Por THEODIANO BASTOS
Culpa, vergonha e solidão. O uso problemático da pornografia é um perigo que assola homens e mulheres, trazendo sérios prejuízos físicos e mentais. O Brasil é o sétimo maior consumidor de conteúdos adultos do mundo
No silêncio do quarto, nas luzes apagadas. "Fique tranquilo, ninguém está vendo" é o que aquela voz interior costuma dizer. Um, dois, três, quatro vídeos. Assim, horas se passam e os dias ganham forças contrárias. Nas relações interpessoais, os afetos se perdem. Dentro de si, sentimentos de culpa, solidão e vergonha. Isso é o que acontece quando o consumo compulsivo de pornografia acaba destruindo vidas e trazendo sérios prejuízos psicológicos àqueles que não conseguem se distanciar desse universo.
De fato, não é novidade que tais danos existam, apesar de serem pouco abordados e, em muitos momentos, não validados ou encarados com a seriedade necessária. Mas, sim, eles estão à espreita esperando o instante certo de se instalar. Segundo o relatório de 2024 do Pornhub Insights, plataforma de conteúdo adulto, o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking entre os países que mais consomem pornografia no mundo. Tanto nacional quanto mundialmente, os homens são os que mais passam horas assistindo a esse tipo de material.
Contudo, a pesquisa, que é feita anualmente, observou um crescimento entre o público feminino, que registrou um percentual de 38% em relação aos acessos globais da plataforma — estatística maior que a de 2014, por exemplo, quando o índice era de 24%. Em território brasileiro, essa soma acompanha o crescimento global. Ainda existe carência de pesquisas mais aprofundadas sobre o tema na comunidade científica.
Psiquiatra e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Thiago Henrique Roza destaca que a pornografia pode, realmente, causar dependência — termo correto para empregar quando estiver correlacionado ao consumo em excesso.
"Essa é a expressão que usamos, mais tecnicamente, porque vício remonta, de certa forma, uma questão de fracasso moral. Sabemos que é uma doença, com um processo patológico, por isso chamamos de dependência", explica. E o uso problemático, segundo Thiago, nasce com o prazer e a gratificação sexual desse momento em que o indivíduo e as telas se conectam, especialmente se houver excesso e compulsão.
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