Por THEODIANO BASTOS
“O entorno de
Lula parece considerar militares fardados em torno dele como uma espécie de
risco à própria segurança do presidente. E está implementando um esquema de
proteção baseado agora na Polícia Federal.”
Lula se reúne
hoje (20/01) com cúpula das Forças Armadas para distensionar relações
Oficialmente, a pauta é a modernização das Forças
Armadas, mas Lula deve falar sobre a despolitização das três instituições e os
atos golpistas em 8 de janeiro
Em meio à tensão entre militares e o governo, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá hoje, às 10h, no Palácio
do Planalto, com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com os
comandantes do Exército, general Júlio César de Arruda; da Marinha, almirante
Marcos Sampaio Olsen; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz
Damasceno.
Coronel Marcelo Godoy, ex - GSI Gabinete de
Segurança Institucional, segundo o Estadão e O Globo, pede golpe e diz que
militares da ativa estavam nas invasões dos palácios no dia 8/01. Ameaçou o
ministro Dino, ofende comandante da Marinha e desafia: ‘Venham me prender’. Oficial
do Exército incentivou revolta dos coronéis com comando de tropas, onde foi um dos
militares, que apoiem ação dos extremistas contra o governo Lula.
Minha equipe de inteligência não
existiu, diz Lula sobre atos criminosos no DF
'Se militares quisessem dar golpe, teriam ido muito
além', diz Celso Amorim sobre invasões
Auxiliar de Lula, Celso Amorim fala sobre invasões,
Venezuela e Rússia
O chefe da assessoria especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Celso Amorim, disse que não acredita que as Forças Armadas do Brasil tenham
planejado dar um golpe para derrubar o governo.
Amorim conversou com o programa Hard Talk, da BBC. A entrevista foi ao
ar nesta quinta-feira (19/01).
Quando perguntado se o vandalismo do dia 8 de janeiro foi uma tentativa
de golpe, Amorim disse: "Sim, mas depende de quem você esteja falando. Eu
pessoalmente não acho que os militares (…) estavam planejando um golpe militar,
porque se eles tivessem feito isso eles teriam ido muito além."
Celso Amorim foi ministro das Relações Exteriores e
da Defesa e hoje trabalha como assessor especial de Lula
Amorim diz que as pessoas que participaram dos tumultos — que ele chamou
de atos de terrorismo — provavelmente "contavam com algo desse tipo [um
golpe], mas que isso não aconteceu".
"No fim das contas, não houve ação militar. Acho que vivemos em uma
situação que não é simples, mas acho que vamos conseguir lidar com eles
(militares). E eu acho que vamos com o tempo retomar a confiança completa nas
nossas Forças Armadas."
Entrevista de Celso Amorim para a BBC foi ao ar
nesta quinta-feira (19/01)
Amorim disse que houve muita "manipulação" nos últimos anos
por bolsonaristas, que tentaram cooptar forças de segurança, incluindo nas
Forças Armadas e na polícia, mas disse que isso não afetou a instituição como
um todo.
O assessor especial de Lula conversou de uma sala do Palácio do Planalto
em Brasília por videoconferência com o apresentador Stephen Sackur da BBC, que
estava em Londres. Sackur começou a entrevista perguntando o quão seguro Amorim
se sentia trabalhando no Planalto neste momento.
"Pessoalmente, eu me sinto bastante seguro agora. Eu não acho que
nada vai acontecer agora ou nos próximos dias", disse Amorim. Ele também
disse que as pessoas que fazem a segurança do Planalto foram trocadas e
escolhidas pelo novo governo.
Ele afirmou que nos processos judiciais contra bolsonaristas não haverá
uma "caça às bruxas, não algo como aconteceu no governo Bolsonaro em que
pessoas eram demitidas por apoiarem diferentes partidos políticos".
Quando questionado se o governo brasileiro pedirá a extradição de
Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, Amorim afirmou que "é claro que
extradição é algo que se pode tentar", mas que seria cedo para especular
sobre isso, já que o ex-presidente sequer foi indiciado.
Amorim disse que o Brasil enfrenta uma situação difícil, mas que o país
não é ingovernável, e citou o apoio da "parte esclarecida da elite" a
Lula, assim como das partes "mais sãs e normais do país". E repetiu o
que Lula já havia dito — que o governo sofre oposição de pessoas que têm
interesses em atividades como mineração ilegal e desmatamento da Amazônia.