MENSALÃO, CONDENAÇÕES EXEMPLARES
Quebrou-se a certeza da impunidade
Theodiano Bastos
Após 7 anos, os réus do mensalão são
julgados no Supremo Tribunal Federal - STF. 36 foram denunciados. O Mensalão é o legado do retrocesso moral e ético deixado
por Lula. É a mais aguda desmoralização ao desmonte da farsa do lulopetismo. O
mensalão significou um rompimento com o tipo de corrupção que tradicionalmente
marcou a política brasileira. “A ação individual dos corruptos, para fins
pessoais, foi sobrepujada pelo uso político-partidário do dinheiro sujo. Não
tem nada parecido na história do Brasil”. "Pelo número e importância das
pessoas envolvidas, pela instância máxima do julgamento (STF) e pela grande
cobertura da imprensa, pode-se dizer que se trata da mais importante denúncia
de irregularidade da história da República". “O julgamento do mensalão tem função pedagógica
, diz o Cardeal
Raymundo Damasceno Assis (CNBB), sobre a condenação de mensaleiros”.
A
JUSTIÇA DEPOIS DO MENSALÃO
A
ministra Eliana Calmon, ao deixar a corregedoria do Conselho Nacional de
Justiça, em entrevista ao jornalista Rodrigo
Rangel, VEJA de 12/09/12, pág. Amarela, disse: “Esse é julgamento de importância
fundamental para o Brasil, porque toda a nação está examinando como se
comportará o Poder Judiciário. O Judiciário também está sendo julgado. Esse
julgamento vai refletir o que á a Justiça brasileira. Os ministros podem
condenar ou absolver, mas terão de mostrar como clareza por que estão
condenando ou absolvendo. Isso está sendo feito”.
E
mais adiante diz: “O Supremo faz com que a magistratura se enquadre num novo modelo.
Toda carreira — e a magistratura em especial — vive de lição e exemplo. Temos
de ser exemplo para as pessoas que estão abaixo de nós. O Supremo ensina a
lição e dá exemplo, vira referência, admiração, e passa a trabalhar para se
igualar àqueles que ele admira no topo da hierarquia... O Supremo está dizendo
que a corrupção, que durante dois séculos reinou neste país, a partir de agora
tem um freio, e esse freio está no Poder Judiciário. Não haverá mais tolerância
com a corrupção. Não tenho dúvida de que isso já está provocando mudanças nos
planos de certos bandidos, inclusive os de toga”.
Até 06/09, os Ministros do STF condenaram oito dos 38 réus
do maior escândalo de corrupção da história política do país, a “sofisticada
organização criminal chefiada por José Dirceu”, segundo o Procurador-Geral da
República:
João
Paulo Cunha, deputado do PT e
ex-Presidente da Câmara, por corrupção passiva, peculato e por lavagem de
dinheiro.
Henrique
Pizzolato, PT de carteirinha,
ex-Diretor de Marketing do Banco do Brasil, foi condenado por liberar R$ 73
milhões da VISANET para as empresas de Marcos Valério. Todos os ministros
votaram por condenar Pizzolato por corrupção passiva, peculato e por lavagem de
dinheiro.
Marcos Valério, considerado o operador do Mensalão, através de suas
empresas (SMP&B, DNA Propaganda e Graffiti), condenado por corrupção ativa
e peculato. Ramon
Hollerbach, Cristino Paz,
ambos sócios de Marcos Valério, condenados por corrupção ativa e peculato e o
doleiro Carlos Alberto Quaglia, por
formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, teve o processo desmembrado.
A maioria dos ministros já considerou irregulares os empréstimos concedidos pelo banco às agências do publicitário Marcos Valério (R$ 29 milhões) e ao PT (R$ 3 milhões). No entendimento da acusação, os valores abasteciam o esquema de compra de apoio político no Congresso.
A acionista do Banco Rural Kátia Rabello e o ex-presidente da instituição José Roberto Salgado foram condenados por gestão fraudulenta. Os votos desta quinta-feira (06/09/12) também selaram a condenação do atual vice-presidente do banco Vinícius Samarane e a absolvição da ex-vice-presidente da instituição, Ayanna Tenório. Fonte: O Estado de São Paulo
Principais réus a serem julgados: José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do primeiro mandato do governo Lula, pediu demissão em meio à crise política que surgiu após as denúncias de corrupção nos Correios, que resultou no escândalo do mensalão. Foi o principal alvo das investigações do mensalão. Após pedir demissão, reassumiu seu mandato de deputado federal, sendo cassado em dezembro de 2005 por quebra de decoro parlamentar. Mesmo cassado, voltou à direção do PT. Foi indiciado por crimes graves como corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.
A maioria dos ministros já considerou irregulares os empréstimos concedidos pelo banco às agências do publicitário Marcos Valério (R$ 29 milhões) e ao PT (R$ 3 milhões). No entendimento da acusação, os valores abasteciam o esquema de compra de apoio político no Congresso.
A acionista do Banco Rural Kátia Rabello e o ex-presidente da instituição José Roberto Salgado foram condenados por gestão fraudulenta. Os votos desta quinta-feira (06/09/12) também selaram a condenação do atual vice-presidente do banco Vinícius Samarane e a absolvição da ex-vice-presidente da instituição, Ayanna Tenório. Fonte: O Estado de São Paulo
Principais réus a serem julgados: José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do primeiro mandato do governo Lula, pediu demissão em meio à crise política que surgiu após as denúncias de corrupção nos Correios, que resultou no escândalo do mensalão. Foi o principal alvo das investigações do mensalão. Após pedir demissão, reassumiu seu mandato de deputado federal, sendo cassado em dezembro de 2005 por quebra de decoro parlamentar. Mesmo cassado, voltou à direção do PT. Foi indiciado por crimes graves como corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.
José Genoino, ex-deputado federal, em julho de 2005 renunciou à presidência do PT após envolvimento em denúncias de corrupção relacionadas ao escândalo do mensalão. Em março de 2001 assumiu o cargo de assessor especial do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Responde a processos por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, acusado de participar do suposto esquema do mensalão, assinou acordo com a Procuradoria-Geral da União, em 2008, para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Ficou determinado pela Justiça que teria de fazer 750 horas de serviços comunitários no prazo de três anos. Afirmou não ter vontade de voltar à vida partidária.
Delúbio Soares, ex-tesoureiro do
PT, foi o único punido do partido por envolvimento no escândalo do mensalão. No
início de 2011 anunciou que poderá voltar a fazer parte do PT. Responde a
processos por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Professor Luizinho, foi suspeito de ter recebido dinheiro proveniente do esquema do mensalão e submetido à investigação pelo conselho de ética e decoro parlamentar da Câmara dos Deputados.
Mas faltou Lula
no banco dos réus. “Safo”, esperto como é, ninguém acredita que não sabia de nada, pois
tudo foi tramado no Palácio do Planalto, na sala abaixo do da presidência da
república, onde trabalhava José Dirceu.
ADVOGADOS
DO MENSALÃO
“Os advogados do
mensalão — ao todo são cerca de 150 envolvidos, incluindo nessa conta os
assistentes, vão receber de honorários com taxa de sucesso, segundo VEJA de
15/08/12, pág. 75: José Carlos Dias, R$ 8 milhões, advogado de Kátia Rabelo e
outros do Banco Rural; Arnaldo Malheiros, R$ 5 milhões, do réu Delúbio Soares,
ex-tesoureiro do PT; Marcelo Leonardo, R$ 5 milhões. Réu: Marcos Valério,
operador do mensalão; Antônio Carlos de Almeida Castro (KAKAI), R$ 5 milhões.
Réus: Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, marqueteiros de Lula em 2002; Antônio
Mariz, R$ 3 milhões. Réu: Ayanna Tenório, do Banco Rural; Alberto Toron, R$ 2 milhões.Réu: João Paulo
Cunha, deputado do PT e ex-presidente da Câmara; José Luis de Oliveira Lima, R$
1 milhão. Réu: José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil e os outros advogados recebem
em média R$ 400 mil”, ainda segundo VEJA, os criminalistas do mensalão têm seus
honorários estimados em R$ 61 milhões.
JOAQUIM BARBOSA,
ministro do STF e relator do Mensalão.
É comovente a atuação do ministro; como Aleijadinho, não se
entrega à grave enfermidade. Cumpre com seu dever às vezes em pé, outras vezes
deitado na cadeira, mesmo doente, às vezes parando para ser medicado e poder
suportar as dores atrozes que o acomete.
Mas há também que se destacar, a atuação do Dr. ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS , PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, pela coragem cívica, pela honradez e dignidad
“Agentes públicos que se deixam corromper e
particulares que corrompem são, corruptos e corruptores, os profanadores da
República, os subversivos da ordem constitucional, os delinqüentes, os
marginais da ética do poder, infratores do Erário que trazem consigo a marca da
indignidade, que portam o estigma da desonestidade”, diz o Ministro Celso de
Mello, decano do STF.
“A cada desvio de dinheiro público, mais
uma criança passa fome, mais uma localidade fica sem saneamento, sem mais um
hospital, sem leitos”, disse Luiz Fux, ministro do STF.
“A
corrupção é um dos males deste século. O arrojo, a febre do fausto, o
affairismo fazem com que a corrupção campeie”. Cármen Lúcia, ministra do STF.
“Os empréstimos foram simulacros, que teriam sido
engendrados para ocultar repasse de dinheiro para o Partido dos Trabalhadores”,
diz Gilmar Mendes, ministro do STF.
Ministros polêmicos:
Embora
polêmicos, Ricardo Lewandowski e Dias Tóffoli surpreenderam condenando réus
importantes, certamente pressionados pela votação televisionada, a pressão da
mídia e dos cidadãos.
Ricardo
Lewandowski: Formou-se em direito pela faculdade de São Bernardo do Campo, e
nos governos petistas de lá foi secretário de governo e de assuntos jurídicos.
Entrou para juiz do Tribunal de alçada criminal de São Paulo indicado pela aberração que é o quinto constitucional, uma vaga que não depende de concurso público, e é preenchida por indicação em lista tríplice da OAB local.
A partir daí ele foi para o TJ de São Paulo, também sem concurso, evidentemente, até porque para o TJ é nomeação do governador, e depois para o STF, também, evidentemente, sem concurso.
Ou seja, toda uma carreira na administração superior da justiça construída na boquinha a partir dos serviços prestados como secretário do PT em São Bernardo do Campo. ele chegou ao STF porque a mãe dele era muito amiga da Marisa Letícia em São Bernardo (SP) e foi ela (primeira-dama) que pediu ao Lula para indicá-lo ao STF...) tentou adiar o processo do mensalão até que os crimes prescrevam.
Entrou para juiz do Tribunal de alçada criminal de São Paulo indicado pela aberração que é o quinto constitucional, uma vaga que não depende de concurso público, e é preenchida por indicação em lista tríplice da OAB local.
A partir daí ele foi para o TJ de São Paulo, também sem concurso, evidentemente, até porque para o TJ é nomeação do governador, e depois para o STF, também, evidentemente, sem concurso.
Ou seja, toda uma carreira na administração superior da justiça construída na boquinha a partir dos serviços prestados como secretário do PT em São Bernardo do Campo. ele chegou ao STF porque a mãe dele era muito amiga da Marisa Letícia em São Bernardo (SP) e foi ela (primeira-dama) que pediu ao Lula para indicá-lo ao STF...) tentou adiar o processo do mensalão até que os crimes prescrevam.
Quanto a Dias Toffoli, o autor deste
blog protocolou pedido de IMPEACHMENT do Min. JOSÉ
ANTÔNIO DIAS TÓFFOLI, POR FALTA DE ÉTICA, COMPOSTURA E DECORO PARA
INTEGRAR O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF E PRESIDIR O TRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL - STE. Procedimento
MPF - PR-ES Nº 1448/2012-30. O feito está com o Procurador da República
André Pimentel Filho para atuar no caso. Tel. do MPF-ES: (27) 3211-6427.
A petição tem
62 páginas e os dados principais estão no blog O PERISCÓPIO:
theodianobastos.blogspot.com
Diz Reinaldo Azevedo, em 06/09/09: “Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil
O
currículo do jovem Advogado Geral da União, José Antônio Dias Toffoli, que vai
fazer 42 anos em novembro, tem 34.397 toques — sem espaço — e 6.510 palavras. É
coisa pra chuchu. Impressiona. Diante de tal portento, a gente logo sente
palpitar a tentação de apelar a Hipócrates, mas na versão em latim, que ganhou
o mundo: “Ars longa, vita
brevis” – a arte é longa, a vida é breve. É claro que o sentido
original tem de passar por uma ligeira torção. O autor fazia uma espécie de
lamento: tanto há a fazer, e é tão curta a vida. A julgar pelo volume do
currículo, Toffoli é mais feliz do que Hipócrates: parece já ter feito tanto em
vida ainda tão curta! Estaria, assim, caracterizado o notório saber que
justificaria a sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal. Será?
Algumas
pessoas reclamaram: “Você está superestimando os dois concursos para juiz de primeiro
grau em que ele foi reprovado; isso não quer dizer grande coisa”. Bem, já
respondi devidamente: se a reprovação não impede a nomeação, não pode servir
como uma distinção, não é mesmo? Se elas não negam o seu notório saber, ele não
se torna notoriamente sábio por ter sido reprovado.
Estamos
ainda, como se vê, em busca do notório saber de Toffoli — para ocupar uma vaga
no Supremo, bem entendido! Foi o que me levou a seu currículo. É claro que
ninguém é obrigado a prestar concurso para juiz de primeiro grau se quer, um
dia, integrar o Supremo. Se prestar, no entanto, convém ser aprovado. Vá lá:
naqueles dois anos em que fez a prova, Toffoli poderia não estar muito bem, não
deu sorte, fez a prova em jejum, sei lá eu. Acontece. Então fui ao seu
currículo em busca das evidências de que construiu o “notório saber” depois.
Formou-se
bacharel em direito, pela Universidade de São Paulo, em 1990. O doutorado, ele
o fez na… Ops! Ele não fez doutorado. Também não fez mestrado. Nada impede um
advogado, mesmo sem essas qualificações acadêmicas — nem todo mundo se dá bem
na carreira universitária —, de escrever livros sobre a sua área. Eu
diria até que pode haver algo de especialmente charmoso nisso. O autor se
torna, assim, uma espécie de livre-pensador, articulando, muitas vezes, um
pensamento original, mas vital, fora dos cânones. Acontece que Toffoli também não escreveu livro nenhum. Então estamos
assim até agora:
- ele foi reprovado duas vezes em concurso para juiz de primeiro grau;
- ele não fez doutorado ou mestrado;
- ele não é autor de livro nenhum.
- ele foi reprovado duas vezes em concurso para juiz de primeiro grau;
- ele não fez doutorado ou mestrado;
- ele não é autor de livro nenhum.
É
legítima a pretensão de Toffoli de integrar o Supremo. Mas ele tem de fazer por
merecer. O direito tem de vir a ser grato por seus serviços. Por enquanto,
gratos lhe são apenas o PT e Lula, seu cliente até outro dia”. Fonte:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/Blog
Dora Kramer: “Por inúmeros que
sejam os exemplos de que o PT não faz
distinção conceitual ou factual entre governo, Estado e partido,
considerando as três instâncias como um conjunto do qual automaticamente toma
posse aquele que obtém mais votos na eleição, ainda assim espanta a decepção
com a posição dos ministros no julgamento do mensalão.
Note-se: o
dissabor não se relaciona com o mérito ou demérito do conteúdo das peças de
defesa e de acusação. Prende-se simplesmente à esperança de que tendo sido a
maioria da Corte indicada pelo líder do grupo ora na berlinda, essa supremacia
se refletisse em absolvição majoritária dos réus”.
O plenário do
Supremo julgando o mensalão: julgamento do mensalão é teste para isenção de
ministros nomeados por governos petistas. As condenações que vêm sendo
expedidas até agora no caso do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal –
sobretudo as que recaíram sobre as costas do primeiro grande figurão do PT,
deputado João Paulo Cunha — são um forte e demolidor argumento contra a ideia,
consideravelmente difundida, de que juiz indicado para a Casa por um presidente
“paga” a designação, posteriormente, em sua atuação como magistrado.
A tese, como toda
generalização, é injusta por definição. Mas vou mais além.
Vejam bem: dos 11
ministros em atividade, apenas três – Celso de Mello, Marco Aurélio e Gilmar
Mendes – não foram indicados ao Senado por governos petistas.
E no entanto, até agora, não se pode em hipótese
alguma e em sã consciência dizer que o tribunal, como um todo, esteja sendo
dócil aos interesses do partido do governo – pelo contrário.
O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa,
vem sendo severíssimo e implacável. Foi indicado por Lula e assumiu em junho de
2003.
O presidente da corte, Ayres Britto, que decidiu
que o mensalão seria julgado este ano, que fixou um calendário e pressionou
para que o relutante ministro revisor, Ricardo Lewandowski, não empurrasse com
a barriga para 2013 seu trabalho, foi indicado por Lula e assumiu em junho de
2003.
O ministro Cezar Peluso, cujo voto foi
importantíssimo para condenar à cadeia João Paulo Cunha – o ministro fixou até
a pena para o deputado –, também foi apontado por Lula e igualmente assumiu em
junho de 2003.
No julgamento do mensalão, os ministros Luiz Fux,Cármen
Lúcia e Joaquim Barbosa -- todos nomeados por governos petistas --, até agora
implacáveis com a bandidagem, e Celso de Mello, um dos únicos não designados
por Lula ou Dilma, mas não menos firme (Foto: Valter Campanato / Agência
Brasil)
A ministra Cármen Lúcia, da mesma forma severa
e imune às artimanhas jurídicas da defesa para livrar o deputado, é outra
indicação de Lula, e tomou posse em junho de 2006.
O ministro Luiz Fux, cujo voto sobre lavagem de
dinheiro pode mudar a jurisprudência do Supremo – ele lembrou que nunca há
documentos escritos nem recibos que comprovem o crime e que a presunção de
inocência em tais casos não pode ser absoluta, mas deve levar em conta a
quantidade de indícios de crime – teve seu nome proposto ao Senado pela
presidente Dilma, e tomou posse em março do ano passado.
A ministra Rosa Weber, que não tem tido
contemplação para com o crime até agora, foi a segunda indicação da presidente
Dilma ao Senado e ascendeu ao Supremo em dezembro passado”. Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/mensalao
“Quebrou-se a certeza da impunidade. O julgamento do
mensalão pode ser a mais importante barreira ao agravamento da corrupção no
Brasil. Ainda não se tem o fim do processo, não há penas para os que já estão
condenados, mas a partir de agora ficará mais difícil a repetição dos mesmos
comportamentos dos políticos e de seus nomeados para cargos de confiança.
Os costumes políticos
no Brasil começaram a aceitar qualquer coisa, os limites éticos ficaram cada
vez mais gasosos nos últimos anos, tudo se aceitava em nome do pagamento de
custos de campanha. Não mais. As desculpas que o Brasil ouviu nos inúmeros
escândalos desrespeitaram a inteligência coletiva. Do pagamento da TV por
assinatura da mulher do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha aos panetones
do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. Tudo os eleitores
tiveram que engolir. Não mais.
No quesito “desculpas
esfarrapadas”, ouvimos todas. E ontem, no seu último voto no Supremo Tribunal
Federal (STF), o ministro Cezar Peluso desnudou algumas dessas explicações
insustentáveis. Uma delas, a de que o dinheiro recebido pela mulher do deputado
João Paulo Cunha era do PT e para pagar pesquisas eleitorais em Osasco. Se era
do PT por que saiu da agência de publicidade contratada pela Câmara? Para que
fazer pesquisa dois anos antes das eleições? E como pedir o dinheiro quase um
ano depois de ele já ter sido concedido? Perguntas simples que desmascaram a
segunda versão dada pelo ex-presidente da Câmara.
O peso deste
julgamento marcará o Brasil. Aqui sempre se teve convicção de que a impunidade
cercaria políticos, governantes, poderosos. É essa convicção que já está
quebrada, mesmo antes do fim do processo, e isso servirá como fato dissuasório.
Pensarão duas vezes os corruptos antes das suas transações”.
A nota dissonante tem
sido o ministro José Antonio Dias Toffoli. Foi constrangedora sua decisão de
não se declarar impedido, já que impedido está. Quem defendeu alguém ou alguma
causa não pode julgar. É simples assim. Toffoli é jovem e tem pela frente quase
três décadas de assento garantido no Supremo. Sua decisão de votar é um erro
que cria uma sombra sobre o futuro.
O ministro Celso de Mello
explicou ontem que não se pode fazer o que nos últimos tempos estava se
tornando natural: “Quem tem o poder do Estado em suas mãos não tem o direito de
usá-lo em seu próprio benefício.” O ministro Cezar Peluso, ao sair, ensinou,
com voz mansa, que “juiz não condena por ódio”, mas sim “reverencia a lei” e o
faz para que o réu “se reconcilie com a sociedade”. Melhor ficar com lições que
engrandecem”, conclui Míriam Leitão, em O Globo.