Justiça aponta petista como autor de ataques a Aécio
em rede social
DANIELA LIMA, Folha de
São Paulo
Redes do Ministério
da Fazenda e do Serpro, estatal responsável pelo sistema de tecnologia da
informação de todo o governo federal, foram usadas por um petista que a Justiça
diz ter disseminado mensagens com acusações de que o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) traficava e consumia drogas.
As informações estão
em dados entregues pelo Twitter ao judiciário de São Paulo, após processo
aberto pelo tucano contra usuários do site.
O perfil do
responsável pelas postagens nesses órgãos é o do chefe da divisão de
"projetos e tecnologias educacionais" do Serpro em Belo Horizonte,
Márcio de Araújo Benedito.
Filiado ao PT, ele integra
a comissão de ciência e tecnologia da sigla em Minas. O perfil mantido por ele
na rede social está entre os 55 que foram alvo de uma ofensiva judicial de
Aécio, durante a campanha presidencial do ano passado. O tucano disputou a
eleição contra a presidente Dilma Rousseff.
Na ação, Aécio pediu
a quebra do sigilo de dados dos perfis para tentar identificar os autores das
postagens.
O juiz Helmer Augusto
Toqueton Amaral determinou que o Twitter entregasse os dados ao tribunal e,
depois de analisar o conteúdo, autorizou o acesso dos advogados de Aécio aos
dados de 20 usuários.
Ele concluiu que
esses perfis produziram conteúdos que vincularam Aécio ao tráfico e ao consumo
de drogas, o que daria ao tucano o direito de identificar os detratores.
De acordo com os
dados entregues à Justiça, o petista também usou equipamentos da Rede Nacional
de Ensino e Pesquisa, uma organização social ligada aos Ministérios da Educação
e da Ciência e Tecnologia. Ele acessou as redes dos órgãos por mais de três
meses e usou estruturas de três Estados diferentes: Rio de Janeiro, Mato Grosso
do Sul e Brasília.
Todos os órgãos
citados negaram vínculo com o caso.
Procurado pela
reportagem, Márcio Benedito negou ter feito "comentários que possam ser
interpretados" como uma vinculação de Aécio ao tráfico e uso de drogas.
Notificado em
setembro, ele diz que não apagou qualquer mensagem, embora publicações
relacionadas nos dados entregues à Justiça não apareçam quando buscadas em sua
conta. (Leia abaixo)
Em outro caso que
corre em segredo de Justiça no Ministério Público apura o
uso de um e-mail –que funciona como contato com jovens inscritos em um programa
de assistência social do governo federal em Guarulhos (Grande São Paulo),
cidade comandada pelo PT há 14 anos– para abastecer um dos perfis falsos do
Facebook que vinculava Aécio a drogas e álcool.
OUTRO LADO
Márcio de Araújo
Oliveira negou ter feito publicações que vinculassem Aécio Neves (PSDB-MG) ao
uso e tráfico de drogas. "Meus comentários se restringiram a emitir
opinião sobre as administrações de Minas", disse.
Ele afirma que
"apenas os IPs [números que identificam o computador usado] não são
suficientes para concluir que usou os equipamentos para atacar o tucano e que
sua conta no Twitter é pessoal.
A Fazenda disse que
vai abrir uma apuração interna sobre o caso. O Serpro afirmou que "repudia
qualquer descumprimento à legislação" e informou que provê acesso à rede
interna e de wi-fi, mas a utilização é "de responsabilidade de quem faz o
acesso".
A Rede Nacional de
Ensino e Pesquisa forneceu dados sobre seus equipamentos à Justiça e diz que,
como provedora, não tem responsabilidade pelas publicações feitas a partir de
sua rede.
- Veja a íntegra das
alegações de Márcio de Araújo Benedito, servidor do Serpro que integra a lista
de usuários do Twitter que, segundo a Justiça de São Paulo, usaram as redes
sociais para disseminar mensagens vinculando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao
uso, apreensão e tráfico de drogas.
Folha - O sr. usou as
redes desses órgãos para fazer postagens contra o senador Aécio Neves,
vinculando-o ao uso de drogas, tráfico e apreensão?
Márcio de Araújo Benedito - Não. Primeiramente porque não fiz nenhum
tipo de comentário que possa ser interpretado dessa forma. Meus comentários se
restringiram a emitir a minha opinião sobre as administrações de Minas, fazendo
uso de minha liberdade de expressão e pensamento. É preciso cuidado pois apenas
os endereços IPs não são suficientes para juntar uma coisa a outra. Não tive
tempo de verificar, pois alguns locais são diferentes de onde trabalho.
Que cargo o sr. ocupa
no Serpro? Há quanto tempo trabalha no órgão?
Trabalho desde 2007, admitido por concurso público.
O sr. editou sua
conta, apagando postagens que poderiam ser consideradas ofensivas ao senador?
Não, meu perfil continua igual sem nenhuma postagem apagada.
O sr. chegou a ser
procurado pelo órgão em que trabalha para tratar da ação que o senador tucano
move contra usuários do Twitter?
Não. Até porque minha conta é pessoal e não se mistura com nada do meu
trabalho.
Os advogados do
senador alegam na ação que ele move na Justiça que o sr. atuou em rede com
outros perfis do Twitter para denegrir a imagem dele na internet. Como o sr.
recebe essa acusação?
Recebo com estranheza, pois não conheço nenhum dos outros perfis. Alguns eu
sigo por afinidade,mas outros nem sigo. Além disso, como já disse, o que falo é
baseado em minhas opiniões, sem nenhuma influencia de grupos ou redes. Não atuo
em rede nenhuma, seja pra o que for.
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Diretor de ministério também postou mensagens
vinculando Aécio a drogas
DANIELA LIMA, Folha
de São Paulo
Um diretor do Ministério do Desenvolvimento Social é dono de um perfil em redes
sociais que, segundo a Justiça de São Paulo, disseminou mensagens na internet
vinculando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) a apreensão de drogas.
Luiz Müller é militante
do PT do Rio Grande do Sul e ocupa o cargo de diretor de inclusão produtiva na
pasta. Sua área é vinculada à Secretaria Extraordinária de Superação da Extrema
Pobreza (SESEP).
O petista é um dos
alvos da ação que o tucano move na Justiça desde o ano passado para ter acesso
aos dados de internautas que publicaram mensagens em redes sociais vinculando
Aécio ao consumo ou tráfico de drogas. Seu perfil está entre os que o juiz
Helmer Augusto Toqueton Amaral determinou a quebra de sigilo por entender que,
dado o conteúdo de algumas mensagens, Müller vinculou o senador a
"apreensão" de drogas.
É o segundo caso de
um servidor federal que atuou nas redes durante a campanha presidencial de 2014
e acabou alvo da ação movida por Aécio.
Como revelou a Folha
nesta quarta (17), redes do Ministério da Fazenda e do Serpro, estatal
responsável pelo sistema de tecnologia da informação de todo o governo federal,
foram usadas por um petista, Márcio de Araújo
Benedito, que a Justiça diz ter disseminado mensagens com acusações de que o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) traficava e consumia drogas.
Benedito é chefe da
divisão de "projetos e tecnologias educacionais" do Serpro em Belo
Horizonte.
A reportagem não
conseguiu localizar Müller por telefone, mas ele publicou um texto em um blog,
em setembro do ano passado, após ser notificado da ofensiva judicial de Aécio.
No artigo, ele condena a iniciativa do senador e se defende das acusações.
"Reproduzo no
perfil do Twitter textos deste e de outros blogs, com conteúdo e argumentos.
Nunca fiz nenhuma 'acusação' a ninguém e a nenhum candidato", escreveu
Muller. "Publico neste blog e repercuto no Twitter ideias e propostas e
contesto com argumentos, ideias e propostas das quais eu discordo",
afirmou.
Ele
afirmou no texto que "os representantes do neoliberalismo têm medo dos que
professam ideias. Por isto acusam a mim e a outros tuiteiros".
"Querem calar os que contestam o entreguismo do patrimônio nacional,
explícito em seus programas. Não me calarão. Ajudei a construir o PT. E junto
com tantos milhões de Brasileiros ajudamos a eleger um operário e uma mulher
para a Presidência da República", concluiu. Fonte: Folha de São Paulo, 17/06/2015
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