domingo, 6 de agosto de 2017

MONTEVIDÉU E SACRAMENTO, O QUE VIMOS




Por cinco dias, em comemoração aos 56 anos de casamento (dois casais de filhos, quatro netos e três netas) com minha esposa Maria do Carmo, visitamos o Uruguai que tem uma população de 3,5 milhões e que não cresce há 30 anos, dado a saída dos jovens e a baixa natalidade. não vimos um único carrinho de bebê em cinco dias circulando pela cidade e entorno. Apesar de Montevidéu ter 1,4 milhões de habitantes, é uma cidade tranqüila e segura, com trânsito disciplinado e sem engarrafamentos mesmo nos horário de pico, embora não tenha metrô nem VLT é muito bem servida por ônibus que circulam em faixas exclusivas. Observamos que as casas não têm cercas elétricas ou serpentinas com farpas de aço o que causa inveja a nós brasileiros e não se vê estresse nos semblantes das pessoas... 
É impressionante o número de casas de câmbio por toda a cidade, porquanto o Uruguai é uma espécie de Paraíso Fiscal.  

 Mercado Agrícola

O Mercado Agrícola de Montevideo (MaM) tem mais de 100 anos e foi revitalizado e reinaugurado em 2013, quando virou um novo point turístico e queridinho da cidade. Como adorei, sugeri às autoridades do Espírito Santo, onde moro, para que aproveitem o projeto na revitalização do Mercado da Vila Rubim, em Vitória, transformando-o em local turístico, como fez Montevidéu.
Segundo relato de brasileiro, “É fácil entender o motivo do meu encantamento: são 107 locais com vendas de frutas e verduras, praça de alimentação, serviços e ofertas culturais. É possível comprar de tudo! Desde vinhos, doce de leite, carne até produtos sem glúten. Aliás, tem uma loja exclusiva de produtos sem glúten com coisas que eu nunca tinha visto antes em nenhum lugar!
Não podemos confundir o Mercado Agrícola com o Mercado do Porto. Nesse segundo é onde você come parrilla diretamente no balcão (falaremos sobre isso em um próximo post). O MaM tem uma pegada mais cultural, com cafés, espaço para eventos e um mural do mais famoso artista plástico uruguaio, Carlos Vilaró.
Endereço:
Bairro Goes – Rua José L. Terra número 2220, entre Martín García e Dr. Juan José de Amézaga (perto do Palácio Legislativo). Horário: Aberto todos os
dias das 8h às 22h.
Palácio Salvo
Adoramos fazer a visita guiada e foi uma experiência incrível a sensação de estar no topo do edifício do Edf. Salvo e ver a cidade lá de cima e conhecer novas histórias e personagens. A visita durou menos de uma hora iniciada com um breve relato sobre a família Salvo, imigrantes italianos da região da Liguria que chegaram em Montevidéu e fizeram uma verdadeira fortuna inicialmente trabalhando no ramo de confecções.

Os negócios da família se diversificaram e surgiu o projeto do Palácio Salvo, a ideia original era construir o primeiro arranha céu da cidade, um ícone arquitetônico para ficar na história e ser um símbolo de agradecimento ao lugar que os acolheu e tantas oportunidades lhes ofereceram, e pelo lado econômico funcionaria como um hotel.

A realidade foi que apenas uma mínima parte do prédio funcionou como hotel, os demais espaços tiveram outros fins.

Para a construção foi aberto um concurso onde vários arquitetos se apresentaram, o mais bacana é ver imagens dos 18 projetos selecionados. O concurso não teve um vencedor declarado, mas tempos depois os Salvo chamaram o jovem arquiteto Mario Palanti, também italiano que vivia em Buenos Aires e já tinha desenhado o Palacio Barolo, para assinar o projeto da família.

Mario Palanti é outro personagem das histórias rio platenses,  construiu dois edifícios emblemáticos que retratam a época do apogeu da economia e sociedade uruguaia e argentina, os prédios são chamados de irmãos gêmeos, ambos tinham faróis que no imaginário do arquiteto se 'comunicariam', ele esperava que as luzes cruzassem todo o rio que separa as capitais e se encontrassem, pela curvatura da terra essa comunicação resultou inviável.

O Barolo foi inspirado na Divina Comedia de Dante e atualmente se mantém melhor conservado, no Salvo existe uma realidade bem diferente, há uma grande mescla de tudo, de salas comerciais e apartamentos, no interior do edifício funciona a tradicional rádio nacional, um clube de bilhar (achei total cena de filme na hora que abriram uma portinha e vi várias mesas de sinuca com senhores jogando às 17h da tarde de uma terça-feira), há uma gama de vizinhos impossível de unificar ou definir.

Onde hoje funciona um estacionamento, já foi um teatro importante da cidade. Onde existiu o café La Giralda, local onde foi tocado pela primeira vez La Cumparsita, talvez a canção de tango mais conhecida do mundo, é hoje uma loja da Movistar.

Lá no Palácio vemos ainda vários elementos esotéricos, místicos e da maçonaria expostos nos detalhes. 

Do lado de fora sob os arcos que dão para a Plaza Independencia encontramos formas marinhas, na passagem que liga a rua Andes e a praça há figuras no piso que supostamente marcam um campo magnético e faz muita gente parar no centro para receber boas vibrações, no hall de cada piso vemos figuras com o número 8 e flor de lis.
                  
Outra história curiosa é a do fantasma do sétimo andar, muitas pessoas juram terem visto em várias oportunidades um senhor bem vestido de preto, ao que parece é um fantasminha camarada que já salvou os vizinhos de assaltos.

Acreditam que seria o fantasma do José Salvo, um dos três irmãos Salvo que inclusive nunca moraram no edifício. 

Ele teve uma morte trágica, tinha uma filha com necessidades especiais que se apaixonou/foi seduzida pelo galã interesseiro do bairro, um boêmio que só queria saber de gastar a fortuna da família, conta-se que deu de presente um fino chalé a Carlos Gardel de quem era admirador, não contente com a gastança do dinheiro alheio, encomendou o assassinato do sogro, que morreu atropelado.

Há muitas lendas que circulam pelos corredores estreitos do enorme prédio, alguns parecem labirintos e contribuem para alimentar esses contos.

Depois de conhecer várias curiosidades chegamos no terraço, é a coisa mais linda ver a cidade com as cores do entardecer, a perspectiva da Plaza Independencia, do Rio de la Plata, porto e Avenida 18 de Julio lá de cima é simplesmente sensacional.

O mirante do vigésimo quarto andar que fica na cúpula direita da torre (de quem olha no sentido da praça para a 18 de Julio) não foi possível; é um passeio imperdível de verdade!

Colonia del Sacramento, a Paraty do Uruguai
Uma cidadezinha colonial, à beira d'água, fundada por portugueses, patrimônio da Unesco, povoada por pousadas e restaurantinhos e galerias...segundo relato de viajante:
“Só que o clichê acaba sendo útil pelo outro lado. Porque ajuda a contar as diferenças entre Colonia del Sacramento e sua -- ahn -- equivalente fluminense.
Para começar, Colonia está à beira-rio: o histórico e o vizinho centro comercial ocupam uma peninsulazinha que avança no Rio da Prata. No lugar de traineirinhas e escunas, Colonia exibe veleiros e iates (no portinho da costeira norte) e ferry-boats (no terminal hidroviário da costeira sul). O centrinho histórico tem um passeio à beira-rio murado, voltado para o poente, e que não inunda nunca, o Paseo San Gabriel.
Pouco resta da arquitetura original portuguesa; talvez o traçado, algumas casas e o calçamento pé-de-moleque, com canaleta no centro, da Calle de los Suspiros, onde os escravos eram desembarcados e suspiravam antes de serem vendidos. A maioria das edificações é colonial espanhola ou neoclássica, com uma ou outra casa mais moderna no meio.
A Plaza Mayor, no coração do centro histórico, está mais para o Quadrado de Trancoso do que para qualquer outra praça de cidade colonial brasileira.
Outra diferença: o entorno do centro histórico é muito mais bonitinho e arrumado do que o que estamos acostumados. O centro comercial de Colônia também tem seu charme.
Trata-se de um lugar cuja visita não requer nenhum esforço além do de chegar lá. Caminhar, fotografar, tomar um café ou uma taça de vinho ao sol.
Como chegar
Colonia fica 180 km a oeste de Montevidéu (110 km em estrada duplicada). De ônibus, pela COT, o trajeto é feito em 2 horas e meia (veja horários e tarifas).
Buenos Aires está mais próxima: a travessia em buques (barcos) rápidos é feita em 1h pela Buquebus (que também trasporta carros) e Colonia Express. É possível fazer pit stop em Colonia entre as duas cidades -- deixe a mala no maleiro da rodoviária, ao lado do terminal hidroviário (grátis) ou, se não couber, deixe na lanchonete (que cobra 50 pesos por peça).

Querendo passar o dia em Colonia e seguir viagem é preciso comprar as passagens separadamente: o Buquebus para a travessia, e o COT para o trecho a/de Montevidéu

Governo Mujica: lições para a direita e para a esquerda

José “Pepe” Mujica

Tabaré Vázquez, Presidente do Uruguai pela segunda vez. Vázquez já ocupou o cargo entre 2005 e 2010, sucedido por José Mujica, que passou a faixa presidencial ontem. Ambos são da Frente Amplio, coligação de partidos uruguaios de centro-esquerda e esquerda, parte do Foro de São Paulo. Após os cinco anos de seu governo, qual o balanço que se pode fazer do governo do ex-guerrilheiro do grupo Tupamaro, José Mujica, que prefere ser chamado pelo apelido Pepe e ficou marcado como carismático e humilde? Em sua política interna e em suas relações exteriores? Mais ainda, em tempos de ânimos acirrados e suspeitas de todos os esprectros políticos, o governo Mujica mostrou alguns dos caminhos que a esquerda latino-americana pode, ou poderia, tomar, com sucesso.
Na política interna do Uruguai, o mais evidente e mais falado foram as novas medidas sociais do país. Desde dezembro de 2012, as mulheres uruguaias podem interromper, legalmente e com respaldo, a gravidez, até a décima segunda semana da gestação. Um balanço oficial do governo uruguaio informou que, no período de um ano de vigência da lei, foram realizados 6.676 abortos seguros. Em abril de 2013, o Uruguai aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em maio de 2014, o Uruguai legalizou a venda de maconha no país e, em fevereiro de 2015, regulamentou-se o uso da droga para fins medicinais e pesquisas terapêuticas. Como a droga será comercializada ainda está sendo debatido e não foi regulado, mas Mujica deixou claro que seu objetivo é tirar o financiamento do narcotráfico.
A última medida social será parcialmente do governo de Mujica. Em dezembro de 2014, o Legislativo uruguaio passou a Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual; a lei discute a reforma no setor de telecomunicações no país. Após o apoio de Pepe, a iniciativa será regulamentada pelo governo de Vázquez. O objetivo da lei é evitar a concentração econômica no setor de telecomunicações e alavancar a concorrência e a pluralidade na oferta de serviços e de conteúdos. Nas palavras de Pepe: “Eu não quero que o Clarín ou a Globo sejam donos das comunicações no Uruguai”. Todas essas medidas demonstram um elemento essencial para um governo democrático, o prestígio e a aprovação popular de Mujica. Sem isso, não teria a maioria no Parlamento e não conseguiria aprovar tais pautas. Pepe encerrou 2014 com 64% de aprovação.
Sua política externa foi uma soma desses dois elementos, avanços sociais e sua luta pessoal, com a tradição de neutralidade e de afirmação do Uruguai. Seu foco foi a resolução e mediação de conflitos, parte de uma meta maior, a integração latino-americana. Em março de 2013, Pepe aceitou o pedido dos EUA para receber presos vindos de Guantánamo, conhecida base dos EUA em Cuba que foi o cerne de muitas críticas por violações de direitos humanos. Mujica declarou que os abrigaria na condição de “refugiados” e, em dezembro de 2013, os EUA confirmaram que seis indivíduos foram transferidos para o Uruguai. Em outubro de 2014, o Uruguai recebeu refugiados sírios, após oferta de Mujica; quarenta e dois sírios, formando famílias inteiras, receberam asilo, acompanhamento profissional, emprego e moradia.
Ainda em relação à Cuba, em dezembro de 2014, Barack Obama, Presidente dos EUA, agradeceu Mujica pelo seu papel como um dos mediadores do acordo de reaproximação entre EUA e Cuba; mesmo assim, Mujica manteve parte de suas críticas ao governo dos EUA, pedindo o fim do embargo e a libertação de presos cubanos e do líder porto-riquenho Oscar López Rivera. Nas últimas semanas de seu governo, Pepe, reunido com Evo Morales, Presidente da Bolívia, anunciou os planos da construção de um porto de água profundas que será utilizado também pelo país andino, que reivindica uma saída oceânica desde a derrota na Guerra do Pacífico, em 1883. A saída para o mar é a principal pauta da política externa boliviana e o cerne de suas relações com o Chile, que é acusado, pela Bolívia, de descumprir tratado internacional sobre o tema. Com a provisão negociada por Mujica, espera-se que os ânimos se acalmem e uma solução definitiva seja alcançada pelos vizinhos. Fonte: https://xadrezverbal.com/
URUGUAI, HISTÓRIA
Antes do descobrimento do Uruguai pelos espanhóis, em 1516, os habitantes daquela terra eram os índios charruas, chanaés e guaranis, entre outros. Dos milhares de índios que lá habitavam, a maioria era da tribo charrua.
A primeira colônia se estabeleceu em 1624, em Soriano. Os colonizadores eram espanhóis. Em 1680, um grupo de portugueses fundou a colônia de Sacramento. Logo os espanhóis expulsaram os portugueses. A época da colonização do Uruguai foi marcada pela constante disputa entre espanhóis e portugueses.
A cidade de Montevidéu foi fundada pelos espanhóis entre 1724 e 1750. Em 1800 surgiu o sentimento nacionalista nos uruguaios, o que levou o militar uruguaio José Gervasio Artigas a partir para a luta armada, dominando a cidade de Montevidéu de 1810 a 1814. Em 1817, Artigas foi derrotado.

Em 1821, o Uruguai foi ocupado e anexado ao território brasileiro, a partir de uma aliança entre os brasileiros e os portugueses. A região foi chamada de Província Cisplatina.
Em 1825 os brasileiros foram expulsos com a liderança do uruguaio Juan Antonio Lavalleja, ajudado por tropas argentinas. Juan Antonio Lavalleja proclamou a independência uruguaia na mesma ocasião, o que só foi reconhecido por brasileiros e argentinos em 1828, através do tratado de Montevidéu.

Durante todo esse período da colonização e de disputas entre os europeus, gradativamente o número de indígenas foi diminuindo devido a doenças e as desavenças com os brancos que resultavam em morte. Em 1832, a nação indígena charruas foi dizimada.

Os políticos uruguaios se dividiram entre conservadores (blancos) e liberais (colorados), sendo que suas desavenças levaram o país a uma guerra civil entre os anos de 1839 e 1851. Na Guerra do Paraguai, em 1865, o Uruguai fez parte da vitoriosa Tríplice Aliança, aliado, portanto a Argentina e ao Brasil.
O trabalho do presidente Battle y Ordonez no inicio do século XX, levou o país a uma democracia estável e implantou um sistema social complexo, que propiciou ao povo uruguaio maior qualidade de vida. Nesse período, o país ficou conhecido como a “Suíça Americana”, fato que durou até por volta de 1960, mesmo no período entre 1951 e 1966, quando o presidencialismo foi substituído por um Conselho de Administração.
Com o retorno do sistema presidencialista, em 1967, foi promulgada uma nova constituição. O presidente eleito foi Oscar Daniel Gestido. Entre 1973 e 1980, foi instaurada a ditadura no país. Nos anos 80 a democracia foi consolidada no território uruguaio. O Uruguai aderiu ao Mercosul em 1994. Fonte: http://www.infoescola.com/

MORO: SENTENÇA VAI PARAR NA HISTÓRIA



"É uma sentença que vai entrar para a história do Brasil"
O Antagonista:
Na entrevista ao Estadão, o presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, comparou a sentença de Lula proferida por Sérgio Moro à que o juiz Márcio Moraes proferiu no caso Vladimir Herzog, em outubro de 1978, quando condenou a União pela prisão, tortura e morte do jornalista.
"É uma sentença que vai entrar para a história do Brasil. E não quero fazer nenhuma conotação de apologia. Estou fazendo um exame objetivo."
Lenz explicou a comparação:
"É uma sentença que não se preocupou com a erudição – como a sentença do juiz Márcio Moraes, lá atrás, também não se preocupou. É um exame irrepreensível da prova dos autos. É uma sentença que ninguém passa indiferente por ela."                         Fonte: http://www.oantagonista.com/ 06/08/17

sábado, 29 de julho de 2017

GERAÇÃO “NEM – NEM” 2



A revista VEJA de 20/07/17 publicou uma interessante reportagem da jornalista Bianca Alvarenga, sobre a geração Nem Nem, que “com a crise, o número de jovens no Brasil que nem trabalham nem estudam já soma 6,6 milhões. Os reflexos desse fenômeno não atingirão só a vida deles, mas toda a sociedade”, adverte
O número de brasileiros de 18 a 24 anos soma 23,6 milhões. Mas 30% dos brasileiros nessa faixa etária (ou seja 6,6 milhões de jovens) hoje não trabalham nem estudam e apenas 5% desse total de 6,6 milhões tem o ensino superior completo.
“Numa crise econômica profunda todos perdem, mas uns perdem mais que os outros — e esses são quase sempre os jovens. Enquanto a taxa geral de desocupação brasileira fechou o primeiro trimestre em 13,7%, mas entre aqueles com idade de 18 a 24 anos esse número bateu em 31,8%”  
Os chamados nem-nem – pessoas que, na fase em que deveriam estar ingressando na universidade ou chegando ao mercado de trabalham, deparam com as portas fechadas”
De acordo com a pesquisa "Síntese de Indicadores Sociais", a maioria dos que formam a geração "nem-nem" (nem estuda nem trabalha) é de mulheres: 70,3%. A incidência é maior no subgrupo formado pelas pessoas de 25 a 29 anos, onde as mulheres representavam 76,9%.

Geração Nem-Nem: uma bomba-relógio

“Quase 10 milhões de jovens brasileiros (15 a 29 anos) no Brasil não trabalham nem estudam. É um exército de reserva que pode ser manobrado para o bem ou para o mal.

Quase 10 milhões de jovens brasileiros (15 a 29 anos) no Brasil não trabalham nem estudam. É um exército de reserva que pode ser manobrado para o bem ou para o mal. A classe dominante brasileira sempre teve medo de uma rebelião dos escravos (Darcy Ribeiro). Mas são os antagonismos sociais (desigualdades) do nosso capitalismo selvagem e extrativista que podem um dia explodir por meio de uma violência coletiva devastadora. O IBGE (na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio de 2012) apontou que os jovens que não trabalhavam nem frequentavam a escola, os chamados de “nem-nem”, representavam 19,6%. Isso significa 9,6 milhões de jovens, de uma população estimada para o período de 48, 8 milhões de jovens, na faixa etária de 15 a 29 anos.
O problema, aliás, é mundial. O relatório Tendências Mundiais de Emprego 2014 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que o desemprego entre os jovens continua aumentando. Em 2013, 73,4 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos estavam sem trabalho – quase 1 milhão a mais do que no ano anterior. Isso representa uma taxa de desemprego juvenil de 12,6 %, mais do que o dobro da taxa de desemprego geral de 6,1%. A pesquisa revelou que o número de jovens que não trabalham nem estudam cresceu em 30 dos 40 países pesquisados. Em 2013, 1 milhão de jovens perderam seus trabalhos.
Boa parcela desses milhões de jovens que não estudam nem trabalham conta, no entanto, com estrutura familiar (é o grupo Nem-Nem acolchoado). O restante é desfamiliarizado (não tem uma constituição familiar sólida nem amparo social, como é corrente nos países de capitalismo selvagem e/ou concentrador: Brasil, EUA etc., que nada têm a ver com os países de capitalismo evoluído e distributivo, civilizados, como Dinamarca, Noruega, Japão, Alemanha, Islândia etc.).
Esse grupo desfamiliarizado (Nem-Nem+), nos países de capitalismo selvagem e extrativista, é uma verdadeira bomba-relógio, em termos sociais, de potencial criminalidade e de violência. Por quê? Porque os fatores negativos começam a se somar (não estuda, não trabalha, não procura emprego, não tem família, não tem projeto de vida...). Se a isso se juntam más companhias, uso de drogas, convites do crime organizado, intensa propaganda para o consumismo, famílias desestruturadas etc., dificilmente esse jovem escapa da criminalidade (consoante a teoria multifatorial da origem do delito). Milhões de jovens, teoricamente, estão na fila da criminalidade (e nossa indiferença hermética não se altera um milímetro com tudo isso).                                                                Fonte: http://professorlfg.jusbrasil.com.br/
  AMEAÇA VIRÁ DAS FAVELAS
O Brasil que tinha 80% de sua população no interior viu, em menos de seis décadas 80% dessa população mudar-se para as cidades. Cinturões de miséria formaram-se nas periferias das cidades brasileiras. Não se conhece no mundo tamanha  migração em tão pouco tempo.  
“Ao Império norte-americano não passaram desapercebidas as conseqüências geopolíticas de um "planeta de favelas". Temem "a urbanização da revolta" ou a articulação dos favelados em vista de lutas políticas. Organizaram um aparato MOUT (Military Operations on Urbanized Terrain: operações militares em terreno urbanizado) com o objetivo de se treinarem soldados para lutas em ruas labirínticas, nos esgoto, nas favelas, em qualquer parte do mundo onde os interesses imperiais estejam ameaçados. Será a luta entre a cidade organizada e amedrontada e a favela enfurecida. Um dos estrategistas diz friamente:"as cidades fracassadas e ferozes do Terceiro Mundo, principalmente seus arredores favelados, serão o campo de batalha que distinguirá o século XXI; a doutrina do Pentágono está sendo reconfigurada nessa linha para sustentar uma guerra mundial de baixa intensidade e de duração ilimitada contra segmentos criminalizados dos pobres urbanos.”

terça-feira, 25 de julho de 2017

MORO RECEBE APOIO DE JUÍZES



JUÍZES APOIAM MORO E REPUDIAM CRÍTICAS À CONDENAÇÃO DE LULA

Ninguém ganha de Moro


O juiz Sergio Moro é fenomenal.
Ele é atacado todos os dias por Lula e pela imprensa. Mas sua popularidade permanece inabalável.
64% dos brasileiros o apoiam. Um mês atrás, eram 63%.
Enquanto isso, Lula tem o apoio de 29% e é reprovado por 68%.
Não dá para o cheiro.
Em nota, entidade representativa dos juízes federais disse que Moro tem sofridos ataques à honra pessoal 'por estar cumprindo seu dever'. Juiz condenou Lula a 9 anos e 6 meses de cadeia.
G1/O GLOBO,por Alessandra Modzeleski, 24/07/2017  

“A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota nesta segunda-feira (24) em que manifesta apoio ao juiz Sérgio Moro e repudia as críticas feitas à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de cadeia por corrupção passiva. No texto, a Ajufe diz que Moro tem sofrido ataques a honra pessoal "por estar cumprindo seu dever".
Responsável pela Lava Jato na primeira instância, Moro considerou Lula culpado no processo que investiga suspeita de ocultação da propriedade de uma cobertura triplex no Guarujá, no litoral paulista. Segundo a sentença do juiz, o apartamento foi pagamento de propina da empreiteira OAS em troca de favores na Petrobras.
A condenação de Lula gerou reação por parte dos aliados do ex-presidente. Um deles, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, subiu na tribuna do Senado e chamou os processos da Lava Jato de “safadeza”.
Outros parlamentares da sigla afirmaram que o juiz condenou o ex-presidente sem provas. Para o senador Jorge Viana (PT-AC), a condenação foi a “antecipação de uma cassação de uma candidatura que nem foi formalizada”.
Na nota, a Ajufe criticou a postura dos políticos que atacaram a sentença de Moro. Para a associação, reclamações deveriam ser feitas pelas partes envolvidas no processo dentro do trãmite judicial, e não por meio de "agressões verbais".
"Causa indignação a utilização da imunidade parlamentar para desferir ofensas a quem está cumprindo a sua função constitucional de aplicar a lei ao caso concreto. O inconformismo contra o mérito das decisões judiciais deve se dar com os recursos judiciais postos à disposição das partes e não por meio de agressões verbais, seja na tribuna das Casas Legislativas ou por meio da imprensa", afirmou a entidade.
O texto da Ajufe diz também que tentativas de intimidação do poder Judiciário buscam garantir a impunidade para crimes que afligem o país.
"A apuração cabal de todos os crimes de corrupção é anseio da sociedade brasileira e o Judiciário é o Poder encarregado pela Constituição para o julgamento dos casos, por isso as tentativas de enfraquecê-lo e intimidá-lo visam à impunidade das infrações penais que tanto afligem o Brasil", ressaltou a Ajufe.
Após a condenação, Moro decidiu pelo bloqueio de R$ 9.600 mil e de outros bens do ex-presidente Lula, para garantir o pagamento de danos causados à Petrobras.
A decisão levou o PT a criticar novamente a atuação de Moro. Desta vez, a sigla afirmou que a decisão se tratava de um “ato de vingança”.
Leia na íntegra a nota da Ajufe:
A Ajufe - Associação dos Juízes Federais do Brasil -, entidade de classe de âmbito nacional da magistratura federal, tendo em vista os ataques sofridos nos últimos dias pelo juiz federal Sérgio Moro em decorrência de ter prolatado sentença penal condenatória do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, vem manifestar seu veemente repúdio contra as atitudes ofensivas à honra pessoal do magistrado por estar cumprindo o seu dever, que é conduzir os processos judiciais e julgá-los.
Causa indignação a utilização da imunidade parlamentar para desferir ofensas a quem está cumprindo a sua função constitucional de aplicar a lei ao caso concreto. O inconformismo contra o mérito das decisões judiciais deve se dar com os recursos judiciais postos à disposição das partes e não por meio de agressões verbais, seja na tribuna das Casas Legislativas ou por meio da imprensa.
A apuração cabal de todos os crimes de corrupção é anseio da sociedade brasileira e o Judiciário é o Poder encarregado pela Constituição para o julgamento dos casos, por isso as tentativas de enfraquecê-lo e intimidá-lo visam à impunidade das infrações penais que tanto afligem o Brasil.
A AJUFE continuará firme na defesa da apuração dos fatos apontados como criminosos, com a consequente punição de todos os que se locupletaram com a prática ilícita, não havendo nenhuma possibilidade de cerceamento da independência judicial para o julgamento dos processos.”