QUEM SOU EU?
Theodiano
Bastos
A poetisa Cecília Meireles dá uma
contribuição extraordinária ao confessar a dificuldade em conhecer-se ao dizer:
“Se me contemplo/Vejo-me
tantas/Que não sei quem sou”.
Também poeta Walt Whitman diz: “Eu sou contraditório, sou imenso. Há
multidões dentro de mim”.
É verdade consagrada pelo tempo que a
admiração é o começo da sabedoria. E a história humana registra que as melhores
das energias do homem têm sido despendidas em conseguir maiores conhecimentos a
respeito de si mesmo e do mundo ao seu redor. Com sua capacidade intelectual e
a força de imaginação, o homem tem conseguido enxergar coisas que ainda não
existem e assim conseguir chegar às grandes descobertas em todos os campos. Freud
era pessimista com o homem e acreditava na sua tendência para o mal, para a
destruição, não só de si mesmo como da civilização. Mas com o passar dos
tempos, passou também a acreditar que o homem poderia domar sua maldade através
da “sublimação”.
Mas a maioria de seus seguidores, hoje consegue provar
que o homem tem dentro de si mesmo, tanto o bem como o mal, tanto forças
destrutivas como construtivas. Erich Fromm, por exemplo, no seu extraordinário
livro “O Coração do Homem” e sua tendência para o bem e para o mal, explica muito
bem os tipos de indivíduos; os dotados de tendências destrutivas, (a
necrofilia, o amor à morte) e os dotados de forças construtivas (a biofilia, o
amor à vida). Karen Horney também é otimista sobre a possibilidade de o ser
humano sublimar sua tendência à destruição. À beira da morte, condenado a beber
a cicuta, seus discípulos angustiados perguntaram-lhe: Mestre, como o senhor
resumiria toda a sua filosofia? E ele respondeu: — Conhece-te a ti mesmo para
conheceres os deuses e o universo, que também consta no portal do templo de
Delfos. Cristo, que como Sócrates, também não deixou seus ensinamentos por escrito, dizia a seus
discípulos: “A Verdade vos libertará”.O apelo ao mergulho dentro de si mesmo vem
de milênios, desde o tempo da Grécia antiga. Em nossos dias Soren Kierkegaard
dizia: “Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de aventurar-se é perder a si
mesmo... E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar
consciência de si mesmo”. As pessoas, quando educadas para enxergarem
claramente o lado sombrio de sua natureza, aprendem ao mesmo tempo a
compreender e amar seus semelhantes.
Com o
método da livre associação, Freud tornou possível a psicanálise, o mergulho
dentro de si mesmo, tornando ciência o caminho da reorientação pelo
conhecimento de si mesmo. “Uma das poucas alegrias da vida numa época de
ansiedade, é o fato de sermos forçados a tomar consciência de nós mesmos”, diz
Rollo May. Como a neurose é uma perturbação nas relações de um ser consigo
mesmo e com o próximo, ela causa forte dose de angústia, fobias e medos difusos.
Mas, se prevalecer a deliberação de modificar-se, o efeito libertador do auto-conhecimento
será um alívio, pois a determinação de
modificar-se constitui, por certo, um força poderosa e valiosa, indispensável
para efetuar qualquer mudança.
Mas é preciso
alertar que o caminho do auto-conhecimento será árduo no processo de desilusão,
mas à medida que vai descobrindo que pode realmente viver melhor sem suas desilusões,
que pode viver melhor sem elas, vai-se adquirindo fé em si mesmo, conforme
ensina Karen Horney nas suas obras “Conheça-se a Si Mesmo” e a “Personalidade
Neurótica de Nosso Tempo”, publicados pela editora Civilização Brasileira. O ódio, por exemplo, é destrutivo. Mas há o ódio
racional, reativo e o irracional, condicionado pelo caráter. O ódio racional é
a reação de uma pessoa contra a ameaça à vida, liberdade ou idéias, suas ou de
outra pessoa. Sua premissa é o respeito à vida e cessa de existir quando a
ameaça é afastada. Já o ódio irracional, a paixão para destruir e lesar a vida,
condicionado pelo caráter, difere em qualidade. É um traço de caráter, uma
disposição contínua para odiar, que subsiste no íntimo da pessoa que é hostil,
continua ensinando o mestre Fromm, que completa: “O objetivo da vida é nascer
plenamente, mas a tragédia consiste em que a maior parte de nós morre sem ter
nascido plenamente. Viver é nascer a cada instante”.
“Uma
noite, sentados ao redor da fogueira, estavam um velho índio e seu neto.
O
sábio índio estava tentando explicar ao menino de uma forma simples e fácil,
sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse:
- "Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós".
Um é Mau - Cheio de raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça,
arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade,
orgulho falso, superioridade e ego.
O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade,
humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade,
compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
- " E qual o lobo que vence?"
Ele disse:
- "Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós".
Um é Mau - Cheio de raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça,
arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade,
orgulho falso, superioridade e ego.
O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade,
humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade,
compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
- " E qual o lobo que vence?"
O velho índio sabiamente respondeu:
- "Aquele que você alimenta!"
- "Aquele que você alimenta!"
O texto
está na Internet no Blog OFICINA DE
IDÉIAS – (theodianobastos.glogspot.com e theodianobastos.blog.terra.com.br).
Theodiano Bastos é escritor,
autor dos livros: O Triunfo das Idéias,
A Procura do Destino e coletâneas publicadas pela UFES/CEPA e é presidente
da ONG CEPA – Círculo de Estudo,
Pensamento e Ação, em Vitória – ES