O delegado da Polícia Federal de Minas Gerais Rodrigo Morais afirmou ao Globo, nesta quinta-feira, que a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região de reabrir as investigações sobre o atentado a faca sofrido pelo presidente Jair Bolsonaro permitirá esclarecer a "única lacuna" do inquérito - se os advogados de Adélio Bispo, o autor da facada, foram contratados por um terceiro ou se eles resolveram assumir o caso por conta própria.
O TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) decidiu derrubar uma liminar que impedia a reabertura das investigações sobre a facada recebida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quando era candidato, em 2018. Agora, a Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) poderão analisar novas pistas sobre a participação de terceiros no crime. A investigação havia sido arquivada pela Justiça Federal de Minas Gerais em junho.
Na sessão de julgamento, os
desembargadores do TRF-1 derrubaram uma liminar que proibia, entre outros
pontos, a quebra do sigilo bancário do advogado Zanone Manuel de Oliveira
Júnior, que se apresentou, em um primeiro momento, como advogado de Adélio
Bispo, autor da facada contra o então candidato a presidente.
O tribunal entendeu que os atos
investigatórios autorizados contra o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior
e pessoas jurídicas das quais ele é sócio não constituem violação ao sigilo
profissional nem às prerrogativas da advocacia.
Os mandados de busca e
apreensão abrangem livros-caixa, recibos e comprovantes de pagamento de
honorários, bem como o aparelho telefônico do advogado Zanone Júnior e imagens
do circuito de segurança de um hotel onde o advogado teria se encontrado com um
suposto financiador da defesa de Adélio Bispo.
O escritório de advocacia de
Zanone não foi incluído no rol das buscas justamente para a preservação do
sigilo da atividade profissional do advogado.
“Agora, as investigações da
facada no presidente da República poderão continuar. Serão analisados os dados
de todos aqueles advogados, e vamos saber quem pagou aos advogados”, afirmou
Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, em coletiva à imprensa na noite desta
quarta-feira (3).
Embora a Polícia Federal tenha
concluído que não houve mandantes no atentado e que Adélio agiu sozinho,
Bolsonaro alega que deveria ser apurado o pagamento de honorários dos advogados
do autor do crime, já que ele não teria dinheiro para contratar defensores.
Em junho, apesar do
arquivamento, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora,
determinou que as investigações pudessem ser reabertas na eventualidade de
surgirem novas provas ou serem autorizadas diligências pendentes, como a quebra
de sigilo do advogado que se apresentou para fazer a defesa de Adélio após o
ataque.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2021-11/trf-autoriza-retomada-de-apuracao-sobre-atentado-contra-bolsonaro
e https://noticias.r7.com/brasilia/trf-1-permite-mais-investigacoes-sobre-facada-em-bolsonaro-03112021