Por THEODIANO BASTOS
Sempre
que alguém morre, comparo a idade e FERNANDO FERÍSSIMO tinha a minha idade, 88
anos.
E continuo ainda firme, lúcido e
produtivo, sem nenhuma comorbidade, ao lado de Maria do Carmo, (Lila), 64 anos
de casamento, amor de minha vida, mãe dos dois casais de filhos, avó de 4 netos
e 3 netas a esperando Pedro, o bisneto que nascerá em novembro em Porto Alegre. Lila continua lúcida e forte aos 86 anos
Quando ainda ia a
sepultamentos, ficava lendo as lápides e via que muitos nascidos depois de mim
e lá estavam sepultados....
Diagnosticado com doença de Parkinson, o
autor teve problemas cardíacos em 2016, quando chegou a ser internado no mesmo
hospital e precisou passar por cirurgia de implante de marca-passo. Em 2021, o
escritor sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em 2021 e lidava com
problemas motores e de comunicação desde então.
Com ironia fina e texto preciso, gaúcho
dizia que a escrita era apenas ‘um ofício que deu certo’; escritor morreu em
Porto Alegre, onde morava
Criador de personagens inesquecíveis,
como o Analista de Bagé (o psicanalista “mais ortodoxo do que rótulo de
Maizena”), o psicanalista que segue a linha
“freudiano barbaridade” e trata seus pacientes com métodos nada ortodoxos, como
joelhadas nos homens e carícias nas mulheres.
A Velhinha de Taubaté (“a única
brasileira que ainda acreditava na política”) e o detetive trapalhão Ed Mort, o
escritor gaúcho também conquistou enorme sucesso como autor de quadrinhos: na
tirinha As Cobras, que começou a ser publicada em 1975 no jornal Zero Hora, de
Porto Alegre.
Verissimo sutilmente criticava a ditadura
militar por meio dos répteis, que discutiam política e economia enquanto
filosofavam sobre qualquer assunto, do surgimento da vida na Terra ao
comportamento dos banhistas nas praias. Fruto de seu amor pelos quadrinhos e
“falta de habilidade para desenhar outros animais”, As Cobras foram desenhadas
por Verissimo por mais de 30 anos. Só deixaram de ser produzidas em 1997,
quando ele, após completar 60 anos, decidiu que “não ficava bem um sexagenário
desenhando cobrinhas”. Diversas antologias publicadas ao longo dos anos,
contudo, ...
Além da escrita, Verissimo era conhecido por suas
paixões pessoais, que vão do jazz à gastronomia, viagens e futebol.
A mistura entre vida e obra é marcada por um estilo
que une lirismo, emoção e autoironia, atributos destacados por amigos e
críticos que veem em sua escrita uma forma de traduzir o cotidiano brasileiro
com leveza e profundidade.
“[Verissimo] Pratica aquilo que Manuel Bandeira
chamou ‘puxa-puxa’. Ou seja, é capaz de arrancar um bom texto de qualquer
miudeza”, definiu a Veja, em reportagem de capa sobre Verissimo.
Um dos maiores prazeres de Luis Fernando Verissimo,
nascido em 26 de setembro de 1936, era “soprar saxofone”. Quando tomava posse
do instrumento, Verissimo, um calado incorrigível, podia apenas ouvir — além de
nutrir sua paixão pelo jazz, iniciada na adolescência passada nos Estados
Unidos junto com a família, entre as décadas de 1940-1950. Naquela época, seu
pai, o também escritor Erico Verissimo (1905-1975), foi convidado a dar aulas
na Universidade da Califórnia em Berkeley.
SAIBA MAIS EM: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2025/08/30/morre-luis-fernando-verissimo-mestre-da-cronica-e-do-humor-aos-88-anos.ghtml
E https://veja.abril.com.br/cultura/morre-luis-fernando-verissimo-aos-88-anos/