Por cinco dias, em comemoração aos 56 anos de casamento (dois casais de filhos, quatro netos e três netas) com minha esposa Maria do Carmo,
visitamos o Uruguai que tem uma população de 3,5 milhões e que não cresce há 30
anos, dado a saída dos jovens e a baixa natalidade. não vimos um único carrinho
de bebê em cinco dias circulando pela cidade e entorno. Apesar de Montevidéu ter
1,4 milhões de habitantes, é uma cidade tranqüila e segura, com trânsito
disciplinado e sem engarrafamentos mesmo nos horário de pico, embora não tenha
metrô nem VLT é muito bem servida por ônibus que circulam em faixas exclusivas.
Observamos que as casas não têm cercas elétricas ou serpentinas com farpas de
aço o que causa inveja a nós brasileiros e não se vê estresse nos semblantes das pessoas...
É impressionante o número de casas de câmbio por toda a cidade, porquanto o Uruguai é uma espécie de Paraíso Fiscal.
É impressionante o número de casas de câmbio por toda a cidade, porquanto o Uruguai é uma espécie de Paraíso Fiscal.
Mercado Agrícola
O Mercado Agrícola de Montevideo (MaM) tem mais de 100 anos e foi revitalizado e reinaugurado em 2013, quando virou um novo point turístico e queridinho da cidade. Como adorei, sugeri às autoridades do Espírito Santo, onde moro, para que aproveitem o projeto na revitalização do Mercado da Vila Rubim, em Vitória, transformando-o em local turístico, como fez Montevidéu.Segundo relato de brasileiro, “É fácil entender o motivo do meu encantamento: são 107 locais com vendas de frutas e verduras, praça de alimentação, serviços e ofertas culturais. É possível comprar de tudo! Desde vinhos, doce de leite, carne até produtos sem glúten. Aliás, tem uma loja exclusiva de produtos sem glúten com coisas que eu nunca tinha visto antes em nenhum lugar!
Não podemos confundir o Mercado Agrícola com o Mercado do Porto. Nesse segundo é onde você come parrilla diretamente no balcão (falaremos sobre isso em um próximo post). O MaM tem uma pegada mais cultural, com cafés, espaço para eventos e um mural do mais famoso artista plástico uruguaio, Carlos Vilaró.
Endereço:
Bairro Goes – Rua José L. Terra número 2220, entre Martín García e Dr. Juan José de Amézaga (perto do Palácio Legislativo). Horário: Aberto todos os dias das 8h às 22h.
Palácio Salvo
Adoramos fazer a visita guiada e foi
uma experiência incrível a sensação de estar no topo do edifício do Edf. Salvo
e ver a cidade lá de cima e conhecer novas histórias e personagens. A visita
durou menos de uma hora iniciada com um breve relato sobre a família Salvo,
imigrantes italianos da região da Liguria que chegaram em Montevidéu e fizeram
uma verdadeira fortuna inicialmente trabalhando no ramo de confecções.
Os negócios da família se
diversificaram e surgiu o projeto do Palácio Salvo, a ideia original era
construir o primeiro arranha céu da cidade, um ícone arquitetônico para ficar
na história e ser um símbolo de agradecimento ao lugar que os acolheu e tantas
oportunidades lhes ofereceram, e pelo lado econômico funcionaria como um hotel.
A realidade foi que apenas uma
mínima parte do prédio funcionou como hotel, os demais espaços tiveram outros
fins.
Para a construção foi aberto um
concurso onde vários arquitetos se apresentaram, o mais bacana é ver imagens
dos 18 projetos selecionados. O concurso não teve um vencedor declarado, mas
tempos depois os Salvo chamaram o jovem arquiteto Mario Palanti, também
italiano que vivia em Buenos Aires e já tinha desenhado o Palacio Barolo, para
assinar o projeto da família.
Mario Palanti é outro personagem
das histórias rio platenses, construiu dois edifícios emblemáticos que
retratam a época do apogeu da economia e sociedade uruguaia e argentina, os
prédios são chamados de irmãos gêmeos, ambos tinham faróis que no imaginário do
arquiteto se 'comunicariam', ele esperava que as luzes cruzassem todo o rio que
separa as capitais e se encontrassem, pela curvatura da terra essa comunicação
resultou inviável.
O Barolo foi inspirado na Divina
Comedia de Dante e atualmente se mantém melhor conservado, no Salvo existe uma
realidade bem diferente, há uma grande mescla de tudo, de salas comerciais e
apartamentos, no interior do edifício funciona a tradicional rádio nacional, um
clube de bilhar (achei total cena de filme na hora que abriram uma portinha e
vi várias mesas de sinuca com senhores jogando às 17h da tarde de uma
terça-feira), há uma gama de vizinhos impossível de unificar ou definir.
Onde hoje funciona um
estacionamento, já foi um teatro importante da cidade. Onde existiu o café La
Giralda, local onde foi tocado pela primeira vez La Cumparsita, talvez a canção
de tango mais conhecida do mundo, é hoje uma loja da Movistar.
Lá no Palácio vemos ainda vários
elementos esotéricos, místicos e da maçonaria expostos nos detalhes.
Do lado de fora sob os arcos que
dão para a Plaza Independencia encontramos formas marinhas, na passagem que
liga a rua Andes e a praça há figuras no piso que supostamente marcam um campo
magnético e faz muita gente parar no centro para receber boas vibrações, no
hall de cada piso vemos figuras com o número 8 e flor de lis.
Outra história curiosa é a do
fantasma do sétimo andar, muitas pessoas juram terem visto em várias
oportunidades um senhor bem vestido de preto, ao que parece é um fantasminha
camarada que já salvou os vizinhos de assaltos.
Acreditam que seria o fantasma do
José Salvo, um dos três irmãos Salvo que inclusive nunca moraram no
edifício.
Ele teve uma morte trágica, tinha
uma filha com necessidades especiais que se apaixonou/foi seduzida pelo galã
interesseiro do bairro, um boêmio que só queria saber de gastar a fortuna da
família, conta-se que deu de presente um fino chalé a Carlos Gardel de quem era
admirador, não contente com a gastança do dinheiro alheio, encomendou o
assassinato do sogro, que morreu atropelado.
Há muitas lendas que circulam
pelos corredores estreitos do enorme prédio, alguns parecem labirintos e
contribuem para alimentar esses contos.
Depois de conhecer várias
curiosidades chegamos no terraço, é a coisa mais linda ver a cidade com as
cores do entardecer, a perspectiva da Plaza Independencia, do Rio de la Plata,
porto e Avenida 18 de Julio lá de cima é simplesmente sensacional.
O mirante do vigésimo quarto andar que fica na cúpula direita da torre (de quem
olha no sentido da praça para a 18 de Julio) não foi possível; é um passeio imperdível de verdade!
Colonia del Sacramento, a Paraty do Uruguai
Uma cidadezinha colonial, à beira
d'água, fundada por portugueses, patrimônio da Unesco, povoada por pousadas e
restaurantinhos e galerias...segundo relato de viajante:
“Só que o clichê acaba sendo útil
pelo outro lado. Porque ajuda a contar as diferenças entre Colonia del Sacramento e sua -- ahn -- equivalente fluminense.
Para começar, Colonia está à
beira-rio: o histórico e o vizinho centro comercial ocupam uma peninsulazinha
que avança no Rio da Prata. No lugar de traineirinhas e escunas, Colonia exibe
veleiros e iates (no portinho da costeira norte) e ferry-boats (no terminal
hidroviário da costeira sul). O centrinho histórico tem um passeio à beira-rio
murado, voltado para o poente, e que não inunda nunca, o Paseo San Gabriel.
Pouco resta da arquitetura
original portuguesa; talvez o traçado, algumas casas e o calçamento pé-de-moleque,
com canaleta no centro, da Calle de los Suspiros, onde os escravos eram
desembarcados e suspiravam antes de serem vendidos. A maioria das edificações é
colonial espanhola ou neoclássica, com uma ou outra casa mais moderna no meio.
A Plaza Mayor, no coração do
centro histórico, está mais para o Quadrado de Trancoso do que para qualquer outra praça
de cidade colonial brasileira.
Outra diferença: o entorno do centro
histórico é muito mais bonitinho e arrumado do que o que estamos acostumados. O
centro comercial de Colônia também tem seu charme.
Trata-se de um lugar cuja visita
não requer nenhum esforço além do de chegar lá. Caminhar, fotografar, tomar um
café ou uma taça de vinho ao sol.
Como chegar
Colonia fica 180 km a oeste de
Montevidéu (110 km em estrada duplicada). De ônibus, pela COT, o trajeto é feito em 2 horas e meia (veja horários e tarifas).
Buenos Aires está mais próxima: a
travessia em buques (barcos) rápidos é feita em 1h pela Buquebus (que também trasporta carros) e Colonia Express. É possível fazer pit stop em Colonia entre as duas cidades -- deixe a
mala no maleiro da rodoviária, ao lado do terminal hidroviário (grátis) ou, se
não couber, deixe na lanchonete (que cobra 50 pesos por peça).
Querendo passar o dia em Colonia e seguir viagem é preciso comprar as passagens separadamente: o Buquebus para a travessia, e o COT para o trecho a/de Montevidéu
Governo Mujica: lições para a direita e para a esquerda
José “Pepe” Mujica
Tabaré
Vázquez, Presidente do Uruguai pela segunda vez. Vázquez já ocupou o cargo
entre 2005 e 2010, sucedido por José Mujica, que passou a faixa presidencial
ontem. Ambos são da Frente Amplio, coligação de partidos uruguaios de
centro-esquerda e esquerda, parte do Foro de São Paulo. Após os cinco anos de
seu governo, qual o balanço que se pode fazer do governo do ex-guerrilheiro do
grupo Tupamaro, José Mujica, que prefere ser chamado pelo apelido Pepe e ficou
marcado como carismático e humilde? Em sua política interna e em suas relações
exteriores? Mais ainda, em tempos de ânimos acirrados e suspeitas de todos os
esprectros políticos, o governo Mujica mostrou alguns dos caminhos que a
esquerda latino-americana pode, ou poderia, tomar, com sucesso.
Na
política interna do Uruguai, o mais evidente e mais falado foram as novas
medidas sociais do país. Desde dezembro de 2012, as mulheres uruguaias podem interromper,
legalmente e com respaldo, a gravidez, até a décima segunda semana da gestação.
Um balanço oficial do governo uruguaio informou que, no período de um ano de
vigência da lei, foram realizados 6.676 abortos seguros. Em abril de 2013, o
Uruguai aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em maio de 2014, o
Uruguai legalizou a venda de maconha no país e, em fevereiro de 2015,
regulamentou-se o uso da droga para fins medicinais e pesquisas terapêuticas.
Como a droga será comercializada ainda está sendo debatido e não foi regulado,
mas Mujica deixou claro que seu objetivo é tirar o financiamento do
narcotráfico.
A última
medida social será parcialmente do governo de Mujica. Em dezembro de 2014, o
Legislativo uruguaio passou a Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual;
a lei discute a reforma no setor de telecomunicações no país. Após o apoio de
Pepe, a iniciativa será regulamentada pelo governo de Vázquez. O objetivo da
lei é evitar a concentração econômica no setor de telecomunicações e alavancar
a concorrência e a pluralidade na oferta de serviços e de conteúdos. Nas
palavras de Pepe: “Eu não quero que o Clarín ou a Globo sejam donos das
comunicações no Uruguai”. Todas essas medidas demonstram um elemento essencial
para um governo democrático, o prestígio e a aprovação popular de Mujica. Sem
isso, não teria a maioria no Parlamento e não conseguiria aprovar tais pautas.
Pepe encerrou 2014 com 64% de aprovação.
Sua
política externa foi uma soma desses dois elementos, avanços sociais e sua luta
pessoal, com a tradição de neutralidade e de afirmação do Uruguai. Seu foco foi
a resolução e mediação de conflitos, parte de uma meta maior, a integração
latino-americana. Em março de 2013, Pepe aceitou o pedido dos EUA para receber
presos vindos de Guantánamo, conhecida base dos EUA em Cuba que foi o cerne de
muitas críticas por violações de direitos humanos. Mujica declarou que os
abrigaria na condição de “refugiados” e, em dezembro de 2013, os EUA
confirmaram que seis indivíduos foram transferidos para o Uruguai. Em outubro
de 2014, o Uruguai recebeu refugiados sírios, após oferta de Mujica; quarenta e
dois sírios, formando famílias inteiras, receberam asilo, acompanhamento
profissional, emprego e moradia.
Ainda em
relação à Cuba, em dezembro de 2014, Barack Obama, Presidente dos EUA, agradeceu Mujica pelo seu papel como um dos mediadores do
acordo de reaproximação entre EUA e Cuba; mesmo assim, Mujica manteve parte de
suas críticas ao governo dos EUA, pedindo o fim do embargo e a libertação de presos cubanos e
do líder porto-riquenho Oscar López Rivera. Nas últimas semanas de seu governo,
Pepe, reunido com Evo Morales, Presidente da Bolívia, anunciou os planos da
construção de um porto de água profundas que será utilizado também pelo país andino, que reivindica uma
saída oceânica desde a derrota na Guerra do Pacífico, em 1883. A saída para o
mar é a principal pauta da política externa boliviana e o cerne de suas
relações com o Chile, que é acusado, pela Bolívia, de descumprir tratado
internacional sobre o tema. Com a provisão negociada por Mujica, espera-se que
os ânimos se acalmem e uma solução definitiva seja alcançada pelos vizinhos.
Fonte: https://xadrezverbal.com/
URUGUAI,
HISTÓRIAAntes do descobrimento do Uruguai pelos espanhóis, em 1516, os habitantes daquela terra eram os índios charruas, chanaés e guaranis, entre outros. Dos milhares de índios que lá habitavam, a maioria era da tribo charrua.
A primeira colônia se estabeleceu em 1624, em Soriano. Os colonizadores eram espanhóis. Em 1680, um grupo de portugueses fundou a colônia de Sacramento. Logo os espanhóis expulsaram os portugueses. A época da colonização do Uruguai foi marcada pela constante disputa entre espanhóis e portugueses.
A cidade de Montevidéu foi fundada pelos espanhóis entre 1724 e 1750. Em 1800 surgiu o sentimento nacionalista nos uruguaios, o que levou o militar uruguaio José Gervasio Artigas a partir para a luta armada, dominando a cidade de Montevidéu de 1810 a 1814. Em 1817, Artigas foi derrotado.
Em 1821, o Uruguai foi ocupado e anexado ao território brasileiro, a partir de uma aliança entre os brasileiros e os portugueses. A região foi chamada de Província Cisplatina.
Em 1825 os brasileiros foram expulsos com a liderança do uruguaio Juan Antonio Lavalleja, ajudado por tropas argentinas. Juan Antonio Lavalleja proclamou a independência uruguaia na mesma ocasião, o que só foi reconhecido por brasileiros e argentinos em 1828, através do tratado de Montevidéu.
Durante todo esse período da colonização e de disputas entre os europeus, gradativamente o número de indígenas foi diminuindo devido a doenças e as desavenças com os brancos que resultavam em morte. Em 1832, a nação indígena charruas foi dizimada.
Os políticos uruguaios se dividiram entre conservadores (blancos) e liberais (colorados), sendo que suas desavenças levaram o país a uma guerra civil entre os anos de 1839 e 1851. Na Guerra do Paraguai, em 1865, o Uruguai fez parte da vitoriosa Tríplice Aliança, aliado, portanto a Argentina e ao Brasil.
O trabalho do presidente Battle y Ordonez no inicio do século XX, levou o país a uma democracia estável e implantou um sistema social complexo, que propiciou ao povo uruguaio maior qualidade de vida. Nesse período, o país ficou conhecido como a “Suíça Americana”, fato que durou até por volta de 1960, mesmo no período entre 1951 e 1966, quando o presidencialismo foi substituído por um Conselho de Administração.
Com o retorno do sistema presidencialista, em 1967, foi promulgada uma nova constituição. O presidente eleito foi Oscar Daniel Gestido. Entre 1973 e 1980, foi instaurada a ditadura no país. Nos anos 80 a democracia foi consolidada no território uruguaio. O Uruguai aderiu ao Mercosul em 1994. Fonte: http://www.infoescola.com/