terça-feira, 6 de dezembro de 2016

JORGE VIANA, SENADOR DO PT, AMEAÇA SÉRGIO MORO




JORGE VIANA, SENADOR DO PT, AMEAÇA O JUIZ SÉRGIO MORO.


Em grampo, senador petista fala em ‘enfrentar’ Moro
Por Rodrigo Rangel, Robson Bonin e Hugo Marques 16 mar 2016
“Em conversas monitoradas com autorização judicial, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, fala com o senador Jorge Viana (PT-AC) em 4 de março. Ante o avanço das investigações da Lava-Jato sobre Lula, o senador fala em “subir o tom” e “enfrentar” o juiz Moro.
JORGE: Alô?
ROBERTO TEIXEIRA: JORGE?
JORGE: Oi, ROBERTO. Eu sei que você tá tão atarefado, mas eu precisava.. eu to aqui no Acre, no interior, querendo ir pra Brasília, desde cedo tô me deslocando de carro, mas primeiro ser solidário aí com vocês e eu vi a nota de vocês, eu acho que foi a coisa mais coerente que eu vi até agora..
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito.
JORGE: Eu quero só passar uma ideia de quem tá longe, e que ao mesmo tempo sofre como se tivesse perto.
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito.
JORGE: Eu acho que a fala do presidente foi bom, mas ela foi muitos tons abaixo do que deveria ser.
ROBERTO TEIXEIRA: Certo.
JORGE: Talvez.. olha a minha ideia.. falei até com o DAMOUS. Talvez seja a única oportunidade que o presidente tem de por fim à essa perseguição, essa caçada contra ele. Se numa segunda-feira, por exemplo, reflitam sobre isso, ele chamar uma coletiva e comprar e estabelecer uma relação, um diálogo com seu MORO pela, ao vivo, MORO, PROMOTORES, DELEGADOS, dizendo que ele não aceita mais que ele persiga a família dele porque ele tá agindo fora da lei, os promotores fulano e ciclano estão agindo fora da lei, os delegados fulano e ciclano e quem age fora da lei é bandido e que se ele quiser agora vim prendê-lo, que venha, mas não venha prender minha mulher, prender meus netos, nem meus filhos.. E forçar a mão nele pra ver se ele tem coragem de prender por desacato a autoridade, porque aí, aí eles vão ter uma comoção no país, porque ele vai tá defendendo a família dele, a honra dele.. dizer: olha, eu estou defendendo a minha honra, você está agindo fora da lei, quem age fora da lei é bandido.. me sequestraram, me colocaram.. eu não sei, tinha que pensar algo parecido com isso e dar uma coletiva e provocar e dizer que não vai aceitar mais..
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito.
JORGE: Não aceita, em hipótese nenhuma.. se rebelar.. greve de fome, alguma situação.. você tem também alguma insubordinação judicial, não aceito mais ser investigado por esse bando que tá agindo fora da lei e querendo alcançar minha família, minha mulher, meus filhos e meus netos. Não aceito mais. Me prendam. Se prenderem ele, aí vão prender e tornar um preso político, aí nós fazemos esse país virar de cabeça pra baixo. Fora disso eu não vejo saída (ininteligível)
ROBERTO TEIXEIRA: É.. mas isso, mas viu, JORGE, ele anunciou isso, falou isso, ele disse que vai varrer o Brasil inteiro, vai denunciar isso o tempo todo..
JORGE: Isso não funciona.
ROBERTO TEIXEIRA: E agora..
JORGE: Não tem clima no interior do Brasil pra ele vir, pra ele andar. Ele tem que fazer uma ação ao vivo chamando coletivas, isso é mais forte do que ele fazer comício, fazer coisa.. gente, o clima tá muito ruim contra nós, não há uma comoção. Ele tem que botar a família dele, fazer a defesa e virar a fazer..
ROBERTO TEIXEIRA: Entendi.
JORGE: E fazer um confronto direto com eles. Se não fizer isso agora, não tem clima pra andar no Brasil.
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito.
JORGE: Esses caras tão trabalhando há muito tempo esse ambiente. (ininteligível).
JORGE: Diga: me prenda, eu estou aqui. Vou ficar nesse endereço esperando a chegada dos seus subalternos com o mandado de prisão. Se ele prender, o LULA vira um preso político e vira uma vítima, se não prender, ele também se desmoraliza. Tem que virar o jogo agora. Esse negócio de andar o Brasil, de falar, isso não vai funcionar, isso foi num passado distante. Tem clima, e isso tem que ser feito urgente, porque senão no dia 13 vai ter milhões de pessoas na rua querendo a prisão do LULA. Eu to dando um toque, eu to no andar de baixo andando e é só mais pra vocês refletirem um pouco se puder.
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito. Vamo, vamo refletir sim, vamo transferir isso aqui. Ele agora vai estar num ato aqui dos bancários, que ele vai agora falar pro povo, né? E..
JORGE: Eu não sei, mas você fala, diz: ó, foi uma possibilidade, LULA, existe greve de fome quando alguém se rebela e não aceita determinadas coisas, na parte judicial, porque ninguém do Supremo vai dar colhida mais ao LULA, mas tem muitas manifestações favoráveis. Se o LULA colocar como o defensor da família dele, da mulher, dos filhos e desafiar e dizer que eles tão agindo fora da lei, como agiram hoje fora da lei, quem age fora da lei é bandido e dizer: vocês são bandidos, agiram foram da lei. Só vai ter uma saída: ou o cara prende ele ou fica desmoralizado. Não aceito mais. Que o judiciário ponha um juiz isento pra me investigar, ponha um promotor isento pra me investigar, ponha é.. é.. delegado da polícia federal isento.. esse MOSCARDI veio aqui no Acre, fez uma operação contra o PT, nós denunciamos pro ZÉ EDUARDO CARDOSO, entramos com uma representação há seis anos contra esse delegado que pegou o presidente hoje. Ele é um inimigo do PT e tava lá. Agora, o presidente não tem outra oportunidade. Pra mim ele tem que fazer no máximo até segunda-feira, chamar uma coletiva e insubordinar e dizer que não aceita mais, não aceita mais e dizer: olha, vocês estão agindo fora da lei, e quem age fora da lei é bandido (ininteligível) o senhor está agindo como bandido, e o senhor não tem moral de me apurar de me investigar, eu to falando como cidadão, não é como ex-presidente, cidadão. Aqui está a constituição. Pense nisso. Reflita, porque nós não vamos ter outra oportunidade igual ao dia de hoje, não.
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito. Eu vou pensar e transferir. Eu vou passar essa informação. Qual é o nome daquele delegado que você falou que já fez problemas aí?
JORGE: O.. esse MOSCARDI. O MOSCARDI, eram três.
ROBERTO TEIXEIRA: MOSCARDI?
JORGE: MOSCARDI. Esse cara fez uma operação, G7, aqui no Acre, contra o governador TIÃO VIANA. Ele declaradamente (ininteligível) eleição, contra o PT, contra tudo. Denunciamos pro ZÉ EDUARDO CARDOSO várias vezes que era uma ação dirigida, que ele tem ódio. Ele demonstrou várias vezes. Agora ele tá lá agindo contra o presidente LULA. É o mesmo.
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito. MOSCARDI. Tá bom.
JORGE: O governador TIÃO VIANA sabe bem disso.
ROBERTO TEIXEIRA: Perfeito. Eu vou.. (ininteligível)
JORGE: Agora, ROBERTO, reflita. Têm coisas que só tem um momento de virar o jogo.
ROBERTO TEIXEIRA: Certo.
JORGE: Essa ação deles hoje foi uma barbeiragem. O ministro MARCO AURÉLIO, todo mundo, mas na segunda ou na terça eles vão consertar.
ROBERTO TEIXEIRA: Sei.
JORGE: (ininteligível) Eles tão botando a receita agora. Se o presidente LULA fizer isso ele vai virar e vai deixar de ser uma ação jurídica e vai ser uma ação política. O presidente LULA precisa transformar esse confronto numa ação política. Eles tão se rebelando, só dizendo que não aceita mais o MORO, que agora se ele mandar um ofício ele não vai, e dizer que ele tá agindo fora da lei, chamar de bandido. E diga: venha me prender, agora eu que estou desafiando, venha me prender. Mas não venha prender minha mulher, nem meus netos, nem meus.. a mim, eu to aqui nesse endereço esperando. Os seus policiais. Aí o povo vai pra rua, aí a gente faz um confronto institucional pela política, que é o campo do LULA, e não pelo jurídico que é o campo deles. Pensa nisso. Era.. era alguma observação que eu queria fazer.
ROBERTO TEIXEIRA: Tá ótimo, então.
JORGE: Tá bom, querido.
ROBERTO TEIXEIRA: Ok, então.
JORGE: Um abraço.
ROBERTO TEIXEIRA: Um abraço.
JORGE: Sorte aí, que Deus ajude você.
ROBERTO TEIXEIRA: Tchau.”
Fonte: http://veja.abril.com.br

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

CHAPECOENSE: CONMEBOL RECOMENDAVA A LAMIA



Guilherme Costa, Leandro Carneiro, Pedro Ivo Almeida, Pedro Lopes e Rodrigo Mattos - Do UOL, em São Paulo, 30/11/2016

A companhia aérea que levava a delegação da Chapecoense de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) para Medellín (Colômbia) foi fundada em 2009, fracassou na tentativa de operar com voos comerciais, mudou sua composição em 2015 e contava com apenas uma aeronave em funcionamento. Ainda assim, era usada regularmente por clubes e seleções em deslocamentos na América do Sul. Segundo o UOL Esporte apurou, o sucesso da Lamia no futebol do continente tem uma explicação: havia uma orientação informal da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) para que o serviço fosse escolhido.

A informação foi confirmada por quatro clubes brasileiros e dois prestadores de serviço associados a essas equipes. De acordo com relatos, a Conmebol usava o know-how como argumento e chegou a fazer pressão para que a Lamia fosse selecionada como meio de transporte em viagens no continente.

A aeronave usada pela Lamia era um Avro Regional Jet 85, quadrimotor fabricado pela British Aerospace que também era conhecido como Jumbolino. Tinha 17 anos de uso. A companhia já havia prestado serviços a seleções de Argentina, Bolívia e Venezuela, além de clubes como Atlético Nacional (Colômbia), The Strongest, Blooming, Oriente Petrolero, Real Potosí (Bolívia) e Olimpia (Paraguai) e da própria Chapecoense.

"Fizemos uma viagem com esse avião na partida contra o Cerro Porteño [Paraguai]. Tivemos uma condição climática muito ruim e, pela logística já definida, deveríamos voltar logo depois do jogo. No entanto, depois de falar com oficiais de segurança, achamos melhor esperar tudo ficar mais calmo e seguir apenas no dia seguinte. A própria agência aceitou isso", disse Juan Carlos De La Cuesta, presidente do Atlético Nacional, em entrevista coletiva concedida na Colômbia. "Voltei de Assunção a Medellín na cabine do comandante. Enfrentamos mau tempo, passamos por uma tempestade, que inclusive teve gelo e neve, e eles me explicavam as coisas. Era um avião que tinha todas características de uma boa aeronave", completou Reinaldo Rueda, técnico da mesma equipe, em entrevista à rádio brasileira "Bradesco Esportes FM".

Existem muitas dúvidas sobre os motivos de uma marca tão modesta ser usada com tamanha frequência na América do Sul. "Ocorre que a empresa escolhida tinha tradição de transportar as equipes de futebol e já tínhamos usados serviços deles anteriormente para uma viagem à Colômbia. Como deu certo da última vez, decidimos usar de novo", relatou Luiz Antônio Palaoro, vice-presidente jurídico da Chapecoense. O time catarinense chegou a pedir à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) uma indicação de companhia aérea que fizesse trajetos na América do Sul. A entidade nacional pediu 24 horas para responder, e nesse ínterim soube que a cúpula da equipe havia fechado com a Lamia.

A Chapecoense disse ter pago US$ 100 mil (R$ 338,73 mil) apenas pelo voo fretado entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín. Empresa consultada pelo UOL Esporte afirmou que uma companhia de porte maior poderia fazer diretamente a viagem São Paulo/Medellín por algo entre US$ 150 mil (R$ 508,10 mil) e US$ 170 mil (R$ 575,84 mil).

A ideia inicial da cúpula da Chapecoense era fazer um voo com a Lamia do Brasil para a Colômbia. No entanto, como a empresa não está baseada em nenhum dos países, essa possibilidade foi vetada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Se tivesse comprado passagens em voo de carreira, a Chapecoense também poderia ter voado de São Paulo para Medellín com um custo muito próximo do que a equipe gastou apenas com o último trecho da viagem.

Lamia foi fundada por ex-parlamentar e fracassou duas vezes

A Lamia foi fundada em 2009, em Mérida (Venezuela), cidade usada no acrônimo que batizou a companhia (Línea Aérea Merideña Internacional de Aviación). Fundada por Ricardo Albacete Vidal, ex-parlamentar da Venezuela, a empresa surgiu na esteira de um acordo do governo de Hugo Chávez para fomentar o setor aéreo no país.

Curiosamente, porém, a companhia foi registrada como uma empresa de ciência e tecnologia. Recebeu aporte de um fundo de investimento oriundo da China e chegou a anunciar projeção de operar com 12 aeronaves, mas não conseguiu lançar nenhum voo comercial – na época, Albacete responsabilizou a burocracia e o governo de Mérida, que era do chavista Marcos Díaz Orellana.

Em 2013, antes de lançar um voo sequer, a Lamia migrou sua operação para o Estado de Nova Esparta, que na época era gerido por Carlos Matta Figueroa, chavista ainda mais ferrenho. Mais uma vez, contudo, a empresa não conseguiu se estabelecer. A justificativa de Albacete para o segundo fracasso teve como base a crise financeira enfrentada pelo país.

Albacete lançou uma terceira investida em novembro de 2015, quando fundou na Bolívia a Lamia Corporation SRL. A companhia tinha inicialmente uma autorização para atuar como pequena operadora.

A partir do reposicionamento da Lamia, a empresa também passou a ter novos donos no registro. Os sócios listados desse ponto em diante são Marco Antônio Rocha e Miguel Quiroga, que conduzia o avião da Chapecoense.

Na madrugada de terça-feira (29), quando fazia o voo de Santa Cruz de la Sierra para Medellín, a aeronave da Lamia não conseguiu prioridade de pouso. Depois, ficou sem combustível, relatou pane elétrica e caiu. O acidente matou 71 pessoas – havia 77 pessoas na aeronave.

Conmebol nega ter feito campanha por uso da Lamia

Nesta quarta-feira (30), em nota oficial publicada em seu site, a Conmebol negou ter feito campanha em favor do uso da Lamia. Segundo o texto, a entidade "esclarece que entre as atividades de logística que a confederação oferece para realizar torneios não está incluída a coordenação de nenhum tipo de transporte, assim como a recomendação de provedores".

Na nota, a Conmebol também diz que "desmente os rumores que estão circulando nos meios durante esse momento de tanta dor".

* Colaboraram Bruno Freitas, Danilo Lavieri, Felipe Vita e Luiza Oliveira, do UOL, em Chapecó - 

Fonte: esporte.uol.com.br/30/11/16