Força-Tarefa Conjunta
Capixaba custou R$ 37,5 milhões ao Governo Federal
O ministro da Defesa, Raul
Jungman, esteve no Espírito Santo nesta terça-feira (7) para divulgação do
balanço da Operação Capixaba
A atuação das Forças Armadas e
dos homens da Força Nacional no Espírito Santo custou R$ 37,5 milhões ao
Governo Federal. A missão denominada Força-Tarefa Conjunta Capixaba visou
retomar a estabilidade e a segurança da população em meio ao caos gerado pela
paralisação da Polícia Militar, iniciada no dia 4 de fevereiro.
Segundo o ministro da Defesa,
Raul Jungman, que esteve no Espírito Santo nesta terça-feira (7) para
divulgação do balanço da Operação Capixaba, só de combustível foram gastos 67
toneladas de óleo diesel, e aproximadamente a mesma quantidade de querosene de
aviação. "Nós tivemos 3,4 mil homens. Aí você soma a alimentação,
lavanderia, saúde, etc. Tudo isso envolveu esse custo”, explicou.
O balanço mostra que foram
empregados 3.169 homens das Forças Armadas, sendo 2.637 do Exército, 382 da
Marinha e 150 da Força Aérea Brasileira, além de outros 287 da Força Nacional.
Considerando os veículos, foram 227 viaturas,7 blindados e quatro helicópteros.
As aeronaves são de Taubaté, em São Paulo, e os blindados do Rio de Janeiro, e
voltam na quinta-feira para os locais de origem.
No quesito atuação dos militares,
foram 11.645 abordagens, 108 prisões, 1.585 patrulhas, 38 operações, 490
bloqueios em vias e 260 horas de voo com as aeronaves utilizadas pela
Força-Tarefa. Durante os dias de paralisação da PM, 200 pessoas foram
assassinadas, de acordo com dados do Sindicato dos Policiais Civis do Estado
Espírito Santo (Sindipol-ES).
As tropas das Forças Armadas e da
Força Nacional começaram a deixar o Estado no último final de semana. Cerca de
mil homens já saíram das terras capixabas e outros 2 mil devem partir até
quinta-feira (9).
PM inicia processo de
avaliação para demissão de dois tenentes-coronéis
O chamado Conselho de
Justificação, a mais elevada instância de punição administrativa para os
oficiais, foi publicado na edição do Diário Oficial desta terça-feira (7)
A Polícia Militar deu início ao
processo para a demissão de dois tenentes-coronéis. Um deles é Carlos Alberto
Foresti, que está detido no presídio da corporação. O outro é Alexandre
Quintino Moreira, chefe do Comando de Polícia Ostensiva da Região Sul (CPO
SUL).
O chamado Conselho de
Justificação, a mais elevada instância de punição administrativa para os
oficiais, foi publicado na edição do Diário Oficial desta terça-feira (7). O
decreto, para cada um dos militares, foi assinado pelo governador Paulo Hartung.
No documento ele indica seis
coronéis, três para cada caso, que serão responsáveis pela condução das
investigações, com prazo de 30 dias para serem concluídas, incluindo a remessa
do relatório para o próprio governador.
Foresti é um dos quatro militares
que tiveram a prisão decretada. Capitão Assumção, Sargento Aurélio Robson
Fonseca da Silva, soldado Maxson Luiz da Conceição e Foresti são acusados de
incitar o movimento grevista e de aliciamento de outros policiais, com a
divulgação de áudios e vídeos em redes sociais.
No dia 8 de fevereiro, Foresti
teve uma crise nervosa no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), no
Ciodes e foi levado para ao Hospital da Polícia Militar, de onde foi liberado.
Segundo investigações feitas pela
Corregedoria da Polícia Militar, e que subsidiou o pedido de prisões feitos
pelo Ministério Público estadual, um pouco antes do surto, Foresti teria dado
ordens para que todos os militares que atuam no Ciodes desligassem seus
radiocomunicadores, o que impediria o atendimento das chamadas.
Logo depois, teria ordenado a um
sargento que gravasse um áudio e o remetesse para o soldado Maxson Luiz da
Conceição, presidente da Associação Geral dos Militares (Agem) para que este o
divulgasse nas redes sociais. Mais tarde divulgou outro vídeo. Maxson também
está preso por incitação ao movimento paredista.
Já o tenente-coronel Quintino
saiu em defesa do movimento grevista dos militares. Em entrevista ao ES TV 1ª
Edição Sul, emissora da TV Gazeta, o oficial legitimou o movimento,
acrescentando que muitos policiais estão passando por necessidades básicas,
devido à defasagem do salário. E disse: “A minha panela está vazia, assim como
a panela do cabo está vazia, o nosso salário está defasado, isso é uma
verdade”, disse Quintino.
Os dois militares respondem ainda
a inquéritos policiais militares (IPMs). Seus nomes foram os primeiros a serem
divulgados pelo governo. São processos que tramitam na área criminal, com
acusações de crimes militares, como motim ou revolta, que podem resultar em
penas que podem chegar a 20 anos.
RITO
O major Rogério Fernandes Lima,
presidente da Associação dos Oficiais Militares (Assomes) explica que este tipo
de comissão processante conta com a participação de um presidente, um
interrogante e relator e ainda de um escrivão. São eles que vão investigar os
casos, ouvir testemunhas e os acusados. “Todos terão oportunidade de serem
ouvidos e apresentarem as suas defesas”, explicou.
Ao final dos trabalhos,
acrescentou, o conselho elabora um relatório, com um parecer, que será
apresentado ao governador, a quem caberá a decisão final de demitir ou não o
militar. Nos casos de demissão, o processo é encaminhado para o Tribunal de
Justiça, que fará uma análise dos ritos. “Vai checar se todo o processo
respeitou o que determina a lei, se as testemunhas e o acusado foram ouvidos,
se foi garantido o direito de defesa”, relata Fernandes.
Se for verificado que o rito está
correto, o Tribunal de Justiça confirma a decisão do governador e os militares
são demitidos da corporação.
DEFESA
A advogada Karina Nunes, que faz
parte da equipe de defesa do tenente-coronel Foresti, informou nesta
terça-feira (7) que serão adotados todos os recursos possíveis para provar a
inocência dele.
Na avaliação da advogada, o que
acontece no momento tem uma “forte conotação política” e destaca que o militar
está de atestado médico. “O atestado tem validade de 30 dias e ele ainda está
no curso do tratamento. Suas atitudes são efeito dos remédios que está tomando.
É um desrespeito”, assinala.
Ela pontua ainda que outras
pessoas que tiveram contato com o movimento grevista, até com uma “ação mais
contundente, não estão sendo alvos de represálias e prisões”, e
destaca que Foresti atua há 24 anos na polícia e que a ficha funcional
dele conta com vários elogios. “E numa situação de surto, acaba sendo execrado.
Vamos fazer de tudo para superar esta situação de injustiça”, assinala Karina.
Nossa reportagem não conseguiu
identificar quem faz a defesa do tenente-coronel Quintino. Fonte: www.gazetaonline.com.br 08/03/17