Por THEODIANO BASTOS
O
bug da tela azul: saiba como o apagão cibernético atingiu o mundo todo
Pela primeira vez na história, computadores do mundo inteiro sofreram pane por causa de uma falha na Microsoft. Aeroportos, bancos e hospitais foram os mais afetados. O Brasil sofreu os efeitos colaterais do incidente iniciado nos EUA
Atualização de software de uma única empresa de
segurança cibernética causou caos na sexta-feira (19), ressaltando a
fragilidade da economia global e sua dependência de sistemas de computador
Quando computadores e sistemas de tecnologia ao redor
do mundo caíram nesta sexta-feira (19), sobrecarregando aeroportos, fechando
escritórios e limitando as operações prisionais, muitas pessoas tinham uma
pergunta: como isso pôde acontecer em 2024?
Uma atualização de software de uma única empresa de
segurança cibernética, a CrowdStrike, sediada nos EUA, foi a causa raiz do
caos, ressaltando a fragilidade da economia global e sua dependência de
sistemas de computador aos quais relativamente poucas pessoas dão importância.
“A maioria das pessoas acredita que, quando o fim do
mundo chegar, será a IA [Inteligência Artificial] tomando conta de algum tipo
de usina nuclear e desligando a eletricidade”, brincou com a CNN Costin
Raiu, um pesquisador de segurança cibernética de longa data.
“Enquanto na realidade, é mais provável que seja
algum tipo de pequeno código em uma atualização malfeita, causando uma reação
em cascata em sistemas de nuvem interdependentes.”
Atualizações de software são uma função crítica
na sociedade para manter os computadores protegidos contra hackers. Mas o
processo de atualização em si é crucial para dar certo e proteger contra
adulteração. Uma confiança inerente — e alguns dizem equivocada — nesse
processo foi furada na sexta-feira.
CrowdStrike está em todo lugar
Várias empresas da Fortune 500 usam (lista das 500
maiores corporações dos EUA por receita total) o software de segurança
cibernética da CrowdStrike para detectar e bloquear ameaças de hacking.
Computadores executando o Microsoft Windows — um dos
programas de software mais populares do mundo — travaram devido à maneira
defeituosa como uma atualização de código emitida pela CrowdStrike está
interagindo com o Windows.
A CrowdStrike, uma empresa multibilionária, expandiu
sua presença ao redor do mundo em mais de uma década de negócios.
Muito mais empresas e governos agora estão protegidos
de ameaças cibernéticas por causa disso, mas o domínio de um punhado de
empresas no mercado de antivírus e detecção de ameaças cria seus próprios
riscos, de acordo com especialistas.
“Confiamos muito nos provedores de segurança
cibernética, mas sem diversidade; criamos fragilidade em nosso ecossistema de
tecnologia”, disse Munish Walther-Puri, ex-diretor de risco cibernético da
cidade de Nova York, à CNN.
“’Vencer’ no mercado pode agregar riscos, e então
todos nós — consumidores e empresas — arcamos com os custos”, disse
Walther-Puri.
A CNN solicitou comentários da
CrowdStrike.
Como evitar que isso aconteça novamente
A ampla gama de provedores de infraestrutura crítica
afetados pela interrupção também deve levantar novas questões entre autoridades
e executivos corporativos dos EUA sobre se novas ferramentas políticas são
necessárias para evitar catástrofes no futuro.
Anne Neuberger, uma autoridade sênior de tecnologia e
segurança cibernética da Casa Branca, falou sobre os “riscos da consolidação”
na cadeia de suprimentos de tecnologia quando questionada sobre a paralisação
de TI na sexta-feira.
“Precisamos realmente pensar sobre nossa resiliência
digital, não apenas nos sistemas que executamos, mas nos sistemas de segurança
conectados globalmente, os riscos de consolidação, como lidamos com essa
consolidação e como garantimos que, se um incidente ocorrer, ele poderá ser
contido e poderemos nos recuperar rapidamente”, disse Neuberger no Aspen
Security Forum em resposta a uma pergunta sobre a interrupção de TI.
Apagão cibernético global paralisa voos e afeta TVs,
bancos e hospitais nesta sexta-feira (19) / Harun Ozalp/Anadolu via Getty
Images
O cenário caótico que ocorreu na sexta-feira não
envolveu um agente malicioso, mas autoridades governamentais ao redor do mundo
provavelmente estarão imaginando o que poderia ter acontecido.
O infame hack do governo dos EUA usando o software
SolarWinds em 2020, que autoridades dos EUA atribuíram à Rússia, ocorreu por
meio de uma atualização de software adulterada.
Esse hack não foi nem de longe tão perturbador, mas
outro suposto hack russo em 2017 causou bilhões de dólares em danos à economia
global porque o código malicioso se espalhou como um incêndio.
O episódio do CrowdStrike “demonstra o dano sério que
poderia ser infligido por um adversário malicioso se ele quisesse”, disse
Tobias Feakin, ex-embaixador de segurança cibernética e tecnologia crítica no
Ministério das Relações Exteriores da Austrália, à CNN.
SAIBA MAIS EM: https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2024/07/6902612-o-bug-da-tela-azul-saiba-como-o-apagao-cibernetico-atingiu-o-mundo-todo.html E https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/apagao-cibernetico-como-a-tecnologia-mundial-caiu-de-uma-so-vez/
RUBENS PONTES, com quase 102 anos, comenta sobre o APAGAÃO CIBERNÉTICO : O imponderável será sempre uma possibilidade, não é. Theodiano Bastos?
ResponderExcluir