Por THEODIANO BASTOS (*)
"Revolução na educação, revolução pela educação"
Mudança da grade curricular que começa a vigorar a partir de fevereiro alinha o país aos modelos de educação das nações mais avançadas do mundo
Com a implantação do novo modelo de ensino médio às
escolas nas próximas semanas, o Brasil tem a oportunidade de aproximar sua
matriz educacional da dos países desenvolvidos. A partir de agora, as escolas públicas
e privadas deixam de focar exclusivamente em uma grade de disciplinas
generalistas focadas em um vasto conteúdo preparatório para o vestibular e
investe-se em modelos de cursos mais flexíveis voltados às vocações,
expectativas e habilidades dos estudantes. Leia mais em:
https://veja.abril.com.br/educacao/como-o-novo-ensino-medio-pode-mudar-o-brasil/
Vejo com muito entusiasmo a implantação da Política de
Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI).
Ela foi apresentada pelo governo de Michel Temer, com Mendonça Filho, como
ministro da Educação, instituída pela lei federal 13 415 de 2017.
estabelecendo disciplinas obrigatórias e disciplinas opcionais, dentre as quais
o estudante deve escolher. A medida também prevê aumento da carga horária ao
longo dos anos, acredita-se que a reforma deve ajudar a combater a evasão
escolar] e estimular a
ampliação do ensino em tempo integral
O
texto aprovado divide o conteúdo do ensino médio em uma parte de 60% para
disciplinas obrigatórias, a serem definidas futuramente pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
e 40% para que o aluno escolha uma área genérica de interesse entre as
seguintes opções: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino profissional e pode muda-las ao longo do
curso.
As escolas terão um prazo para aumentar a carga horária das 800 horas anuais para mil horas (ou de quatro horas diárias para cinco horas diárias), visando implantar gradualmente o ensino dito "de tempo integral". Futuramente, a carga anual deve chegar a 1,4 mil horas, mas não há prazo estipulado para esta meta.
O que é o novo ensino médio?
O novo ensino médio representa uma reforma na estrutura do atual sistema de ensino do país. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o objetivo é aproximar os alunos das transformações do mercado de trabalho, possibilitando uma formação mais atualizada. A principal proposta da reforma do ensino médio é estabelecer uma estrutura curricular comum a todas as escolas, que será definida através da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e outra mais flexível, organizada pelo estudante. Ainda segundo o MEC, isso possibilitará maior autonomia para os alunos definirem os rumos da sua educação, de acordo com os seus interesses e afinidades pessoais.
Como
funciona o novo ensino médio?
A Base Nacional Comum Curricular
deverá nortear o currículo do novo ensino médio. A BNCC define os elementos
obrigatórios e comuns a todas as escolas, desde a educação infantil até o
ensino médio. Em abril de 2018, o MEC entregou ao Conselho Nacional de Educação
(CNE) a última versão da BNCC. O documento define que a carga horária do novo
ensino médio terá o total de três mil horas. Dessas, 1.800 serão destinadas ao
currículo comum e 1.200 aos itinerários formativos. Assim, essas serão as matérias
do novo ensino médio:
- Linguagens e Suas Tecnologias
- Matemática e Suas Tecnologias
- Ciências a Natureza e Suas Tecnologias
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
- Formação Técnica e Profissional
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Outra mudança que deve ser observada
na prática do novo ensino médio é a organização por módulos ou créditos,
semelhante modelo adotado nas universidades. Dessa forma, caso necessite trocar
de escola, o aluno pode eliminar o que já estudou e continuar a cursar os
conteúdos faltantes. No entanto, isso ainda deve ser regulamentado.
Novo
ensino médio e o Enem
O que muda no Enem com o novo ensino
médio? Esse é uma das diversas dúvidas que
cercam o tema. Segundo especialistas, o exame deve sofrer modificações para
abarcar as mudanças trazidas com a reforma do ensino médio. Estudiosos da área
educacional acreditam que o Enem deverá
ser restrito às 1.800 horas do currículo comum entre as escolas, visto que os
itinerários formativos serão diferentes em cada instituição e dependerá da
escolha de cada aluno.
THEODIANO BASTOS (*) é presidente do CEPA – Círculo
de Estudo, Pensamento e Ação, ONG que atua em parceria com a UFES na área de
educação. Veja o blog: ongcepaes.blogspot.com.br