenta por cento do abastecimento interno com importado chinês!!!! Na agropecuária ainda somos bem sucedidos exportadores mas na agricultura já há dificuldades em várias áreas com concorrência estrangeira, por exemplo, no etanol.
Megaprogramas como criação de escolas técnicas, teoricamente bons, na prática, houve uma colocação de carros adiante dos bois. Construíram-se escolas, matricularam-se alunos, mas não houve preparação prévia de professores e nem contratação. Como consequência, alunos sem aulas por falta de professores. Na ferrovia Norte-Sul foram colocados trilhos mas sem consolidar os cortes nos morros e sem pátios de manobra. Não há como carregar e descarregar os vagões e é preciso fazer estas obras e, em regime de urgência, fazer as contenções para evitar que tudo seja destruído na próxima temporada de chuvas e, enquanto isto, os trens não podem trafegar.

A percepção dos riscos da economia brasileira pelos especuladores internacionais coloca o país como quarto na linha de ser atingido pela crise, o PIB está em tendência para zero.
As medidas que impunham sacrifícios necessários como a redução dos juros que carregava a impopularidade de alterar as regras da remuneração da poupança foram sendo adiadas. E muitas outras coisas que o governo atual tem atacado com aparente coragem, isto é, tentando evitar o pior, tornaram-se emergência por terem sido postergadas com fins eleitoreiros.
Muitas medidas populares geraram efeitos colaterais praticamente contrários ao seu objetivo. Por exemplo, o vale transporte. Alivia o custo para o trabalhador mas tornou-se uma espécie de mensalão das empresas de ônibus. Por mais que ele circule comprando cachaça, cigarro ou seja lá o que, no final, cairá no caixa delas. O crédito consignado assegura que os bancos recebem com toda certeza, antes de qualquer outra despesa que o devedor possa fazer. É ruim conceder crédito? É ruim dar vale transporte, vale alimentação, seguro desemprego... Nenhum desses programas são ruins em si mesmo mas a sua administração prática estão produzindo distorções enormes.
O hiperfaturamento de obras e projetos com práticas de caixa dois para política e desvio para corrupção, lavagem de dinheiro, contravenções de diversas espécies como fachada para crimes está em uma escala enorme. Tendo sido iniciada a rampa descendente em direção à informalidade os participantes passaram à contravenção. Dela enredaram-se na criminalidade com uso de laranjas e terceiros. Os fundos ocultos ou são reciclados com negócios formais aparentemente legais ou procuram paraísos fiscais. Quando os casos se tornam públicos e as provas se acumulam e o risco de serem julgados e punidos pela justiça os seus perpetradores vão se apoiar e inspirar nos grandes mestres do crime organizado como, por exemplo, a máfia. Não recuam diante da intimidação da população, da corrupção policial e até do assassinato de agentes da lei seja policiais ou juízes.
Além da associação com regimes políticos párias internacionais a situação da cleptocracia no Brasil está escancaradamente se apresentando publicamente com ícones de mau-caratismo com abraços e encontros públicos com aqueles que sempre combateram publicamente.
Em resumo: o rei está nu. O que fazer? Mandar embora os impostores que iludem o rei e criar novos programas baseados em pesquisa de diagnóstico das necessidades, proposição politicamente corajosa das medidas necessárias, trabalho, estudo, controle, administração e muitas outras coisas necessárias para que o potencial do país seja aproveitado para criar um melhor futuro.

(*) Heitor Garcia de Carvalho é professor-doutor do IFES/MG, Belo Horizonte