terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

EUA E EUROPA NÃO QUEREM DESTRUIR A RÚSSIA

 

Biden rebate Putin e diz que ‘EUA e Europa não querem destruir Rússia’

Presidente americano discurso na Polônia, um dia após visita surpresa a Kiev

Disse que o Ocidente não quer tomar controle da Rússia.

“Nesta noite, falo mais uma vez ao povo da Rússia. Os Estados Unidos e as nações da Europa não querem tomar controle ou destruir a Rússia”, disse Biden em discurso em Varsóvia, na Polônia. “O Ocidente não planeja atacar a Rússia, como Putin disse hoje”.

Biden então acrescentou que “essa guerra nunca foi uma necessidade. É uma tragédia.  O presidente Putin escolheu essa guerra”.

 ‘Guerra de conquista de Putin está fracassando’, diz Biden em Kiev

À Assembleia Federal russa, Putin afirmou que não teve escolha, a não ser atacar a Ucrânia, já que, segundo ele, o Ocidente estaria se preparando para transformar a Ucrânia em uma base com armas para atacar a Rússia. Durante sua fala à elite militar e política do país, o líder russo também criticou nominalmente os Estados Unidos e um “projeto anti-russo” de Washington.                                                     SAIBA MAIS EM: https://veja.abril.com.br/mundo/biden-rebate-putin-e-diz-que-eua-e-europa-nao-querem-destruir-russia/

BANCO CENTRAL E LULA

 


Charge de Amarildo em A GAZETA/ES

Assessores apostam que Lula não recuará da pressão sobre o Banco Central

Presidente só baixará a guarda se a autoridade monetária reduzir a taxa básica de juros, cujo nível atual, segundo o petista, estrangula o capital produtivo

Faltam votos ao PT para convocar Roberto Campos Neto à Câmara

O PT deve seguir fritando Roberto Campos Neto, mas a convocação do presidente do Banco Central ainda não tem votos para ser aprovada na Câmara. O requerimento de convocação, apresentado pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), não é consenso nem mesmo dentro do partido. Siglas da base governista também não endossam ideia, já que o próprio Campos Neto se dispôs a ir à Casa explicar o que quiserem.

Árdua missão

Para ser convocado, o requerimento precisa de aprovação da maioria dos deputados, o que dificilmente será conseguido pelo PT.

Tô fora

PSD, União Brasil e MDB, que de forma capenga ainda dão algum apoio ao governo na Câmara, pularam fora e sinalizaram rejeitar a convocação.

Falta apoio

A convocação também desagrada o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tido como “pai” do projeto que garante a autonomia do BC.

SAIBA MAIS EM: https://diariodopoder.com.br/coluna-claudio-humberto/faltam-votos-ao-pt-para-convocar-roberto-campos-neto-a-camara

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

“SAÍMOS DE CIMA DO MURO”

 

O Chefe do Itamaraty afirma que hoje o país defende a Ucrânia no conflito com a Rússia.

Em sua segunda passagem pela Esplanada dos Ministérios, o chanceler Mauro Vieira, 71 anos, está debruçado sobre uma agenda repleta de viagens que julga essenciais à tarefa de reinstalar o Brasil no  tabuleiro geopolítico. O périplo começou ao lado de Lula em viagem cercada de polêmicas à Argentina e segue nos Estados Unidos, a partir desta sexta-feira, 10, onde a ideia é refazer “laços esgarçados” com o governo Joe Biden. Conhecido pelo temperamento apaziguador, ele chegou a ser criticado por alas do PT depois de, tendo ocupado a pasta na gestão Dilma...

“A visita aos EUA é para restabelecer laços esgarçados na gestão anterior. Lula e Biden ainda devem falar sobre investimentos americanos no Brasil e caminhos para a iniciativa brasileira lá”

O que a visita de Lula aos Estados Unidos pode trazer de ganhos concretos para o Brasil? Essa visita é essencialmente política. O objetivo é restabelecer laços que ficaram esgarçados na gestão anterior. Foi um período em que havia um alinhamento automático não exatamente com os Estados Unidos, mas com o então presidente Donald Trump. Quando ele perdeu as eleições, em 2020, o elo deixou de existir...

E sobre a visita à China, prevista para ser a próxima escala, há chances de sair daí o tão alardeado acordo com o Mercosul? Ainda não, isso leva mais tempo. Mas é um primeiro passo. O governo chinês convidou Lula e ele já aceitou. Deve embarcar entre março e abril. Fazendo as contas e olhando a agenda, nos primeiros quatro meses de mandato o presidente terá mantido contato com todos os grandes parceiros brasileiros. É um trabalho de refazer pontes que hoje não estão tão sólidas.

Quais assuntos devem vir à tona na ida a Pequim? Discutirei a agenda em detalhes com o chanceler chinês nesse mês, na reunião do G20, na Índia. Eles são os parceiros comerciais número 1 do Brasil desde 2010, então há muitos interesses em jogo. Como a China ocupa uma posição de destaque na ciência e na tecnologia, essa é uma área que atrai a atenção do Brasil, entre muitas outras. Bolsonaro disparou comentários grosseiros sobre Pequim, criando rusgas que, agora, nos cabe dissolver.

SAIBA MAIS EM: https://veja.abril.com.br/paginas-amarelas/saimos-de-cima-do-muro-diz-novo-chanceler-mauro-vieira/

TRAGÉDIA SOCIAL, 80% DAS FAMÍLIAS ESTÃO ENDIVIDADAS

 

O índice de famílias endividadas subiu no Brasil pelo terceiro mês seguido e, em setembro, chegou a 79,3%, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (10/02/23) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade destaca que o número cresceu, mas com menos fôlego. O incremento em relação a agosto foi de 0,3 ponto, o menor desde abril deste ano.

“A melhora progressiva do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda mais robustas e a queda da inflação geral nos últimos meses refletem-se positivamente na renda disponível. Mas o orçamento das famílias de menor renda segue apertado com nível de endividamento alto, bem como os juros elevados, que pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento”, destaca a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumido (Peic).

O levantamento traz que 80,3% das famílias que têm renda de até dez salários mínimos estão endividadas. É o maior patamar já registrado na série histórica da Peic, que teve início em 2010, e a primeira vez com a taxa acima dos 80%. Entre agosto e setembro, a contratação de compromissos financeiros dos grupos familiares de menor renda subiu 0,4 p.p.

Já entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o endividamento se manteve estável, atingindo 75,9% desse público.

Segundo o levantamento, o cartão de crédito é o maior vilão entre os brasileiros. A modalidade de dívida representa mais de 85,6% das contas registradas. Logo em seguida aparecem os carnês, que correspondem a 19,4%.

A Peic considera para o cálculo do endividamento as pessoas que têm contas a vencer, como cheque especial, cartão de crédito, carnês de loja, crédito consignado, empréstimos e financiamentos de carros e imóveis.

A pesquisa da CNC apontou ainda outro recorde negativo para o mês de setembro: 30% dos brasileiros estão inadimplentes, ou seja, com contas atrasadas. Foi a terceira alta seguida no índice, com 0,4. p.p. em relação a agosto.

O levantamento aponta a influência dos juros altos neste cenário. “As taxas de juros nas linhas de crédito para pessoas físicas cresceram 13,5 p.p. em um ano, de acordo com os dados do Banco Central, chegando à média de 53,9%. Por outro lado, a boa notícia é que a proporção dos que afirmam não ter condições de pagar as dívidas já atrasadas e que permanecerão inadimplentes teve ligeira queda entre agosto e setembro (de 10,8% para 10,7%). A redução foi apontada entre as famílias com até 10 SM (de 13% para 12,9%), mas o indicador para esse grupo ainda está 0,7 p.p. acima da proporção registrada em setembro do ano passado”, diz a pesquisa.                                                                                            SAIBA MAIS: https://www.cnnbrasil.com.br/business/endividamento-atinge-80-das-familias-mais-pobres-em-setembro-um-recorde-diz-cnc/

domingo, 19 de fevereiro de 2023

EUA investigam corrupção no governo Lula que STF ‘descondenou’


 Poucos dias após a visita de Lula (PT), o Departamento de Justiça do governo Joe Biden e o FBI anunciaram a abertura de investigação de um esquema de corrupção (pagamento de suborno e lavagem de dinheiro) envolvendo empresa americana e funcionários da Petrobras, durante os governos Lula, Dilma e Temer. Se no Brasil o Supremo Tribunal Federal (STF) “descondenou” e viabilizou sua candidatura presidencial, nos EUA toda corrupção é punida com rigor, aplicando-se a Lei Anticorrupção contra empresas americanas que atuam de forma desonesta no exterior.

Documentos judiciais apontam que Glenn Oztemel e o ítalo-brasileiro Eduardo Innecco pagaram propina para obter contratos na Petrobras.

A dupla representa empresas que atuam na comercialização de petróleo e gás, e deitaram e rolaram na ladroagem petista.

Os pagamentos de propina eram “disfarçados como supostas taxas de consultoria e comissões”, disse o Departamento de Justiça.

Para ocultar

Os envolvidos usaram linguagem codificada para se referir a subornos, nomes fictícios e aplicativos de mensagens criptografadas, diz o DOJ.

Doação de novo juiz da Lava Jato a Lula foi confirmada pelo TSE Foto: José Cruz/ ABr

TSE confirma doação ao PT por juiz da Lava Jato

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou à coluna a doação feita por Eduardo Appio, novo juiz da Lava Jato, à campanha presidencial de Lula (PT). O TSE informou que o depósito é de um “CPF válido e existente na Receita Federal” e que “confere com o titular do documento”. Nas prestações de contas do PT, o magistrado aparece como doador de R$13 para Lula e R$40 para a deputada estadual Ana Júlia (PT-PR).

SAIBA MAIS EM: https://diariodopoder.com.br/coluna-claudio-humberto/eua-investigam-corrupcao-que-stf-descondenou

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

A primeira vitória de Moro no Senado


 senador conseguiu as 27 assinaturas necessárias para pedir o desarquivamento do projeto de lei que trata da prisão em segunda instância

O senador Sergio Moro (União-PR, foto) conseguiu as 27 assinaturas necessárias para pedir o desarquivamento do projeto de lei que trata da prisão após condenação em segunda instância.

Desmembrada do pacote anticrime que o ex-juiz apresentou quando era ministro da Justiça, a proposta não foi apreciada na legislatura anterior e foi automaticamente arquivada.

“Conseguimos o apoio de 27 valorosos senadores e senadoras para desarquivar o projeto de lei já aprovado na CCJ que prevê a prisão em segunda instância. Um primeiro passo”, escreveu o senador no Twitter.

“Tenho certeza que outros se somarão a esta luta”, acrescentou.

https://oantagonista.uol.com.br/brasil/a-primeira-vitoria-de-moro-no-senado/?utm_campaign=QUA_TARDE&utm_content=link-902651&utm_medium=email&utm_source=oa-email

GURGEL, O SONHO DE UM FABRICANTE DE AUTOMÓVEIS BRASILEIRO


História mostra o desejo quase obstinado de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel em fabricar um veículo 100% nacional

Por Raphael Panaro

João Amaral Gurgel e o modelo Supermini (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

1º de setembro de 1969 é uma data que vai ficar marcada para sempre na história da indústria automobilística brasileira. Há 50 anos, o engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel realizava um sonho e fundava a Gurgel Motores, uma fabricante de automóveis 100% nacional.

Mas a narrativa começa 20 anos antes. Em 1949, Gurgel se formava na Escola Politécnica de São Paulo. Seu projeto de conclusão da graduação era um carro popular que atendesse as necessidades brasileiras.

O nome era sugestivo: Tião. Reza a lenda que seu orientador jogou um balde de água fria na ideia mirabolante falando que “carro não é algo que se fabrica, carro se compra”. Gurgel apresentou uma proposta de guindaste para finalizar seus estudos. A ideia do automóvel, no entanto, nunca saiu de seu imaginário.

Começou fazendo karts e pequenos modelos infantis. Eram bem feitos, funcionais com motores monocilíndricos e capacidade para duas crianças.

Em setembro de 1969 a coisa ficou mais séria. Ainda em São Paulo, Gurgel fabricou seu primeiro carro: Ipanema. A história da marca traz nomes dos veículos bem enraizados do Brasil, principalmente de tribos indígenas.

Tratava-se de um bugre com capota de lona e feito de plástico reforçado com fibra de vidro. Usava componentes (suspensão e motor a ar 1.6) da Volkswagen. A clássica mecânica de Fusca ajudava na imagem de confiabilidade.

Surpreendeu tanto por sua capacidade no fora de estrada que, quatro anos depois, o Ipanema ficou mais robusto e foi transformado em uma espécie de jipe, com linhas bem quadradas. O nome? Xavante.

 

Gurgel registrou a patente do chamado Plasteel, um chassi que misturava plástico e aço. A carroceria do Xavante continuava a ser feita de plástico reforçado com fibra de vidro – e agora tinha um estepe sobre o capô. As rodas vinham calçadas em pneus de uso misto.

A novidade era o Selectraction, que garantia um bom desempenho off-road. A tecnologia da época consistia, por meio de alavancas, em frear a roda que patinava, por exemplo, e transferir a força para a outra roda com mais aderência e assim vencer o obstáculo – o que faz o diferencial nos dias atuais ou o sistema Locker da Fiat.

O Xavante foi um dos principais produtos da Gurgel, perdurando quase até o fim da empresa. Caiu nas graças do Exército Brasileiro, que comprou um grande lote. Estes modelos caíram nas graças do Exército Brasileiro – havia uma versão específica para as Forças Armadas. Na sequência vieram as evoluções, X-10 e X-12, este último uma variante civil.

Com o sucesso, Gurgel resolver expandir o negócio e, em julho 1973, comprou um terreno em Rio Claro, no interior de São Paulo, para construir uma fábrica maior, que ficaria pronta dois anos mais tarde.

Nesse ínterim, outro passo ousado foi dado: um projeto de carro elétrico. O nome era mais uma homenagem ao Brasil: Itaipu E150, referente a usina hidrelétrica no Paraná. O carrinho minimalista de apenas dois lugares e design geométrico teve 27 protótipos produzidos. Pesava 460 kg, sendo 320 kg apenas das baterias.

A velocidade máxima dos primeiros modelos chegava a 30 km/h – os últimos atingiam 60 km/h. Apesar da previsão de começar a ser produzido em série a partir de dezembro de 1975 – com a expansão da fábrica de Rio Claro –, o Itaipu sofreu naquela época com problemas que são uma grande questão para os veículos elétricos atuais: peso das baterias, autonomia e durabilidade.

O modelo parou na fase conceitual e os protótipos viraram item de colecionador. Se tivesse sido produzido em série, o Itaipu seria o primeiro elétrico feito no Brasil — embora possa ser considerado como tal, uma primazia da Gurgel. A Caoa Chery será a primeira a fazer um modelo elétrico em massa no Brasil, como o sedã Arrizo 5e (confira o teste). 

Mais tarde, em 1980, Gurgel ainda apostaria no Itaipu E400, um furgão também elétrico que fez parte da frota de empresas brasileiras de eletricidade, mas também durou pouco. Tinha o equivalente a 11 cv, 80 quilômetros de autonomia e as baterias levavam até dez horas para serem recarregadas.

 

Voltando a 1976, o X12 passou a ter teto rígido, faróis embutidos na carroceria e um guincho na dianteira com 25 metros de extensão para encarar situações no fora de estrada. Em 1979, Gurgel lançou o furgão X15 – e suas variantes – e expôs sua linha de produtos no importante Salão de Genebra, na Suíça. Nessa época a gama da Gurgel chegava a ter uma gama de dez modelos – todos movidos a gasolina ou álcool.

O empresário não era muito a favor do combustível vegetal. Dizia que era melhor “usar as terras para o plantio de alimentos do que para alimentar veículos”.

No início dos anos 1980 a Gurgel resolve apostar no XEF, um sedã de duas portas e com três bancos dianteiros. Tinha apenas 3,12 metros (um VW up! tem 3,68 m), 680 kg e mecânica da Volkswagen Brasília. O tamanho diminuto, a falta de capacidade para levar grandes bagagens e, sobretudo, o preço prejudicaram as vendar do mini sedã.

Nos anos seguintes, o X12 – principal modelo da Gurgel e que foi rebatizado para Tocantins – passou por diversas atualizações. Até que, em 1984, surgiu o Carajás, uma espécie de SUV da época com motor 1.8 de origem VW e refrigeração líquida – e não a ar como os demais. O desenho era quadradão, com o estepe em cima do capô. A suspensão era independente nas quatro rodas. 

 

Em 7 de setembro 1987, João do Amaral Gurgel ousa novamente. Cria o CENA – sigla para Carro Econômico Nacional. O carro foi projetado para o ser o veículo mais barato vendido no Brasil.

Era pequeno, frágil e usava motores VW modificados: dois cilindros, 650 cm³ (com 26 cv) ou 800 cm³ (com 32 cv) refrigerados a água – à época diziam que era motor de Fusca 1.200/1.300 cortados ao meio, uma mentira.

O nome CENA, por sua vez, foi alvo de conflito com a família do piloto brasileiro Ayrton Senna.  Em 1988, saía o CENA e surgia o icônico BR800. O número foi devido à cilindrada do motor – a Gurgel abandonou o de menor deslocamento.

Gurgel fez uma campanha agressiva de comercialização do novo modelo. A única forma de adquirir o produto era comprando ações da Gurgel Motores S/A, uma ideia para capitalizar a companhia e, com isso, expandir a produção. A campanha citava outro lendário empresário automotivo de sucesso: “se Henry Ford o convidasse para ser seu sócio, você não aceitaria?".

E deu certo: 8 mil pessoas aderiram ao projeto. O carro valia cerca de US$ 3 mil dólares e outros US$ 1.500 foram angariados em venda de participação. Quem comprou se deu bem: um ano depois o BR 800 tinha ágio de 100% e mais de mil unidades emplacadas.

 

O sonho de ter um carro compacto 100% nacional durou pouco, entre 1988 e 1991. Mas teve seus méritos enquanto durou. O motor 0,8 litro, feito de alumínio e silício, foi um deles. Projetado pela própria Gurgel, funcionava bem com refrigeração a água e sistema de ignição que dispensava distribuidor.

Mas não se entendia bem com a transmissão de relações longas, vinda a picape Chevy 500. O resultado era pouca agilidade. Outro problema ficava por conta da ventilação precária da cabine, o que tentou ser resolvido com uma escotilha pequena na capota. Prejudicado pela legislação tributária e pelos fortes concorrentes no mercado, o BR 800 deixou de ser fabricado quatro anos depois do lançamento.

 

A década de 90, que tinha tudo para alavancar a Gurgel, na verdade, teve efeito oposto. O governo do presidente Fernando Collor abriu o mercado e isentou todos os carros com motor menos que 1.0 de IPI – e provocou a vinda de uma enxurrada de fabricantes

Gurgel foi pioneiro e fez o primeiro carro 100% nacional (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Foi a vez do Fiat Uno virar o popular mais vendido, uma vez que a Chevrolet, Ford e Volks apostaram em carros mais pesados (Chevette Junior, Escord Hobby e Gol 1000). Relembre a história dos 35 anos do Uno.

Motomachine - Com portas translúcidas, o Motomachine só poderia ser comprado por acionistas da Gurgel. E neste mesmo ano, o BR-800 passaria a ser vendido sem o pacote compulsório das ações da empresa: qualquer um podia adquirir o veículo.

O BR800 ainda evolui para o Supermini em 1992 para rivalizar com a grande concorrência. O carrinho tinha 3,19 metros de comprimento e apenas 1,90 m de distância entre-eixos.

A Gurgel teve tempo de pensar no projeto Delta para tentar sobreviver. Era outro carro de baixo de custo que tinha, inclusive, previsão de ser feito no Ceará. Porém, o governo do Estado não honrou com os compromissos e o modelo nunca saiu do papel.

Fim da história

Em meados de 1993, o fim do fabricante nacional estava próximo. A Gurgel entra em concordata. A última tentativa de salvar a marca – e a fábrica – foi o pedido de empréstimo de US$ 20 milhões ao Governo Federal. Um ano depois, em 1994, a Gurgel declara falência – 40 mil carros foram vendidos em toda a história –, porém o sonho, a trajetória e a contribuição de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel – que faleceu em 2009 – seguem na memória 50 anos depois.

A história da Gurgel volta à tona em 2004. Mas de uma forma bem esquisita. 

Um empresário paulista aproveitou a prescrição do registro do nome Gurgel no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o comprou – inclusive com o logotipo. Diz-se que pagou módicos R$ 850,00. Fato é que a "nova marca" comercializa triciclos e empilhadeiras chinesas e a sede da empresa está localizada na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.

SAIBA MAIS EM: https://autoesporte.globo.com/carros/noticia/2019/09/gurgel-o-sonho-de-um-fabricante-brasileiro-de-automoveis-se-tornou-realidade-ha-50-anos.ghtml