DA FANTASIA À REALIDADE,
por Roberto Freire, deputado do PPS por São Paulo
Enquanto Dilma
Rousseff anunciava um novo pacote de privatizações, historicamente demonizadas
pelo PT, e prometia investimentos faraônicos em obras de infraestrutura em
rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, os brasileiros recebiam mais uma má
notícia sobre o estado de penúria em que se encontra a economia do país.
Segundo levantamento do IBGE, a produção industrial registrou queda em 13 de 14
regiões pesquisadas em abril, o que representa o pior resultado desde dezembro
de 2008.
Só em São Paulo, o
maior parque industrial do Brasil, o recuo foi de 11,3% em relação ao mesmo
período do ano passado. Em média, a retração nacional foi de 7,6% na comparação
com abril de 2014 e 1,2% ante março deste ano, alcançando o terceiro resultado
negativo em sequência. No acumulado do ano até aqui, a queda é de 6,3% e, nos
últimos 12 meses, de 4,8%.
Ao mesmo tempo em que
Dilma afirmava que o mirabolante plano de privatizações “viraria a página” da
crise, a última Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, que engloba as seis maiores
regiões metropolitanas do país, apontava uma taxa de desocupação de 16,2% entre
os jovens de até 24 anos no mês de abril. O percentual é duas vezes e meia
maior que o índice geral de desemprego revelado pela PME (6,4%) e o dobro do
resultado divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua
(8%), mais abrangente.
O aprofundamento da
crise econômica, com o aumento do desemprego e a queda vertiginosa da produção
industrial, contrasta com a tentativa do governo de edulcorar a realidade e
ludibriar a opinião pública por meio dos factoides mais variados. Seja
passeando de bicicleta pelas redondezas do Palácio da Alvorada ou anunciando
pacotes que não passam de cartas de intenção, Dilma pretende desviar o foco e
fazer fumaça com uma agenda supostamente positiva. Como tática de propaganda,
pode até ser eficaz, mas não é suficiente para convencer a sociedade de que o
pior já passou.
Ao que tudo indica,
ao contrário do que preveem os áulicos do PT, a recessão em que o país está
mergulhado não arrefecerá tão cedo. A perversa conjugação entre inflação,
retração econômica, desemprego e elevadas taxas de juros configura um cenário
que, infelizmente, tende a se tornar ainda mais sombrio. Diante desse quadro,
amplificado pela grave crise política e pelos desdobramentos do escândalo de
corrupção na Petrobras, a hipótese do impeachment da presidente pode se
concretizar caso a ingovernabilidade se instale.
A solução para os
problemas do Brasil passa por um governo mais competente, responsável, transparente
e cuja credibilidade não esteja irremediavelmente comprometida. Se Dilma deseja
tirar o país do buraco e concluir seu mandato, não será apelando às peças de
propaganda idealizadas pelo marqueteiro-chefe do Planalto que logrará seu
intento. O abismo entre a fantasia petista e a dura realidade vivenciada pelos
brasileiros é cada vez maior, quase do tamanho da incompetência de uma gestão
desastrosa.
http://noblat.oglobo.globo.com/
(11/06/15)
Nenhum comentário:
Postar um comentário