sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

FELIPE RIGONI, ES, PRIMEIRO DEPUTADO CEGO



Deputado do ES cala plenário e arranca aplausos durante discurso
O deputado federal Felipe Rigoni se apresentou aos colegas de plenário e contou a história de vida. Ele pediu que as decisões sejam justas e que a população seja priorizada

Felipe Rigoni, deputado federal eleito pelo Espírito Santo, durante visita ao Congresso

Durante discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta quarta-feira (20), o deputado federal eleito no Espírito Santo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Felipe Rigoni, contou aos deputados sobre como ficou cego. Em seguida, falou sobre superação, escolhas, as conquistas que ele teve até ser eleito e também fez um apelo por um país mais ético, justo e desenvolvido para a próxima geração. Durante o discurso e no final, Felipe arrancou aplausos dos deputados com a fala motivacional.

Pessoal, boa tarde. Boa tarde presidente. Primeiro, eu gostaria de agradecer a presença e a receptividade de todos. Eu sou Felipe Rigoni, sou deputado federal pelo Espírito Santo, pelo partido PSB e eu venho de Linhares, uma cidade ao Norte do Espírito Santo e, como todos já devem ter percebido, eu sou cego, e eu não nasci cego, mas fiquei cego depois de nove anos de muita luta contra vários problemas que me aconteceram. No ano de 2006, eu comecei a perceber que a cada dia que passava eu enxergava menos. A cada dia que passava todas as técnicas que eu usava para enxergar melhor já não funcionava mais. Até que um dia eu estava numa aula de português, e eu estava escrevendo um exercício. Um amigo meu virou pra mim e falou bem assim: "Felipe, você acabou de escrever três vezes na mesma linha". Eu olhei para o meu caderno e não enxergava, e foi nesse momento que eu tive que virar pra mim e dizer: "Felipe, vamos parar de se enganar (sic) por que você está cego. Não tem mais jeito". Eu reconheci a cegueira naquele momento, mas eu não aceitei. Na verdade, eu fiquei muito revoltado. E um certo dia, o meu pai me viu chorando na sala de casa, sentou do meu lado e disse assim: "Felipe, lembra que você tem uma escolha", e eu não entendi o que ele falou para mim, mas depois de um tempo, eu comecei a perceber que, de fato, eu não tinha escolha sobre o que tava acontecendo comigo, mas sim eu tinha escolha sobre a atitude que eu teria diante daquilo que me acontecia. Anos depois, eu fui ler na filosofia mais fina o significado das palavras do meu pai. O livro "Em Busca de Sentido", do Viktor Frankl, um autor austríaco, ele diz que o ser humano pode se desfazer de qualquer coisa, menos da liberdade de escolher que atitude tomar diante das circunstâncias. E foi com essa percepção, que eu tinha liberdade de escolha, que eu me formei como melhor aluno do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Ouro Preto, tendo liderado mais de 10 mil jovens no Movimento Empresa Junior. 
 
Foi com essa mesma escolha que eu acabei de fazer um mestrado em Políticas Públicas, na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e foi com essa mesma escolha que eu me tornei líder do Movimento Acredito, do Renova BR, e que conquistei o voto de 84.405 capixabas nas últimas eleições. Mas porque que eu estou contanto essa história? Além, claro, de me apresentar, é também para dizer, pessoal, que o nosso País não vive um momento fácil, e para muitos de nós as escolhas não são muitas. Só que milhões de brasileiros ainda acreditam que temos uma escolha. E as eleições do ano passado mostraram que os brasileiros e brasileiras esperam dessa casa uma nova atitude diante dos desafios do nosso País. Enquanto a gente fica aqui obstruindo o andamento de projetos que concordamos só pra marcar uma posição política, tem 60 milhões de brasileiros que estão endividados e quase 13 milhões que estão desempregados. Enquanto a gente defende projetos de interesse pessoal, que sequer sabemos se faz sentido ou não, 100 milhões de brasileiros sequer tem esgoto coletado, quiçá tratado. Enquanto a gente fica fazendo ou situação pela situação, ou oposição pela oposição, tem cerca de 1,5 milhões de jovens fora da escola. Acredito que não foi por esse tipo de atitude que os brasileiros depositaram esperança em nós no ano passado. Independente do nosso campo político, pessoal, direita, esquerda ou centro, precisamos entender que a gente precisa criar e, de fato, produzir uma gestão pública eficiente e inovadora, não importa se a gente é minoria ou maioria, o que importa é que a gente precisa promover igualdade e oportunidade especialmente através de uma educação de qualidade para o nosso país. E pouco vale se a gente é governo ou oposição quando o desenvolvimento socioeconômico do nosso país está em jogo. Nós precisamos sim, pessoal, é nos debruçar sobre as evidências científicas que existem sobre cada coisa, respeitando a vontade popular e, claro, entendendo as consequências de cada política nos diferentes contextos do nosso país. Só assim, construindo pontes e diálogo, é que a gente vai construir um país mais ético, mais justo, mais desenvolvido e mais inclusivo para as próximas gerações. Muito obrigado, presidente.

Primeiro deputado cego, Felipe Rigoni, ES defende combate à corrupção e inclusão de pessoas com deficiência
O deputado eleito se reuniu nesta quinta-feira (18) com representantes de áreas técnicas da Câmara para verificar eventuais necessidades de adaptação da estrutura da Casa para que possa exercer plenamente seu mandato
Felipe Rigoni, ES, quer maior interação com cidadãos para garantir decisões melhores e mais eficientes

Felipe Rigoni (PSB-ES) é capixaba de Linhares, tem 27 anos e, em 7 de outubro, recebeu mais de 84 mil votos, a segunda maior votação para deputado federal no Espírito Santo. Primeiro deputado federal cego, ele disse que terá mandato interativo com a população, com foco no combate à corrupção governamental e na inclusão das pessoas com deficiência.

A cegueira total veio aos 15 anos de idade, após várias cirurgias para conter uma inflamação ocular chamada uveíte, detectada ainda na infância. Rigoni conta que, depois de uma difícil adaptação à nova realidade, percebeu que sua independência só viria por meio da educação. Formou-se em engenharia de produção pela Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais, e fez mestrado em políticas públicas na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Também já foi líder estudantil e do movimento de empresas juniores.
Em 2016, Rigoni perdeu a eleição para vereador de Linhares, mas agora chega à Câmara dos Deputados, depois de ter passado pela organização não governamental RenovaBR, movimento de apoio à formação de novas lideranças políticas.

Felipe Rigoni afirma que sua eleição foi resultado do trabalho de mais de 2 mil voluntários que o ajudaram nas campanhas de rua e pelas redes sociais.
"Eu vou ter um mandato compartilhado e um conselho parlamentar, com pessoas da sociedade civil e especialistas. Também vou ter um aplicativo de interação direta com a população capixaba, para a qual fui eleito para representar”, declarou.

O deputado eleito diz que terá três grandes linhas de atuação: a eficiência do governo, com combate à corrupção, transparência e participação popular para garantir decisões melhores e mais eficientes; a educação básica, com enfoque na inclusão e na diversidade, por conta de sua deficiência e das necessidades das pessoas com deficiência e de outras minorias; e o fortalecimento da economia.
Acessibilidade na Câmara

Rigoni se reuniu nesta quinta-feira (18) com representantes de áreas técnicas da Câmara dos Deputados para garantir uma atuação parlamentar eficiente desde a posse, prevista para 1° de fevereiro de 2019.

Algumas readequações na estrutura da Casa e nas tecnologias assistivas já disponíveis vinham sendo articuladas, mas a coordenadora de acessibilidade da Câmara, Adriana Januzzi, citou o lema da Convenção sobre Direitos da Pessoa com Deficiência – "nada sobre nós sem nós" – para ressaltar a necessidade de uma conversa direta com o deputado eleito em busca da superação de demandas específicas.

 “Teremos que adaptar alguns sistemas para fazer a conexão com o software de leitura de tela que ele usa. Vamos trabalhar a colocação de piso tátil e mapas táteis em alguns locais. E estamos trabalhando em um projeto de GPS interno – que funciona por bluetooth – e que também vai ajudar muito na locomoção e na mobilidade das pessoas. A gente já tem placas de sinalização em braile, e o nosso site é acessível. Desde 2004, atuamos para que os ambientes, produtos, serviços e informações da Câmara dos Deputados sejam acessíveis a pessoas com todos os tipos de deficiência", disse Adriana Januzzi.

Felipe Rigoni terá direito a apartamento funcional e a gabinete parlamentar adaptados para cego e também acessíveis a pessoas com outros tipos de deficiência que quiserem entrar em contato com ele.

Inclusão
Além de receber visitas de deficientes visuais diariamente, a Câmara dos Deputados tem, atualmente, dois servidores e um estagiário cegos, além de vários outros funcionários com baixa visão.

Recentemente, a Casa teve três deputados cadeirantes – Walter Tosta, Rosinha da Adefal e Mara Gabrilli (PSDB-SP), que ainda é deputada. Nos últimos anos, a Câmara tem ampliado a instalação de rampas, elevadores adaptados e triciclos motorizados nas portarias. Vigilantes, brigadistas e atendentes dos restaurantes e lanchonetes passam por capacitações frequentes.

A TV Câmara conta com linguagem de libras e legendas em tempo real para surdos. E nos plenários das comissões, a tecnologia assistiva de aro magnético facilita a comunicação dos usuários de aparelhos auditivos. http://www2.camara.leg.br/ Reportagem – José Carlos Oliveira Edição – Pierre Triboli

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

REFORMA CORTA PRIVILÉGIOS E REDUZ DESIGUALDADE


Bolsonaro entrega ao Congresso a reforma da Previdência

Presidente ficou cerca de 20 minutos na Câmara e não deu declarações; ele entregou o projeto para o presidente da casa, Rodrigo Maia 

O presidente Jair Bolsonaro entregou, nesta quarta-feira 20, o texto da reforma da Previdência ao Congresso Nacional. Bolsonaro levou o texto até o gabinete do presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) também estava presente.

A visita de Bolsonaro durou cerca de 20 minutos e depois seguiu ao Palácio do Planalto. O texto será detalhado pela equipe econômica do ministro Paulo Guedes. 

A reforma da Previdência prevê a fixação de idade mínima para que trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos possam se aposentar. A proposta exige que as mulheres se aposentem após completar 62 anos de idade e os homens, 65,. O tempo mínimo de contribuição, chamado carência, também deve subir. A expectativa é que ele seja de 20 anos. Hoje, esse período é de 15 anos. As mudanças valem tanto para trabalhadores da iniciativa privada quanto para servidores públicos.


55 países elevaram idade mínima para a aposentadoria
Estudo do Ipea publicado pela Folha mostra que, entre os anos de 1995 e 2017, pelo menos 55 países elevaram a idade mínima de aposentadoria.
Além disso, 60 ajustaram a fórmula de cálculo dos benefícios, reduzindo o valor pago aos segurados, e 76 países aumentaram a taxa de contribuição previdenciária. https://www.oantagonista.com/ 03/03/19

A apresentação do texto completo do projeto acontece em meio à crise política que resultou na exoneração do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebbiano. Nesta terça-feira, VEJA revelou áudios das conversas que anteciparam a demissão.

Tampa para o rombo

O principal argumento do Planalto é o rombo que as aposentadorias causam nas contas públicas. No ano passado, o déficit da Previdência subiu 8%, chegando a 290,2 milhões de reais.

Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, a economia gerada pelo projeto deve ser de 1 trilhão de reais em dez anos.
Na prática, o projeto acaba com a aposentadoria com tempo de contribuição. Esse tipo de benefício permite que os trabalhadores se aposentem mais jovens. Para sustentar as aposentadorias que já estão sendo pagas, a ideia é que os trabalhadores permaneçam mais tempo no mercado de trabalho para conseguir bancar o benefício de quem já está inativo.

No ano de 2018, 9,2% dos 209 milhões de brasileiros tinham mais de 65 anos. Em 2060, serão 25,5%, segundo projeções oficiais.
Bolsonaro dispõe a princípio de uma maioria constituída pelas bancadas de vários partidos para aprovar essa reforma constitucional, que requer maioria de três quintos tanto na Câmara dos Deputados (308 de um total de 513) quanto no Senado (49 de 61). Se passar pela votação em dois turnos, o texto é promulgado e não precisa passar pela caneta de Bolsonaro para valer.

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse na terça-feira que o governo tem até agora 250 votos na Câmara e que serão necessários 60 ou 70 para aprovar a proposta.

A reforma anterior, proposta pelo presidente Michel Temer, ficou pelo meio do caminho por falta de apoio para aprovação do texto. A proposta previa fixar a idade mínima nos 62 anos e 65 anos, como a atual. O texto foi apresentado em dezembro de 2016 e aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na Comissão Especial.

O texto chegou em maio de 2017 no plenário da Câmara. Entretanto, a proposta não foi colocada em votação pelo presidente da casa,  Rodrigo Maia (DEM-RJ), porque não havia base para aprovação.

Projeto de Bolsonaro prevê economizar 1 trilhão em 10 anos (Cleia Viana/Câmara dos Deputados) https://veja.abril.com.br 20/02/19

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

BOLSONARO TEM OITO MINISTROS MILIATARES


Bolsonaro supera Geisel, Médici e Figueiredo em ministros militares

Levantamento feito pelo Estadão mostra que pelo menos 103 militares ocupam cargos comissionados de ministérios, bancos federais, autarquias, institutos e estatais no governo Jair Bolsonaro.

Os militares terão como desafio gerir áreas que estão além daquelas associadas a eles, como infraestrutura, ciência e tecnologia.

No Turismo, por exemplo, o ministro Marcelo Álvaro Antônio foi orientado pelo Planalto a nomear um militar da Marinha para o posto de corregedor e um coronel do Exército para o Departamento de Política e Ações Integradas.

https://www.estadao.com.br/ 03/03/19
Governos durante ditadura militar tinham sete representantes das Forças Armadas nos ministérios, um a menos que a composição atual
Revista VEJA, Por Giovanna Romano 

Os militares do governo Bolsonaro: Marcos Pontes, Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva, Carlos Alberto dos Santos Cruz, Bento Costa Lima, Wagner Rosário, Tarcísio Gomes de Freitas e Floriano Peixoto (Valter Campanato/Agência Brasil - Adriano Machado/Reuters - Thomas Mukoya/Reuters - Saulo Cruz/MME - Marcelo Camargo/Agência Brasil - Evaristo Sá/AFP - Tomaz Silva/Agência Brasil)

Com a nomeação do general da reserva Floriano Peixoto para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, cargo ocupado pelo ex-ministro Gustavo Bebianno, exonerado nesta segunda-feira, 18, Jair Bolsonaro (PSL) reforça a presença de militares no time ministerial e ultrapassa João Figueiredo, Ernesto Geisel e Emílio Garrastazu Médici, presidentes durante a ditadura (de 1964 a 1985), com oito militares no governo.
Figueiredo, Geisel e Médici tinham na composição de seus ministérios sete nomes das Forças Armadas. O número atingido hoje por Bolsonaro empata com o do governo Costa e Silva, mas ainda está atrás de Castelo Branco, com doze nomeações de militares na composição dos ministérios.

Os militares que estão no governo atual, além de Floriano Peixoto, são: tenente-coronel Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), general Fernando Azevedo e Silva (Defesa), general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), almirante Bento Costa Lima (Minas e Energia), capitão da reserva Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) e capitão da reserva Tarcísio Freitas (Infraestrutura).

O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, será o único civil entre os quatros ministros que despacham no Palácio do Planalto. Bebianno, que antes despachava ao lado de Bolsonaro, foi exonerado por causa da crise atual do governo, que envolve supostas candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente. https://veja.abril.com.br/ 18/02/19