BUMLAI, O AMIGÃO DE LULA
Não é somente o juiz Sérgio Moro que merece toda nossa admiração, mas também o ministro do Supremo Teori Zavascki que aprova todas as decisões de Moro na condução da LAVA – JATO. Leiam o que segue:
BUMLAI, o homem de livre acesso ao gabinete de Lula
Ligação entre ex-presidente e empresário começou em 2002
SÃO PAULO - Durante os dois governos do ex-presidente Lula existia uma máxima em Brasília: só duas pessoas entravam sem bater no gabinete presidencial. Uma delas era a dona Marisa. A outra, um então desconhecido José Carlos Bumlai. Mesmo longe dos holofotes, o empresário e pecuarista gozava de um prestígio incomum até para alguns ministros da época.Em 2008, Bumlai chegou a ser barrado. Imediatamente, o ex-presidente ordenou que fosse fixado na recepção um cartaz com a foto do amigo o aviso curto e grosso: "O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento". Oito anos depois de uma estreita relação com o ex-presidente, o nome de Bumlai entrava no olho do furacão das investigações da Operação Lava-Jato.
Em delação premiada, o lobista Fernando Baiano relatou um pedido de Bumlai para quitar o apartamento de uma nora do ex-presidente. Baiano teria relatado ainda a participação do pecuarista em negócios do Grupo Schahin com a Petrobras. Antes dele, outros dois réus já haviam citado Bumlai: o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o lobista Julio Camargo. Tanto Bumlai quanto o filho do ex-presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, negam. Ontem, Lulinha pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso à íntegra da delação.
A ligação entre Lula e Bumlai começou em 2002, quando o então candidato Lula enfrentava resistência de setores econômicos, entre eles o agropecuário. Para ajudar a reverter a rejeição, o governador do Mato Grosso do Sul e candidato à reeleição, Zeca do PT, fez questão de que Lula conhecesse Bumlai - "um dos maiores pecuaristas do Brasil" - como definiu. A empatia entre o candidato e o fazendeiro foi imediata.
Ainda naquela eleição, Lula passaria quatro dias na fazenda do empresário, nos arredores de Campo Grande, gravando programas eleitorais. Enquanto estiveram juntos, Lula e Bumlai estreitaram os laços entre churrascos e pescarias. Em 2009, a uma revista ligada ao agronegócio, o empresário disse que o encontro "foi um marco histórico".
Aos 71 anos, Bumlai, que nasceu em Corumbá (MS), é considerado um dos mais bem-sucedidos empresários do setor pecuarista. Engenheiro civil de formação, atuou na área por 30 anos, e trabalhou no mercado de construção pesada. Foi diretor e conselheiro da Constran - a empresa pertence hoje a Ricardo Pessoa, coordenador do cartel das empreiteiras da Petrobras.
Assim que foi eleito, Lula trouxe Bumlai para mais perto. Em 2003, o ex-presidente o nomeou para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, grupo criado para aconselhá-lo. Bumlai permanece no grupo até hoje, agora, assessorando a presidente Dilma Rousseff. O acesso livre, formalizado após o episódio de 2008, também se estendia a compromissos no exterior. Bumlai era visto com frequência nas comitivas presidenciais a países africanos. Naquele ano, os dois foram juntos a Gana defender investimentos no país. Bumlai representa a Constran.
As investigações da Lava-Jato mostram que a proximidade entre os dois preocupava empresários. Em troca de e-mails anexados às investigações, Marcelo Odebrecht orienta Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht solto nesta sexta-feira depois de quatro meses de prisão, a "não deixar o pecuarista solto" ao lado de Lula em viagem a Guiné.
Paralelamente ao convívio próximo ao ex-presidente Lula, Bumlai diversificou os investimentos. Em sociedade com o Grupo Bertin, de quem foi acionista antes da venda para a JBS, o empresário investiu em etanol. Comprou a Usina São Fernando, em Dourados, com recursos do BNDES. A operação foi aprovada em dezembro de 2008 durante a crise de crédito global, quando os bancos privados se recolheram e pararam de emprestar. Em 2013, a São Fernando acumulava uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Desses, R$ 540 milhões eram devidas ao BNDES e ao Banco do Brasil.
Bumlai também investiu diretamente em negócios com a Petrobras. Ele foi sócio da Immbrax, fornecedora da Petrobras e de empreiteiras flagradas no esquema de corrupção. Entre 2010 e 2011, a Immbrax faturou R$ 2,5 milhões em vendas à estatal, por meio de contratos firmados com dispensa de licitação ou na modalidade de convite.
O pecuarista foi citado pela primeira vez na Lava-Jato por Costa. Ao admitir ter recebido propina para "não atrapalhar" a compra de Pasadena, o delator relatou a ligação dele com Baiano. Os investigadores, agora, querem saber sobre a participação do empresário na intermediação de propina com o grupo Schahin para a compra de sondas. Em troca, os investigadores suspeitam que ele teria uma dívida "perdoada" junto ao banco pertencente ao grupo.
O inquérito corre em sigilo em Curitiba. Durante as negociações para um acordo de delação, o ex-diretor Nestor Cerveró teria confirmado informalmente a história. Agora, os investigadores querem saber se o livre acesso ao gabinete do ex-presidente Lula se estendeu a outros setores da administração pública
Fonte: http://oglobo.globo.com/ 10/10/2015
Filhos de Lula e empresário delatado dividiram escritório
O GLOBO 22/10/2015
SÃO PAULO - Acusado pelo delator
Fernando Soares, o Fernando Baiano, de
pedir propina de R$ 2 milhões para, supostamente, pagar uma dívida de uma nora
do ex-presidente Lula, o empresário José Carlos Bumlai
dividia em São Paulo, até o início da Operação Lava-Jato, o mesmo escritório
usado por Fábio Luiz Lula da Silva e Luiz Claudio Lula da Silva, filhos de
Lula.
Em sua delação, Baiano disse que
se encontrava com Bumlai no endereço usado pelo empresário na capital paulista,
justamente o prédio comercial onde funcionava também a LLCS, em nome dos filhos
do ex-presidente.
Em depoimento à Procuradoria
Geral da República, Baiano relatou ter frequentado mais de uma vez o local. Em
uma das visitas, Bumlai teria prometido marcar um encontro com Lula e
representantes de empresas assessoradas por Fernando Baiano.
SALAS
ALUGADAS ESTÃO FECHADAS
O painel de informação do hall do
edifício Office Brigadeiro já não tem mais as placas com os nomes das empresas
de Bumlai e dos filhos de Lula no conjunto 61. O endereço, no número 3.530 da
Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na capital paulista, não é mais usado pelos
empresários como sede dos negócios desde o ano passado.
Bumlai foi o primeiro a sair do
edifício. A empresa São Fernando deixou de funcionar no local no mesmo período
da deflagração da primeira fase da Lava-Jato. Quem viu Bumlai circular pelos
dez andares do prédio lembra da forte estrutura que o cercava. Era comum ver o
empresário chegar em utilitários blindados, acompanhado de seguranças:
— Parecia filme. Ficava gente
vigiando a portaria enquanto ele estava lá em cima — relatou um manobrista ao
GLOBO.
Se continuasse no local, Bumlai
pagaria hoje cerca de R$ 11 mil por mês pelo aluguel das salas, que ocupavam
pouco mais da metade do andar. O edifício, que pertence a uma construtora, tem
entrada privativa e lanchonete no térreo.
O filho mais novo de Lula, Luiz
Cláudio, usava o local para encontrar empresários de marketing esportivo. Ao
GLOBO, funcionários confirmaram que os dois negócios funcionavam no mesmo
local.
A defesa de Bumlai não quis
comentar sobre o uso da sala, nem quem a frequentava. A defesa nega que o
empresário tenha negociado propina para o ex-presidente Lula ou seus filhos. O
GLOBO não conseguiu contato com os filhos do
ex-presidente.