segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O LULOPETISMO ACABOU. VOCÊ DUVIDA?



A REPÚBLICA SINDICAL E O LULOPETISMO ACABARAM. VOCÊ DUVIDA?

“Toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha” Eric Hoffer, cientista político.



‘O que está escrito na nossa bandeira? Ordem e progresso. Vocês sabem o que está acontecendo no Brasil, não é? Desordem e roubalheira. É uma quadrilha. Eu tenho o maior orgulho de vestir essa bandeira. Mas às vezes eu tenho vergonha alheia de ver os nossos governantes lá. Todo mundo roubando. Todo mundo metendo a mão”
Fábio Junior, cantor, na celebração do Sete de Setembro em Nova Iorque 

HÉLIO BICUDO, FUNDADOR DO PT PEDE IMPEACHMENT
“A presidente já não governa mais. Quem está governando são os acólitos (ajudantes, acompanhantes) que estão do lado dela”, diz Hélio Bicudo, jurista, fundador do PT. Ele protocolou na Câmara o pedido de  impeachment de Dilma. Este é o 17º pedido de afastamento da Presidente apresentado na Câmara somente neste ano, porém é o primeiro subscrito por um ex - militante histórico do Partido dos Trabalhadores. “Golpe será permitir que o estado de coisas vigentes se perpetue”, diz ainda a petição: “O Brasil está mergulhado em profunda crise. Muito embora o governo federal insista que se trata de crise exclusivamente econômica, na verdade, a crise é política e, sobretudo, moral”
Conselho político do PT trava por falta de conselheiros
Figuras como Tarso Genro e André Singer recusam convite para grupo, inspirado em crítica de Lula ao partido
por Sérgio Roxo



SÃO PAULO - Anunciado como uma das alternativas para ajudar a tirar o PT da crise, o conselho político do partido não saiu ainda do papel e tem, na verdade, trazido dor de cabeça para a direção da legenda. Figuras importantes estão declinando de convites para fazer parte do grupo.
Já disseram não ao presidente do PT, Rui Falcão: André Singer, professor de ciência política da USP e ex-porta-voz da Presidência no governo Lula; Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul e um dos principais líderes da corrente petista Mensagem ao Partido; e Guilherme Boulos, dirigente do Movimento do Trabalhadores Sem Teto (MTST).
A ideia de criar um conselho político, composto por filiados e não filiados ao PT, havia sido anunciada depois da reunião da Executiva do partido, no dia 25 de junho. A formação do grupo foi uma forma de dar uma resposta ao ex-presidente Lula, que tinha cobrado dias antes a necessidade de a legenda promover uma “revolução interna”, com “gente nova e que pensa diferente”. O ex-presidente tem demonstrado preocupação com a crescente rejeição ao PT constatada em pesquisas.
Ao anunciar a criação do conselho, Falcão disse que o grupo reuniria até 20 pessoas que fariam encontros mensais para “trocar ideias” sobre a conjuntura política do país.
As alegações para recusar os convites vão desde a necessidade de manter a independência em relação à legenda até o pessimismo sobre os resultados práticos que o conselho político pode produzir.
MICHEL TEMER: COM 7% É DIFÍCIL DILMA RESISTIR
As declarações do vice-presidente Michel Temer na noite desta quinta-feira, 3, em São Paulo, foram classificadas como "surpreendentes", "assustadoras" e "desastrosas" por assessores palacianos. Além da forma como Temer abordou o tema, o local escolhido para a declaração - um evento organizado por movimento que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o "Acorda, Brasil", deixaram interlocutores da presidente "atônitos", apesar de ressaltarem que têm visto "de tudo", nos últimos tempos.
No governo, a avaliação é que é difícil engolir que Temer "caiu em uma armadilha". Político experiente, que mede as palavras para falar, o vice surpreendeu a equipe por ter feito um novo ataque à presidente Dilma, quando se acabou de vencer um problema, que foi a insatisfação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que exigiu a montagem de uma operação para garantir a sua permanência no governo.
Um dos interlocutores da presidente lembrar que, na quarta-feira, os dois estiveram juntos, em um almoço no Alvorada e que, apesar de Temer não ter aceitado voltar à comandar a coordenação política, o clima da conversa foi ameno e colaborativo, assim, como as duas reuniões seguintes, com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.
Temer está convidado para a reunião de domingo, no Palácio da Alvorada, onde a presidente pretende discutir com seus ministros alternativas para cobrir o rombo do orçamento. Embora acreditem que ele não faltará ao encontro, estes interlocutores acreditam que o clima, no mínimo, ficará "estranho".
Na terça, no Jaburu, Temer reunirá sete governadores peemedebistas, todos os 6 ministros do PMDB, além de Renan e Cunha e não sabem o que poderá sair de lá. Até então, o Planalto acreditava que Temer, apesar de recursar a coordenação, continuava ao lado de Dilma, já que pediu aos peemedebistas que ajudassem na operação de segurar Levy no governo. Da mesma forma, ele ajudou a operar que Renan e Cunha, mesmo dizendo que não são responsáveis pela solução do rombo do orçamento, estarem se mostrando prestativos nesta busca de soluções.
Este episódio, fortalece a tese de uma corrente de palacianos que acham que o vice ajuda a conspirar contra a presidente. Temer se afastou de Dilma desde que disse, no início de agosto, que "alguém" precisava reunificar o País. Ele criticou o movimento de defesa da volta da CPMF e agora diz que não acredita que alguém, com 7% de popularidade consiga ficar por mais 3 anos e meio no governo, acrescentando que se ele tiver que sair, vai para casa satisfeito, mas que não saber se no caso dela ela iria feliz.
Estes assessores, embora conheçam como são os políticos, perguntam de que lado Temer está e se ela está deixando claro que quer desembarcar do governo. Se Temer for alvorada no domingo, é possível que dois possam ter uma conversa reservada sobre os seus últimos movimentos, ou não. (AE)

'A gestão Dilma está se desmilinguindo, esfarinhando', diz FHC

Alberto Bombig - O Estado de S.Paulo, 05 Setembro 2015

Para o ex-presidente, ainda não há razão para impeachment de Dilma, mas tribunais e Lava Jato determinarão o futuro da petista

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lança neste mês um novo livro: A Miséria da Política (Ed. Civilização Brasileira, R$ 42), reunião de artigos publicados no Estado e no jornal O Globo entre 2010 e 2015 - acrescidos da transcrição de dois discursos. O saldo da coletânea é, segundo seu autor, um panorama da derrocada da era petista no Palácio do Planalto (o "lulopetismo"), expressada pela crise da atual gestão Dilma Rousseff.
"Você entende melhor os processos políticos quando eles estão em declínio", afirma FHC, ao comentar o resultado da compilação de artigos. Para ele, o desfecho da atual crise está fora do alcance da política e dos políticos. "Não sabemos quais atores políticos estarão em pé daqui a três meses". O futuro passa pela Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobrás, e pela recuperação ou não da economia, diz FHC. A seguir, a entrevista que ele concedeu ao Estado em seu apartamento, em São Paulo:
Como o senhor entende as ações no Tribunal Superior Eleitoral contra a campanha de Dilma e o julgamento das contas do governo no Tribunal de Contas da União? São tentativas de golpe?
Eu enxergo um grande progresso no Brasil porque as instituições, bem ou mal, estão funcionando. No passado, em situação equivalente, nós estávamos discutindo os nomes dos generais. Agora, nós estamos discutindo os nomes dos juízes. Falar em golpe me parece exagero daqueles que nunca foram realmente democratas, porque ninguém está propondo o golpe, que eu saiba. Pode ter grupos maluquetes que vão para as ruas pedir a volta dos militares, mas os militares não querem. Então, não tem fundamento efetivo. Isso é manipulado politicamente para dizer que 'é um golpe', mas nunca vi golpe que passa por um debate livre, que parte para os tribunais, não há nada de golpe.
O que o senhor define como lulopetismo no seu livro?
Você entende melhor os processos políticos quando eles estão em declínio, quando está no auge, você tem só entusiasmo. O que eu chamo de lulopetismo é o fato de você ter tido um partido, que era o PT, e um líder com força mítica, que era o Lula, que simbolizava a ascensão social e a ligação com a massa. O que eles fizeram? Qual era a visão desse partido? Se era socialista, nunca se traduziu numa política pró-socialismo, não existe isso. Por outro lado, eles foram assumindo crescentemente uma política que é a expressão muito mais de uma visão de capitalismo dirigido, de Estado, com forte ingerência no mercado e com tinturas de distribuição de renda. A partir da crise de 2007 e 2008, o lulopetismo passou a se revelar mais claramente porque eles manobraram bem na crise, fizeram uma política anticíclica e decidiram voltar às verdadeiras ideias: mais Estado e mais consumo, e o consumo gera o crescimento. Isso foi o que estourou, que arrebentou do ponto de vista econômico. Isso é o que eu chamo de lulopetismo. A aliança de crescimento com mais Estado e com mais consumo.
O que o senhor pretendia quando pediu a renúncia da presidente?
Fiz uma declaração no Facebook em que eu dizia: 'ou ela renuncia, ou ela assume a liderança, ou nós vamos ficar no ramerrão, que vai continuar sendo movido pela crise econômica e pela Lava Jato'. Como o poder está se esfarinhando, a maneira menos dolorosa de se fazer uma passagem seria ela entender que isso é necessário. Mas eu sei que é difícil, seria difícil para qualquer um. Dilma provavelmente não acha que está num beco sem saída, e eu também acho que ela ainda não está. Eu coloquei uma hipótese, coloquei um caminho: ou a renúncia ou fica tudo como está ou ela assume o comando. Eu não falei das saídas pelos tribunais. Ela está hesitante entre 'vou poder liderar' ou 'vou deixar que a coisa ande'. Para poder liderar, ela fez uma coisa complicada porque ela delegou o poder na economia a uma pessoa que pensa diferente dela, o ministro Joaquim Levy (Fazenda), e na política ao vice-presidente Michel Temer, que agora recuou e deixou a articulação. Nós continuamos nesse impasse. Não está claro qual vai ser o desdobramento disso. O motor que impele o processo não está sob o controle político. Ele é formado pela Lava Jato e pela crise econômica. Ele é que vai impelindo alguma saída. Agora, o que vem depois? É difícil de você dizer porque nós não sabemos quais atores políticos estarão em pé daqui a três meses.
Temer afirmou que Dilma não suportará a baixa popularidade por três anos e meio...
Isso dito pelo vice-presidente isso tem peso, porque ele está lá no governo. O poder de Dilma, a gestão Dilma, vai se desmilinguindo, esfarinhando, a gente viu isso em vários momentos, no momento do Jango (1964), do Collor (1992), por razões diferentes e de formas diferentes. Ela pode reagir? Pode, ela pode tentar assumir o comando. Mas como? Tem que mudar de base? Quando os ventos são favoráveis, você reconstrói facilmente a sua base de sustentação. Mas a economia não vai bem e nós passamos de um presidencialismo de coalizão para um presidencialismo de cooptação. Isso muda muitas coisas porque distorce as instituições de representação. A base de sustentação foi ficando cada vez mais fisiológica, clientelista. Eu não creio que a Dilma, pessoalmente, tenha afinidade com isso, mas ela está envolvida nesse processo. Ela tentou em vários momentos sair da armadilha. Mas sair com quem? Ela vai mudar de campo? Não pode mudar de campo. Então, fica difícil.
O senhor acha que um governo Temer pode ser a solução?
Isso havendo impeachment, né? Agora, o problema continuará em pé. Não é só para o Temer. Qualquer um que vá para o governo hoje vai se defrontar com um panorama político muito difícil, não é só o econômico, o político também. Eles estão ligados. Porque o econômico precisa de confiança e esse sistema não gera confiança. Quem quer que vá para o poder, a própria Dilma, quem quer que esteja no poder, tem a obrigação de tentar mudar esse sistema político brasileiro.
Como o PSDB deve se manter nesse processo?
Com cautela. O PSDB tem que mostrar claramente qual é sua posição, mas os passos têm que ser muito pensados em caso de impeachment. Você tem que ter algo objetivo. Impeachment não é uma vontade, porque aí é golpe. Impeachment é quando você tem realmente o esfarelamento do poder e junto com isso uma responsabilidade de quem está dirigindo. Não está clara responsabilidade moral de quem está dirigindo nos malfeitos. Isso vai passar pelos tribunais, o que o TCU (Tribunal de Contas da União que ira julgar o caso das pedaladas, as manobras fiscais) vai dizer. Não acho que o PSDB vai se pôr à frente disso. Até porque é um erro político. A menos que seja claro algum ilícito. Suponhamos que dessas delações apareça claramente uma incompatibilidade criminal. Aí não tem jeito. Se houver um fato concreto, vai fazer o quê? Mas não é o que se deseja. Entendo que a população queira tirar a Dilma. Tudo bem, mas é um sentimento periférico, mas e depois? E as instituições? Qual é a base para se tirar? Não pode. Você tem que seguir a Constituição.
Mas, no entender do senhor, qual seria saída para ela permanecer com força na Presidência?
Ela tem que reconhecer que o que eles fizeram estava errado. Não é ato de contrição católico ou autocrítica comunista, não. É para poder ter apoio, dizer: 'eu errei nisso, nisso e nisso'. Ela não acha isso. Ela põe agora o Levy porque ele tapa um buraco, ele é um esparadrapo. Não é que ela ache 'eu fiz o buraco e não vou fazer outro'. Ela põe o esparadrapo e vai fazer outro buraco. Aí não dá.
Como o senhor interpreta as movimentações do ex-presidente Lula nesta crise?
O Lula tem idade para poder aspirar voltar ao poder, voltar a governar. Só fica ruim quando ele, como ex-presidente, acelera a divisão no País. Você, quando força a divisão de um país, a reconstrução leva muito tempo. Eu não acho que seja saudável. Aliás, eu não acho que seja saudável esse antipetismo irracional. Nem é o que eu faço. Acho que tem que fazer uma análise, mas não criar 'o PT é o demônio'. Não, errou aqui ou ali, no meu julgamento. O PT tem um germe de hegemonia que eu acho que é ruim: 'eu mando, você obedece'. E a democracia não é isso: eu mando hoje e amanhã eu obedeço. O PT tem que aprender que hoje ele manda e amanhã vai obedecer e, quando ele obedecer, não queira arrasar com quem está mandando.
O senhor tem mágoas da 'herança maldita' que o PT criou para se referiu ao seu governo?
Foi um erro deles. Isso os levou a ser incumbidos pelo atraso. Em vez de terem uma relação saudável com o PSDB, foram ter uma relação maléfica com os setores mais atrasados. A vítimas foram eles próprios e o Brasil, não fui eu. A história passa, você volta...
Na hipótese de Michel Temer assumir o governo, qual deverá ser a posição do PSDB?
Em qualquer circunstância, o PSDB tem que ser coerente com a sua história. Eu não defendo o 'quanto pior, melhor'. Eu não acho que o PSDB tenha que votar contra tudo só porque veio do governo.
O que senhor achou do bonecão do Lula como presidiário?
Foi a coisa mais deletéria que já houve para o Lula. Porque é simbólico. Não acho que seja desrespeito, a situação levou a isso. O que estão dizendo ali é: 'até você pode ser atingido'.


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