PT, GOLPE DE MISERICÓRDIA EM 2020
Theodiano Bastos
3º maior
partido em número de prefeitos em 2012, o PT caiu para a 10º colocação em 2016.
O PMDB e o PSDB dominam o ranking, seguidos por PSD, PP, PSB, PDT, PR, DEM e
PTB. Entre as capitais, o PT conquistou apenas uma, Rio Branco (AC), e foi para o segundo turno em outra: Recife (PE) e perdeu.
Araraquara (SP) foi a maior cidade do Brasil em que o PT ganhou com Edinho Silva, hoje réu da Lava - Jato.
Araraquara (SP) foi a maior cidade do Brasil em que o PT ganhou com Edinho Silva, hoje réu da Lava - Jato.
Em 4 anos, PT perde 60% das
prefeituras
Com 256 eleitos, legenda conquistou apenas uma
capital. Desempenho no Nordeste, em particular na Bahia, também foi
decepcionante
O PT elegeu 256 prefeitos em
2016, 60% a menos do que em 2012
Como era esperado, o PT perdeu o comando de grande
número de municípios nas eleições de 2016. Ao eleger 256 prefeitos no primeiro
turno, o partido comandará no máximo 263 cidades a partir de 2017, caso vença
nos sete municípios em que ainda participa da disputa, feito improvável na
atual conjuntura.
É uma queda de 60% em
comparação a 2012, quando o Partido dos Trabalhadores foi bem-sucedido em 638
candidaturas. Os despojos dividiram-se por uma miríade de siglas,
sobretudo do campo conservador. Entre os principais partidos, o PSDB, o PSD, o
PDT e o PCdoB tiveram um resultado superior ao das eleições passadas
A diminuição no número de eleitos
foi amplificada por derrotas que simbolizaram o isolamento político e a
dificuldade de articulação do partido, com destaque para a frustrada campanha
de Fernando Haddad em São Paulo, onde João Dória, do PSDB, acabou eleito com 53% dos
votos no primeiro turno.
Marcus Alexandre, único petista
eleito no primeiro turno nas capitais, foi escolhido para mais um mandato em
Rio Branco, no Acre, e recebeu 54% dos votos. No Recife, João Paulo segue na
disputa com o atual prefeito Geraldo Julio, do PSB, que por pouco não foi
eleito já neste domingo.
Em 2012, o PT havia eleito quatro
prefeitos nas capitais: além da capital paulista, a legenda conquistou os
municípios de Rio Branco, Goiânia e João Pessoa.
No Nordeste, o PT também
perdeu espaço. Em 2012, a legenda conquistou 187 prefeituras na região. Neste
ano, foram 116 até o momento. Na Bahia, governada pelo partido desde 2007 e um
de seus redutos eleitorais mais relevantes, o PT caiu de 92 para 40
prefeituras.
Enfraquecido pela debandada de candidatos e de prefeitos eleitos e pelo
queda na participação em coligações, a diminuição no controle dos municípios
era esperada antes mesmo da abertura das urnas. Um em cada cinco prefeitos
eleitos pelo partido em 2012 pediu desfiliação ou foi expulso e quase um quarto
dos candidatos do partido concorreu sem apoio de outros partidos.
Na Região
Sul, o partido elegeu 69 prefeitos. Raul Pont despontava com chances de ir ao
segundo turno em Porto Alegre, mas acabou ficando em terceiro lugar, com 16%
dos votos.
Assim
como no Rio de Janeiro e São Paulo, o voto do campo progressista na capital
gaúcha dividiu-se entre a candidatura do petista e a de Luciana Genro, do PSOL,
que terminou em quinto lugar com 12%. Nas três capitais, o único candidato de
esquerda ainda vivo na disputa é Marcelo Freixo, do PSOL.
Os
resultados nos municípios paulistas também foram negativos. A legenda elegeu
apenas oito prefeitos. No máximo chegará a 10: disputa o segundo turno em Mauá,
representada por Donisete Braga, e em Santo André, com Carlos Grana.
Em São
Bernardo do Campo, berço político do partido e do ex-presidente Lula, o petista
Tarciso Secoli, candidato à sucessão de Luis Marinho, ficou em terceiro lugar,
com 22,5% dos votos. Disputarão o segundo turno Orlando Morando, do PSDB, e
Alex Manente, do PPS. Antes das eleições, quase metade dos prefeitos eleitos no
estado de São Paulo havia deixado o partido.
De acordo
com o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV-SP, o PT precisa
passar por um processo profundo de autocrítica, o que não fez nos anos
recentes. "Tem gente no partido, como o ex-governador Tarso Genro, do Rio
Grande do Sul, que puxa essa discussão, mas a legenda está nas mãos de um
conjunto de lideranças muito resistente a isso", afirma. "Alguém
consegue imaginar o Rui Falcão liderando um processo de autocrítica do PT?".
Couto
observa que o segundo mandato do governo Dilma terminou de forma dramática, não
apenas pelo desfecho do impeachment, mas também pelo fracasso na condução da
política econômica e pela perda de base no Congresso. O maior problema para a
imagem do PT, no entanto, diz respeito aos desvios éticos de integrantes do
partido, que nunca foram objeto de sincero reconhecimento.
"Sabemos
que as instituições de investigação não são tão equânimes, mas o fato de não se
investigar os outros não significa que não havia problemas também no caso do
PT".
Rubens Pontes, por e-mail:
ResponderExcluirTexto para ser inserido nos anais da história política brasileira