Finalmente aparece a cara de quem vai enfrentar
Bolsonaro em 2022
Moro desmente Bolsonaro e
diz que não usou nomeação para o STF como ‘moeda de troca’
Assim que terminou o pronunciamento de
Jair Bolsonaro, o ex-ministro Sergio Moro foi ao Twitter desmentir o
presidente.
“A permanência do Diretor Geral da PF,
Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação
para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a
substituição do Diretor Geral da PF.”
Moro: Valeixo estava
‘cansado de ser assediado’ pelo presidente
No Twitter, Sergio Moro também rebateu
a declaração de Jair Bolsonaro –repetida pela tropa bolsonarista– de que
Maurício Valeixo estava “cansado” e pedira para sair da chefia da PF.
“De fato, (…) Maurício Valeixo estava
cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser
substituído. Mas, ontem, não houve qualquer pedido de demissão, nem o decreto
de exoneração passou por mim ou me foi informado”, escreveu o ex-ministro da
Justiça.
Guedes não bate palmas como demais ministros
Usando
máscara, mas sem paletó e sapato, Paulo Guedes não bateu palmas ao final do
discurso de Jair Bolsonaro, como os demais ministros. Bateu as mãos apenas duas
vezes no sentido de ‘vamos lá’.
A estraégia de Bolsonaro é
pintar Moro como oportunista e incompetente
Com o seu pronunciamento, Jair
Bolsonaro deixou clara a sua estratégia para enfrentar a saída de Sergio Moro.
A estratégia é pintar Moro como um
oportunista que só pensa no seu projeto de ser candidato à Presidência da
República ou de ocupar um cargo no Supremo Tribunal Federal. E afirmou até
mesmo que o ex-ministro teria feito uma proposta de escambo: tirar Maurício
Valeixo da direção geral da PF apenas em novembro, em troca da indicação para o
STF.
Além disso, Bolsonaro sugeriu que Moro
foi um ministro incompetente, cuja PF não tinha nem sequer um serviço de
inteligência eficiente. E deixou nas entrelinhas que Moro, além de
incompetente, também demonstrou má vontade para investigar o atentado sofrido
pelo então candidato à Presidência, em 2018.
Por último, o presidente quis passar a
impressão de que o ex-ministro é pusilânime, por não o ter procurado para pedir
a demissão irrevogável — deixando de lado que ele, Bolsonaro, exonerou Maurício
Valeixo sem avisar o então ministro, e como se o então diretor-geral da PF
quisesse mesmo sair do cargo e o seu desejo estivesse sendo apenas atendido.
O problema dessa estratégia é que todo
mundo conhece a biografia de Moro — e todo mundo conhece a biografia de Bolsonaro.
Não vai colar.
ENFRENTAMENTO TERÁ DESDOBRAMENTO
pedido de investigação de Aras sobre Bolsonaro
Leia a íntegra do pedido de
Augusto Aras ao STF para
investigar as revelações de Sergio Moro sobre possível interferência de Jair
Bolsonaro nas investigações da Polícia Federal.
Parlamentares da Rede protocolam
pedido de impeachment de Bolsonaro
Parte inferior do
formulário
Parlamentares da Rede protocolaram há
pouco um pedido de impeachment de Jair Bolsonaro.
Segundo o pedido, Bolsonaro cometeu os
crimes de responsabilidade, obstrução de justiça e concussão ao tentar
interferir na Polícia Federal.
“A interferência serviria justamente
para tentar garantir verdadeira blindagem a priori a investigados do círculo do
Presidente, ou seja, teriam verdadeiros ‘superpoderes’ de cometerem eventuais
crimes, mas nunca serem por eles responsabilizados.”
No documento, assinado por Randolfe
Rodrigues e outros cinco integrantes da Rede, os parlamentares citam as
declarações de Sergio Moro e declarações recentes de Bolsonaro, como o “eu sou, realmente, a Constituição”,
para acusar o presidente de autoritarismo.
“Não bastasse isso, sobressai como mais
grave, o fato de que o Presidente pretende, de todas as formas e maneiras,
alterar os rumos de investigações criminais. Tais declarações representam
derradeiro estopim para o devido processamento do Presidente da República
por crimes de responsabilidade e por outros crimes comuns. Esses fatos nada
mais são do que uma conduta absolutamente criminosa, irracional, indesculpável
e absolutamente irresponsável.”
Por fim, o pedido destaca que não é
necessário apresentar provas sobre as acusações, uma vez que a coleta das
provas “só pode se dar no curso do próprio processamento da presente
denúncia”, por meio de depoimentos ao Senado. https://www.oantagonista.com/
24/04/20