Por THEODIANO BASTOS
Como Bolsonaro e Mourão se negaram a passar a faixa presidencial, a equipe de transição escolheu uma
pessoa que representava os núcleos da sociedade que foram o pilar da vitória do
petista
A
faixa presidencial foi passada a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por uma mulher negra
e catadora cooperativista. É a primeira vez na história do Brasil que o
fato ocorre. Antes do artefato
chegar ao petista, na tarde deste domingo (1º/1/23), a faixa foi passada pela
mão de outros sete representantes da sociedade: um menino preto, um
homem com deficiência, um metalúrgico, um professor, uma cozinheira, um
artesão ativista e um cacique indígena.
A
tradição do artefato ser passado pelo antecessor não foi seguida por Jair
Bolsonaro (PL), que deixou o país na sexta-feira (30/12) e nem por Hamilton
Mourão (Republicanos). Com a ausência, a equipe de transição escolheu uma
pessoa que representava os núcleos da sociedade que foram os pilares da vitória
do petista. A informação já havia sido adiantada pelo líder do Partido dos
Trabalhadores (PT), Reginaldo Lopes.
Quem é quem
A
passagem da faixa presidencial a Lula foi histórica: além do recebimento do
artefato pela mulher negra, o presidente petista subiu a rampa do Palácio do
Planalto lado a lado de oito pessoas, cada uma que representava um perfil do
povo brasileiro.
Foi
Aline Sousa, de 33 anos, quem passou a faixa presidencial a Lula. Ela é
catadora desde os 14 anos e atua como presidente da Rede CentCoop-DF, além de
ser responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores.
É beneficiária de programas sociais criados por Lula, como Minha Casa, Minha
Vida.
O
menino negro que estava ao lado do presidente se chama Francisco, de 10 anos.
Morador da periferia de São Paulo, ele é filho de uma assistente social e de um
advogado que atua em causas sociais. De acordo com a equipe de transição,
Francisco esteve, com os pais, em manifestações em Curitiba em frente ao
presídio e afirmou que pode ser presidente também após assistir o filme
autobiográfico de Lula.
Também
estava presente no cortejo o cacique Raoni Metuktire, autoridade indígena na
luta dos direitos dos povos originários e da defesa da Amazônia. Da
aldeia Kraimopry-yaka, o cacique de 90 anos tem representatividade
internacional e foi descredibilizado por Jair Bolsonaro (PL), que afirmou que o
indígena "foi cooptado por outros países" ao criticar a gestão do
ex-presidente.
Metalúrgico
do ABC Paulista desde os 18 anos, Weslley Viesba também subiu a rampa com Lula.
Além de ter trabalhar na mesma profissão que Lula antes de se tornar político,
Wesley também tem outros pontos em comum com a gestão do petista: conseguiu se
graduar na universidade por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies),
criado pelo presidente.
Os
professores e professoras também foram representados na passagem da faixa
presidencial: Murilo de Quadros Jesus, de 28 anos, professor de português,
formado em letras - português e inglês na Universidade Tecnológica Federal
do Paraná subiu a rampa com Lula.
A
cozinheira Jucimara Fausto também esteve na passagem da faixa presidencial.
Natural de Palotina (PR), ela se aproximou do movimento Lula Livre ao
participar de um concurso de culinária promovido pelo movimento. Hoje, cozinha
para a Associação dos Funcionários da Universidade Estadual do Maringá.
O
jovem potiguar Ivan Baron representou as pessoas com deficiência (PCDs) ao
subir a rampa ao lado de Lula. Com mobilidade reduzida após ter meningite
viral, ele é referência na luta anticapacitista e é influenciador nas redes
sociais sobre o tema.
Por
fim, o artesão Flávio Pereira, de 50 anos, fecha o grupo que acompanhou Lula
até o púlpito em que recebeu a faixa presidencial. Natural de Pinhalão (PR), o
homem esteve na vigília Lula Livre, em frente ao presídio em que Lula esteve preso
em Curitiba, por 580 dias.
Posse
O
presidente Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto junto
à primeira-dama, Janja Lula da Silva, e os representantes da sociedade,
por volta das 16h53. A passagem da faixa foi acompanhada por cerca de 40 mil
pessoas presentes no local — a lotação foi controlada pela equipe de transição,
que fechou o local assim que o número foi atingido.
Antes
do rito simbólico, Lula e Alckmin passaram por cerimônia oficial no Congresso
Nacional, onde foram empossados e assinaram o termo de posse. SAIBA MAIS EM: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2023/01/5063003-mulher-negra-passou-a-faixa-presidencial-para-lula-veja-fotos.html - https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/01/lula-recebera-faixa-de-crianca-indigena-negro-e-mulher-em-nome-do-povo-brasileiro.shtml E https://veja.abril.com.br/politica/ao-vivo-acompanhe-a-posse-de-lula-como-novo-presidente-do-brasil/