quinta-feira, 14 de outubro de 2021

3ª VIA, FALTA UM SONHO


Por THEODIANO BASTOS

Concordo plenamente com a análise de William Waack: 'Problema da 3ª via é o que dizer aos eleitores. Falta um sonho'

Não se sabe se a questão está suficientemente clara para os postulantes ao posto de candidato da terceira via, mas o problema é muito mais de conteúdo do que de espaço eleitoral. As pesquisas indicam claramente a existência de um grande “buraco” entre os blocos consolidados a favor, respectivamente, de Bolsonaro e de Lula. Contudo, esses números enganam.
O grande sonho de Moro, Diz Diogo Mainardi

E-MAIL

Como eu disse mais cedo, concordando os artigos de Mario Sabino e William Waack, o candidato da Terceira Via precisa oferecer ao eleitorado um plano concreto para o presente e um sonho verossímil para o futuro.

O sonho que Sergio Moro pode a oferecer não é a prisão dos corruptos, que tem um alcance limitado. Ele pode oferecer um sonho muito maior: a Justiça, em sentido amplo, que envolve o combate à pobreza, o acesso à educação de qualidade, a defesa do ambiente, o livre-mercado, a luta contra os privilégios, a segurança pública, o direito à saúde.

Num país atrasado e injusto como o Brasil, o sonho – o grande sonho – é a justiça.

https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,falta-um-sonho,70003867571 e https://www.oantagonista.com/despertador/o-grande-sonho-de-moro/

terça-feira, 12 de outubro de 2021

“PÁTRIA AMADA NÃO PODE SER PÁTRIA ARMADA”

Diz o arcebispo de Aparecida

Dom Orlando Brandes também mencionou a corrupção e a disseminação de fake news durante sermão na missa pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida

O arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, fez duras críticas ao momento que o Brasil atravessa. Mais cedo, durante seu sermão na missa pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida, ele se posicionou contra o armamento da população e mencionou a corrupção e a disseminação de fake news. 

Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada. Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira.”

“Pátria amada” é o slogan do governo de Jair Bolsonaro. O presidente, no entanto, não foi citado por Dom Orlando Brandes.

"Deveríamos salvar muito a Lava Jato", diz arcebispo de Aparecida

https://www.oantagonista.com/brasil/arcebispo-de-aparecida-patria-amada-nao-pode-ser-patria-armada-assista/

ELEIÇÕES DE 22, DEFINIÇÕES ATÉ DEZEMBRO


Por THEODIANO BASTOS

NO FIM DE NOVEMBRO SABEREMOS QUAIS OS CANDIDATOS A PRESIDENTE.  

Em outubro de 22 o Brasil terá mais de 147,9 milhões de eleitores aptos a votarem para eleger presidente, governadores, 27 senadores, 513 deputados, bem como deputados estaduais e distritais.

" É possível que a busca de renovação e do 'diferente de tudo que está aí' venha cedendo espaço à procura por gente capaz de mostrar serviço diante dos desafios", diz Alon Feuerwekk, em sua artigo EM BUSCA DO RESOLVEDOR (Veja 13/10/21) 

As prévias da Terceira Via

Diogo Mainardi

“O candidato da Terceira Via vai ser escolhido pelo voto útil, evidenciado nas pesquisas.

Foi o que disse o presidente do PSDB, Bruno Araújo, em entrevista para o Papo Antagonista. E ele está certo.

A partir de novembro, teremos cinco nomes na disputa: Jair Bolsonaro, Lula, Ciro Gomes, Sergio Moro e o vencedor das prévias do PSDB: Eduardo Leite ou João Doria.

Se o vencedor for Eduardo Leite, ele vai se aliar a Sergio Moro no segundo trimestre de 2022, com a renúncia de um em favor do outro, dependendo das pesquisas. É provável que João Doria tenha de fazer o mesmo, para evitar uma derrota acachapante.

Outros candidatos, como Rodrigo Pacheco, correm por fora, mas devem acabar desistindo no meio do caminho, por absoluta falta de apoio popular.

A Terceira Via só pode funcionar assim: se o candidato for escolhido pelo eleitor, com o voto útil, capaz de superar nas pesquisas o ex-presidiário e o futuro presidiário."

domingo, 10 de outubro de 2021

BYE-BYE, BRASIL



Por THEODIANO BASTOS  

Segundo dados do Ministério do Exterior, há 4,2 milhões de brasileiros vivendo longe do país, um aumento de quase 20% sobre o número de 2018. Isso é ainda mais impressionante porque não inclui quem saiu do país de forma ilegal.

Há uma fuga de cérebros e isso preocupa muito.

Estimativas falam em até 50% a mais de gente nessa condição, o que elevaria para acima de 6 milhões o volume da diáspora.

Leonardo Lellis, em artigo publicado em VEJA de 29/9/21, aborda a migração de brasileiros fugindo da violência, radicalismo político e do desemprego.

Reportagem de VEJA trata de uma nova onda migratória brasileira rumo a Portugal, formada por representantes das classes média ou alta, com documentação legal e dinheiro até para desfrutar uma boa vida na nova pátria. Ao contrário de outras levas, o atrativo não são oportunidades de trabalho, mas serviços públicos de boa qualidade e, acima de tudo, a segurança pública. A maioria dos candidatos a emigrante está sintonizada em um ponto-chave: o Brasil, país de oportunidades, está sumindo.”                                                                                              https://veja.abril.com.br/blog/reveja/bye-bye-brasil-ontem-e-hoje/

O êxodo da América Latina: quando o destino é migrar (https://brasil.elpais.com/brasil/2021/10/10/album/1633872040_203371.html#)

sábado, 9 de outubro de 2021

A PANDEMIA AFETOU A SAÚDE MENTAL


 A COVID AFETA A SAÚDE MENTAL               Por THEODIANO BAST

Além de ter matado 600.693 no Brasil, (até 8/10/21), a pandemia aumenta em 28% a incidência de casos de depressão no mundo. Apenas para comparação lembremos que o Brasil enviou 25 mil soldados para a Itália na segunda guerra e apenas 462 soldados e oficiais brasileiros morreram e foram enterrados perto de Pistoia...

A análise com dados de 204 países também mostra um crescimento de 26% nos casos de ansiedade no primeiro ano da pandemia da covid-19. Brasil, Reino Unido e Estados Unidos são as nações em que o fenômeno é mais crítico                                                                                              O peso da pandemia para os jovens   OS jovens

“A pesquisa divulgada na Lancet corrobora os resultados de diversas análises que apontam que a pandemia impacta de forma significativa a saúde mental de crianças e adolescentes.

Segundo um estudo do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), seis a cada 10 jovens relataram ter sentido ansiedade e feito uso exagerado de redes sociais durante a pandemia. Além disso, 51% afirmaram ter sentido exaustão ou cansaço e 40% tiveram insônia ou distúrbios de peso.

Uma outra pesquisa, da Universidade de Calgary, no Canadá, apontou que a depressão e a ansiedade entre os jovens dobraram em comparação aos níveis pré-pandêmicos. A análise revisou 29 estudos com um total de mais de 80 mil participantes em todo o mundo, com idades entre 4 e 17 anos e idade média de 13 anos.

De acordo com os especialistas, o aumento da incidência dos distúrbios em jovens e crianças está associado principalmente ao isolamento social, adotado de forma preventiva à transmissão da Covid-19, a perda de objetivos e metas, devido às incertezas impostas pela pandemia, o afastamento escolar, com o fechamento das instituições, e dificuldades financeiras vivenciadas pelas famílias neste período.

“O jovem ainda está maturando seu sistema emocional. De forma diferente do adulto e do idoso que já têm mais capacidade emocional para lidar com as coisas. Além de estar em uma época em que esse contato social é fundamental para o desenvolvimento, e ser privado disso, o jovem também tem menos ferramentas para lidar com os fatores de estresse”, afirma Karen.

Para o psiquiatra e psicanalista Edson Guimarães Saggese, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o nível do impacto para a saúde mental de crianças e adolescentes com o fechamento das escolas ainda permanece incerto.

“Houve uma perda do contato com os colegas. A escola não é um lugar onde só se desenvolvem atividades didáticas e de aprendizagem, é um lugar de contatos afetivos. Para jovens e adolescentes esses contatos são especialmente importantes por que é uma idade em que as pessoas precisam ampliar o seu mundo, é o momento em que jovens e adolescentes constroem um novo mundo extra familiar”, afirmou.                       O papel da escola

A professora da USP, Leila Tardivo, afirma que o retorno às atividades escolares também tem sido um momento difícil para alunos, educadores e gestores do ensino. “Os alunos perderam aula, perderam conteúdo e não têm interesse. Perder perspectivas e projetos de vida é algo muito preocupante. Esse efeito aconteceu de forma intensa entre os jovens”, disse.

Para os especialistas, as escolas são ambientes favoráveis para a abertura ao diálogo sobre as experiências vividas ao longo da pandemia e para a elaboração de sentimentos como o luto, a perda e as frustrações.

“É importante fazer grupos de conversa e deixar os alunos falarem. Vamos ouvi-los sobre o que aconteceu e como eles estão se sentindo diante de tudo isso. O sentido da vida cada um tem que ter o seu, mas é possível ajudar dando amparo, apoio, escuta e acolhida para que eles redescubram esse sentido”, afirma Leila.” Vejam mais: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/pandemia-de-covid-19-provoca-aumento-global-em-disturbios-de-ansiedade-e-depressao/ e https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2021/10/4954410-pandemia-aumenta-em-28-a-incidencia-de-casos-de-depressao-no-mundo.html

 

 

CRETINOS DIGITAIS

 





por THEODIANO BASTOS

Os jornalistas Ernesto Neves e Caio Saad, publicaram em VEJA de 06/10/21, o excelente texto MENTES NÃO TÃO BRILHANTES, baseado no livro A Fábrica de Cretinos Digitais de Michel Desmurget (https://ver-o-fato.com.br/a-fabrica-de-cretinos-digitais-neurocientista-diz-em-livro-que-qi-de-criancas-hoje-e-inferior-ao-dos-pais/), com a tese de que as crianças de hoje têm o QI inferior aos dos pais.

“O esforço de tentar entender e reverter esse quadro tem sido tema de uma série de estudos e publicações recentes capitaneados por pesos-pesados da área intrigados com o fenômeno. No livro A Fábrica de Cretinos Digitais, que de ser lançado no Brasil, o renomado neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisas do Instituto Nacional de Saúde da França, aponta as baterias de combate ao estado atual de estagnação intelectual para o que afirma ser sua maior causa: o excesso de tempo passado diante da tela dos mais variados aparelhos digitais. A tela, em si, não representa um mal, mas o número de horas despendidas na sua frente é assustador”  

 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

BOLSONARO É INCORRIGÍVEL E PERIGOSO

                                

 Por THEODIANO BASTOS

"Tiro ou facada, quando não mata elege" Fernando Gabeira

Bolsonaro defende guerra civil no Brasil e sonegação de impostos em vídeo de 1999

O candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), defendeu, em vídeo que circula na internet, uma guerra civil no país, com o assassinato de pelo menos 30 mil pessoas. Ele também incentivou a população a sonegar impostos: “Conselho meu e eu faço: sonego tudo que for possível”, disse.

O vídeo é o trecho de uma entrevista concedida por Bolsonaro ao programa Câmera Aberta, da emissora Band, em 1999. Na época, Bolsonaro era deputado federal e não tinha pretensões presidenciais.

Ele disse que “o voto não vai mudar nada no Brasil”. “Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando com FHC, não vamos deixar ele pra fora, não”, disse.

Ele insiste que o assassinato em massa é o que vai resolver o problema do país. “Vão morrer alguns inocentes. Tudo bem. Em toda guerra, morrem inocentes. Eu até fico feliz se morrer, mas desde que vão 30 mil junto comigo. Fora isso, vai ficar no 'nhenhenhem'”, afirmou.

Bolsonaro também aconselhou a população a sonegar impostos e contou que, quando pode, nunca paga nota fiscal. “Bobos somos nós que estamos pagando imposto aqui embaixo. Aliás, conselho meu e eu faço: sonego tudo que for possível. Se puder não pagar nota fiscal eu não pago, porque o dinheiro vai para o ralo, vai para a sacanagem”, afirmou o político, em 1999.


O entrevistador também perguntou se, caso fosse eleito presidente, fecharia o Congresso Nacional. “Não há a menor dúvida. Daria golpe no mesmo dia. Não funciona e tenho certeza que pelo menos 90% da população ia bater palma. O congresso hoje em dia não vale para nada”, reforçou. https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/08/29/interna_politica,984474/bolsonaro-defende-guerra-civil-no-brasil-e-sonegacao-de-impostos-em-vi.shtml

Livro conta a passagem de Bolsonaro pelo Exército Jornalista Luiz Maklouf de Carvalho lança “O Cadete e o Capitão” 

Cinco horas de gravações de uma sessão secreta do Superior Tribunal Militar (STM) teriam ficado esquecidas para sempre no arquivo do edifício da Corte, em Brasília, não fosse o réu, um capitão de artilharia do Exército, ter se tornado, três décadas depois, presidente da República. O protagonismo de Jair Messias Bolsonaro levou o jornalista Luis Maklouf Carvalho, um dos mais  experimentados repórteres de política do país, hoje no Estado de S. Paulo, a remontar o quebra-cabeças histórico que culminou na sessão final daquele 16 de junho de 1988 em que o então oficial da ativa sentou no banco dos réus da máxima corte militar do país.

·        

"O presidente deve explicações", diz autor de livro sobre Bolsonaro no quartel

Como repórter do Estadão, Maklouf solicitou ao STM a íntegra do processo contra Bolsonaro, acusado de mentir sobre um suposto plano de explodir bombas em locais estratégicos do Rio. Além de três volumes que contabilizam 770 páginas de documentos, em boa parte com carimbo “reservado”, os arquivistas do tribunal enviaram 37 gravações em áudio da audiência, um diamante bruto na mão de um jornalista talentoso que soube lapidar a documentação.

Em 253 páginas recheadas de fotocópias do processo, imagens de arquivo pessoal do oficial e reproduções de artigos da imprensa na época, o livro "O Cadete e o Capitão – A Vida de Jair Bolsonaro no Quartel" (editora Todavia) lança luzes sobre os 15 anos de Bolsonaro na caserna.

Mas é a partir de dois momentos polêmicos que a obra se revela um corajoso livro-reportagem. O ato político número 1 de Bolsonaro se deu em 3 de setembro de 1986, quando o capitão assinou um artigo na seção Ponto de Vista da revista Veja no qual reclamava do baixo soldo nos quartéis: “Torno público este depoimento para que o povo brasileiro saiba a verdade sobre o que está ocorrendo na massa de profissionais preparados para defendê-los”, afirmava o texto intitulado “O salário está baixo”. Embora ecoasse boa parte do sentimento na caserna, era uma insubordinação. Mais: uma afronta ao comando do ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves, gaúcho de Cruz Alta, e à política salarial do primeiro presidente pós-ditadura, José Sarney. O ato rendeu a Bolsonaro 15 dias de prisão por quebra de disciplina e hierarquia. 

Livro lança luzes sobre os 15 anos na caserna

 EXPLODIR BOMBAS

O segundo episódio foi mais grave. Em 28 de outubro de 1987, a revista Veja contava que a repórter Cassia Maria Vieira Rodrigues recebera de Bolsonaro e outro militar a informação de que planejavam explodir bombas em quartéis em protesto contra os baixos soldos.

O plano chamava-se Beco sem Saída. Dizia a reportagem: “Caso o reajuste ficasse abaixo de 60%, algumas bombas seriam detonadas nos banheiros da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (Esao), sempre com a preocupação de evitar que houvesse feridos. Simultaneamente, haveria explosões na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e em outras unidades do Exército”. 

Tão logo a revista chegou às bancas, Bolsonaro negou as acusações. O ministro Leônidas saiu em sua defesa. Na semana seguinte, a revista aumentou a carga, publicando desenhos atribuídos a Bolsonaro que detalhavam o suposto plano.  

A denúncia foi baseada em um suposto encontro entre a repórter com os então capitães Bolsonaro e “Xerife” – depois identificado como Fábio Passos –, e sua mulher, Lígia D’Arc Passos, na Vila Militar de Deodoro. A conversa era reservada, mas a revista entendeu que, por se tratar de um plano terrorista, não poderia deixar de torná-lo público, identificando os interlocutores. Assim, quebrou o off.

Um conselho de justificação do Exército considerou Bolsonaro culpado por 3 votos a 0, por ter tido “conduta irregular e praticado atos que afetam a honra pessoal e o pundonor (ponto de honra) militar e o decoro da classe”. O ministro Leônidas levou o caso ao STM, onde Bolsonaro encarregou-se da própria defesa. 

O principal argumento do capitão foi o resultado dos exames grafotécnicos sobre a autoria dos desenhos publicados por Veja. Um primeiro laudo feito pela Polícia do Exército (PE) concluiu que não havia como comprovar que as letras e croquis eram ou não de autoria de Bolsonaro. O segundo laudo militar também foi inconclusivo. Um terceiro exame, feito desta vez pela Polícia Federal (PF), concluiu que os croquis eram de autoria de Bolsonaro. Depois, a PE apresentou um quarto laudo, retificando o segundo documento, que, dessa vez, passou a confirmar o capitão como autor dos desenhos. Com dois exames acusatórios e dois não conclusivos, a máxima corte militar absolveu Bolsonaro por 9 votos a 4 baseada no princípio do Direito chamado in dubio pro reo (em casos de dúvidas, se favorecerá o réu.). 

Luiz Maklouf de Carvalho, jornalista

Com apuração minuciosa, Maklouf questiona a decisão dos ministros. 

Ele mostra que o quarto laudo não existiu. O documento era uma espécie de adendo à segunda perícia, de número 58/87, que retificava o segundo laudo, a partir de novas amostras coletadas do réu. Assim, o que de fato existia era: um laudo inconclusivo, um segundo inicialmente inconclusivo, mas posteriormente corrigido apontando Bolsonaro como autor, e um terceiro da PF, que o acusava.  

Pelos áudios da última sessão, é possível depreender que, ao invés de questionar o réu, os ministros passaram grande parte da audiência desqualificando a imprensa, em especial a revista Veja e sua repórter. Em ataque genérico a todos os jornalistas, o general Alzir Bejamin Chaloub afirma: “Repórter não é flor que se cheire”. 

O alto escalão da Justiça militar elege a imprensa como inimiga e passa a livrar Bolsonaro de culpa. Sentindo-se protegidos pelo sigilo da sessão, os magistrados lançam petardos contra o próprio ministro Leônidas e arriscam-se em traçar o perfil psicológico do réu. Gaúcho de Alegrete, Aldo da Silva Fagundes faz perguntas retóricas a respeito de Bolsonaro: 

– Seria um insano? Há certas infantilidade, certas atitudes que surpreendem, mas é muito difícil concluir pela insanidade mental deste homem. Um touro forte, um gringo de 1m80cm de altura, 90 quilos, atleta, desportista, afora essas pequenas infantilidades, teve algumas atitudes em que revelou até muita presença de espírito – disse, ao relembrar o salvamento do colega de farda. 

– Seria um homem radical, interessado em subverter a ordem pública, um terrorista, enfim?

Bolsonaro tinha o apelido de Cavalão pelo porte físico

Não: ele votou pela absolvição. Bolsonaro passou para a reserva do Exército após ser eleito vereador no Rio com 11.062 votos pelo extinto Partido Democrata Cristão (PDC), seis meses após ser absolvido. Até hoje, sustenta que a versão da Veja sobre os supostos ataques não são verdadeiras. A revista, por sua vez, nunca recuou das informações publicadas.

Maklouf tentou, sem sucesso, ouvir a versão do hoje presidente. A repórter Cassia Maria também não aceitou dar entrevistas. Mas seu livro, objetivo e com acusações e questionamentos lastreados por documentos oficiais, esquadrinha um período pouco explorado da nascente redemocratização brasileira. Recupera a discordância entre a tropa e a cúpula militar e as fricções entre as Forças Armadas e a imprensa que testava seus limites em um cenário político novo.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2019/09/livro-conta-a-passagem-de-bolsonaro-pelo-exercito-ck0qrfa4v0ad301tg003oru6y.html