sábado, 1 de agosto de 2020

NÃO AO ÓDIO E A INTOLERÂNCIA

 por THEODIANO BASTOS  

Ameaçado de morte, Felipe Neto diz que governo Bolsonaro é uma piada

Alvo de acusações falsas, Felipe Neto é ameaçado por bolsonaristas na porta de casa e se transformou no alvo preferencial de defensores do presidente Jair Bolsonaro, de quem é crítico contumaz, e está sendo vítima de acusações falsas e ameaças nas redes sociais. As informações são do Jornal Nacional.

Nesta terça-feira (29), homens acompanhados de um carro de som foram até a entrada do condomínio onde Felipe mora para fazer insultos ao influenciador. 

Um deles, que se identifica como "Cavallieri, o guerreiro de Bolsonaro", aparece nas redes sociais segurando um fuzil, ao lado de crianças assustadas, e ameaça o influenciador. "É, Felipe Neto. A gente vai se encontrar em breve. Eu quero ver se tu é macho. (...) Eu quero ver tu tirar onda comigo. Teus seguranças não me intimidam, não, irmão, que aqui também o bonde é pesado."

Ao JN, o influenciador digital afirmou que não imaginava que a reação ao seu posicionamento político fosse tão forte. "Virem atrás de mim, dentro da minha casa, é um nível de perseguição que eu não imaginei que aconteceria. É o tipo de coisa que você vê em filme, vê em série, mas nunca imagina que realmente aconteça", disse.

"Você vê em novela. Sabe aquele vilão de novela que você diz assim: 'não existe na vida real'. Mas existe, ele está aí, ele acontece, e estou vendo agora na prática até onde as pessoas são capazes de ir."

Felipe Neto ganhou fama com vídeos de humor, muitas vezes críticas ácidas, a personagens e situações comuns aos jovens. Nos últimos anos, passou também a falar de política, com críticas frequentes ao PT durante o governo de Dilma Rousseff.

Desde a eleição de 2018, também tem criticado duramente o presidente Bolsonaro, como no último dia 15, quando apareceu no jornal americano The New York Times afirmando, em um vídeo, que se trata do “pior líder mundial no combate à covid-19”.

A grande repercussão do vídeo (nacional e internacionalmente) fez parte da base bolsonarista se mobilizar para atacar o influenciador, no que seriam ações orquestradas, segundo o próprio Felipe Neto.

Num dos ataques, os internautas pró-Bolsonaro fazem uma montagem com a informação mentirosa de que Felipe Neto já fez apologia à pedofilia.

Em um levantamento feito pelo próprio influenciador, em sites de busca seu nome já aparece ligado à palavra "pedófilo".

"Eu nunca imaginei que fosse passar por isso. Eu nunca dei qualquer margem, ou qualquer suspeita, ou levantei qualquer tipo de insinuação que pudesse levar qualquer pessoa a me associar com esse crime tão perverso, tão odioso, e ver isso acontecendo. As pessoas por não terem nada a falarem sobre mim inventam posts. Pegarem a minha foto e montarem no photoshop posts como se eu tivesse escrito. Aquilo mostra o quão vil é o coração dessas pessoas. O quanto elas estão dispostas a fazer o que quer que seja", disse Neto.

"Elas são capazes de mentir, de deturpar, de descontextualizar, de perseguir, de atacar. Eu não sei até onde mais elas são capazes de ir pra vencer isso que eles acreditam ser uma guerra moral, uma batalha do bem contra o mal onde eles não percebem que eles representam o mal."

Na terça-feira (28), dezenas de entidades como a Associação Brasileira de Imprensa, o Instituto Igarapé e o Instituto Vladimir Herzog assinaram uma carta em defesa da liberdade de expressão e condenaram o que chamaram de "campanha organizada e estruturada, contendo informações comprovadamente falsas, com o intuito de prejudicar a imagem de sua pessoa".

"Esses ataques online, eles têm repercussão na vida real das pessoas. A difamação e essa guerrilha digital contra alvos específicos está calando, está ameaçando a nossa democracia", explicou Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé, ao JN.

'Teus seguranças não me intimidam', diz homem em vídeo para influenciador digital

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Com 63 milhões de seguidores em suas redes sociais, o youtuber e influenciador digital Felipe Neto, responde a entrevista:  

O youtuber Felipe Neto. Foto: Reprodução Youtube.

O empresário e youtuber Felipe Neto, fenômeno do universo digital, revela que sofre frequentes ameaças de morte e vive com segurança “pesadíssima” porque tem criticado milicianos e “gente ligada a pensamentos de extrema violência”. As declarações foram feitas para a revista Veja, que publicou nesta sexta (10) entrevista com o Felipe Neto, hoje com 31 anos, 32 milhões de seguidores no Youtube, 10 milhões no Instagram e quase 9 milhões no Twitter. Felipe Neto surgiu nas redes sociais há quase dez anos, criticando ícones da cultura adolescente do momento, como Justin Bieber e os filmes da saga “Crepúsculo”, e também ganhou destaque criticando o Partido dos Trabalhadores (PT). Veja abaixo trechos da entrevista da revista Veja.

O senhor era crítico do PT. Agora, de Bolsonaro, virou a casaca?

É uma impressão errada, apesar de eu compreendê-la. Viramos um país no qual a política é um Fla-Flu. Para boa parcela, ou se está de um lado ou do outro. Só que existe uma distância enorme de um lado para o outro. Não me encaixo nos extremos. Não sou PT. Não sou PSL. Ambos representam radicalismos. Do lado de Bolsonaro, há uma visão ultraconservadora.

Qual a sua posição ideológica?

Há um descrédito das pessoas em relação a quem se mantém balanceado, no centro. Chamam de “isentão”. Tentam ver demérito nisso, o que é um problema sério. Defendo pautas progressistas que alguns veem como de esquerda, mas que não deveriam ser de domínio único da esquerda. Protejo liberdades individuais, o feminismo, os direitos humanos, a conservação do meio ambiente. No entanto, considero-me um liberal em economia. Mas aí vou à internet, defendendo direitos humanos, e já me chamam de comunista, o que não faz sentido. Bastaria observar os Estados Unidos. Lá a maconha é legalizada em diversos estados e é possível fazer aborto. Vão falar agora que os Estados Unidos são comunistas?

Por que então declarou voto em Fernando Haddad, do PT, no Twitter?

No primeiro turno das eleições não quis votar para presidente. Pesquisei muito, mas não encontrei alguém com quem me identificasse. No segundo turno, fiquei em dúvida até o fim, tamanha a ojeriza que tenho pelo PT. E isso mesmo com o Bolsonaro do outro lado. Só que tudo mudou no dia em que o Bolsonaro disse que ia ‘varrer do mapa os vermelhos’. Como cidadão, ainda mais sendo uma figura pública, eu não podia ser conivente com um político que ameaça violentamente a oposição. Ainda mais em um momento no qual eu era considerado oposição simplesmente por defender direitos básicos. Virou questão de posicionamento em favor da sobrevivência das pessoas, incluindo a minha e a de minha família. Não podia ser conivente com o que estava ocorrendo no país. Por esse motivo, faltando poucos dias para as eleições, eu disse que votaria em Haddad. Mesmo com o coração sangrando, era a única opção permitida pela minha consciência. Mas Bolsonaro ganhou. E estou com medo.

Medo de quê?

Temo pela minha segurança, sim, assim como pela de minha família. Tenho criticado milicianos e gente ligada a pensamentos de extrema violência. Sou frequentemente ameaçado de morte. Vivo com uma segurança pesadíssima, assim como meus familiares. Agora, mais do que isso, temo pelo Brasil.

Nas redes sociais, um dos maiores alvos de suas críticas é o filósofo Olavo de Carvalho, guru da direita radical e da família Bolsonaro. Por quê?

Olavo é um pregador do obscurantismo. Do tipo mais perigoso. Atenta contra instituições de ensino, pois diz acreditar que a inteligência vem só dele. Repudia fatos comprovados pelo método científico, em favor de teorias da conspiração. É contra a vacinação, não crê no heliocentrismo, defende a tese de que o cigarro não faz mal à saúde, refuta teorias de Einstein, sem apresentar argumentos. É uma figura que ainda acha que vive na Guerra Fria, alimentando o medo de um comunismo que nem existe mais apenas para se promover como herói do ultraconservadorismo cristão contra uma inventada revolução satânica. Olavo conseguiu convencer um séquito de indivíduos sem nenhuma importância se não estivessem onde estão: no poder.

O senhor pretende entrar formalmente na política?

Muitos acham que faço reuniões secretas instigando pessoas. Longe da verdade. Um dos raros pontos positivos desde governo - além de algumas medidas econômicas - é ter unido os indivíduos sensatos contra aqueles que amam ditaduras. Tanto que há na oposição a Bolsonaro pessoas de esquerda, de centro, de direita. Basta ter algum bom-senso para entender que Bolsonaro é patético e que será lembrado no futuro como uma piada ou como um marco horroroso. Uma prova  disso é como agem os fãs de Bolsonaro. Repare nas críticas que recebo de bolsonaristas no Twitter. Eles não apresentam argumentos. Só são agressivos, xingam. São adultos que agem igual aos fãs adolescentes de Justin Bieber, que me atacaram quando critiquei o artista.

O senhor trabalha em alguma iniciativa de cunho político?

Não. Estou fazendo um projeto, ao qual pretendo me dedicar nos próximos anos, cujo objetivo é promover a educação voltada para a criatividade e o controle cognitivo, atravessando todas as disciplinas em escolas públicas. Para isso, usarei minha fama como forma de promoção. Mas também reuni um grupo interessado. Aproximei-me de políticos que realmente pensam em medidas positivas, como a deputada Tabata  Amaral, do PDT de São Paulo.

Por que o senhor adota posições políticas claras no Twitter, mas mantém a discrição no Youtube?

No Youtube mostro um trabalho profissional, apresentando vídeos focados em divertir o público de jovens. No Twitter, sou só eu, dando opiniões.                                                            Fonte: https://congressoemfoco.uol.com.br/midia/ameacado-de-morte-felipe-neto-diz-que-governo-bolsonaro-e-uma-piada/

Blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, alvo do STF, pode ter deixado país em voo para o México

Sem ordem de prisão, investigado por fake news e atos antidemocráticos anunciou em transmissão na internet, esta madrugada, que fugiu do país jornal O GLOBO 31/07/20

“gabinete do ódio” do Palácio do Planalto

A poucos metros do gabinete de Jair Bolsonaro, no 3º andar do Palácio do Planalto, a sala 315 abriga o codinome “Gabinete do Ódio” — oficialmente, Assessoria Especial. Ali opera o chefe adjunto Filipe Martins, de 31 anos, contratado para o aconselhamento do chefe de Estado sobre temas internacionais e hoje um dos mais influentes do grupo que gravita em torno do presidente. Graças à sua teia de relações com blogueiros, youtubers e editores de site prontos para o tiroteio nas redes sociais, ele cumpre a função extra de manter viva a cruzada conservadora entre a militância de extrema direita. Outros ocupantes da sala contribuem para coordenar as avalanches de ataques aos inimigos da causa — trabalho investigado na CPMI das Fake News, para a qual Martins já foi convocado. “É quase uma seita de fanáticos”, diz um observador.

Em dez meses, Martins tocou a agenda internacional na linha do confronto.

 

Graças a seu poder no Planalto, Martins desfruta a conivência total — se não obediência — do chanceler Ernesto Araújo. É chamado de “professor” por esse diplomata com 28 anos de carreira, que não teria se sentado na cadeira do Barão do Rio Branco sem o aval do assessor. “Filipe Martins é um homem de fé e dedicação sem par”, elogiou o ministro no Twitter. Diplomado em relações internacionais pela Universidade de Brasília há quatro anos, o “professor” só deu aulas em um curso de preparação para o exame do Itamaraty. “Este aqui é o meu mentor”, resumiu o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a VEJA no mês passado, durante o CPAC Brasil, conferência de ultraconservadores criada nos Estados Unidos e que alcançou o país, por esforço de ambos.

O Twitter é a principal caixa de reverberação dos ideais de Martins, com 176500 seguidores. Em sua lógica maniqueísta, de um lado está o establishment, a ser combatido são todos os que reportam e analisam fatos e os que fazem críticas, se opõem ou não dão a mínima a seus ideais de extrema direita. Nesse pacote estão incluídos o globalismo, o politicamente correto, o marxismo, o aquecimento climático, os direitos humanos, a diversidade de gênero, a legalização do aborto, o feminismo, a agenda LGBT. De outro está o ultraconservadorismo capaz de salvar o mundo ocidental. A visão do assessor agrada a Bolsonaro e a seus filhos. “O establishment quer transformar Jair Bolsonaro em bicho-papão, quer destruir os olavetes jacobinos, os que falam e defendem a população”, disse no CPAC, em São Paulo. https://blogdacidadania.com.br/2019/11/conheca-o-gabinete-do-odio-do-palacio-do-planalto/

 


sexta-feira, 31 de julho de 2020

NÃO DEIXE A CRISE ABALAR O RELACIONAMENTO

https://saude.abril.com.br/bem-estar/nao-deixe-a-crise-abalar-o-relacionamento/

https://www.hypeness.com.br/2020/04/como-a-quarentena-mexe-com-os-relacionamentos-e-possivel-o-amor-resistir-ao-coronavirus-do-amor-131/

“A quarentena vai salvar vidas, mas também meu casamento”, tem gente dizendo. “Porra, o distanciamento social vai matar o começo de paixão que tava rolando!”, há quem reclame também. 

Quem tá junto queria tá distante e quem tá longe deseja todos os dias estar grudadinho com o crush, com a paquerinha. Ah, o amor nos tempos da Covid-19 provocando divórcios e atrasando início de namoros incríveis, pessoas presas em casa com suas taras on hold, a angústia do não avanço, o dolorido da verdade na nossa cara: não vai dar certo.

Tem muita gente batendo cabeça na parede, ansiosa, temerária, pragmática, todo mundo achando que o isolamento, a distância obrigatória, está causando a destruição de coisas belas. Mas será que tá sendo assim? Claro, estamos em uma situação inédita em nossas vidas (vamos colocar porcamente que a última grande pandemia aconteceu há cem anos com a Gripe Espanhola, que, pasmem os bananinhas, não teve origem no país da península ibérica), então tudo o que estamos fazendo neste exato instante é incomum. Mas, ao mesmo tempo, como diria o cancioneiro, “para e repara”, olha o que exatamente você está fazendo durante os dias de distanciamento social do Coronavírus: tomando banho, sentando para trabalhar, agora de casa, fazendo almoço, indo ao banheiro a cada vinte minutos, discutindo política com os amigos, refletindo sobre a própria alimentação, se exercitando como pode. Tudo como sempre foi, mas agora com o verniz apocalíptico que, sim, amplifica bem todas as sensações, a maneira com que lidamos com nossas emoções. 

Mas as emoções em si são as mesmas de quatro meses! Então, agora entrando de fato em nosso assunto, acalmem-se e vejam se, de fato, a quarentena possa estar afetando de alguma forma suas relações amorosas:

1. Como saber se um sentimento que aflora (para o bem ou para o mal) é fruto do isolamento?

 

Estamos todos à flor da pele, então é interessante que saibamos cada dia mais como nos conhecer. Isso para que entendamos melhor quando surge um sentimento e como normalmente lidamos com ele. Acontece que, mesmo fora da pandemia, sempre tivemos e continuaremos a ter de lidar com esses sentimentos, então, mais do que pensar se eles são provocados ou amplificados na quarentena, olharmos mais para nós mesmos, para nossos comportamentos diante das sentimentalidades tão alvoroçadas. 

O que sentimos? Fisicamente e emocional. Como tudo isso influi em nossos comportamentos, em nossas decisões. Quais são nossas reações? Falas ríspidas e tomadas de decisões por impulso, o autocentramento (achar que tudo é sobre você), uma tonelada de camadas que arrebentam nossas relações, a autossabotagem, o fatalismo (claro que vai dar errado). Tudo isso surge quando estamos confusos e menos atentos, prato cheio nesses tempos de incertezas. Então, mais do que olhar para fora, quais causas estão te perturbando, olhe para si e como se comporta, como reage diante desses sentimentos que batem na mente. Dentro ou fora da pandemia, isso é fundamental pra gente lidar com nossas relações.

2. É possível se apaixonar à distância, manter o amor à distância, não melar tudo por conta da distância?

 

Ah, a importância do contato físico. Nada mais delicioso que sentir alguém te comendo com os olhos, a pressão dos dedos no braço, o ácido do hálito subindo pescoços, alcançando orelhas. Sim, eu sei disso. Mas nem só de toques e fricções vive uma relação. E a distância pode, sim, multiplicar vontades, mas não necessariamente, derrubar aproximações. O interesse genuíno independe de tudo isso, né? Não creio que um processo de aproximação pause por conta do não se ver ao vivo. O que não falta é gente que se conheceu pela Internet e passaram-se meses de interesses até um encontro presencial. 

Sim, a situação de pandemia pode potencializar ou confundir, mas não muda o interesse. E mais do que pensar em se apaixonar ou não, em desapaixonar ou não, vale mesmo é ficar de olho no tempo que temos! “O que eu posso fazer com essa coisa boa que eu tô sentindo?”. Serão conversas, ideias trocadas, áudios gostosos, conversas e brincadeiras em vídeo, o avanço de algo gostoso para intimidades e imoralidades deliciosas. E aproveitar.

Se vai aumentar, multiplicar, diminuir, esvair-se entre os dedos no teclado de um dia para o outro, o escambau, a gente se adapta conforme as mudanças foram acontecendo (elas vão acontecer, como qualquer relação em qualquer momento da vida). E, se não temos o controle do que está por vir, nem tentem prever essas mudanças para imaginar possíveis rotas, que é pedir para dar com os burros n’água. Nada vai te frustrar mais que se agarrar à narrativa.

O que nos leva ao próximo ponto: 

3. Não se agarre em narrativas!

 

O que mais temos na mão, neste momento, é o improvável. Tudo pode ser completamente diferente amanhã do que é hoje, e todos os nossos planos estarão defasados em vinte e quatro horas. Logo, afunilar as possibilidades em uma só narrativa (“tem que acontecer desse jeito, se não não era para dar certo) é pedir de pés juntinhos para dar ruim e, como cantaria o poeta, vai chorar e vai sofrer e você não merece. Mas isso acontece. 

O vício em narrativa fode a gente. Então, veja sua relação como uma construção constante. Aproveite cada etapa dessa concepção. Deixe brilhar os olhos com cada tijolinho. Não é um conselho para não ter desejos e aspirações, mas um conselho para não se agarrar a elas porque nossa história é mutável demais para acreditar que um caminho é o bom ou possível, ainda mais para acreditar em finais positivistas. Dia desses me perguntaram se relacionamentos que sobrevivem à quarentena e ao distanciamento sobrevivem a qualquer coisa. E respondi que não, que isso era exatamente o nosso vício em narrativa procurando finais felizes, mais ainda, conclusões. E isso não existe quando falamos em relações. Elas sempre vão seguir, mas não da mesma forma. Complementei dizendo que depois de um grande percalço não há o louro da vitória, mas a manhã seguinte, com outros problemas e outros tédios e outras ansiedades. Então, não veja o amor como narrativa, mas como construção.

4. Não é só sobre você!

 

Comentei rápido lá em cima e achei por bem esmiuçar um pouco mais aqui.

Vi muita gente falando sobre os problemas da convivência em casa na quarentena. Casais ou grupos de pessoas (lembremos que não há apenas relações monogâmicas ou a dois) que estão tendo complicações em estar no mesmo espaço, confinados. Cheguei a ver, na tevê, casais reclamando essa convivência. E me chamou muito a atenção perceber como todos os problemas giram em torno delas próprias, do olhar autocentrado que elas têm. O cara que reclamava do horário que a companheira acordava, ela que reivindicava que ele comesse melhor. Não percebi em momento algum um tentando enxergar o outro, o mundo do outro, o momento do outro, como a ansiedade faz o outro descontar frustrações na comida, como a melancolia e o indeciso faz alguém querer não agir, ficar de forma mais passiva na cama. Se não houver abertura, espaço, respeito para que um perceba como o outro está enfrentando esse momento, então pode ser que estejamos todos confundindo ajudas e conselhos com imposições e pressão. E nada mais deliciosamente perigoso para uma relação que impor coisas e pressionar. 

Pandemia do coronavírus pode ampliar tensões e desentendimentos, mas período também tem potencial para fortalecer laços afetivos

quarta-feira, 22 de julho de 2020

INTERFACES ENTRE CÉREBRO E COMPUTADOR APLICADOS À TECNOLOGIA ASSISTIVA

Livro apresenta interfaces entre cérebro e computador aplicados à tecnologia assistiva

Explicar o funcionamento das interfaces entre o cérebro humano e o computador é o principal objetivo do novo livro do professor Teodiano Bastos Filho, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico (CT) da Ufes. Intitulado Introduction to Non-Invasive EEG-Based Brain-Computer Interfaces for Assistive Technologies (Introdução às interfaces cérebro-computador não invasivas baseadas em EEG para tecnologias assistivas), a obra será lançada nesta quinta-feira, 23, pela editora americana CRC Press.

“A publicação fornece uma revisão dos sinais do cérebro humano e do eletroencefalograma (EEG), descrevendo o cérebro anatômica e fisiologicamente. O objetivo é mostrar alguns dos padrões dos sinais de EEG utilizados para controlar as interfaces cérebro-computador”, explica o autor.

O eletroencefalograma (EEG) é um exame que avalia a atividade elétrica do cérebro. Ele amplifica os impulsos elétricos cerebrais e os registra de forma gráfica. Esses impulsos são os responsáveis pelas atividades realizadas pelo corpo humano, transmitidos como comandos cerebrais por meio de neurônios. O exame registra as atividades elétricas cerebrais durante as atividades mentais, motoras e sensórias dos indivíduos.

Já as interfaces entre cérebro e computador (BCIs, do inglês Brain-Computer Interfaces) consistem na comunicação direta entre o cérebro humano e um dispositivo externo. Geralmente, as BCIs auxiliam em assistir, aumentar ou reparar funções motoras ou cognitivas dos seres humanos. Essas tecnologias, que aproveitam os sinais cerebrais das pessoas, possibilitam, por exemplo, que indivíduos que sofreram algum tipo de acidente possam recuperar alguns de seus movimentos. São recursos tecnológicos que contribuem para a reabilitação e a melhoria na qualidade de vida de pessoas com algum tipo de deficiência ou com algum tipo de doença neuromuscular.

“Este livro tem como objetivo trazer ao leitor uma visão geral das diferentes aplicações das interfaces cérebro-computador, com base em mais de 20 anos de experiência trabalhando nessas interfaces. Uma publicação destinada a pesquisadores, profissionais e estudantes que trabalham com tecnologia assistiva”, enfatiza Bastos Filho.

Recursos de reabilitação

Na publicação, são apresentadas diferentes interfaces entre o cérebro humano e o computador, como o comando de uma cadeira de rodas robótica (e também de um sistema de bordo de comunicação alternativa com pessoas ao redor) por meio de sinais cerebrais de indivíduos com deficiências motoras severas; de um robô de telepresença; do carro autônomo da Ufes; de um monociclo robótico e de um exoesqueleto robótico. São recursos de reabilitação desenvolvidos que auxiliam na locomoção e na comunicação humana de indivíduos com deficiências motoras severas.

O livro apresenta também os primeiros passos para construir um sistema de neurorreabilitação baseado na imaginação do movimento e no uso de um ambiente virtual imersivo.

A obra será lançada on-line e poderá ser adquirida no site da Amazon ou diretamente no site da Editora. Mais informações sobre o livro estão disponíveis aqui

Tecnologia assistiva

O livro Introduction to Non-Invasive EEG-Based Brain-Computer Interfaces for Assistive Technologies é a segunda publicação do professor Bastos Filho lançada pela editora americana. A primeira, intitulada Devices for Mobility and Manipulation for People with Reduced Abilities (Dispositivos para mobilidade e manipulação para pessoas com habilidades reduzidas)foi editada em 2014.

Nesse primeiro livro (disponível aqui), o professor apresenta o desenvolvimento e a aplicação de tecnologia assistiva, com o objetivo de ajudar pessoas com habilidades reduzidas a melhorar sua qualidade de vida e reduzir sua dependência de outras pessoas. Destaca também várias tecnologias de mobilidade e apresenta um material técnico, mas também acessível para pessoas com habilidades reduzidas e para seus cuidadores.

O professor Teodiano Bastos Filho atua também nos programas de pós-graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) e em Biotecnologia (PPGBiotec), ambos da Ufes. Desenvolve pesquisas nas áreas de Engenharia Biomédica, robótica industrial, automação, uso de robôs para interagir com crianças autistas, tecnologia assistiva, bioinformática e processamento de sinais biológicos.

domingo, 19 de julho de 2020

MATEUS, SUPERDOTADO, POETA AOS 7 ANOS

MATEUS, SUPERDOTADO, POETA AOS 7 ANOS                                           por Theodiano Bastos

Os espíritas olham esse exemplo como prova da reencarnação, Mas vejo o MATEUS NUNES MARINHO como um superdotado.

 

 

Superdotados também tiram notas baixas[T1] 

 

 

O que a maioria das pessoas imagina, quando se fala em crianças superdotadas, são aqueles geniozinhos típicos de filmes norte-americanos da sessão da tarde, que tiram notas fantásticas e constroem computadores para as feiras de ciências. A realidade, porém, pode ser bem diferente: os superdotados são pessoas comuns, que também tiram notas baixas e muitas vezes nem conhecem seu potencial.

Pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB) com pré-adolescentes e adolescentes de baixa renda no Distrito Federal revela que o rendimento escolar de superdotados é similar ao dos outros alunos. O trabalho mostrou, inclusive, que esse desempenho pode ser ruim, pois 42% dos superdotados que participaram dos estudos já reprovaram ou estão defasados em relação ao ano letivo. No caso dos outros alunos, esse número chega a 50%.

A psicóloga Jane Farias Chagas, autora da pesquisa, atribui esse dado a fatores como dificuldades socioeconômicas, tédio do estudante, má organização do currículo escolar e preparação dos professores. "O superdotado de baixa renda encontra dificuldades muito maiores e têm realidades diferentes daquelas vividas pelos mais abastados, o que reflete diretamente em seu rendimento escolar", afirma Jane. Muitos têm de trabalhar e estudar, dependem de várias conduções diariamente e não encontram na escola pública um ambiente rico em recursos sócio-culturais que respondam às suas expectativas. "Eles acabam não tendo condições de explorar seu potencial e ficam frustrados", reforça a pesquisadora.

Justamente por causa do desempenho acadêmico insatisfatório, muitos superdotados passam despercebidos. "É necessário um olhar mais apurado para perceber o potencial dessas crianças e dar um acompanhamento correto", explica Jane. Dos 67 alunos matriculados na turma especial para superdotados em que Jane foi professora, apenas 14 eram menos favorecidos. "Mais retraídos e com baixa auto-estima, esses talentos podem ser perdidos se pais e professores despreparados não entenderem que notas baixas não significam falta de capacidade", alerta a psicóloga. Já existe um programa do IP voltado a dar orientações a pais de crianças superdotadas (leia abaixo). Porém, falta informação, tanto a pais quanto a educadores, para detectar os meninos talentosos.

Mateus Marinho, o menino poeta obidense                           Por João Canto. 

Mateus Nunes Marinho, menino de 8 anos de idade, morador da Comunidade Boa Nova, Paraná de baixo, no Município de Óbidos,  ficou famoso durante este mês de maio, quando sua tia divulgou nas redes sociais suas poesias e um vídeo, o qual fala sobre a vontade de ser poeta, mudar a sua vida e de seus familiares.

Nesta matéria, transcrevemos algumas poesias de Mateus Marinho, as quais estamos publicando, iniciando com a poesia em que Mateus se apresenta como poeta. Veja:

MEU PERFIL

Ao rimar este poema
O alfabeto vou usar
Pra contar minha história
Do povo deste lugar.

Mateus é o meu nome
Escrito com a letra “m”
Com sete anos de idade
Já tenho a capacidade
De escrever o meu poema.

Sou filho do interior
Com muito orgulho de ser
Não tenho pai registrado
Com uma mãe do meu lado
Uma vó que me irradia
Não tenho a capacidade
De enxergar a luz do dia.

É normal que todo mundo
Tenha uma vocação
Vou me tornar um poeta
Pra alegrar seu coração.

Todo dia eu peço a Deus
Saúde pra estudar
Pra ser alguém na vida
E minha família ajudar.

Na vida: Ninguém
É feliz sozinho
Preciso do seu carinho
Não quero mal a ninguém
Só quero deixar saudade
No coração de Alguém.

MEU PERFIL

Ao rimar este poema
O alfabeto vou usar
Pra contar minha história
Do povo deste lugar.

Mateus é o meu nome
Escrito com a letra “m”
Com sete anos de idade
Já tenho a capacidade
De escrever o meu poema.

Sou filho do interior
Com muito orgulho de ser
Não tenho pai registrado
Com uma mãe do meu lado
Uma vó que me irradia
Não tenho a capacidade
De enxergar a luz do dia.

É normal que todo mundo
Tenha uma vocação
Vou me tornar um poeta
Pra alegrar seu coração.

Todo dia eu peço a Deus
Saúde pra estudar
Pra ser alguém na vida
E minha família ajudar.

Na vida: Ninguém
É feliz sozinho
Preciso do seu carinho
Não quero mal a ninguém
Só quero deixar saudade
No coração de Alguém. 

A poesia sobre os profissionais da saúde ficou famosa rapidamente, assim como Mateus. Daí em diante, vários sites, TVs e principalmente através das redes sociais, as notícias se espalharam, mostrando a vocação de Mateus e sua motivação em querer ser poeta. http://www.obidos.net.br/index.php/cultura/poesia/3398-mateus-marinho-o-menino-poeta-obidense

'Tenho como inspiração o poeta Bráulio Bessa', diz menino de 7 anos que escreve e declama poemas, no interior do Pará

O menino mora com a mãe e avó na comunidade de Boa Nova, no município de Óbidos.

Por Kamila Andrade, G1 Santarém — PA 21/05/2020

De pior aluno da escola e com muito problemas familiares, Mateus Nunes Marinho, de 7 anos, viu seus dias mudarem por meio de poemas. Ele começou o interesse pela poesia, após assistir uma novela em que o personagem era poeta. A partir daí, inspirado pelo poema "Recomece" de Bráulio Bessa, o pequeno começou a versar com autoria própria na comunidade Boa Nova, no município de Óbidos, no oeste do Pará.

Sem pai, com a mãe com problemas mentais e avó cega, Mateus estava se tornando uma criança agressiva na escola e até mesmo dentro de casa. No colégio, os responsáveis sempre eram chamados para serem advertidos pelas atitudes do menino com os colegas e até mesmo com a professora https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2020/05/21/tenho-como-inspiracao-o-poeta-braulio-bessa-diz-menino-de-7-anos-que-escreve-e-declama-poemas-no-interior-do-para.ghtml


 [T1]


CORRUPÇÃO NA PANDEMIA


A Controladoria-Geral da União calculou em R$ 1,9 bilhão o sobrepreço das contratações realizadas por estados e municípios durante a pandemia de Covid-19. Somados, os 19,8 mil contratos analisados pela CGU chegam a R$ 13 bilhões.

TCU diz que 620 mil pessoas receberam auxílio emergencial sem ter direito

Prejuízo pode ser de R$ 1 bilhão

Se não forem interrompidos, esses pagamentos vão gerar 1 prejuízo de mais de R$ 1 bilhão às contas públicas. Leiam o que segue: 2020

PODER360, o2/07/20
Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) indica que 620 mil pessoas receberam auxílio emergencial do governo federal mesmo sem ter direito. Segundo o Tribunal, se não forem interrompidos, esses pagamentos irregulares vão causar 1 prejuízo de mais de R$ 1 bilhão às contas públicas.

De acordo com o documento, já foram gastos R$ 35,8 bilhões para 50.228.253 milhões de beneficiários.

As informações foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, que teve acesso ao relatório, na noite desse domingo (28.jun.2020).

O auxílio emergencial foi criado para auxiliar quem enfrenta dificuldades financeiras durante a pandemia de covid-19 –doença causada pelo novo coronavírus. Os beneficiários só podem ser aqueles que tenham renda individual de até R$ 522,50 ou familiar de até R$ 3.135.

No entanto, os dados do TCU indicam que pessoas com renda superior a estipulada, mortos, presos e empresários que não são microempreendedores tiveram acesso ao dinheiro. O cadastro exige apenas que se forneçam dados pessoais como profissão, renda mensal e a conta em que o valor será depositado.

De acordo com o TCU, 235.572 empresários que não são microempreendedores individuais e 15.850 beneficiários que receberam o dinheiro mesmo tendo uma renda superior ao exigido não deveriam ter tido o pedido do auxílio aprovado. Além deles, o valor chegou a 17.984 mortos e há indícios de que 7.046 beneficiários estejam presos e, por isso, não deveriam receber o auxílio.

Familiares de políticos também estão na lista dos beneficiários. A mulher de 1 vereador de Santa Maria do Herval, no Rio Grande do Sul, é 1 dos exemplos. Neiva Lechner recebeu R$ 600 e, segundo o Fantástico, mora em uma casa com piscina e a família é dona de uma financeira. O marido, Diego Lechner, se pronunciou em uma sessão da Câmara de Vereadores: “Pelo que eu sei, a lei diz que esse dinheiro está disponível para quem tem direito. E não pra quem precisa”. Neiva Lechner não quis se manifestar.

Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, também conseguiu sacar os R$ 600. Foragida da Justiça, ela é suspeita de participar em 1 suposto esquema de rachadinha no gabinete do senador Flávio Bolsonaro. Queiroz foi preso no dia 18 de junho em 1 imóvel do advogado Frederick Wassef.

Segundo a procuradora da República Zélia Luiza Pierdona, há casos de pessoas que receberam o benefício sem ter solicitado. “A irregularidade certamente será resolvida com o chamamento para devolução, e tem aquelas irregularidades que constituem fraudes”, disse.

O Ministério da Cidadania detalhou que 47,7 mil pessoas que não se enquadravam nos critérios definidos mas receberam o valor já o devolveram. Além disso, 600 mil beneficiários tiveram o pagamento suspenso depois da primeira parcela depois de terem sido constatadas irregularidades.

O custo do conluio e da má-fé durante a pandemia

A Controladoria-Geral da União calculou em R$ 1,9 bilhão o sobrepreço das contratações realizadas por estados e municípios durante a pandemia de Covid-19.

Somados, os 19,8 mil contratos analisados pela CGU chegam a R$ 13 bilhões.

O aumento da demanda mundial nesse período pode explicar parte da alta de preços. “Mas há também indícios de conluio e má-fé entre empresas e agentes públicos”, publica O Globo.