“Quando A
China Despertar... O Mundo Tremerá” disse Napoleão Bonaparte, citado em livro por Alain Peyrefitte
Por Isaac Averbuch, ex-diretor da ANEEL
Amigos, esta é uma leitura obrigatória!
Quando a URSS desintegrou-se e caiu o Muro de
Berlim, muita gente pensou que o comunismo havia acabado. Ledo engano: nunca
esteve tão vivo e perigoso. Mas a ameaça agora vem do outro lado do planeta.
O comportamento da China tem revelado que se trata
da pior e mais temível ditadura que a humanidade já conheceu. Esqueçam a URSS,
porque diante do dragão chinês Lênin e Stalin eram aprendizes de feiticeiro. O
pavoroso regime nazista durou pouco mais de uma década e, felizmente, não
deixou filhotes pelo mundo afora. Para quem gosta de números, basta dizer que
estima-se que o regime implantado por Mao matou, só na China, mais gente do que
a Segunda Guerra Mundial inteira. Detalhe: eram seus próprios compatriotas. Nem
vou mencionar as mortes causadas por regimes inspirados por ele em outros
países.
O regime chinês é muito mais ameaçador que outros
regimes totalitários porque se trata de uma ditadura rica (como a URSS jamais
foi), com meios tecnológicos nunca vistos, um poderio militar cada vez maior e
com atuação global como nenhuma outra alcançou. A China, de forma cada vez mais
explícita, apresenta seu projeto de hegemonia mundial, algo assustador e que
precisa ser combatido o mais breve possível. O Ocidente precisa entender que no
nosso planeta há vários mundos e os valores praticados em cada um deles são
muito distintos. A China é um desses outros mundos. Não se pode tratar a China
como as nações ocidentais tratam-se, umas às outras, simplesmente porque seu
governo e seu povo têm valores e concepções de mundo totalmente diferentes e
não estão dispostos a abrir mão deles para se comportar como achamos que todas
as nações deveriam, inclusive porque acreditam que ninguém tem poder suficiente
para obrigá-los a fazer isso.
Para a China, valores como liberdade, democracia
respeito a direitos humanos são assuntos totalmente irrelevantes. Afinal, seu
povo nunca conheceu a liberdade. Lá não há respeito a tratados e contratos,
exceto quando lhes beneficiam. O Judiciário é uma simulação grotesca. Não se
respeita a propriedade intelectual. Não há liberdade religiosa. É um regime
racista, pois tem como política a eliminação física ou cultural de minorias
étnicas, algumas das quais submetidas à força ao regime chinês, como é o caso
do Tibet ou dos muçulmanos de Xinjiang, esses submetidos a "campos de
reeducação". Para a China só existe uma coisa: os interesses do partido
comunista e seus líderes e burocratas e não há escrúpulos na busca desses
interesses. Evidentemente, eles negam toda essa realidade.
Na China não existe mais privacidade. O controle
sobre a internet é amplamente conhecido. Quem quiser usar o wi-fi de um
aeroporto precisa usar um chip adquirido na China, ou seja, tudo o que for
feito no telefone poderá ser rastreado. Não há "ponto cego" nas
estradas chinesas. Todos os carros são fotografados em cada uma das estradas.
Nas salas de aula os estudantes são filmados e recursos de inteligência
artificial analisam as expressões dos alunos para saber se estavam atentos ou
sonolentos durante as aulas. O que os professores dizem, claro, é gravado. Eu
estive na Praça da Paz Celestial. Mais de 30 depois, ainda hoje a praça é
cercada, todos que lá entram são revistados e cada poste tem, no mínimo, seis
câmeras.
Dito isso, agora se observa que ao regime chinês
não é suficiente exercer uma implacável censura e sufocar qualquer forma de
oposição dentro das suas fronteiras. Pretende exercer essa censura pelo mundo
afora, determinando o que as pessoas podem dizer ou não a respeito do seu regime
cruel. A China nos pretende "conceder o direito" apenas de elogiá-la,
já que a ditadura de Xi Jin Ping não aceita qualquer espécie de crítica. Quem a
critica fica sujeito a sanções comerciais. Ou seja, uma espécie de chantagem: o
silêncio sobre o regime atroz é obtido mediante ameaça. O regime contrariado
com as opiniões de uma pessoa usa isso para ameaçar um país inteiro.
Quanto ao fato de a China ser o maior parceiro
comercial do Brasil, isto é um fato, mas na verdade isso é um espantalho, como
se a China comprasse as nossas mercadorias por amizade, quando, na verdade o
faz por puro interesse comercial: os produtos que lhes vendemos são bons e
competitivos. Além disso não há muitas alternativas no mundo para fornecer, de
uma hora para outra, os milhões de toneladas de ferro e soja que a China
precisa. Se a China criar alguma dificuldade no comércio e for buscar produtos
em outros mercados, nossos exportadores terão um pouco mais de trabalho, mas
conseguirão vender suas mercadorias. Aliás, qualquer pessoa do mundo dos
negócios sabe que a dependência de um único grande comprador ou fornecedor
nunca é uma situação muito segura. Seria bom que nossos exportadores buscassem
diversificar a sua atuação ao invés de, alegremente, se submeterem às ameaças
chinesas.
Essa pandemia mostrou claramente ao mundo o risco
que é depender da China e contar com a inexistente boa fé do seu regime. A
esmagadora maioria dos produtos de uso médico é produzida na China. Só que a
China também "produz" epidemias e não avisa tempestivamente quando
elas ocorrem. A China manipula dados, para esconder os fracassos do governo
(algo típico dos regimes comunistas). E, não mais que de repente, o mundo fica
de joelhos, sem poder sequer reclamar de quem causou os problemas e tendo que
agradecer pela "ajuda" que recebe e pela "boa vontade"
chinesa de vender produtos e insumos médicos. Isso tudo enquanto assiste, sem
piar, a China leiloando essas mesmas mercadorias que já haviam sido pagas por
diversos países. Não vou acusar a China de ter criado ou espalhado
propositalmente o novo coronavírus, mas a esta altura, estão estudando
minuciosamente as fragilidades sanitárias e econômicas do Ocidente frente a uma
eventual guerra biológica.
Há pouco anos a China anunciou um projeto
gigantesco, a "Nova Rota da Seda", para, supostamente, ampliar o
comércio mundial. O plano é outro: aumentar ainda mais a dependência do mundo
em relação aos produtos fabricados na China e ampliar sua influência política,
emparedando o Ocidente. A pandemia deixou evidente que a "Nova Rota da
Seda" é o caminho para o suicídio do mundo ocidental. Não há como competir
com a China. Para usar o vocabulário marxista, lá há um "exército
industrial de reserva" de centenas de milhões de pessoas dispostas a
trabalhar em condições inimagináveis em troca de um prato de arroz. O
desrespeito escancarado à propriedade industrial elimina os custos e os riscos
de pesquisa que as empresas nos países do Ocidente precisam assumir para criar
novos produtos. As práticas comerciais chinesas são condenadas no restante do
mundo.
A pergunta que fica é: como enfrentar a China e
garantir a liberdade e a prosperidade, a longo prazo, do mundo livre? nenhum
país sozinho pode fazer isso, nem os EUA. Mas, por sua sobrevivência, o
Ocidente precisa encontrar um modo de fazê-lo. O mundo não pode ficar à mercê
dos hábitos alimentares exóticos dos chineses e das manipulações do seu governo
comunista. Isso não é trabalho para um governante, é um trabalho para gerações
e para estadistas. A atual geração de líderes ocidentais é extremamente
medíocre e não tem capacidade intelectual ou de liderança para tal empreitada,
mas é importante que o trabalho de contenção comece já. Seja no campo
comercial, seja no campo militar, começando por barrar as pretensões
hegemônicas da China sobre o Pacífico e restringir as suas práticas comerciais
desleais. É preciso recuperar a autonomia ocidental na produção da maioria dos
produtos hoje fabricados na China. Também é necessário evitar o domínio da
China sobre as organizações multilaterais, como a OMS, onde instalou um lacaio
na presidência. Os chineses já começaram a apropriar-se dos recursos naturais
da África, valendo-se da miséria crônica e dos governos corruptos que abundam
naquele continente e já colocou seus pés firmemente na Europa. Já instalou a
sua primeira base militar fora da Ásia, no Djibuti, um país paupérrimo, bem na
rota do petróleo pelo Canal de Suez. Também se apropriou do petróleo
venezuelano ao apoiar o criminoso regime de Maduro, que ainda não desabou
apenas por esse motivo. Já começaram a investida no terreno das comunicações
(no Brasil associaram-se à Globo e compraram parte da Band). Um eventual
controle chinês sobre a internet é uma ameaça global para a qual a imensa
maioria das pessoas ainda não se atentou, mas deveria, porque o risco é real e
imediato e os danos provavelmente serão irreversíveis.
Importante ressaltar: quando eu falo da China,
estou me referindo ao seu regime comunista, não ao seu povo. O povo chinês já
trouxe importantes contribuições à humanidade, como a bússola, o papel e a
pólvora. Nos deram grandes filósofos, como Confúcio e Lao Tsé e têm
manifestações artísticas admiráveis. Tirando os excessos de exotismo, sua
culinária é admirada no mundo inteiro. Ao contrário do seu Partido Comunista, o
povo chinês é pacífico. Basta observar o comportamento de Taiwan, um país
etnicamente composto por chineses e comparar com o da Coreia do Norte, que a
China sustenta para ameaçar, por procuração, o Ocidente e seus aliados na Ásia
enquanto Xi Jin Ping faz discursos pela cooperação mundial e pela liberdade de
comércio.
O povo chinês é uma coisa, o partido comunista e
seu regime são outra. Não nos enganemos: a ditadura chinesa é um perigo que ou
enfrentamos de forma decidida ou em poucas décadas estaremos tomando sopa de
morcego e sendo obrigados a dizer que é gostoso.