domingo, 5 de julho de 2015

AÉCIO: DILMA NÃO CONCLUIRÁ MANDATO



Em convenção, Aécio diz que Dilma não concluirá mandato e faz apelo por unidade do PSDB
Para senador, reconduzido à presidência do partido, escândalos de corrupção mostram ‘vale tudo’ pelo poder

por Isabel Braga e Fernanda Krakovics (O GLOBO) - 05/07/2015  

BRASÍLIA - Em discurso após ser reeleito presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) apostou, neste domingo, em convenção do partido, em Brasília, que a presidente Dilma Rousseff não concluirá seu mandato. O tucano disse que os atuais escândalos de corrupção mostram que há um “vale tudo” para se manter no poder; e voltou a afirmar que perdeu as eleições presidenciais para “uma organização criminosa”, e não para um partido político. Preocupado com a disputa interna pela candidatura à Presidência da República em 2018, Aécio aproveitou para fazer um apelo pela unidade do PSDB.
- Uma das heranças que a presidente Dilma deixará é uma década perdida. Ao final de seu governo, que não sei quando ocorrerá, talvez mais breve do que alguns imaginem, os brasileiros estarão mais pobres - disse Aécio, sendo aplaudido pelo auditório.
Cobrado por uma parte do PSDB e por organizações da sociedade civil, que são favoráveis a um pedido de impeachment, Aécio voltou a apostar, em outro trecho de seu discurso, que Dilma não ficará mais quatro anos no Palácio do Planalto.
- Esse grupo político que está aí caminha a passos largos para a interrupção do seu mandato. A oposição não se omitiu, não esmoreceu, vem lutando muito, e está cada vez mais sintonizada com o sentimento amplamente majoritário na sociedade brasileira.
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O presidente do PSDB traçou um cenário sombrio da atual crise por que passa o país, tanto na política quanto na economia:
- Hoje assistimos ao aparelhamento da administração federal, tomada de assalto, com o compadrio que se estabeleceu como norma de conduta, com corrupção endêmica, como os casos revelado pela Lava-Jato. E temos os truques contábeis das pedaladas do governo, que podem levar a presidente da República a ter suas contas rejeitadas. Diante disso não seria possível esperar qualquer outro resultado senão as múltiplas crises que vem se instalando no governo brasileiro. Não perdemos a eleição para partido politico, e sim para uma organização criminosa que se instalou no seio do Estado nacional.
Aécio pediu unidade interna para derrotar o PT:
- A nossa unidade é o mais valioso instrumento para colocar fim a esse perverso ciclo do PT.
Ladeado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Aécio fez questão de entrar pelo corredor do salão. Os dois foram saudados pelos militantes, que gritavam “Aécio, Aécio”. O locutor fez questão de avisar que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também estava presente porque ele não estava com Aécio e FH na chegada à convenção.
O PSDB reelegeu Aécio em clima de divisão interna. Ele é apresentado pela maioria dos diretórios como candidato natural à presidência em 2018. Mas, na eleição do diretório estadual do São Paulo, em meados de junho, o nome de Alckmin foi lançado. O senador José Serra (PSDB-SP), que também já foi candidato do partido à Presidência, não deixou de lado o sonho de novamente concorrer ao Planalto e, segundo aliados, cogita deixar a legenda e ir para o PMDB.
Esforçando-se para demonstrar unidade, Aécio e Alckmin foram recebidos por uma guerra de claques. Um grupo gritava “Aécio” e “Minas”, enquanto outro gritava “Geraldo presidente” e “São Paulo”.
PARA FH, PSDB ‘ESTÁ PRONTO PARA ASSUMIR O PAÍS’
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o atual governo, disse que perdeu a credibilidade e está paralisado. O tucano afirmou que a crise de confiança que atinge o país exige a união da sociedade ao redor da oposição para que encontre uma solução, dentro dos parâmetros constitucionais. O tucano afirmou que o partido sabe governar e está pronto para assumir o país.
- Estamos assistindo simultaneamente um início de um mal estar que tem tudo, eu não gostaria que assim fosse, de se agravar, assistindo a paralisação do Executivo - afirmou o tucano.
Segundo ele, muitas crises ao mesmo tempo exigem uma resposta: a união do povo brasileiro ao redor das oposições para que se encontre uma uma saída para o país.
- Uma saída que só pode ser com respeito à Constituição Federal. Que se puna os culpados. Precisamos assistir esse Brasil com a cara que sempre teve de decência, de humildade. De dirigentes nacionais que possam andar nas ruas sem estar cercado de pessoas, não ter medo de ser agredido. Queremos o Brasil outra vez confiante e para, isso o PSDB não poderá fugir do seu papel de responsabilidade. Não somos donos do que vai acontecer nas próximas semanas, nos meses seguintes. Mas estamos prontos para assumir. O PSDB sabe governar - disse Fernando Henrique.
O ex-presidente disse que vivenciou várias crises enfrentadas pelo país no passado, citando Getúlio Vargas, Jango, os governos militares,o impeachment de Fernando Collor. Segundo ele, foram muitos momentos tensos, mas nenhum como o atual, com a paralisação do Executivo.
- Eu raramente vi um momento como esse em que se acumulam crises de vários tipos: crise econômica, expressão mais direta o sofrimento do povo. Estamos assistindo um Congresso fragmentado, um governo que para se manter cria ministérios. O sistema que se chamava de coalizão, hoje é cooptação, de compra - criticou FHC.
Numa referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique disse que durante 13 anos ouviu a expressão “nunca antes”, mas que “a verdade é que nunca como antes se roubou tanto no Brasil”. FHC disse que o PT, que criticava as privatizações, agora apela para a cooperação entre estado e o setor privado.
Segundo ele, o Proer (programa de recuperação de bancos), durante criticado pelo PT à época, é reconhecido hoje como programa que salvou não bancos, mas o país de uma falência.
- É isso que o Brasil precisa. Não queremos facção, não queremos o Brasil de eles e nós. Não. Queremos um só país - disse o tucano.
Segundo FHC, o atual governo perdeu o rumo, apostando no consumo:
- O Brasil foi quebrado pelo PT e pelo lulopetismo. Essa crise que vai custar caro para o povo brasileiro é dele e não nossa. Não virá aliança externa para nos ajudar, mas temos força como brasileiros e brasileiras de reconstruir o Brasil. Queremos reconstruir o Brasil, tirá-lo dessa tragédia para a qual fomos levados pela incompetência de quem não sabe governar.
Fernando Henrique disse que enfrentou, na presidência, situações difíceis que culminaram na queda de popularidade de seu governo, mas que nunca perdeu credibilidade.
- Quando se perde a credibilidade não há mais coimo recompô-la. E esse governo perdeu a credibilidade. Não explicou nada, deu volta de 180 grau, mudou sua política sem dizer nada. Não dá mais para acreditar. Quebrou o cristal - afirmou FHC.
Segundo ele, o PSDB tem a responsabilidade de dizer qual o rumo a ser tomado, mantendo a democracia e fazendo a limpeza ética.
-Vamos tentar, junto com o povo, levar o país a um caminho de ética, de bem estar. Não estamos sozinhos, juntos vamos vencer e recompor.
Ao iniciar seu discurso, Fernando Henrique fez questão de destacar sua empolgação com a convenção. Segundo ele, nunca viu tanta responsabilidade nos discursos e tantas jovens. A juventude puxou um coro: "FHC, a juventude tem orgulho de você!".
- Obrigado, isso dá energia.
SERRA: GOVERNO DILMA É MAIS FRACO AO DE JANGO
Com o slogan “oposição a favor do Brasil”, a convenção do PSDB começou pela manhã. Aécio chegou por volta de 11h30m. O senador estava acompanhado de caciques da legenda. Aécio foi ovacionado pelos militantes que gritavam e se espremiam para tentar fazer imagens com o celular.
No entanto, os ataques ao governo Dilma e ao PT dominam a convenção. No discurso, Alckmin afirmou que o PT “chegou ao fundo do poço”. Segundo ele, o PSDB é o partido que está verdadeiramente ao lado dos trabalhadores e dos mais pobres, enquanto os petistas estariam ao lado “da especulação financeira e dos rentistas”.
- O PT chegou ao fundo do poço e cabe a nós a missão de não deixá-los carregar o país junto com eles. Afastado o flagelo do petismo no poder, o Brasil poderá reencontrar sua vocação para o crescimento - disse Alckmin.
De acordo com o governador, o PSDB “nunca usou e nunca usará o nome do trabalhador em vão”.
- Somos o partido dos mais humildes, dos trabalhadores, do povo. O PSDB é o partido da educação, que emancipa; da saúde, que cuida de gente; o partido da segurança pública, que salva a vida. O partido daqueles que mais precisam. O partido q nunca usou e nunca usará o nome do trabalhador em vão.
Serra ressaltou que a crise por que passa o Brasil é a maior que ele já viu e que a oposição precisa oferecer saídas para o país:
- O Brasil está atravessando a pior crise desde que me conheço por gente, sem nenhum catastrofismo. Cabe a nós oferecer saídas para a crise. Vai ser difícil, porque o estrago feito pela era petista é gigantesco.
Para o senador, o governo Dilma é mais fraco do que o de João Goulart, em 1964:
- O Jango era de uma solidez granítica perto do governo Dilma, pelo menos sabia escolher gente, era um gigante na administração perto do governo Dilma.
Ecoando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra cobrou responsabilidade do PSDB nas votações no Congresso. Os tucanos votaram a favor, por exemplo, do reajuste salarial entre 53% e 78% para os servidores do Judiciário.
- Claro que às vezes há tentação, que precisamos afastar, de aprovar loucuras fiscais irreversíveis, mas elas comprometem o futuro.
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff como solução para curar "a saúde" do Brasil.
- Pensei em sair do lugar comum do PT e falar sobre saúde, segurança no Brasil. Quando eu pensei em saúde, pensei que foi o PT que deixou nosso país doente e a melhor coisa que poderíamos fazer para curar o país é o TSE cassar o mandato da presidente Dilma. Quando eu pensei em segurança, lembrei do Petrolão que saqueou os cofres públicos. O PSDB quer ver na cadeia esses petistas corruptos que desviaram dinheiro dos nossos bolsos. Temos que manter a oposição combativa até afastar esse governo que tanto mal faz ao nosso povo - afirmou Sampaio.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) pregou que a oposição se mantenha nas ruas:
- O Brasil vive a mais grave crise de sua história. Aumentos de energia, de preços, desemprego. Um golpe que eles praticaram contra o Brasil. Contamos com vocês. Estão sendo convocados para ir às ruas do país defender essa bandeira de ética.
O deputado Roberto Freire, presidente nacional do PPS, disse que o melhor caminho, segundo ele, é que a chapa de Dilma seja cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral e sejam convocadas novas eleições:
- Precisamos nos preparar para saber o que precisamos fazer, se a pedalada (fiscal) for reconhecida e o TSE rejeitar as contas, que pode dar impeachment. Não é desejo de ninguém, mas a ingovernabilidade crescente talvez aponte esse caminho.
MENSALÃO TUCANO
Com pena de 22 anos de prisão pedida pela Procuradoria Geral da República, o ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) subiu ao palco da convenção, entre os convidados de honra. Ele renunciou ao mandato de deputado federal no início do ano passado para evitar um desgaste político maior para a pré-campanha presidencial de Aécio. Azeredo foi acusado de peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão mineiro. Além de sair dos holofotes, a renúncia de Azeredo funcionou como uma manobra para protelar o processo, que saiu do Supremo Tribunal Federal (STF), com a perda do foro privilegiado, e foi para a primeira instância.
Entre os convidados também está o senador Magno Malta (PR-ES), cujo partido faz parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff.
- Sou desobediente. Meu partido é da base do governo, mas eu sou da base do povo - discurso ele.
Na entrada, foram distribuídos lenços com a bandeira do Brasil e adesivos com o slogan do evento. Algumas faixas foram penduradas na parede, no final do salão. Pedem a retomada do crescimento e criticam a corrupção.”Santa Catarina quer ver o Brasil investindo”, “Goiânia, a favor do Brasil e contra a corrupção”.

Fonte: http://oglobo.globo.com/ 05/07/15

sábado, 4 de julho de 2015

MANDATO DE DILMA CHEGA AO OCASO EM 6 MESES



Por Josias de Souza, 04/07/2015 

Um presidente da República é um cotidiano de poses. Faz pose da hora em que escova os dentes ao momento em que se enfia sob o cobertor. Ainda que não controle nem os quatro andares do Palácio do Planalto, precisa passar a ideia de que faz e acontece. Mas é indispensável que exista uma noção qualquer de honra e direção por trás das poses. Com a popularidade no volume morto de um dígito e com a base congressual estilhaçada, Dilma Rousseff já não consegue projetar as aparências mínimas do poder.

O segundo mandato de Dilma acaba de fazer aniversário de seis meses. É um bebe disforme e malcheiroso. Tem cara de pão dormido. E cheira a naftalina. A ficha da presidente ainda não lhe caiu. Quem esteve com Dilma nas últimas horas espantou-se com o grau de alheamento da personagem. Mas a realidade acaba se impondo. Dilma logo perceberá que preside um governo em apuros. E talvez constate que terá de se dar por satisfeita se conseguir alcançar dois objetivos: não cair e continuar passando a impressão de que manda.

A margem de manobra de Dilma estreita-se rapidamente.                           O vice-presidente Michel Temer manteve-se na articulação política por responsabilidade, não por gosto. Tenta retardar a precipitação de um movimento que o governo parece fraco demais para evitar. Setores do PMDB de Temer conversam com a oposição abaixo da linha d’água. Discute-se a hipótese de construir uma saída política para a crise. Sem arranhões institucionais. E sem Dilma.
O PT já não exibe a capacidade de reação que ostentava em 2005, ano em que Roberto Jefferson jogou o mensalão no ventilador. Isolado, o partido arrasta no Congresso a bola de ferro de 13 anos de perversão. Depois de usufruírem de todas as benesses que o poder compartilhado pode oferecer, alguns aliados tramam desembarcar da parceria com o PT em grande estilo, como navios que abandonam os ratos.
Já não há no governo tantos apologistas de Dilma. Quem consegue manter a cabeça no lugar enquanto todos ao redor perdem as suas, provavelmente está mal informado. Movimentos como os que ocorrem em Brasília evoluem no ritmo dos transatlânticos, não na velocidade dos carros de Fórmula 1. Mas os prazos de Dilma encurtam-se à medida que o governo dela vai penetrando o caos.
No momento, conspira contra a celeridade das embrionárias articulações a falta de unidade. Há, por ora, duas fórmulas na praça. Numa Dilma é substituída por Temer. Noutra, Temer vai de roldão e convocam-se novas eleições. Se as articulações chegarem a algum lugar, Dilma vai mais cedo para casa. Se fracassarem, a presidente viverá um ocaso do tamanho dos 1.275 dias que faltam para ela ir embora. Fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/ 04/07/15

SÉRGIO MORO: NÃO SOU NENHUMA BESTA-FERA




Este Juiz está desbaratando a corrupção no coração da vida política do Brasil. Saúde e vida longa para SÉRGIO MORO.
 

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo julgamento das ações da operação Lava Jato, criticou nesta sexta-feira, em palestra durante o 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo, a “demonização” de sua imagem.
— Não sou nenhuma besta-fera — disse Moro, quando questionado sobre a pressão de setores insatisfeitos pela maneira com que conduz o julgamento das ações.
No início da semana, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva, criticaram o “vazamento seletivo” do conteúdo da delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC.

O juiz fez ainda críticas ao foro privilegiado. Para Moro, o foro a políticos com mandato fere o princípio da igualdade. Ele criticou o uso da prerrogativa como instrumento para causar morosidade aos processos penais.

— Vejo este instituto não muito com viés positivo porque é contrário ao princípio da igualdade. Pensando o foro privilegiado como um forma de maior controle (da administração pública) é positivo. Mas pensando em outra forma, como um mecanismo de proteção (de figuras públicas), eu tenho dúvida da sua validade. Como eu gostava muito de revista em quadrinho, lembro daquelas fases do Homem-Aranha onde dizia "quanto maior o poder, maior a responsabilidade". Acho que o sistema tem que ser construído em cima disso — declarou o juiz.
Moro defendeu ainda a publicação das informações investigadas na Operação Lava-Jato como instrumento de “democratização do poder”. Para Moro, esta ampla divulgação é um dever constitucional, ainda mais em casos envolvendo a administração pública.
— Defendemos que os processos devam ser públicos, principalmente quando envolve a administração pública, até porque permite um escrutínio da imprensa — afirmou o magistrado, completando: — Quanto maiores poderes, maiores responsabilidades. Os governantes têm mais poder e com isso mais responsabilidades.
O juiz se negou a responder sobre questões relativas ao julgamento da Lava-Jato. Questionado se aceitaria falar do julgamento após a conclusão, ele se mostrou aberto, mas disse que não era o momento para se pensar nisso.
– A única certeza é que quero tirar uma longa férias depois disso tudo.
Juiz Sérgio Moro chega para participar do 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) - Michel Filho / Agência O Globo
Em relação às delações, Moro destacou que "toda delação depende de prova" para ser usada como peça de acusação.
No final da palestra, Moro foi questionado pela plateia se um dos seus objetivos das investigações da Lava-Jato seria "pegar" o ex-presidente Lula. O magistrado disse que não cabe a ele dizer quem "deve ou não" ser investigado já que ele não é condutor das investigações. O juiz também não quis comentar sobre os comentários da presidente Dilma Rousseff, que declarou não respeitar delatores:
— Acho que a presidente merece respeito da parte minha e de todas as pessoas. Não me sentiria confortável em rebater um comentário da presidente.
Antes da palestra, Moro defendeu o jornalismo investigativo como instrumento fiscalizador da sociedade. O magistrado afirmou que o jornalista tem a capacidade de antecipar informações relevantes a investigações em curso.
— O profissional de imprensa não tem os mesmos instrumentos da polícia, mas muitas das vezes tem uma certa flexibilidade. Essa flexibilidade dá a capacidade de buscar informações e colher dados antecipando até mesmo as investigações da Justiça — afirmou Moro.
Moro foi um dos convidados a conversar com os jornalistas nesta sexta-feira. A operação, que levou à prisão políticos e empresários, foi tema ainda de duas mesas de debates jornalísticos. No sábado, será a vez do jornalista francês Riss, editor da revista Charlie Hebdo, falar sobre o ataque terrorista que matou 12 integrantes da revista em janeiro passado. Também fará palestra sobre jornalismo investigativo, no sábado, Dana Priest, do Washington Post. Veja a programação completa do congresso.


INCENDIOU A LAVAJATO! JUÍZES FEDERAIS SOLTAM NOTA “DURÍSSIMA” EM FAVOR DE SÉRGIO MORODEMOROU!


Nota à imprensa em apoio ao Juiz Sergio Moro
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vem a público manifestar total apoio ao Juiz Federal Sergio Moro, Titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, na condução do julgamento da “Operação Lava Jato”. A pedido do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, o Magistrado decretou recentemente uma série de medidas, entre elas a prisão de executivos de grandes empresas que, segundo as investigações, estariam envolvidos em crimes de corrupção e formação de cartel.
Vale destacar que as decisões tomadas pelo Juiz Federal Sergio Moro no curso desse processo são devidamente fundamentadas em consonância com a legislação penal brasileira e o devido processo legal.
A Ajufe não vai admitir alegações genéricas e infundadas de que as prisões decretadas nessa 14ª fase da Operação Lava Jato violariam direitos e garantias dos cidadãos.
A Ajufe também não vai admitir ataques pessoais de qualquer tipo, principalmente declarações que possam colocar em dúvida a lisura, eficiência e independência dos magistrados federais brasileiros.
No exercício de suas atribuições constitucionais, o Juiz Sergio Moro tem demonstrado equilíbrio e senso de justiça. As medidas cautelares, aplicadas antes do trânsito em julgado do processo criminal, estão sendo tomadas quando presentes os pressupostos e requisitos legais. É importante ressaltar que a quase totalidade das decisões do magistrado não foram reformadas pelas instâncias superiores.
A Ajufe manifesta apoio irrestrito e confiança no trabalho desenvolvido com responsabilidade pela Justiça Federal do Paraná, a partir da investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Antônio César Bochenek
Presidente da Ajufe
 Por favor repasse...
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Advogados criticam atuação de juiz
Também durante o congresso da Abraji, os advogados criminalistas Fabio Tofic e David Azevedo criticaram a condução de Moro durante o julgamento da operação Lava-Jato. Tofic e Azevedo, que defendem acusados de corrupção na Petrobras, afirmam que o juiz desequilibra o julgamento em favor da acusação. Eles atacaram a maneira em que foram fechados os acordos de delação premiadas fechados pelo Ministério Público Federal.
Azevedo, que defende o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, argumentou que o direito de defesa foi "constantemente" prejudicado durante o andamento do processo. Ele acrescentou que Sergio Moro demorou para avaliar pedidos da defesa e teria imposto prazo curtos para colher depoimento de testemunhas arroladas no exterior. Ao mesmo tempo em que permitia o MPF a apresentar novos documentos mesmo fora do prazo legal.
- A competência do juizo está invalidada na origem. O juiz errou ao determinar que cabia ao foro de Curitiba julgar a ação, apesar de que maioria dos supostos crimes teria se passado no Rio. Quando quis para si o julgamento, Moro já demonstrou que queria julgar este caso. Legalmente, rompeu sua imparcialidade frente ao processo.
Para David Azevedo, o MPF "praticamente" obriga os acusados a deletar como condição para conseguir a liberdade.
Para o criminalista Fábio Tofic o instituto da delação premiada é válido e legal, mas virou um instrumento de coerção da acusação durante a Lava-Jato.
- Eu sou a favor da delação premiada. porque é um instrumento ético. Porque permite o homem um reposicionamento na sua formulação ética. É um instrumento democrático. Mas como foi conduzida na Lava-Jato é equivocada e errada. O MPF praticamente intimida um acusado a fazer a delação. Há casos que nos foram relatados, em que um réu recebeu a ameça de ver sua filha presa. Fonte: http://oglobo.globo.com/ (04/07/15)