quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

JOÃO DE DEUS, O MÉDIUM E O MONSTRO



JOÃO DE DEUS: O MÉDIUM E O MONSTRO 
                      por Theodiano Bastos
Diz a sabedoria chinesa que  “Um ser humano deve ser julgado pelo que é capaz de fazer em seus melhores momentos” 


João de Deus: patrimônio de outro mundo

Já preso, com depoimentos de mais de 500 vítimas de abusos xexuais, João de Deus tem 7 fazendas, R$ 35 milhões em aplicações, R$ 1,6 milhões em dinheiro vivo encontrado em esconderijos na residência, 6 armas, inclusive com numeração raspada, mais de 100 pedras preciosas, 27 imóveis em Abadiana  avaliados em 20 milhões, um patrimônio avaliado em mais de de 56 milhõessa, o total soma 56 milhões de reais.E suspeito de liderar uma organização criminosa.

 Curto-circuito durante depoimento do curandeiro


A GloboNews registra que, durante o depoimento de João de Deus, houve um curto-circuito na sala.

As perguntas tiveram de ser interrompidas. 

                                 O depoimento ‘sobrenatural’ de João de Deus

A Folha de São Paulo relata que o depoimento de João de Deus, médium acusado de abuso sexual, ontem à noite em Goiânia teve “um quê de sobrenatural”.
Na hora de o médium falar, o computador usado para registrar seu depoimento “parecia ter vida própria”, segundo os presentes. “Você apertava uma tecla e ela OOOOOOOOO…”, descreveu a delegada Karla Fernandes.
Depois, Karla usou uma extensão para ligar o ar-condicionado. O fio explodiu e, de quebra, queimou o frigobar.
Além disso, a oitiva estava marcada para acontecer em Anápolis, mas o escrivão que deveria acompanhá-la foi atropelado na BR-060, a caminho da delegacia, e quebrou o braço.
“Estamos diante de uma situação que envolve crenças e energias”, afirmou a delegada, que se classifica como “espiritualista”.

João de Deus irá para presídio de Aparecida de Goiânia


Segundo o delegado-geral André Fernandes, João de Deus será encaminhado para  o Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia para cumprir a prisão preventiva.
Neste momento, o médium está sendo ouvido pelos policiais e, em seguida, será levado ao IML antes de seguir para a unidade prisional.
 
João de Deus deve ser estudado pela Ciência a fim de desvendar seu inegável poder de cura, principalmente as cirurgia espirituais e agora se ficou sabendo que usava o pênis como instrumento de cura. Ele é uma criatura digna de compaixão por ter sucumbido ao seu lado sombrio e assustador e que todos nós temos.


Mulher de João de Deus aparece e pede orações para que 'verdade prevaleça'

Ministério Público reuniu pelo menos 335 denúncias de mulheres que dizem ter sido abusadas sexualmente pelo médium

Lígia Formenti, O Estado de S.Paulo, 15 Dezembro 2018  

ABADIÂNIA - "Que a verdade prevaleça", afirmou Ana Keila Teixeira, mulher de João de Deus, durante a festa de distribuição de brinquedos, promovida pela família, na manhã deste sábado, 15. Trajando uma camiseta  com a foto de seu marido e com os dizeres "Obrigada João de Deus", ela pediu orações aos presentes. "Apesar das turbulências, peço que todos continuem rezando para que a verdade prevaleça".

Ana Keila não deu entrevistas. João de Deus, médium que ficou conhecido internacionalmente, está com a prisão preventiva decretada, acusado de abusar sexualmente de mulheres. Seu advogado, Alberto Zacharias Toron, afirmou que ele se entregaria neste sábado.

O horário e local não foram informados. De acordo com a Delegacia Geral de Goiás, responsável por conduzir as investigações, se João de Deus não se apresentar até 14 horas, será considerado foragido.
A festa de distribuição de brinquedos é realizada todos os anos. É um dos acontecimentos de Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília, patrocinados pelo médium. Um toldo é estendido em frente da casa do médium, brinquedos são dispostos na rua. Depois do almoço, há distribuição de brinquedos.

Justiça determinou a prisão preventiva de João de Deus
Todos os anos, cerca de 2 mil pessoas participam do evento. Este ano, no entanto, a movimentação está muito abaixo da média. No fim da manhã de sábado, cerca de 200 pessoas estavam no local, a maioria crianças. Voluntários da Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium presta atendimento, estão presentes. O clima, entretanto, está longe de ser de celebração. 
Prisão.
A Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva de João de Deus na sexta-feira, 15, após pedido do Ministério Público (MP) que reuniu ao menos 335 denúncias feitas por mulheres de 14 Estados e seis países.
Na sexta, a defesa de João de Deus havia informado que ele iria se entregar depois de acertar as "condições". A justificativa era que o médium teria problemas de saúde e também estaria com a segurança em risco, caso dividisse cela com outros detentos.
Após o decreto da Justiça, policiais fizeram buscas em mais de 20 locais atrás do médium - sem sucesso. Desde quarta-feira, 12, quando apareceu na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, ele só fez um pronunciamento de poucos minutos para declarar sua inocência, e não foi mais visto. 
Para pedir a prisão de João de Deus, o MP justificou que, caso permanecesse solto, o médium poderia ameaçar mulheres que dizem ter sido abusadas sexualmente ou, ainda, fazer novas vítimas. As investigações tiveram início na segunda-feira, dois dias após a TV Globo, no programa Conversa com Bial, apresentar depoimentos de mulheres que relataram ter sido abusadas sexualmente. 
A polícia também recebe depoimentos de supostas vítimas. Só em Abadiânia, três inquéritos foram instaurados nos últimos dias. Outros casos anteriores chegaram a ser arquivados por falta de provas, mas a recomendação, agora, é que sejam reabertos.
A Promotoria calcula que, se comprovadas as denúncias, João de Deus pode ter uma sentença superior a 150 anos de prisão. Os relatos indicam três crimes: estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude.

Todavia, mais de 300 mulheres (talvez chegue a mil e uma), o acusam de abusos sexuais em Abadiânia/GO, mas é a denúncia de sua própria filha, Dalva Teixeira, que mais causa espanto, conforme segue:

FILHA ACUSA JOÃO DE DEUS DE ESTUPRO E COBRA 50 MILHÕES DE INDENIZAÇÃO

Por Claudio Dantas
O Antagonista apurou que uma filha de João Teixeira de Faria, o João de Deus, move contra ele uma ação de reparação por danos morais sofridos em razão de estupro continuado. Ele diz que foi abusada sexualmente pelo pais desde quando tinha 10 anos, conta tudo com detalhes a revista Veja.
O valor da causa é de R$ 50 milhões.
Nos autos, que tramitam em segredo de justiça, a mulher classifica o pai como um homem bruto, cruel, violento.
Procurado pela reportagem, o advogado Marcos Eduardo Cordeiro Bocchini disse que não poderia se manifestar em razão do sigilo.
Uma fonte do MP de Goiás informou que a vítima teria sido violentada quando ainda era menor de idade, o que configuraria estupro de vulnerável.
Embora ela só tenha decidido mover a ação em meados deste ano, os filhos da vítima já processaram João de Deus anteriormente pelo caso, que teria sido encerrado após acordo.
O advogado Alberto Toron, que defende João de Deus, alegou a existência de um vídeo que a filha do médium teria gravado retirando as acusações – mas não o apresentou. Bocchini afirmou desconhecer o material. https://www.oantagonista.com/
 
Conheci duas senhoras em Nanuque/MG  que relataram terem sido curadas de doenças graves com João de Deus e que os médicos não encontram respostas senão estarem diante de uma milagre que a medicina não tem explicações. Uma era caixa do Banco do Brasil e a outra, esposa do titular do cartório de protestos e um amigo e sua esposa testemunharam cirurgias espirituais e até foi escolhido para ajuda-lo. 

Conheça a história de João de Deus, o médium suspeito de abusar sexualmente de mulheres em Goiás.  
João de Deus (João Teixeira de Faria), 76 anos, casado com Gleide Dutra de Deus (Ana Keyla Teixeira) e teve nove filhos.

Homem trabalha na Casa de Dom Inácio de Loyola, que fica em Abadiânia, cidade entre Goiânia e a capital federal. Ele é investigado pela Polícia Civil e MP-GO por supostos crimes sexuais cometidos durante atendimentos espirituais.

Por Murillo Velasco, G1 GO 10/12/2018 15h39
O médium João Teixeira de Faria, de 76 anos, conhecido como João de Deus, está sendo investigado pela suspeita de crimes sexuais que teriam sido cometidos durante atendimentos feitos na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. O G1 traçou um perfil do líder religioso que ficou internacionalmente conhecido por fazer cirurgias espirituais em milhares de pessoas, entre elas celebridades internacionais e políticos famosos. 

O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
O advogado Alberto Toron, que defende o médium, afirmou que o cliente nega as acusações e que ele está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
João de Deus nasceu no dia 24 de junho de 1942, no povoado de Cachoeira da Fumaça, que, em 1953, foi emancipado e tornou-se o município de Cachoeira de Goiás. João é o caçula de seis filhos. 

Ele se mudou com a família para Itapaci, cidade na mesma região onde nasceu, tendo estudado até o segundo ano do ensino fundamental. Segundo narra o site da Casa de Dom Inácio, João nunca aprendeu a ler ou escrever, precisando abandonar os estudos para ajudar no sustento da família.

Experiências mediúnicas

João afirma, em sua biografia, que a primeira experiência mediúnica que ele se lembra ocorreu quando ele tinha 9 anos de idade, em 1951. Segundo o médium, ele visitava familiares junto com sua mãe quando previu que uma grande tempestade ia cair sobre a região onde estavam. Conforme narra, ele teria apontado para casas, incluindo a de um dos irmãos dele, dizendo que elas cairiam ou seriam destelhadas.
De acordo com o relato, ele teria pegado a mãe pelo braço para que ambos saíssem do local antes do temporal. A mãe dele estaria sem entender o que se passava, mas resolveu se abrigar, junto com João, na casa de alguns amigos. Segundo a biografia, a tempestade caiu e, conforme ele havia previsto, destruiu casas da pequena cidade.
O homem narra que no dia seguinte ao temporal, ele caminhava próximo ao rio quando viu um clarão e ouviu uma voz o chamando, dizendo que ele deveria procurar um determinado Centro Espírita. Ao chegar ao local, o diretor da casa teria se aproximado dele e perguntado se era ele “João Teixeira de Faria”, dizendo que estava o esperando.
Ele afirma que, naquele momento, desmaiou, acordando horas depois com várias pessoas ao redor dele, explicando que ele havia incorporado, em seu corpo, uma entidade espiritual chamada de Rei Salomão. Naquele dia, conforme relato, ele teria curado cerca de 50 pessoas. Ele teria iniciado, no local, os atendimentos espirituais.

Fundação da Casa

João de Deus teria começado a atender pessoas, realizando procedimentos chamados de cirurgias espirituais, e ficando conhecido como curandeiro. Ele chegou a ser acusado, na época, por praticar ilegalmente a medicina. Depois, também foi acusado de sedução de uma menina menor de idade. Foi absolvido por falta de provas.
De acordo com a revista "Época", o religioso já foi acusado também de atentado ao pudor, contrabando de minério e assassinato. Em nenhum dos casos foi julgado culpado.
Na Ditadura Militar, ele se mudou para Brasília, onde trabalhava como alfaiate do Exército. Paralelamente, exercia trabalhos espirituais de cura, ganhando a proteção de militares.
O médium fundou, em 1976, a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, a 100 km de Goiânia e a 100 km de Brasília. No local, ele continua realizando os atendimentos espirituais, de quarta-feira à sexta-feira, recebendo pessoas de todo o país do mundo em busca de amparo para problemas de saúde de diversos tipos.
O local ficou mundialmente conhecido depois que artistas de Hollywood foram ao local em busca de atendimento. Além disso, ex-presidentes da República, governadores, políticos e atores brasileiros também frequentam a casa em busca de cura para enfermidades.
Texto de João de Deus, disponível no site da Casa de Dom Inácio  
“Há mais de trinta e cinco anos instalei a Casa de Dom Inácio neste solo sagrado de Abadiânia, esta terra bendita, onde Deus me colocou para cumprir minha missão.
Eu não curo ninguém. Quem cura é Deus, que, em sua infinita bondade, permite as Entidades (bons espíritos) que me assistem proporcionar cura e consolo aos meus irmãos, ao passo que sou apenas um instrumento em suas divinas mãos.
Fui garimpeiro e sei que a pedra preciosa, para mostrar sua beleza, precisa sofrer o desgaste da lapidação, sendo que, antes de polida, quem não conhece não lhe dá valor algum.
Cada filho é um diamante raro da criação, mas que necessita ser polido implicando em dores e sofrimento, para realizar sua superior destinação.
O mundo passa por grandes transformações, gerando consequentemente grandes sofrimentos, porém a nossa força e sustentação residem na confiança naquele Ser Supremo, que é nosso Deus.
E, para finalizar, levo como mensagem as palavras de Cristo no Evangelho de João (cap. 15, vs. 12): ‘O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei’” João Teixeira de Faria
https://g1.globo.com/ 10/12/18
 “A Sexualidade feminina na análise de Lacan:
 “Uma mulher é o sintoma do homem” está apontado o verbo ser e não o verbo ter. Portanto, é do ser da mulher para o homem que Lacan está falando. O ser em questão se refere a ser o inconsciente do homem. Ser o sintoma inconsciente Por Paul Kardous 30/10/17
A Psicanálise avançou em diversos pontos quanto à questão da sexualidade humana, mas alguns ficaram obscuros – e um deles diz respeito à mulher. Freud nunca discordou de que faltava muito para “entender” a sexualidade feminina. Não é à toa que, ao final de sua vida, procurou sintetizar e esclarecer seus pontos de vista em dois textos destinados a essa questão: “Feminilidade” e “Sexualidade feminina”. Nesses dois textos, Freud aceita e reconsidera a proposta dos psicanalistas Karen Horney, Melaine Klein, Helene Deutsch e Ernest Jones, segundo os quais para analisarmos as mulheres não podemos deixar de lado a relação destas com suas mães. Porém, Freud não aceita que a feminilidade seja primária e continua sustentando a sua tese a respeito da libido masculina, do falocentrismo e da inveja do pênis.” Fontes: http://psiquecienciaevida.com.br/a-sexualidade-feminina  e  Jussara Hadadd:  https://www.acessa.com/mulher/arquivo/sexualidade

domingo, 9 de dezembro de 2018

AJUDA AOS MAIS POBRES


TRANSFERÊNCIA DE RENDA PARA OS MAIS POBRES

Como funcionam programas nos moldes do 'Bolsa Família' nas 10 maiores economias do mundo

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as nações ricas que integram o grupo gastam, em média, 1,6% do PIB em prestações de assistência social condicionadas a um limite de renda dos beneficiários, como é o caso do Bolsa Família. São recursos transferidos em dinheiro para ajudar na subsistência e lutar contra a pobreza. O número exclui gastos sociais com Previdência, saúde e seguro-desemprego.
No Brasil, as despesas com o Bolsa Família, programa que beneficiou 14 milhões de famílias em novembro, representam cerca de 0,5% do PIB. Neste ano, os pagamentos do Bolsa Família devem atingir R$ 30 bilhões.
O benefício médio recebido pelo programa é de R$ 187 (quase US$ 50), após reajuste de 5,7% que entrou em vigor em julho. O valor recebido pelos beneficiários varia conforme o número de membros da família, a idade de cada um e a renda.
Entre as 10 maiores economias do mundo - que incluem desde países com elevados níveis de bem-estar social, como a França e a Alemanha, aos com altos índices de pobreza, como a Índia -, os programas de transferência de renda estão presentes, ainda que com diferentes formulações.
França gasta mais
Na França - que vive uma onda de violentos protestos motivados pelos efeitos da alta carga tributária e do baixo poder de compra de boa parte da população -, os programas de transferência de renda são ainda mais amplos do que a média dos países ricos e atingem 2,1% do PIB, totalizando mais de 45 bilhões de euros (cerca de R$ 200 bilhões).
Além de garantir recursos para despesas do dia-a-dia, a França, que possui uma ampla rede de proteção social, tem também programas de ajuda para pagar o aluguel e contas de luz ou gás e para a compra de material escolar, entre outros.
De acordo com Maxime Ladaique, diretor de recursos estatísticos da divisão de políticas sociais da OCDE, os gastos dos países ricos com programas de transferência de renda se mantém, em geral, estáveis nos últimos anos.
"Logo após a crise financeira de 2008, as prestações sociais aumentaram, enquanto o PIB caiu. Os países pagaram mais para amortecer os efeitos da deterioração da economia", diz o especialista.
"Desde então, elas vêm sendo levemente reduzidas, mas o PIB dos países cresceu", afirma Ladaique, acrescentando que, na prática, a relação desses gastos em relação ao PIB tem se mantido estável.
Pode mudar no Brasil?
O presidente eleito Jair Bolsonaro, antes crítico do Bolsa Família, declarou que vai ampliar o programa e aperfeiçoar o combate a fraudes.
Além de um 13° 'salário' para os beneficiários, o programa de governo de Bolsonaro prevê instituir um sistema de "renda mínima para todas as famílias", ou seja, não apenas as mais pobres, com valor igual ou superior ao que é atualmente pago. O programa do presidente eleito não detalha, no entanto, como seriam obtidos os recursos para financiar a medida e se, de fato, ela será adotada.
Pedaço pequeno dos gastos sociais
Na avaliação de Ladaique, os programas de transferência de renda dos países ricos têm algo em comum: eles representam apenas uma pequena parte do total de gastos sociais, que incluem despesas bem mais elevadas como as da Previdência e saúde. "As despesas com pessoas de baixa renda são pouco significativas em relação a todos os gastos sociais", diz ele.
Basta olhar para os números gerais: os países ricos da OCDE gastam, em média, 21% do PIB (Produto Interno Bruto) na área social.
O percentual engloba os recursos usados na Previdência, na saúde pública, com seguro-desemprego e assistência social às famílias, que em vários casos inclui programas de distribuição de renda. Na França, os gastos na área são ainda maiores: 31% do PIB.
No Brasil, os gastos sociais do governo federal atingem cerca de 17,5% do PIB, incluindo despesas com Previdência, saúde, assistência social, educação, trabalho, saneamento básico e habitação. O percentual é mais elevado do que em outros países da América Latina e da Ásia.
Em boa parte dos países ricos, no entanto, os programas de transferência de renda não permitem que os beneficiários vivam acima da linha da pobreza (que leva em conta o nível de vida no país), ressalta Ladaique, da Ocde.
Conheça detalhes sobre cada um deles (com exceção do Brasil, que ocupa a nona posição no ranking do FMI) a seguir:
Estados Unidos: auxílio para alimentação
Direito de imagem Getty Images Image caption Programa americano paga benefícios a idosos e crianças de baixa renda cegos ou com alguma outra deficiência
O principal programa social dos Estados Unidos é o SNAP (Programa de Assistência Nutricional Suplementar), que ajuda pessoas de baixa renda a comprarem comida. É um programa federal, executado por agências locais, que beneficia mais de 20 milhões de lares. O valor médio pago por mês em 2018 para cada beneficiário é US$ 125 e, para cada lar, US$ 252. Os valores se mantiveram estáveis nos últimos quatro anos. O benefício custará quase US$ 56 bilhões neste ano. O SNAP é concedido aos lares com recursos e ativos de até U$ 2,2 mil.
O governo do presidente Donald Trump propôs mudanças na legislação, passando a exigir que pessoas com até 60 anos trabalhem para ter direito ao benefício, comumente chamado de "selos de comida". No caso de desempregados, também há programas de seguro-desemprego, operados por cada um dos Estados.
Por conta do impasse político criado com a proposta de mudança do SNAP, o Congresso americano ainda não aprovou a nova lei agrícola (Farm Bill), que financia o setor e o programa de nutrição. Parte da lei expirou no final de setembro e o restante irá expirar em 31 de dezembro.
A imprensa americana estima que pelo menos 2 milhões de pessoas poderão ter o benefício do SNAP cortado ou reduzido caso a proposta de Trump seja aprovada.
O programa Renda de Segurança Suplementar - Supplemental Security Income (SSI) - paga benefícios a adultos e crianças com deficiência ou pessoas acima de 65 anos com poucos recursos (ativos de até US$ 2 mil para um solteiro ou US$ 3 mil para um casal, considerando conta bancária, poupança, carro etc). No ano passado, o valor da ajuda mensal era de US$ 735 para um solteiro e de US$ 1,1 mil para um casal.
Há outros programas nos Estados Unidos, como a assistência temporária em dinheiro para famílias pobres e sem emprego (Temporary Assistance for Needy Families - TANF), com critérios e benefícios definidos pelos Estados. Alguns Estados exigem, para conceder o benefício, renda equivalente a menos de 50% da linha da pobreza, enquanto outros aceitam valores acima disso. Há uma contrapartida de horas de trabalho mensais, que podem ser serviços à comunidade, formações, ou empregos subsidiados no setor público e privado.
China: mudanças desde 1990
O país implementou 12 programas de assistência social. Alguns foram criados há várias décadas, mas eles ganharam força após uma reforma da assistência social no início dos anos 90, que passou a incluir nos programas de transferência de renda pessoas aptas ao trabalho.
Um deles, com versões urbana ("Urban Dibao"), e rural ("Rural Dibao"), garante recursos mínimos de subsistência às famílias de baixa renda, independentemente da capacidade para trabalhar. O sistema beneficia todos os lares do país que vivem abaixo da linha da pobreza. Shangai, a cidade mais desenvolvida do país, foi a primeira a implementar, em 1993, o Dibao urbano nos novos moldes que beneficiam a todos.
O programa Dibao é nacional, mas em razão das disparidades entre áreas urbanas e rurais e entre províncias do país, os governos locais definem os padrões de ajuda, ou seja, os benefícios variam de uma região para outra, mas são normalmente calculados em função da linha da pobreza na localidade.
Em Pequim, por exemplo, a linha da pobreza é de 900 yuans por mês (R$ 500). Se uma pessoa ganhar apenas 700 yuans (R$ 385), o governo completa os 200 yuans que faltam para atingir a renda mínima de subsistência.
Na média, o "Urban Dibao" equivale a um quinto ou um sexto da renda per capita das cidades. Em Pequim, a renda média per capita é de 5,3 mil yuans (R$ 2,9 mil).
Nas áreas rurais, a linha de pobreza média do Dibao é de 312 yuans (R$ 172), mais do que o dobro do valor em 2010, segundo a ONU.
Há um outro programa nas áreas rurais, o "Wubao", que fornece alimentação, roupas e cuidados médicos, além de ajuda financeira para moradia e até para enterros.
A partir dos anos 2000, a China reforçou novamente seus programas sociais, com assistência educacional para beneficiários do Dibao, além de subsídios para moradia.
Japão: ajuda para gastos médicos e material escolar
O Japão possui um programa de auxílio de subsistência, o Seikatsu Hogo. O valor do benefício resulta de um cálculo complexo em função do custo de vida básico necessário da família, conforme a idade e o número de membros do lar e também da região. Um lar em Tóquio com um adulto e uma criança em idade escolar, por exemplo, recebe por mês cerca de 125 mil ienes - US$ 1,1 mil (R$ 4,2 mil) e tem direito a auxílio moradia de 64 mil ienes (US$ 565 - R$ 2,2 mil).
O governo japonês prevê ainda ajuda financeira para gastos médicos, serviços para idosos e compra de material escolar, entre outros.
No Japão, as despesas sociais representam cerca de 23% do PIB, abaixo de países como a França e a Alemanha, mas acima dos Estados Unidos.
Alemanha: apoio até para o aluguel
Direito de imagem Getty Images Image caption A assistência social na Alemanha cobre despesas de subsistência, com garantia de recursos mínimos para pessoas de baixa renda ou incapacitadas de trabalhar
A assistência social na Alemanha cobre despesas básicas, com garantia de recursos mínimos para pessoas de baixa renda ou incapacitadas de trabalhar.
Neste ano, o montante "da assistência para necessidades básicas" é de 416 euros mensais (cerca de R$ 1,7 mil) para uma pessoa solteira e de 748 euros para um casal (R$ 3,1 mil).
Há um suplemento para crianças em função da idade, que vai de 240 a 316 euros (de R$ 1 mil a R$ 1,3 mil). Há ainda ajudas financeiras para necessidades suplementares, como mães ou pais solteiros, situações especiais como roupas de gravidez e de bebê, ou ainda para a educação de crianças e adolescentes, que incluem, por exemplo, recursos para material didático e excursões escolares.
Também há auxílio para pagar o aluguel, se ele for considerado "razoável". Isso significa um montante de cerca de 450 euros (quase R$ 2 mil) no caso de um apartamento para duas pessoas em Berlim, uma das cidades mais baratas da Europa ocidental.
Reino Unido: apoio será ampliado
O país está implementando o sistema do Crédito Universal, um pagamento mensal para famílias de baixa renda.
Ele deverá ser ampliado para todo o país até 2019 e substituirá outros benefícios, como o complemento de renda (Income Support) e auxílio-moradia.
O Crédito Universal pode ser solicitado por trabalhadores, autônomos e desempregados. O montante depende da situação (ganhos, filhos, eventual deficiência, ajuda para pagar aluguel) e do local onde a pessoa vive. Ele não é válido para quem não é cidadão britânico ou irlandês. Um casal acima de 25 anos recebe 499 libras (US$ 640) por mês. Outros fatores podem ser acrescentados à ajuda básica, como 277 libras (US$ 355) por mês no caso do primeiro filho e 232 libras para o segundo filho e subsequentes.
França: ajuda nas contas de luz e gás
O sistema de proteção social francês é um dos mais generosos do mundo.
O país garante, por exemplo, uma renda mínima para pessoas com mais de 25 anos sem atividade profissional e que não tenham mais direito ao seguro-desemprego (que pode durar até dois anos). Jovens a partir de 18 também têm direito ao chamado Revenu de solidarité Active (RSA) caso tenham filhos.
O valor do RSA para uma pessoa que não receba auxílio-moradia complementar é de 550 euros (R$ 2,3 mil) mensais. Um casal com um filho recebe quase 1 mil euros (R$ 4,3 mil).
Além de uma ajuda financeira para o aluguel, há inúmeras outras alocações, como a destinada a despesas com crianças de menos de três anos, para a compra de material escolar ou ainda o "cheque energia" para pessoas de baixa renda, soma anual que varia de 28 a 247 euros (R$ 120 a pouco mais de R$ 1 mil) para ajudar a pagar contas de luz ou gás.
Índia: queda grande na taxa de pobreza
Direito de imagem AFP Image caption Assim como o Brasil, a Índia é um país onde há grande desigualdade social
A Índia lançou em 2013 um plano experimental de pagamento em dinheiro aos mais pobres, nos moldes do Bolsa Família brasileiro. O governo estuda atualmente modalidades para estender o programa, batizado de "seu dinheiro em suas mãos". Há dois anos, técnicos da Índia visitaram o Brasil para aprofundar conhecimentos em relação ao Bolsa Família.
Há diversos programas de bem-estar social no país, relacionados principalmente a bolsas de estudo. O país fornece auxílio para a compra de alimentos (5kg de grãos por pessoa por mês), subsídio para o gás de cozinha e alocações financeiras para atender às necessidades básicas de famílias.
A taxa de pobreza na Índia caiu de 55% para 28% no período de dez anos (até 2016), segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Itália: complemento aos baixos salários
Direito de imagem Reuters Image caption Na Itália, benefício social nacional é pago às pessoas de baixa renda com mais de 66 anos
A Itália ainda não possui um regime nacional de apoio financeiro à população de baixa renda.
Até o momento, o único benefício social nacional, o Assegno Social, é pago àqueles com mais de 66 anos em situação de vulnerabilidade.
Em seu projeto de orçamento para 2019 - fortemente criticado pela União Europeia por prever o agravamento do déficit público, que se situaria em 2,4% do PIB -, o governo italiano prevê o aumento dos gastos públicos para permitir a criação da chamada "renda de cidadania", medida defendida pelo Movimento 5 Estrelas e que garantiria a qualquer pessoa maior de idade uma renda mínima de 780 euros (R$ 3,3 mil).
Na prática, se a pessoa trabalhar e tiver um salário de 400 euros, ela receberá o complemento, 380 euros.
Também existem na Itália programas administrados por regiões e cidades que concedem recursos em função da renda e que variam de acordo com a localidade.
Canadá: governo limita iniciativas
No Canadá, os programas de assistência social são administrados pelas províncias e territórios, que fixam suas próprias regras e montantes dos pagamentos.
Em Ontário, uma pessoa sem filhos pode receber, entre a ajuda financeira de subsistência e o auxílio moradia máximo, até cerca de R$ 2 mil. No caso de um casal com dois filhos, a soma pode atingir R$ 3,3 mil.
A província de Ontário havia lançado no ano passado um projeto piloto de renda básica universal (uma verba mensal garantida tanto para desempregados quanto para trabalhadores), com 4 mil pessoas inscritas. Ele deveria durar três anos, mas em julho o governo da província anunciou o encerramento progressivo do projeto, alegando que a iniciativa custa caro e não é viável a longo prazo. Uma pessoa solteira poderia receber até 17 mil dólares canadenses (R$ 50 mil) por ano.
Coreia do Sul: programas 'sob medida'
Após a crise de 1997, o governo sul-coreano ampliou, em 2000, as condições para ter acesso ao chamado programa de proteção nacional de subsistência básica, permitindo que pessoas na faixa de renda baixa pudessem receber os recursos.
Antes, eles eram destinados apenas a pessoas incapacitadas de trabalhar por motivo de deficiência ou idade. O programa foi reforçado em 2015, com ajudas "sob medida" relacionadas ao custo de vida, serviços médicos, moradia e educação, baseada nas necessidades dos beneficiários.
O benefício corresponde a 30% da renda média, fixada anualmente pelo ministério da Saúde e do Bem-Estar Social. A renda média é de 2,8 milhões de wons (US$ 2,5 mil) para um lar com duas pessoas e a alocação de subsistência é de US$ 740. A ajuda escolar (inscrições, compra de material, entre outros) para estudantes do ensino fundamental e médio vai de US$ 37 a US$ 48.                                           Fonte: https://www.bbc.com/ 08/12/18


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

PORQUE A CHINA DEU CERTO


As redefinições da China
por Cristovam Buarque 

Aproveitando a desaceleração na agenda no fim do mandato, estive por alguns dias na China, a convite e patrocínio total da Guangdong University of Technology para participar do Seminário Inovação nos Brics e a comunidade global com futuro compartilhado”. Aproveitei para adiantar meu estudo sobre “Porque a China deu certo”. 

A visão da China é motivo de admiração — aeroportos, estradas, trens, prédios e o desempenho econômico ainda mais. Trinta anos atrás, o PIB da China era de US$ 312 bilhões, do Brasil US$ 330 bilhões. Hoje o PIB chinês é de US$ 12.240 bilhões e do Brasil, US$ ­­­2.000 bilhões.

Em poucos anos, conseguiram inclusão de 100 milhões de pessoas na classe média, com renda per capita equivalente à média da Europa; 400 milhões atingiram a da classe média brasileira. As cidades estão ligadas por uma rede com 28.000 km de “trens-bala”, enquanto toda a Europa tem 9.300 km. O nível de desenvolvimento científico e tecnológico permite ter uma nave espacial circulando ao redor da Lua. Ao lado desses sintomas de progresso, surpreende como as cidades são metrópoles modernas, limpas, com paz, calçamentos impecáveis, sem pobreza visível.

A surpresa é maior quando entramos nas universidades e temos a chance de estudar as redefinições que o pensamento chinês está promovendo sobre ideias dos tempos atuais. Os políticos, os intelectuais e o povo estão redefinindo conceitos que não se adaptam às exigências do bom funcionamento social nos tempos da robótica, da globalização e dos limites ecológicos ao crescimento da produção material. O próprio conceito de democracia está sendo redefinido em um país onde o único partido determina a coesão no presente e o rumo do país para o futuro.

Devido à política de crescimento industrial, Pequim e outras cidades chinesas estão entre as mais poluídas do mundo. Diante disso, o governo chinês tomou medidas para controlar a poluição: taxis são obrigados a usar energia elétrica e os motoristas pagam fortunas para emplacar carros novos se movidos a combustível fóssil. Intelectuais e dirigentes chineses dizem que a população certamente não votaria a favor dessas decisões.
 

As manifestações recentes na França, contra o aumento no preço do combustível fóssil para reduzir o consumo e a poluição, são exemplo da contradição entre democracia dos eleitores de hoje e a democracia comprometida com o futuro. Os interesses imediatos do eleitor e os interesses de longo prazo do povo se chocam impedindo medidas que limitem o consumo. Na democracia chinesa, os membros do partido discutiram por anos esse assunto e decidiram reduzir a taxa de crescimento em nome do equilíbrio ecológico.



É certamente um conceito de democracia diferente do ocidental. Além disso, segundo eles, a primazia absoluta do voto individual universal impede a adoção de filtros que levem em conta o mérito de cada candidato. Disseram-me que lá a democracia não se baseia apenas no voto, mas também no mérito demonstrado por cada candidato a cargo público ao longo da carreira.

Quando perguntei sobre a liberdade pessoal de ir e vir — na China para emigrar de uma província a outra é preciso autorização do governo central — perguntaram a mim se no Rio de Janeiro e outras grandes cidades do Brasil um cidadão pode caminhar livremente nas ruas, ou se a violência impede a livre circulação. Explicaram também que lá existe planejamento de instalações educacionais e hospitalares e a migração livre desarticularia o equilíbrio entre a oferta e a demanda dos serviços.

O conceito de igualdade, que até o período revolucionário era absoluto — todos com mesma renda e consumo — passou a ser relativo. O governo chinês se propõe a erradicar a pobreza, mas tolera a desigualdade de renda e consumo que decorre do mérito do cidadão, graças ao talento, à persistência, à criatividade e ao empreendedorismo.

É cedo para saber se as redefinições em marcha na China vão levar o Ocidente a rever seus conceitos ou se o povo chinês vai preferir adotar conceitos ocidentais. Mas não se pode negar que a revolução tecnológica em marcha, simultânea à globalização e aos limites ecológicos, exige revisões de nossos conceitos. E não se pode negar que os chineses estão tentando inventar a modernidade, na prática do desenvolvimento e na teoria de conceitos.    
                                              
Senador pelo PPS-DF e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Artigo publicado pelo  Jornal Correio Braziliense – 04/12/2018