quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

HUCK NÃO É MAIS CANDIDATO



Desde o dia 15/02/18 o Luciano Huck não é mais candidato a Presidente e voltou a ser animador o animador de auditório.

Sem Huck, jogo eleitoral se afunila em nomes tradicionais

Eleitor quer novidades, mas 'outsiders' têm dificuldade de consolidar candidatura, constata O Globo.
Rodrigo Maia e FHC conversaram antes de ontem sobre a candidatura de Luciano Huck.
Segundo a Folha de S. Paulo, Paulo Hartung participou do encontro.
Como revelou O Antagonista algumas semanas atrás, Hartung deve se filiar ao DEM e ocupar a vaga de vice-presidente na chapa de Huck.

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Huck e FHC discutem candidatura
O Antagonista 08.02.18
Luciano Huck encontra-se hoje com Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Merval Pereira, “a conversa será fundamental para uma decisão final” sobre sua candidatura.

“Se Huck decidir voltar à disputa”, prossegue o colunista, “provavelmente trará junto o DEM, que poderia dar o vice, e enfraquecerá mais ainda a candidatura tucana.

O quadro mais provável é que, se a candidatura de Huck decolar, Alckmin corre o risco de ser cristianizado em meio à campanha.”

E nesse caso Alckmin sairia com candidato ao Senado 

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Movimentando-se na direção da retomada de uma candidatura presidencial que dizia ter abandonado, Luciano Huck deve se encontrar com o presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Informado de que a conversa poderia ocorrer já nesta quinta-feira, em São Paulo, um correligionário do presidenciável tucano Geraldo Alckmin reagiu com um palavrão. Classificou de “sabotagem” o estímulo de FHC às pretensões políticas do apresentador da TV Globo.

Há dois dias, em entrevista à Joven Pan, FHC soou explícito:
 “É bom ter gente como Luciano, porque precisa arejar, botar em perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido. É preciso que ela seja desafiada por pessoas portadoras de ideias e processos políticos novos para que o próprio partido possa avançar. Está havendo sinal nessa direção.”

O grão-mestre do tucanato como que antecipou a pauta da reunião: “Eu gosto do Huck. Sou amigo dele e da família. Acho que para o Brasil seria bom. Seria bom ter mais opções. Não quer dizer que esteja apoiando. Mas as pessoas que não têm partido para governar têm muita dificuldade. Ele tem boas intenções. Não sei por qual partido viria. Falam que pelo PPS. Mas o PPS não tem estrutura.”
Conforme já noticiado aqui, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, de fato se mantém em contato com Huck. E ainda cultiva a expectativa de abrigar seu projeto presidencial no partido.

Não é difícil entender as razões da irritação de Alckmin e seus correligionários com a movimentação de FHC. Disseminava-se no ninho a suspeita de que o líder número um dos tucanos guardasse a candidatura de Huck sob a manga como uma alternativa de centro. Aos poucos, a suspeita vai se convertendo em certeza. Daí a irritação.

Empacado nas pesquisas, Alckmin tornou-se motivo de preocupação para os empresários e líderes partidários que enxergavam nele uma opção conservadora para a sucessão de Michel Temer. E a aproximação de FHC com Huck potencializa as dúvidas quanto à capacidade de Alckmin de chegar ao segundo turno da eleição.

Geraldo Alckmin e seus apologistas tucanos afirmam, em privado, que FHC precisa decidir se é aliado ou um mero estorvo para atrapalhar a vida do candidato do seu partido ao Planalto. Os operadores políticos de Alckmin recordam que foi FHC quem estimulou o governador de São Paulo a assumir a presidência do PSDB, para cuidar de sua candidatura ao Planalto. E não se conformam com o seu aparente encantamento com Huck.                                                                                                                                           Fonte: https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/ 08/02/18
 

SEPÚLVEDA PERTENCE, QUEM É



Agora quem está à frente da defesa de Lula é o ex-presidente do STF Sepúlveda Pertence.

Quando Sepúlveda Pertence foi nomeado para o STF, Roberto Campos disse:

 “Para ser ministro do Supremo é preciso ter saber jurídico, gosto pelo trabalho e reputação ilibada. A este senhor que está como candidato, tenho o desprazer de dizer que lhe faltam todas essas qualidades”.

“Tenho o desprazer de dizer que lhe faltam todas essas qualidades”
O episódio foi lembrado pelo Valor.                                                                      Fonte: https://www.oantagonista.com/ 08/02/18

domingo, 4 de fevereiro de 2018

FHC: POLÍTICA E ELEIÇÕES



POLÍTICA E ELEIÇÕES
A Pátria precisa de um eleitorado que leve ao poder quem tenha visão de País e do mundo
* Fernando Henrique Cardoso, O Estado de S.Paulo 

O País vive dias politicamente agitados. Mas para quem imaginava que uma segunda condenação de Lula levantaria as massas em protesto, o pós-julgamento, independentemente de se estar ou não de acordo com o veredicto, foi decepcionante. Na verdade, a maioria da população continuou imersa no dia a dia. A fagulha que viria dos “movimentos populares” não veio. O que não quer dizer que no transcorrer do tempo, por outras razões e pelas consequências da eventual prisão de Lula, o ânimo das pessoas não possa levá-las às ruas.
Nada disso muda o panorama: a movimentação confina-se aos meios políticos e jornalísticos e ao mercado financeiro. A eventualidade de quem estava à frente das preferências ser impedido de concorrer por uma lei que, ironicamente, ele próprio sancionou, chamada “da Ficha Limpa”, produz certo alvoroço para saber como se distribuirão seus votos. E assim será a cada nova pesquisa eleitoral que apareça. As eleições, entretanto, virão. O calendário não será alterado. Os partidos e candidatos, todos eles, passado o alvoroço, procurarão adaptar-se à realidade. 

É cedo para prognósticos. Quando deixei o Ministério da Fazenda para ser candidato (em outras circunstâncias, é verdade), tinha 12% das intenções de voto e Lula, três vezes mais. Em julho, depois de o real virar moeda, a tendência começou a mudar, mas a mudança só se tornou nítida quando teve início o horário eleitoral na TV e no rádio, atraindo parte importante da atenção da maioria das pessoas. Os eleitores olharam os candidatos e optaram por quem lhes pareceu mais capaz de conduzi-los a um futuro melhor.
Naquela época a questão central era o controle da inflação. Hoje não há uma, mas várias questões centrais. Além disso, a mídia social, a da internet, abre maiores espaços para todos os candidatos. 

Política é circunstância, mas é também esperança, e esta depende de o candidato encarnar uma mensagem consistente com o que a maioria do eleitorado sente e deseja. Hoje o tema central não é mais a inflação. O desemprego – e, portanto, o crescimento da economia –, o crime e a insegurança das pessoas, bem como a corrupção, que provoca o clamor por decência, são os novos pontos sensíveis.
A vitória eleitoral depende de se construir e saber transmitir uma mensagem que toque a sensibilidade popular e dê resposta às principais preocupações da maioria da população. O eleitorado avalia a seu modo as possibilidades de dias melhores que o candidato lhe oferece. Essa avaliação, a rigor, ainda não se iniciou. A grande maioria das pessoas só começará a fazê-la bem mais à frente.
Na escolha do candidato, a economia conta, mas não os dados puros e duros. Os americanos falam do feel good factor, ou seja, do sentimento de bem-estar. Não basta que os dados mostrem aos especialistas que a economia está melhorando, é preciso que as pessoas sintam que a vida melhorou para si e para os mais próximos.  

O discurso “técnico” ajuda pouco a obter votos. Dados sem alma são como pedras que rolam dos morros, não formam caminhos. É preciso oferecer bons motivos para que a escolha do eleitorado recaia sobre A e não sobre B. Daí que sejam importantes a campanha, a mensagem, a capacidade do candidato de ter uma fala coerente com sua trajetória. Antes dos embates reais entre os candidatos, as apostas são arriscadas. 

Está na moda, dada a dispersão de preferências de votos, imaginar possível repetir o “fenômeno Macron”. Sim, podem-se despertar esperanças e juntar segmentos de uma sociedade fragmentada e desiludida com os políticos. Mas as circunstâncias aqui são outras.  

Na França a eleição presidencial é solitária e candidatos independentes podem concorrer. As eleições para a Assembleia Nacional se dão um mês depois, o que dá ao presidente vitorioso, mesmo um outsider, enorme chance de “formar a maioria”. No Brasil só podem concorrer candidatos filiados a partidos. As alianças partidárias para a eleição são importantes para assegurar tempo de TV e recursos de financiamento de campanha. Depois de eleito, porém, o presidente não terá a maioria congressual assegurada, dada a fragmentação do sistema partidário.
 
Só a partir de abril, quando termina o prazo para a filiação a partidos, pré-requisito para disputar a eleição, poderemos ver se haverá mesmo outsiders. Até as convenções partidárias, que se devem realizar entre julho e início de agosto, o jogo político se concentrará na montagem das alianças partidárias para a Presidência, os governos estaduais e o Congresso, um quebra-cabeças em três camadas que se afetam reciprocamente. Por mais importante que seja montá-lo, quem queira vencer a eleição presidencial não se pode descuidar da construção da sua narrativa, desde já. 

A dispersão do eleitorado mostra que entre nós os “partidos” não são condutores do voto, com as exceções conhecidas. Os líderes contam mais do que eles. Essa é uma das fragilidades da nossa democracia. Com a desmoralização da “classe política”, se houver alguém capaz de comover as massas e de significar para elas um futuro melhor, pode ganhar. Nesse caso, como governará? Com quem e a que custo?
Desmoralizados ou não, fragmentados ou não, mesmo em crise, como estão, os partidos são instrumentos básicos nas democracias representativas. Sua substituição pela mensagem do líder é possível, mas, em geral, as consequências são negativas. Melhor tratar de reinventar os partidos e abrir espaços para que as pessoas opinem e participem das decisões do que imaginar que “alguém” salvará a Pátria. A Pátria precisa tanto de líderes como de instituições. E, principalmente, de um eleitorado que leve ao poder quem tenha visão de País e do mundo e, sustentando os valores da decência e da democracia, possa oferecer maior bem-estar ao povo.                                                                                                                   * Sociólogo, foi presidente da República                                                              Fonte: http://opiniao.estadao.com.br/04/02/18