quinta-feira, 3 de abril de 2025

TARIFAÇO DE TRUMP NÃO TEM METODOLOGIA E IMPÕE TARIFAS A ILHAS HABITADAS POR PINGUINS

 

Por THEODIANO BASTOS

“DIA DA RUÍNA”: Tarifas irracionais de Trunp causarão estragos na economia global, publica o Estadão.                        Ucrânia 10% e Rússia 0. Pode uma barbaridade dessa?

Ridicularizada por impor tarifas comerciais a ilhas congeladas habitadas em grande parte por pinguins, a fórmula de Donald Trump para calcular essas taxas tem um lado sério: ela também está atingindo mais duramente algumas das nações mais pobres do mundo.

A matemática é simples: pegue o déficit comercial de mercadorias dos EUA com um país, divida-o pelas exportações desse país para os EUA e transforme-o em um valor percentual; em seguida, corte esse valor pela metade para produzir a tarifa “recíproca” dos EUA, com um piso de 10%.

Foi assim que o território vulcânico australiano da Ilha Heard e as Ilhas McDonald, na Antártida, acabaram com uma tarifa de 10%. E ainda pode-se dizer que os pinguins se deram bem.

Mas Madagascar — uma das nações mais pobres do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de pouco mais de US$ 500 –, por outro lado, enfrenta uma tarifa de 47% sobre os modestos US$ 733 milhões de exportações de baunilha, metais e vestuário que fez com os EUA no ano passado.

Saint Pierre e Miquelon, Lesoto 50%, Camboja 49% e por aí vai

“Presumivelmente, ninguém está comprando Teslas lá”, disse John Denton, chefe da Câmara de Comércio Internacional (ICC), à Reuters, em uma referência irônica à improbabilidade de Madagascar conseguir aplacar Trump comprando produtos norte-americanos sofisticados.

Madagascar não está sozinho. A rispidez da fórmula aplicada a economias que não podem se dar ao luxo de importar muito dos EUA inevitavelmente leva a uma alta taxa recíproca: 50% para Lesoto, no sul da África, 49% para o Camboja, no sudeste da Ásia.

“Os maiores perdedores são a África e o Sudeste Asiático”, disse Denton, acrescentando que a medida “corre o risco de prejudicar ainda mais as perspectivas de desenvolvimento de países que já enfrentam uma piora nos termos de comércio”.

Economistas de todo o mundo, no entanto, apressaram-se em apontar que os termos se cancelavam de tal forma que poderiam ser reduzidos a um simples quociente entre o déficit do comércio de mercadorias e as exportações do comércio de mercadorias.

“Não há realmente nenhuma metodologia”, disse Mary Lovely, membro sênior do Peterson Institute. “É como descobrir que você tem câncer e descobrir que a medicação é baseada no seu peso dividido pela sua idade. A palavra ‘recíproco’ é profundamente enganosa.”

Robert Kahn, diretor administrativo de macroeconomia global da consultoria Eurasia Group, concordou que o anúncio produziu “muitos desses números sem sentido que não são relevantes”.

“Isso envia um sinal (…) de que estamos nos afastando de nossos relacionamentos e alianças com eles e é uma ducha de água fria para muitos de nossos aliados tradicionais”, disse ele à Reuters.
SAIBA MAIS EM:
https://istoe.com.br/tarifaco-de-trump-nao-tem-metodologia-e-pune-mais-paises-pobres/ - https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/tarifaco-veja-a-lista-de-paises-taxados-por-trump/ E https://www.estadao.com.br/economia/the-economist-dia-da-ruina-tarifas-irracionais-trump/

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