“O mais atrevido e
escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no
Brasil”, segundo a definição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O mensalão, (Ação
470), era mesmo um sofisticado esquema criminoso. Tinha três núcleos: o
político, o operacional e o financeiro.
A definição das penas do núcleo político petista está sendo vista, e não só no estrangeiro, como demonstração de que o tempo da impunidade de ricos e poderosos está ficando para trás. Não creio que a corrupção desaparecerá da nossa vida política, mas o julgamento do mensalão pode ser o início de um processo que transformará a corrupção política em jogo de alto risco. A certeza da punição se encarregará de refrear o apetite com que hoje políticos de todos os partidos se jogam na corrupção, na certeza de que nada lhes acontecerá.
Da
mesma forma, os chamados “crimes do colarinho-branco” têm nas decisões do STF
caminhos mais claros para serem punidos, com a jurisprudência que ficará sobre
lavagem de dinheiro ou formação de quadrilha, por exemplo, sem falar na famosa
teoria “do domínio do fato”, que, com base em provas testemunhais e
indiciárias, pode ser usada com mais frequência em crimes em que o mandante não
costuma deixar rastros visíveis.
Decisão do STF deixa Dirceu inelegível até 2031
A inelegibilidade decorre da aplicação da Lei da Ficha Limpa (135/2010). Sancionada em 2010, essa lei prevê inelegibilidade de oito anos para os condenados por órgãos colegiados. Anota que o prazo começa a ser contado após o cumprimento da pena.
O STF anunciou nesta
segunda-feira a pena de dez anos e dez meses de prisão para o ex-ministro da
Casa Civil, José Dirceu, mais multa de R$ 676 mil. Ele foi condenado por
formação de quadrilha e corrupção ativa.
Homem forte do
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu ainda goza de
prestígio no partido e deve continuar influente, mesmo após a condenação, de
acordo com analistas.
“Ele com certeza vai
continuar influente. Se estiver dentro da cadeia, ele dá as ligações dele de
lá”, diz o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília
(UnB). “Estou convencido de que se alguém desse esquema for preso, eles vão
continuar com os esquemas dentro da cadeia.”
Para o cientista
político Matthew Taylor, da American University, em Washington (EUA), Dirceu
ainda é um político muito influente, "capaz de continuar a operar, apesar
de ter sido condenado no mais alto tribunal do país por alguns atos bem sujos".
O ex-presidente do PT José Genoíno foi
sentenciado a seis anos e 11 meses e multa de R$ 468 mil. O ex-tesoureiro do
partido, Delúbio Soares, também foi condenado.
O
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
foi condenado a 8 anos e 11 meses de prisão por seu envolvimento no mensalão,
decidiu nesta segunda-feira o Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-tesoureiro
do PT também terá que pagar R$ 325 mil.
Já Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, havia aceitado um carro da marca Land Rover de presente da empreiteira GDK. A empresa tinha contratos com a Petrobras. Escapou do julgamento do mensação graças ao acordo com o Justiça que lhe permitiu cumprir uma pena alternativa e hoje é um próspero empresário e tendo a Petrobras como patrocinadoras de seus eventos...
Os
ministros do Supremo Tribunal Federal definiram uma pena inicial de 14 anos
para Ramon Hollerbach, ex-sócio do publicitário Marcos Valério, considerado o
operador do esquema de compra de apoio político que ficou conhecido como
mensalão. Ele também deverá pagar um multa de R$ 1,634 milhão.
A
ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, do núcleo financeiro do esquema,
foi condenada nesta segunda-feira a 16 anos e oito meses de prisão, o que
significa que a pena será cumprida inicialmente em regime fechado. Ela foi a
primeira integrante do núcleo financeiro do mensalão a ter as penas decididas
pelos ministros do Supremo, para os crimes de formação de quadrilha, lavagem de
dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas. Kátia, a primeira banqueira
condenada pelo STF, também terá de pagar multa de R$ 1,5 milhão.
“Estamos a tratar de uma grande organização criminosa”, disse o Ministro Celso de Mello (STF) sobre os mensaleiros que atuavam à sombra do poder. O que se viu, então, é que os ministros do Supremo — a maioria nomeada por governos petistas, (7 dos 10 atuais ministros) e com a indicação de Teori Albino Zavascki, para substituir Cezar Peluso, aposentado compulsoriamente aos 70 anos em 20/08/12, o STF volta a ter 8 dos 11 ministros indicados pela República Sindical.
Como
dirigentes partidários ousam suspeitar da isenção de uma Corte cujos membros em
sua maioria foram indicados por Lula e Dilma e que, portanto, não têm qualquer
razão para lhes ser deliberadamente hostis?
Os juízes do STF não julgaram um caso comum,
mas um estratagema golpista devotado a esvaziar de conteúdo substantivo a
democracia brasileira. Segundo o Dep. Fernando Gabeira, ex-petista: “o sonho do PT é o modelo chinês:
autoritarismo político e liberalismo econômico”. Isto é, partido único, sem liberdade de
pensamento nem imprensa livre, em que crítica ao governo é considerado delito
de opinião etc.
E sobre a nota do PT
contra o STF e imprensa, diz Merval
Pereira, de O Globo: “Sob
um verniz de defesa da liberdade de expressão, a nota não passa de mero
pretexto para mais uma vez tentar desqualificar o Supremo Tribunal Federal e a
liberdade de imprensa, dois dos principais obstáculos à dominação total dos
mecanismos democráticos do Estado pretendida pelo PT, na busca de uma
democracia apenas formal, como as dos vizinhos “bolivarianos” aos quais o PT
dedica seus melhores apoios”.
No julgamento do
STF, onde a farsa do mensalão foi desmontada, o ministro Carlos
Ayres Britto, presidente do STF (que chegou
a ser candidato a deputado pelo PT em Sergipe, mas não se elegeu!), em seu
voto condenatório do mensalão e de José Dirceu, Delúbio Soares e José Genuíno
disse:
“Um projeto de poder
foi arquitetado, que vai muito além de quadriênio quadruplicado. É continuísmo governamental.
Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que
postula renovação dos quadros de dirigentes”.
Augusto Fenner Sander, Serra/ES, disse por e-mail:
ResponderExcluirSó vou acreditar no STF se ouver julgamento do mensalão tucano e com igual rigor. Aí sim começo a crer em mudanças neste país... Caso contrário este julgamento fica sendo meramente político, prevalecendo a denúncia da mídia contra um partido...
ResponderExcluirDisse Rubens Pontes (Serra/ES) por e-mail:
Esse episódio se insere no extenso rol de falcatruas cometidas.
E usual nos círculos da Corte, onde até os cisnes do lago do Palácio do Planalto têm conhecimento.