Livro apresenta interfaces entre cérebro e computador aplicados à tecnologia assistiva
Explicar o funcionamento das interfaces entre o cérebro humano e o computador é o principal objetivo do novo livro do professor Teodiano Bastos Filho, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico (CT) da Ufes. Intitulado Introduction to Non-Invasive EEG-Based Brain-Computer Interfaces for Assistive Technologies (Introdução às interfaces cérebro-computador não invasivas baseadas em EEG para tecnologias assistivas), a obra será lançada nesta quinta-feira, 23, pela editora americana CRC Press.
“A publicação fornece uma revisão dos sinais do cérebro humano e do eletroencefalograma (EEG), descrevendo o cérebro anatômica e fisiologicamente. O objetivo é mostrar alguns dos padrões dos sinais de EEG utilizados para controlar as interfaces cérebro-computador”, explica o autor.
O eletroencefalograma (EEG) é um exame que avalia a atividade elétrica do cérebro. Ele amplifica os impulsos elétricos cerebrais e os registra de forma gráfica. Esses impulsos são os responsáveis pelas atividades realizadas pelo corpo humano, transmitidos como comandos cerebrais por meio de neurônios. O exame registra as atividades elétricas cerebrais durante as atividades mentais, motoras e sensórias dos indivíduos.
Já as interfaces entre cérebro e computador (BCIs, do inglês Brain-Computer Interfaces) consistem na comunicação direta entre o cérebro humano e um dispositivo externo. Geralmente, as BCIs auxiliam em assistir, aumentar ou reparar funções motoras ou cognitivas dos seres humanos. Essas tecnologias, que aproveitam os sinais cerebrais das pessoas, possibilitam, por exemplo, que indivíduos que sofreram algum tipo de acidente possam recuperar alguns de seus movimentos. São recursos tecnológicos que contribuem para a reabilitação e a melhoria na qualidade de vida de pessoas com algum tipo de deficiência ou com algum tipo de doença neuromuscular.
“Este livro tem como objetivo trazer ao leitor uma visão geral das diferentes aplicações das interfaces cérebro-computador, com base em mais de 20 anos de experiência trabalhando nessas interfaces. Uma publicação destinada a pesquisadores, profissionais e estudantes que trabalham com tecnologia assistiva”, enfatiza Bastos Filho.
Recursos de reabilitação
Na publicação, são apresentadas diferentes interfaces entre o cérebro humano e o computador, como o comando de uma cadeira de rodas robótica (e também de um sistema de bordo de comunicação alternativa com pessoas ao redor) por meio de sinais cerebrais de indivíduos com deficiências motoras severas; de um robô de telepresença; do carro autônomo da Ufes; de um monociclo robótico e de um exoesqueleto robótico. São recursos de reabilitação desenvolvidos que auxiliam na locomoção e na comunicação humana de indivíduos com deficiências motoras severas.
O livro apresenta também os primeiros passos para construir um sistema de neurorreabilitação baseado na imaginação do movimento e no uso de um ambiente virtual imersivo.
A obra será lançada on-line e poderá ser adquirida no site da Amazon ou diretamente no site da Editora. Mais informações sobre o livro estão disponíveis aqui.
Tecnologia assistiva
O livro Introduction to Non-Invasive EEG-Based Brain-Computer Interfaces for Assistive Technologies é a segunda publicação do professor Bastos Filho lançada pela editora americana. A primeira, intitulada Devices for Mobility and Manipulation for People with Reduced Abilities (Dispositivos para mobilidade e manipulação para pessoas com habilidades reduzidas), foi editada em 2014.
Nesse primeiro livro (disponível aqui), o professor apresenta o desenvolvimento e a aplicação de tecnologia assistiva, com o objetivo de ajudar pessoas com habilidades reduzidas a melhorar sua qualidade de vida e reduzir sua dependência de outras pessoas. Destaca também várias tecnologias de mobilidade e apresenta um material técnico, mas também acessível para pessoas com habilidades reduzidas e para seus cuidadores.
O professor Teodiano Bastos Filho atua também nos programas de pós-graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) e em Biotecnologia (PPGBiotec), ambos da Ufes. Desenvolve pesquisas nas áreas de Engenharia Biomédica, robótica industrial, automação, uso de robôs para interagir com crianças autistas, tecnologia assistiva, bioinformática e processamento de sinais biológicos.