sexta-feira, 13 de junho de 2014

DILMA É XINGADA E VAIADA NA ABERTURA DA COPA



DILMA É VAIADA E INSULTADA NA ABERTURA DA COPA

Vexame ao vivo para o mundo

Estavam presentes muitos chefes de estado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon e toda a cúpula da FIFA.


 (mas Lula não apareceu...) Lembrou-se que em 13 de julho de 2007 foi estrondosamente vaiado na Cerimônia de Abertura do Pan-Americanos no Maracanã, no Rio, e não pode fazer o pronunciamento. Ela estava o lado da Marisa, e espertamente lá não foi...  



Dilma já tinha sido sonoramente vaiada na abertura da Copa das Confederações, em junho do ano passado. 


 ÉPOCA, (16/06/14)
Por três vezes, a multidão gritou gol, por quatro vezes mandou Dilma Rousseff tomar no c... Caía por terra o esquema oficial para blindá-la. De pouco adiantou entrar no Itaquerão quase clandestina. Dilma chegou em comboio por uma garagem. Subiu em elevador privativo.
De nada adiantou evitar pronunciamento e quebrar a tradição de Copas do Mundo. Não se anunciou sua presença. Seu nome não foi citado. A imagem de Dilma no telão bastou para detonar o coro ofensivo. Pior que as vaias do ano passado.
O que sentiu a herdeira do ausente Lula? Em seus sonhos, a estreia da Copa no Brasil seria sua consagração e do Partido dos Trabalhadores (PT). O que deu errado?
O primeiro gol contra não foi do Marcelo. Foi do técnico Lula. Há quatro anos, ele convocou como artilheira seu poste querido, inexperiente no gramado político, sem talento para driblar adversidades, sem criatividade para virar um placar, sem carisma para liderar companheiros, sem visão de jogo para lançamentos longos, sem precisão nos cruzamentos, sem vocação para trabalho de equipe. Uma capitã sem a generosidade do passe, sem a humildade da autocrítica, sem o brilho que encanta, sem sorriso, sem suor, sem humor. Dilma foi imposta por Lula até a aliados relutantes.
E, agora, o ex-presidente, corintiano roxo, que pontuou seus dois mandatos com metáforas futebolísticas, se viu coagido a não aparecer no Itaquerão em dia de gala. Ele, que articulou a construção do estádio para sediar a abertura do Mundial, viu o jogo no seu apartamento em São Bernardo, no ABC paulista. Medo de levar rebarba?
 

Abertura da Copa, cerimônia sem graça
Ao invés de prestigiarem coreógrafos brasileiros, Joana Havelange, neta de Havelange, contratou uma belga ao custo de  US$ 9 milhões. Por muito menos qualquer carnavalesco de escola de samba do Rio teria produzido um espetáculo muito melhor.  
Boletim da BITES Consultoria (BITES@BITES.com.br), empresa que monitora as redes sociais:
"Foram 39 segundos de constrangimento para a presidenta Dilma Rousseff nesta tarde durante o jogo de abertura do Brasil na Copa do Mundo. Quando o presidente da Fifa Joseph Blatter foi anunciado, ele levou uma grande vaia.
No caso da presidenta, o coro se formou de maneira ofensiva. Milhares de pessoas começaram a gritar                                 “Ei, Dilma vai tomar no...”.

Não demorou para a insatisfação deixar o Itaquerão e a sua capacidade de 69 mil pessoas e ganhar as redes sociais. No Twitter, até às 20h30, foram publicados 18 mil posts sobre o assunto, que geraram 60 milhões de impressões (número de vezes que a informação ficou potencialmente exposta nos perfis dos 22 milhões de usuários do Twitter no Brasil).

Três perfis foram responsáveis por essa grande propagação e todos de natureza humorística: Danilo Gentili, Oscar Filho e o fake Hugo Gloss. Juntos, eles reúnem 9,3 milhões de seguidores.
O constrangimento ao qual a presidenta foi submetida também ganhou a rede fora do País. Houve 153 tweets feitos em inglês relatando o coro no Itaquerão. O alcance foi de 165 mil impressões, número baixo diante do número de usuários do Twitter no mundo.

Os grandes sites de notícia também publicaram notas sobre o tema. O volume de citações à presidenta nesta quinta-feira foi maior que as referências à palavra-chave “protesto” com 16.247 e 82 milhões de impressões.
Dilma perdeu para Neymar que foi citado 671 mil vezes hoje nas redes sociais do Brasil.
No Facebook, por exemplo, vários perfis de personalidades se encarregaram de exibir os vídeos contra a presidente. O apresentador Marcelo Tas foi um dos principais responsáveis pela dispersão de um vídeo feito por ele direto do estádio no momento exato do ataque à Dilma.

Na sua fanpage (http://goo.gl/dESNhe), Tas havia conseguido 103.067 compartilhamentos orgânicos e 64.049 likes até às 21h30 de hoje. Ele tem 2,9 milhões de fãs.
No Youtube, o dia fechou com 17 vídeos sobre o assunto. A dinâmica de visualização era tamanha que o contador dos arquivos estava travado antes de liberar informações sobre o total de visualizações do dia. No Google até às 21h havia 164 artigos indexados sobre o incidente."
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

Xingar Dilma Roussef foi grosseria indesculpável

Josias de Souza, 13/06/2014

Quando Ronaldo disse estar “envergonhado” com os desacertos da organização da Copa, Dilma Rousseff reagiu à moda de Nelson Rodrigues: “Tenho certeza que nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade, tenho certeza do que fizemos. Tenho orgulho das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar. Não temos complexo de vira-latas.”
Nesta quinta-feira, Dilma submeteu seu orgulho a teste na tribuna de honra do Itaquerão. Dali, assistiu à partida inaugural da Copa do Mundo. Dessa vez, tentou blindar-se no silêncio. Absteve-se de discursar. Não funcionou. Como queria a presidente, a torcida exorcizou o vira-latismo. Mas, desamarrando suas inibições, incorporou um pitbull.

Ao entoar o hino nacional, ao ovacionar os jogadores, a arquibancada tomou-se de um patriotismo inatural. Contudo, rosnou com agressividade inaudita ao dirigir-se a Dilma. Fez isso uma, duas, três, quatro vezes. Diferentemente do envelope de uma carta ou do e-mail, a vaia não tem nome e endereço. Pode soar inespecífica. Como no instante em que o serviço de som anunciou os nomes de Dilma e de Joseph Blatter.

Até aí, poder-se-ia alegar que o destinatário da hostilidade era o cacique da Fifa, não Dilma. A coreografia estimulava a versão. Blatter levantou-se. Dilma manteve-se sentada. O diabo é que o torcedor, salivando de raiva, tratou de dar nome aos bois. Foi assim no coro entoado nas pegadas da cerimônia de abertura da Copa.

“Ei, Dilma, vai tomar no c…”, rosnava um pedaço da multidão. “Ei, Fifa, vai tomar no c…”, gania outra ala. Quando Dilma foi exibida no telão do estádio vibrando com o segundo gol do Brasil, arrostou, solitariamente, uma segunda onda de xingamentos. Após a comemoração do terceiro gol, ela ouviu um derradeiro urro: ‘Ei, Dilma, etc…”
Fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/


Isso não me enfraquece, afirma Dilma após vaias na abertura da Copa

O Estado de S. Paulo, 13 Junho 2014
Presidente reage a manifestações, diz que xingamentos não vão intimidá-la e defende a generosidade do 'povo brasileiro'
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira, 13, que as vaias e xingamentos não vão enfraquecê-la. "Podem contar que isso não me enfraquece", disse durante a inauguração do trecho sul do Expresso DF, uma das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Grandes Cidades no Distrito Federal.
Por três vezes durante a cerimônia de abertura da Copa e a jogo da selação brasileira, nessa quinta-feira, 12, parte dos torcedores um coro ofensivo à presidente. A primeira após ela chegar ao estádio, a segunda depois da execução do hino nacional e a terceira no finalzinho do jogo. "Não vou me deixar perturbar por agressões verbais. Não vou me deixar, portanto, atemorizar por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e pelas famílias", afirmou Dilma.
A presidente chegou ao evento desta sexta acompanhada do governador Agnelo Queiroz, do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do ministro das Cidades, Gilberto Occhi, em um ônibus articulado. Dilma foi recebida na inauguração do BRT por uma plateia formada por operários da obra, além de militantes petistas e peemedebistas, que a aplaudiu principalmente quando a presidente respondeu ao episódio ocorrido nessa quinta.
Ao falar sobre o ocorrido, Dilma fez menção ao seu passado de militante política e o período em que ficou presa durante a ditadura militar. "Suportei agressões físicas que, quero dizer pra vocês, foram quase insuportáveis." E complementou: "Nada me tirou dos meus compromissos nem do caminho que tracei pra mim mesma".
No encerramento do discurso, a presidente afirmou não vai se deixar "intimidar" pelos xingamentos. "Eu não me abaterei por isso. Não me abato e não me abaterei." "Eu sei uma verdade, e tenho consciência dela porque conheco o caráter do povo brasileiro. O povo brasileiro não age assim, não pensa assim. O povo brasileiro é um povo civilizado e um povo extremamente generoso", finalizou.
Após a partida da seleção, assessores da presidente em Brasília afirmaram que a hostilidade contra ela no estádio já era esperada mas que a agressividade surpreendeu. Na noite dessa quinta, em entrevista a um programa de TV, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho,  que a reação era dirigida a "qualquer autoridade" e não especificamente contra a presidente.


terça-feira, 10 de junho de 2014

PEDRO SIMON: PT OFICIALIZOU O TROCA-TROCA



PT oficializou a política do troca-troca, diz Pedro Simon, por Gabriel Garcia

O senador Pedro Simon (RS) lembra com saudosismo a transformação do seu Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido que abrigou opositores da ditadura militar do Brasil, em Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em 1980, após o governo de Ernesto Geisel pôr fim ao bipartidarismo.
Na semana em que o PMDB sacramenta o apoio à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em convenção marcada para 10 de junho, o senador gaúcho vê com tristeza o caminho seguido pelo partido, que mergulhou no submundo da política da troca de favores.

Pai de quatro filhos, o gaúcho de Caxias do Sul diz que a maior decepção de quase seis décadas de vida pública foi o Partido dos Trabalhadores (PT), que, segundo ele, oficializou a política do troca-troca. E, no poder, acabou virando as costas para as bandeiras da ética e da moralidade.

Sem a mesma vitalidade do líder estudantil de 1945, Simon perdeu a força para continuar na política, carreira que encerrará em 31 de janeiro de 2015, data em que termina o seu mandato e, coincidentemente, completa 85 anos de vida.
Como o senhor vê o desencanto da população com a classe política atualmente?

Precisamos de um governo que tenha condições de romper com o troca-troca, que acabe com a política do ‘é dando que se recebe’, o chamado pacto da governabilidade. Tem que fazer um pacto com a nação, com a sociedade. É a única chance até de fugir do ciclo PT-PSDB, PSDB-PT.

O que pensa a respeito das manifestações populares que são esperadas para o período da Copa? Elas são fogo de palha, como na época da Copa das Confederações?

A mocidade trouxe duas grandes decisões para o Brasil: a aprovação do projeto da Ficha Limpa, que nunca seria aprovado caso não houvesse pressão, e o julgamento do mensalão. Sobre a Copa, eu rezo para que não seja um fiasco. Em 1970, ganhamos a Copa do México. O governo do (ex-presidente Emílio Garrastazu) Médici fez um carnaval. Com a Copa no Brasil, é normal que o governo faça publicidade. Espero que não tenha manifestação com violência, com radicalização. Agora, defendo que os jovens saiam para as ruas. Os jovens bem intencionados terão grande influência e serão decisivos nas eleições para presidente.

O senhor foi líder estudantil. Os movimentos estudantis perderam credibilidade?
Faz muito tempo que a UNE (União Nacional dos Estudantes) é um órgão do governo, assim como várias instituições. O governo está arregimentando jovens para ganhar verba e cargo.
Se o senhor está decepcionado com a política, não seria o caso de permanecer e tentar mudá-la?

Estou saindo porque vou completar 85 anos. Desses, durante 60 anos eu estive na vida pública. Poderia ser candidato ao Senado, no Rio Grande do Sul. Meu partido me deixou à disposição para definir. Mas, para fazer uma aliança para o governo estadual, meu partido achou interessante oferecer o cargo a outro partido.
Qual foi sua grande decepção nesse tempo de vida pública?

A grande desilusão da minha vida foi o PT. O ex-presidente Lula perdeu uma oportunidade de ouro de fazer diferente. Não consigo entender como ele não demitiu o Valdomiro Diniz, quando foi flagrado com envolvimento com o (bicheiro) Carlos Cachoeira. Quando não demitiu, abriu a porta (para corrupção). A partir dali, a credibilidade não era a mesma.

O que mudou no jeito de fazer política no Brasil desde 1960, quando o senhor iniciou a sua carreira?
Piorou. Sempre houve influência de parlamentares no governo. Acontece que houve a oficialização. De certa forma, quem botou isso para fora foi o mensalão. Onde já se viu ter deputado que recebia para votar a favor do governo? Foi a oficialização do troca-troca. Agora, a troca está sendo apoiar a presidente Dilma em troca de dois minutos na televisão.

Houve algum avanço?
Não. Infelizmente o que houve foi que a presidente Dilma teve que ceder. Se não tivesse cedido, ela não seria candidata à reeleição. Se ela não compusesse com essa gente do PT, candidata a reeleição ela não seria.

Político honesto ou habilidoso, qual é o melhor para o Brasil hoje?
O ideal é o político honesto e habilidoso. Agora, um político corrupto e habilidoso é horrível para o Brasil. Por quê? Além de ser corrupto, ele tem a vantagem de ser habilidoso.
O senhor tentou disputar a eleição presidencial. Tem algum ressentimento com o seu partido, o PMDB, por ter lhe impedido?
A direção partidária ficou no troca-troca de cargo e de favores. Por esse motivo, ela não tem respeito. Não teve no governo Fernando Henrique, não teve no governo Lula e não tem no governo Dilma. É uma troca de vantagens e de cargos dolorosa. O MDB (partido que deu origem ao atual PMDB) está caminhando para ter posição reduzida no Congresso.
Mas há ressentimento em relação à tentativa de disputar a eleição presidencial?
Eu tenho ressentimento profundo pelo fato de o MDB não desempenhar seu papel. Lutamos uma vida inteira contra a ditadura, contra tudo que tinha de ruim. Quando chegamos ao governo, não tivemos dignidade. O MDB, na verdade, se adaptou. (O ex-presidente José) Sarney terminou muito mal o governo, tanto que o Fernando Collor ganhou, em 1989, a primeira eleição direta após a ditadura, batendo nele.
O senhor votaria nulo nessas eleições se julgasse que nenhum candidato merece seu voto?
Nulo é votar em nada. Acho que o ideal é votar naquele melhorzinho, a não ser que ele não valha absolutamente nada. O ideal é sempre votar.
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

BRASIL, A POLÍTICA E O CRIME





“Depois de o secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, acusar a Polícia Militar de falta de empenho para conter a baderna dos grevistas das empresas de ônibus, o governo do estado revelou o conteúdo de um inquérito policial que apurava uma série de incêndios de ônibus na capital paulista desde o início do ano.

Segundo matéria da revista “Veja”, a polícia descobriu que um aliado de Tatto, o deputado estadual Luiz Moura (PT), havia participado de uma reunião, no dia 17 de março, na cooperativa Transcooper com 13 integrantes da facção criminosa PCC.
Nos anos 90, Moura foi condenado a cumprir 12 anos de prisão por assalto à mão armada. O deputado foi preso e, após um ano e meio de pena, fugiu da cadeia. Passou um longo período foragido e só se reapresentou à Justiça quando seus crimes prescreveram. Entrou, então, para o PT.

O deputado deve algumas explicações à sociedade. E a primeira delas está relacionada com seu aumento patrimonial. Luiz Moura, em cinco anos, saiu de um situação de pobreza para ser dono de um patrimônio de R$ 5,1 milhões.

Em janeiro de 2005, para solicitar sua reabilitação criminal à Justiça catarinense — que o condenara por roubo —, além de afirmar que praticara os crimes porque usava drogas, mas se regenerara, Moura assinou um atestado de pobreza no qual sustentava não ter “condições financeiras de ressarcir a vítima”, no caso, um supermercado.

Além disso, apresentou uma declaração de Imposto de Renda de 2004 (referente ao ano de 2003) na qual afirmava que, em todo o ano anterior, tivera rendimentos que somaram R$ 15.800.”

 Carlos Alberto Di Franco, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia.                                           E-mail: difranco@iics.org.br
 Fonte: Blog do Ricardo Nobrat (10/06/14)

domingo, 8 de junho de 2014

BRASIL, DEMOCRACIA AMEAÇADA



Desconstruindo a representação
Merval Pereira, O Globo (08/06/14)

Numa democracia representativa como a que (ainda) temos, esse papel caberia aos parlamentares eleitos pelo voto direto do cidadão, e não a movimentos “institucionais” e mesmo “não institucionalizados”, como previsto no decreto presidencial que está sendo contestado no Congresso.
Em troca de não colocar em votação um decreto legislativo que anularia o decreto presidencial, o presidente da Câmara, Henrique Alves, está pedindo que o governo cancele o decreto e submeta a proposta ao Congresso através de um projeto de lei.
Esta parece ser a única maneira viável de aprovar a criação desses conselhos, que ficariam, porém, circunscritos a certas instâncias definidas pelo Congresso, o que retiraria de sua criação o aspecto de “democracia direta”, que é o centro da proposta do governo.
Para o filósofo Roberto Romano, o aspecto institucional mais desastroso é justamente o predomínio do Executivo sobre os demais poderes. “Pela enésima vez a Presidência tenta legislar, atropelando o Congresso e as instâncias jurídicas apropriadas”, ressalta Romano.

Diante da leniência do Congresso, que troca seu poder por favores pessoais aos congressistas, “já temos uma ditadura do Executivo, se bolivariana, o futuro próximo (muito ligado à eleição ou à reeleição do cargo presidencial) dirá”.

Roberto Romano ressalta que “uma coisa é a participação popular, como audiências públicas obrigatórias e outros instrumentos; algo bem diferente é a tese, contida no decreto, segundo a qual mesmo movimentos “não institucionais” podem ter influência direta nas decisões de ordem pública.

“Com o decreto, o que se faz é gerar um Estado na periferia do Estado. Só que ninguém, naqueles movimentos, assumirá responsabilidade oficial pelos erros e possíveis acertos das decisões perante a população como um todo”.
O cientista político Bolívar Lamounier chama também a atenção para a questão da responsabilização das decisões e da necessidade de dar explicações aos cidadãos, características da democracia representativa.

Parafraseando Sobral Pinto, ele diz que o decreto dos conselhos “tem catinga de fascismo” na sua “flagrante inconstitucionalidade”, pela “indigência intelectual que exala” e por sua “mal disfarçada sonoridade ideológica populo-esquerdoide-fascistoide”, calculada para agradar a um certo público interno do PT e a setores externos que não digerem a democracia “burguesa”.

Ele ressalta que no regime democrático, “a participação não é induzida — não se confunde com a arregimentação promovida por regimes populistas, autoritários e totalitários —, mas é sempre bem-vinda”.
O problema, diz Bolívar, é que os setores que demandam a inclusão raramente oferecem ideias úteis sobre como efetivá-la. “Martelam as teclas populo-esquerdoides da “sociedade civil”, dos “movimentos sociais”, dos “plebiscitos”, do “aprofundamento da democracia” e etc, mas sempre ferindo acordes bem conhecidos”.
Simplesmente porque considera que a presidente “não pode ser assim tão jejuna em História e teoria política”, Bolívar está convencido de que Dilma “sabe, com certeza, que seus ‘conselhos populares’ outra coisa não são que a velha mistificação corporativista, sindicalista e fascistoide; a ideia de que a ‘verdadeira’ consciência cívica se plasma no convívio com a companheirada; o corolário é o de que o voto, essa ‘velharia liberal’, é individualista, fragmentador, atomístico etc”.
Tudo faz crer, diz ele, que se trata de um pré-pagamento “que a doutora Dilma se dispôs a fazer aos setores mais arredios do PT para mantê-los dentro do barco eleitoral, ainda mais com o ‘Volta Lula’ ciscando por aí”.