por THEODIANO BASTOS
Plano de Paz
para Israel e Palestina
A ideia de criar
dois Estados, um palestino e um israelense, na região da Palestina histórica é
praticamente tão antiga quanto o conflito em si. Sua implementação parece cada
vez mais distante.
Biden
apoia cessar-fogo entre Israel e Hamas
Entenda a
interferência norte-americana no conflito entre Israel e Palestina
Disputa centenária é impactada por decisões políticas
norte-americanas, especialmente a partir da década de 70
Israel tem feito ataques aéreos à Faixa de Gaza desde
10 de maio - Ali Jadallah/Agência Anadolu
Não
se começa uma guerra com um disparo, mas com uma sucessão de desacordos e
desencontros. No caso do conflito entre Israel e Palestina, por exemplo, as
recentes mortes são frutos de uma série de eventos religiosos e políticos que
envolvem os dois povos e muitos agentes externos, sobretudo os Estados
Unidos.
Apenas
nas últimas semanas, cerca de dez israelenses morreram num ataque atribuído ao
Hamas, enquanto mais de 210 palestinos, entre eles 61 crianças, morreram em
decorrência da resposta israelense.
Para
o professor de história da Universidade da Califórnia campus de Los Angeles
(UCLA), James Gelvin, PhD em Estudos do Oriente Médio, a interferência
americana nesta parte do mundo ficou mais evidente na década de 1970.
"A aproximação dos EUA e Israel foi parte de uma estratégia
norte-americana que previa, por um lado, isolar a União Soviética e, por outro,
fortalecer os israelenses de tal modo que o poder árabe seria obrigado a se
abrir para negociações", conta à reportagem do Brasil de Fato.
Sempre
tentando mostrar uma postura imparcial em relação ao conflito, os Estados
Unidos atuaram de maneira incisiva na assinatura dos Acordos de Oslo, em agosto
de 1993. Na época, o então presidente democrata, Bill Clinton, intermediou os
termos de paz assinados por Yasset Arafat, na condição de presidente da
Organização para a Libertação da Palestina à época, e o governo de Israel.
Ainda hoje, as regras previstas no compromisso são conhecidas
como "Parâmetro Clinton", que previam, entre outras coisas, a retirada
das forças armadas israelense da Faixa de Gaza e Cisjordânia,
assim como o direito dos palestinos ao
auto-governo nas zonas governadas pela autoridade palestina.
Leia
também: Palestina: 212 mortos e cerca de 1,5 mil feridos por
bombardeios de Israel
Embora
muitas das propostas não tenham sido colocadas em prática, os Estados Unidos
continuaram mantendo certa neutralidade, até a chegada de Donald
Trump à Casa Branca em 2017. No mesmo ano, o presidente republicano reconheceu
Jerusalém como capital de Israel e transferiu, em maio de 2018, a Embaixada
Americana de Telaviv para lá.
A
mudança de administração nos Estados Unidos, com a chegada de Joe Biden, trouxe
a esperança de mudanças, mas primeiro seria preciso refazer a imagem americana
perante o mundo.
"Depois
do que aconteceu na gestão de Trump, os Estados Unidos passaram a ser visto
como um negociador parcial, o que não é nada positivo", comenta ao Brasil
de Fato o escritor e advogado Kenneth Stern, diretor do Centro de Estudos do
Ódio da Bard University.
Ainda
de acordo com Stern, o Egito talvez possa ter agora uma posição mais relevante
no conflito, assumindo, inclusive, o papel de mediador. "O Egito já
construiu um relacionamento com Israel e faz fronteira com Gaza, além de ter
alguma influência, até certo ponto, sobre o Hamas", diz.
Isso
não significa que os Estados Unidos sejam carta fora do baralho. A pressão por
uma posição americana é tanta que, na última terça-feira, 18 de maio, o
presidente Joe Biden "ameaçando" atropelar os jornalistas e
repórteres que levantassem questões relativas à disputa de Israel e Palestina.
A brincadeira do presidente americano foi feita no mesmo dia em que a Casa
Branca finalmente apóia um pedido de cessar-fogo na região.
A
Casa Branca de Joe Biden enfatizou repetidamente o direito de Israel de se
defender, recusando-se a condenar os ataques de retaliação na Faixa de Gaza.
Saiba
mais: Entenda as origens e extensão dos ataques de Israel
contra palestinos; veja vídeo
Para
Stern, a única maneira de estabelecer paz nessa região do mundo é com os dois
lados, Palestinas e Israel, abrindo mão de algumas de suas exigências,
inclusive sobre assuntos religiosos.
Já
para o historiador James Gelvin, os Estados Unidos e o mundo deveriam retomar
os termos dos Acordos de Oslo, "mas isso é o que deveríamos fazer, e
não o que vai acontecer, o que é totalmente diferente".
Segundo
o professor, a política americana deve optar pelo silêncio: "Não vai
acontecer nada, porque há muito interesse político do lado de Israel, da
Palestina e dos Estados Unidos também". E conclui: "A Guerra
Fria acabou e a gestão de Trump chegou ao fim. Qual seria o nosso interesse
agora? Na administração anterior, era o 'rabo israelense quem sacudia o
cachorro americano', mas isso acabou. Então o que nos sobra? Se queremos ser
fiéis aos valores que afirmamos ter, então estamos do lado errado da história".
https://www.brasildefato.com.br/2021/05/20/entenda-a-interferencia-norte-americana-no-conflito-entre-israel-e-palestina
Pela primeira vez, presidente
americano se posiciona a favor de trégua no conflito, mas reitera que governo
israelense tem direito de se defender. EUA voltam a bloquear declaração de
Conselho de Segurança da ONU.
Ministros de 26 dos 27
Estados-membros condenam ataques do "grupo terrorista Hamas", mas
afirmam que reposta de Israel deve ser proporcional. Apenas a Hungria escolheu
não apoiar a posição do bloco. Fonte: https://www.dw.com/pt-br/biden-apoia-cessar-fogo-entre-israel-e-hamas/a-57565673