1984 É AGORA
"O Grande Irmão" está de olho em
você
O que intriga nesse estranho episódio envolvendo o Edward Snowden, é como ele conseguiu, em tão pouco tempo, tantas informações da Agência Nacional de Segurança dos EUA. Isso é muito estranho!
Pela gravidade da documentação altamente sensível que está vindo à público, “o governo americano está enviando oficiais para avisar países que poderiam ser afetados pelos arquivos. Operações contra Irã, Rússia e China são citadas
O ex-técnico de inteligência Edward Snowden possui documentos com informações
sensíveis à segurança nacional de países aliados aos Estados Unidos. Segundo o
jornal The
Washington Post, o governo americano tem enviado funcionários
a países que poderão ser afetados se Snowden divulgar os arquivos obtidos
durante uma invasão à Agência de Inteligência Defensiva, usada por serviços de
inteligência do Exército, Marinha, Aeronáutica e Marines (forças especiais).
Fontes de dentro do governo americano disseram que os documentos possuem
detalhes de operações conduzidas pelos EUA e seus aliados contra Irã, Rússia e
China.
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Os arquivos revelam programas de
coleta de informações que são mantidos por países não alinhados
publicamente com os Estados Unidos. O Washington
Post atesta
que um dos documentos contém informações sobre um país membro da Otan
responsável por comandar um programa que fornece valiosas informações sobre a
Rússia. “Se a Rússia souber disso, não seria difícil para eles tomarem decisões
que interromperiam o programa”, disse a fonte. Os dados sigilosos dos russos
seriam usados pela Aeronáutica e Marinha dos Estados Unidos.
Snowden
possui aproximadamente 30.000 documentos que foram extraídos do Sistema da
Junta de Comunicações Inteligentes Mundiais (JWICS, na sigla em inglês),
utilizado para armazenar informações altamente secretas e sensíveis. O material
em questão não se refere a práticas de espionagem da Agência de Segurança
Nacional (NSA) dos Estados Unidos, mas a estruturas de inteligência sobre as
capacidades militares de outros países, incluindo sistemas de armas como
mísseis, navios e caças.
A importância dos documentos fez com
que os serviços de inteligência dos Estados Unidos fizessem o levantamento
sobre quais documentos Snowden poderia ter obtido. Os oficiais consultados pelo The Washington Post, no entanto, disseram que o
ex-técnico de inteligência estava recolhendo arquivos ao acaso. “Não parece que
ele estava mirando em algo específico”, disse uma das fontes. Os alertas aos
países alinhados têm sido feitos de capital em capital. Em alguns casos,
funcionários destes governos podem ter conhecimento das operações em conjunto.
Mas, em outros, membros de alto escalão dos governos, como chanceleres,
não sabem da cooperação com os Estados Unidos.
Por enquanto, Snowden parece não ter
vazado nenhum documento desse tipo para jornalistas. “Ele deixou claro que não
iria comprometer operações de segurança nacional”, disse Thomas Drake, um
ex-agente da NSA que visitou Snowden em Moscou. Em uma entrevista para o jornalThe
New York Times, o ex-técnico de inteligência disse que não havia fornecido nenhuma informação para os governos de
Rússia e China. “A chance de russos e chineses terem recebido qualquer
documento é zero”, afirmou. De acordo com Drake, Snowden também não liberou
nenhuma informação para o site de vazamentos WikiLeaks, do hacker Julian Assange.
Líderes mundiais - Documentos divulgados pelo jornal The Guardian comprovaram que os Estados Unidos
espionaram os telefones de 35 líderes mundiais. Segundo
os arquivos, a NSA incentivou funcionários da Casa Branca, Departamento de
Estado e Pentágono a compartilhar contatos de políticos. A nova denúncia
veio à tona após o governo alemão ter descoberto que a NSA grampeou o
celular pessoal da chanceler Angela Merkel. As
suspeitas levaram Merkel a ligar para Obama para pedir explicações.” http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/eua-alertam-que-snowden-possui-arquivos-extraidos-de-rede-militar
Mas o pior está por vir. É bem provável que já tenham
descoberto uma tecnologia para que os satélites militares possam dirigir “Feixes”
de onda magnética para apagar todos os arquivos dos computadores em áreas
sensíveis de países inimigos, provocando o caos.
Como
também já se tenha componentes portáteis para apagar as memórias de aeroportos,
torres de retransmissões de telecomunicações etc.
O livro 1984,
de George Orwell denunciou as mazelas do
totalitarismo e tornou-se um dos mais influentes romances do século 20. De modo
profético, George Orwell abordou temas relevantes como a quebra da privacidade
Só a
menção ao título desencadeia uma avalanche de associações mentais: comunismo,
polícia política, nazifascimo, tortura... O livro ganhou fama por tratar de
forma ficcional de uma das grandes mazelas contemporâneas, o totalitarismo.
Escrito pelo jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell e publicado em 1949, o texto nasceu destinado à polêmica. Foi traduzido em 65 países, virou minissérie, filmes, inspirou quadrinhos, mangás e até uma ópera. Mas - ah!, estava demorando - ganhou renovados holofotes em 1999, quando a produtora holandesa Endemol batizou seu reality show (formato que chegou à TV nos anos 1970), de Big Brother, o mais sinistro personagem, ou melhor, entidade do livro. O pai da ideia, John de Mol, nega de pés juntos a inspiração, mas há outras associações possíveis além do nome do programa. A origem do título 1984 é controversa. Orwell supostamente queria "O Último Homem da Europa", mas seu editor Frederick Warburg insistiu que trocasse por algo mais comercial. O texto foi concluído em 1948 e o nome traz os dois dígitos finais invertidos. Era uma forma de dizer que a distopia descrita não era uma ameaça distante.
No enredo que tem Londres como cenário (na fictícia Oceânia) -, tudo gira em torno do Grande Irmão. "Quarenta e cinco anos, de bigodão preto e feições rudemente agradáveis", o Big Brother é o líder máximo. Assumiu o poder depois de uma guerra de escala global (análoga à Segunda Guerra, porém com mais explosões atômicas), que eliminou as nações e criou três grandes estados transcontinentais totalitários. A Oceânia reúne a ex-Inglaterra, as ex-Américas, ex-Austrália e Nova Zelândia e parte da África. É um mundo sombrio e opressivo. Cartazes espalhados pelas ruas mostram a figura bisonha da autoridade suprema e o slogan: "O Grande Irmão está de olho em você". E está mesmo, literalmente, graças às "teletelas". Espalhadas nos lugares públicos e nos recantos mais íntimos dos lares, elas são uma espécie de televisor capaz de monitorar, gravar e espionar a população, como um espelho duplo. A intimidade era tão devassada ali quanto na casa do Projac que sediou a última edição do Big Brother Brasil.
Escrito pelo jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell e publicado em 1949, o texto nasceu destinado à polêmica. Foi traduzido em 65 países, virou minissérie, filmes, inspirou quadrinhos, mangás e até uma ópera. Mas - ah!, estava demorando - ganhou renovados holofotes em 1999, quando a produtora holandesa Endemol batizou seu reality show (formato que chegou à TV nos anos 1970), de Big Brother, o mais sinistro personagem, ou melhor, entidade do livro. O pai da ideia, John de Mol, nega de pés juntos a inspiração, mas há outras associações possíveis além do nome do programa. A origem do título 1984 é controversa. Orwell supostamente queria "O Último Homem da Europa", mas seu editor Frederick Warburg insistiu que trocasse por algo mais comercial. O texto foi concluído em 1948 e o nome traz os dois dígitos finais invertidos. Era uma forma de dizer que a distopia descrita não era uma ameaça distante.
No enredo que tem Londres como cenário (na fictícia Oceânia) -, tudo gira em torno do Grande Irmão. "Quarenta e cinco anos, de bigodão preto e feições rudemente agradáveis", o Big Brother é o líder máximo. Assumiu o poder depois de uma guerra de escala global (análoga à Segunda Guerra, porém com mais explosões atômicas), que eliminou as nações e criou três grandes estados transcontinentais totalitários. A Oceânia reúne a ex-Inglaterra, as ex-Américas, ex-Austrália e Nova Zelândia e parte da África. É um mundo sombrio e opressivo. Cartazes espalhados pelas ruas mostram a figura bisonha da autoridade suprema e o slogan: "O Grande Irmão está de olho em você". E está mesmo, literalmente, graças às "teletelas". Espalhadas nos lugares públicos e nos recantos mais íntimos dos lares, elas são uma espécie de televisor capaz de monitorar, gravar e espionar a população, como um espelho duplo. A intimidade era tão devassada ali quanto na casa do Projac que sediou a última edição do Big Brother Brasil.
O protagonista é Winston Smith. Funcionário do Departamento
de Documentação do Ministério da Verdade, um dos quatro ministérios que
governam Oceânia, sua função é falsificar registros históricos, a fim de moldar
o passado à luz dos interesses do presente tirânico (prática, aliás, comum na
União Soviética). A opressão era física e mental. A Polícia das Ideias atuava
como uma ferrenha patrulha do pensamento. Relações amorosas estavam entre as
muitas proibições. Nesse cenário de submissão onde não há mais leis, mas sim
inúmeras regras determinadas pelo Partido, ninguém nunca viu o Grande Irmão em
pessoa. Uma sacada genial do autor: o tirano mais amedrontador é também aquele
mais abstrato. Winston detesta o sistema, porém evita desafiá-lo além das
páginas de seu diário. Isso muda quando se apaixona por Júlia, funcionária do
Departamento de Ficção. O sentimento transgressor o faz acreditar que uma
rebelião é possível. Mas combater o regime não é nada fácil. Enredada numa
trama política, a "reeducação" dos amantes será brutal.
Raros escritores tiveram o privilégio de virar adjetivo. George Orwell (um pseudônimo) foi um deles. Seu nome de batismo, na Igreja Anglicana, é Eric Arthur Blair. Se Marcel Proust deu origem a "proustiano", por causa das ricas descrições memorialistas, o termo "orwelliano" virou sinônimo dos vívidos e sinistros porões do totalitarismo. Não que, como romancista, ele seja comparável a James Joyce, Franz Kafka ou Proust. Os críticos costumam ser mais positivos sobre seus ensaios. Ainda assim não são unânimes. O grande legado de Orwell é mesmo sua lucidez política.
Nascido na Índia, em 1903, filho de um funcionário colonial inglês, ele nunca levou vida fácil. Cursou uma escola da elite (Eton). Em vez de seguir o caminho seguro (matricular-se numa universidade chique como Oxford), entrou para a Polícia Imperial da Índia. Lá conheceu de perto a truculência do Império Britânico no esforço de controlar os nativos. Orwell tinha tudo para ser promovido, mas, escandalizado, largou a farda e foi levar uma vida boêmia em Paris e Londres. Nessa época, beirou a mendicância. Em 1936, viajou para a Espanha para lutar contra o franquismo, na Guerra Civil. Foi ferido no pescoço e dali em diante só conseguiria falar em tom baixo. Dizia ser um socialista democrático. Já um amigo, o escritor Malcolm Muggeridge, o definiu como "um sujeito que é fácil de a gente amar, mas difícil de ter por perto". Uma de suas marcas pessoais era um rígido senso de justiça e de busca da verdade. Alguns o admiravam por isso. Outros o viam como um grande chato. O certo é que essa característica o ajudou a se desencantar das utopias políticas, inclusive a soviética, impiedosamente atacada também em A Revolução dos Bichos (1945). "A aceitação de qualquer disciplina política parece ser incompatível com a integridade literária", afirmou, inconformado com a subserviência dos intelectuais aos regimes de direita ou de esquerda.
Poucos descreveram tão bem a tortura política. Nas páginas de 1984, O’Brien, um figurão do Partido, usa um método especialmente cruel: o flagelo com ratos. "Eles saltarão sobre seu rosto e começarão a devorá-lo. Às vezes atacam primeiro os olhos. Às vezes abrem caminho pelas bochechas e devoram a língua", diz a Winston.
Raros escritores tiveram o privilégio de virar adjetivo. George Orwell (um pseudônimo) foi um deles. Seu nome de batismo, na Igreja Anglicana, é Eric Arthur Blair. Se Marcel Proust deu origem a "proustiano", por causa das ricas descrições memorialistas, o termo "orwelliano" virou sinônimo dos vívidos e sinistros porões do totalitarismo. Não que, como romancista, ele seja comparável a James Joyce, Franz Kafka ou Proust. Os críticos costumam ser mais positivos sobre seus ensaios. Ainda assim não são unânimes. O grande legado de Orwell é mesmo sua lucidez política.
Nascido na Índia, em 1903, filho de um funcionário colonial inglês, ele nunca levou vida fácil. Cursou uma escola da elite (Eton). Em vez de seguir o caminho seguro (matricular-se numa universidade chique como Oxford), entrou para a Polícia Imperial da Índia. Lá conheceu de perto a truculência do Império Britânico no esforço de controlar os nativos. Orwell tinha tudo para ser promovido, mas, escandalizado, largou a farda e foi levar uma vida boêmia em Paris e Londres. Nessa época, beirou a mendicância. Em 1936, viajou para a Espanha para lutar contra o franquismo, na Guerra Civil. Foi ferido no pescoço e dali em diante só conseguiria falar em tom baixo. Dizia ser um socialista democrático. Já um amigo, o escritor Malcolm Muggeridge, o definiu como "um sujeito que é fácil de a gente amar, mas difícil de ter por perto". Uma de suas marcas pessoais era um rígido senso de justiça e de busca da verdade. Alguns o admiravam por isso. Outros o viam como um grande chato. O certo é que essa característica o ajudou a se desencantar das utopias políticas, inclusive a soviética, impiedosamente atacada também em A Revolução dos Bichos (1945). "A aceitação de qualquer disciplina política parece ser incompatível com a integridade literária", afirmou, inconformado com a subserviência dos intelectuais aos regimes de direita ou de esquerda.
Poucos descreveram tão bem a tortura política. Nas páginas de 1984, O’Brien, um figurão do Partido, usa um método especialmente cruel: o flagelo com ratos. "Eles saltarão sobre seu rosto e começarão a devorá-lo. Às vezes atacam primeiro os olhos. Às vezes abrem caminho pelas bochechas e devoram a língua", diz a Winston.