Amanda Graciano: ‘Uso massivo da IA irá provocar uma redução significativa de empregos
“Parem tudo,” pedem Musk, Wozniak e
centenas de líderes tech 29 de março de 2023 Elon Musk, Steve Wozniak e
centenas de outros executivos de tecnologia e pesquisadores de ponta pediram
hoje que os laboratórios de inteligência artificial suspendam por pelo menos
seis meses o desenvolvimento de sistemas de IA que sejam mais poderosos do que
o recém-lançado GPT-4. O documento, cujo título é “Pausem os
Experimentos Gigantes em IA: Uma Carta Aberta”, foi divulgado esta manhã pela
Future of Life, uma instituição que tem Musk entre seus maiores
financiadores. O texto afirma que “os sistemas de IA com inteligência competitiva
com a humana podem oferecer riscos profundos para a sociedade e humanidade,
como demonstrado por extensiva pesquisa e reconhecido por laboratórios de ponta
de IA”. “Como foi afirmado no amplamente apoiado Princípios de Asilomar,
a inteligência artificial avançada pode representar uma transformação profunda
na história da vida sobre a Terra e deveria ser planejada e administrada com
atenção e recursos compatíveis.” Os Princípios de Asilomar são um
conjunto de 23 diretrizes listadas em uma conferência ocorrida em 2017 na
Califórnia. De acordo com a carta, esses cuidados não estão sendo
tomados: os signatários afirmam que os laboratórios de AI estão “numa corrida
fora do controle para desenvolver e empregar mentes digitais cada vez mais poderosas
que ninguém – nem mesmo seus criadores – conseguem compreender, prever e
controlar com confiança.” “Sistemas de IA poderosos deveriam ser
desenvolvidos apenas quando tivermos a certeza de que seus efeitos serão
positivos e seus riscos serão administráveis,” diz o texto. Daí a
recomendação para que o desenvolvimento de sistemas mais avançados que o GPT-4
seja suspenso imediatamente. A pausa deve durar até que se crie um protocolo
global para a utilização dessa tecnologia. Se não for possível coordenar
essa suspensão temporária de maneira voluntária e verificável, os signatários
recomendam que os governos atuem para “instituir uma moratória” nos
experimentos. No subtexto da carta está o temor de que a tecnologia
atinja o conceito de “singularidade”, um estado em que a capacidade de
processamento da máquina será superior à do cérebro humano – dando à máquina
autonomia de pensamento. O conceito foi formulado pela primeira vez pelo
matemático John Von Neumann e mais tarde elaborado em obras icônicas como Future
Shock, escrito por Alvin Toffler em 1970, e The Age of Spiritual Machines, de
Ray Kurzweil, de 1999. Recursos de inteligência artificial já fazem parte
do dia a dia das pessoas e são utilizados por empresas em todo o mundo,
incluindo a Tesla de Elon Musk. Mas a nova geração de bots e sistemas de
IA que desafiam a inteligência humana elevou o grau de preocupação dos
pesquisadores. O alerta ocorre após a enorme popularidade alcançada pelo
ChatGPT, criado pela OpenAI, sobretudo depois de o sistema ter sido embarcado
no Bing, da Microsoft. O chatbot com “capacidade humana” foi lançado em
novembro – logo suplantado pelo GPT-4, também da OpenAI, lançado este mês. O
GPT-4 é um “grande modelo multimodal” que aceita imagens e textos como inputs.
Ele demonstra uma performance similar à humana em diversas atividades
profissionais e acadêmicas – por exemplo, passando em um simulado do exame para
exercer a advocacia nos EUA. (A nota obtida o colocou entre os 10% de
melhor desempenho, enquanto o GPT-3.5 também passou na prova, mas ficou entre
os 10% piores.) A OpenAI nasceu sem fins lucrativos e teve Musk entre seus
fundadores. Mas em janeiro, recebeu um aporte bilionário da Microsoft, que vai
investir US$ 10 bilhões na startup e passou a usar os recursos desenvolvidos
pela empresas em seus programas e aplicativos. Entre as Big Techs, a Microsoft
agora assumiu a dianteira em IA, empregando os seus recursos em diversos
serviços e aplicativos. O Google e as big techs chinesas correm por fora – e é
essa disputa que causa preocupação entre os pesquisadores. O tema é
bastante caro a Musk. Em 2015 ele já havia sido o organizador de uma outra
carta aberta sobre o assunto, que contou com o apoio de Stephen Hawking e
outros cientistas. O texto dizia que a IA poderia trazer grandes benefícios,
mas que era preciso dar atenção a seus riscos. A nova carta pode
ser assinada por qualquer pessoa na página da internet da Future of Life. O
número de apoiadores já passa de mil, incluindo nomes como Yuval Noah Harari, o
escritor de professor da Hebrew University of Jerusalem; Stuart Russell –
professor ciência da computação em Berkeley e diretor do Center for Intelligent
Systems; Evan Sharp, o cofundador do Pinterest; Rachel Bronson, presidente do
Bulletin of the Atomic Scientists; Jaan Tallinn, cofundador do Skype; e Yoshua
Bengio, professor do Departamento de Ciência da Computação da Université de
Montréal.
SAIBA MAIS EM: https://braziljournal.com/inteligencia-artificial-esta-fora-do-controle-parem-tudo-pedem-musk-wozniak-e-centenas-de-lideres-tech/ .
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