DOMINGOS
FRAZÃO ARQUITETOU MORTE DE MARIELLE, DENUNCIA A PGR
Denúncia
do MPF ao Superior Tribunal de Justiça aponta o político como principal
suspeito e o envolvimento de diversos milicianos e PMs.
A
vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foram mortos a
mando do político Domingos Brazão, que pagou por 500 mil reais pelo crime. É o
que afirma o miliciano Jorge Alberto Moreth, durante uma conversa telefônica
com o vereador Marcello Sicilliano (PHS), segundo documentos do Ministério
Público Federal (MPF) obtidos pelo portal UOL.
Raquel Dodge, quando ainda ocupava o cargo
de procuradora-geral da República, apresentou ao Superior Tribunal de Justiça
denúncia por obstrução no caso Marielle.
Na
gravação, o miliciano aponta os três verdadeiros assassinos da vereadora:
Leonardo Gouveia da Silva, o Mad, Leonardo Luccas Pereira, o Leléo, e Edmilson
Gomes Menezes, o Macaquinho.
Os
indivíduos citados são matadores de aluguel do Escritório do Crime e chefiam
uma milícia no Morro do Fubá, na zona norte do Rio de Janeiro, indicam
investigações da Polícia Civil.
De
acordo com Moreth, um dos líderes da milícia em Rio das Pedras – onde Brazão
tem grande influência eleitoral -, o crime teve o comando de Ronald Paulo Alves
Pereira, major da Polícia Militar (PM) e o apoio do major Ronald Paulo, que
estava em outro carro no momento do assassinato.
A
ligação, encontrada no celular de Sicilliano pela Polícia Federal, ocorreu em 8
de fevereiro de 2019. Na época, o vereador e o miliciano Orlando Araújo eram
suspeitos de envolvimento no crime.
Moreth
está preso desde maio.
Também
estão detidos o PM da reserva Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz.
Para a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro, eles são os
assassinos da vereadora. Ambos negam participação no caso.
Diálogos
Na
gravação, Sicilliano pergunta a Moreth quem era o mandante do crime. O
miliciano responde que havia sido Brazão, adversário eleitoral do vereador. “Os
moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo
bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e
tacaram fogo nela [Marielle].”
O
assassinato custou 500 mil e teria sido intermediado pelo ex-PM Marcus Vinicius
Reis dos Santos, o Fininho, também membro da milícia de Rio das Pedras.
Moreth: Sim. Tu não conhece o “Fininho” não cara,
que trabalha pro Brazão aqui no Rio das Pedras não? (…) Ele fez esse contato, o
bagulhinho foi quinhentos conto, irmão, pra matar aquela merda, quinhentos
cruzeiros. Cada um levou uma pontinha, o carro saiu realmente lá de cima do
Floresta [um clube na zona oeste do Rio], eles foram lá, tiraram foto, câmera,
ba-ba-ba, só que o carro era um doublé e o carro já acabou, a arma já acabou.
Um dos moleques já está foragido por outras coisas, eles têm pica pra caralho.
De todos esses caras que morreram eles têm pica. Quem empurrou foi os três
moleques a mando de Sr Brazão, simples.
Na
conversa, Moreth diz não saber a motivação do crime. “Agora, a motivação do
Brazão, se foi por motivo torpe, ou por ganância, ou por raiva da mulher, por
qualquer coisa … porque eles não acharam que ia dar essa repercussão toda,
chefe!”