ALCANCE
DE CONTROLE E LIMITE DE ATENÇÃO
Caro leitor:
Atuo em movimentos associativos desde 1959, ininterruptamente, sou
escritor e autor do livro “LIDERANÇA, CHEFIA E COMANDO” publicado como e-book pela
AMAZON e me considero um experimentado Guerreiro do Bem.
Cada um de
nós tem um limite de atenção, isto é, a capacidade de dar atenção a uma, duas,
três ou quatro problemas ao mesmo tempo, como também controlar uma, duas, três
ou quatro desafios ao mesmo tempo e por isso temos de estar preparados para se
conhecer esses limites, pois ultrapassá-los pode trazer problemas na saúde, se
entrar em parafuso, situação temida pelos aviadores.
Que
todos fiquem atentos a esses desafios de ordem psíquica e física.
Garimpando
na Internet encontrei esse texto de Eugenio Mussak que segue:
Você conhece seus limites? Revista Vida Simples nº9, 01/09/2003
“Caro leitor, vou começar este
texto com uma provocação.
Digamos que você esteja envolvido em algum projeto
qualquer, no trabalho, no estudo, no esporte, na diversão ou nas relações
humanas. Pergunto: você sempre está certo que deve continuar, ou sabe
reconhecer quando chegou o momento de parar de fazer o que está fazendo? Quanto
você pode exigir de você mesmo? Você sabe o que pode e o que não pode fazer?
Afinal, você conhece seus limites?
Estou certo que você já
pensou sobre isso, pois o limite humano é um dos grandes enigmas que nos
perseguem desde sempre. Até onde podemos ir? Será que os limites estão fora ou
dentro de cada um de nós? Você pode afirmar que são perguntas sem respostas;
mas mesmo assim não consegue livrar-se delas, pois você é um ser em movimento,
que deseja sentir-se vivo, realizar, construir, conquistar, evoluir, “testar seus
limites”.
Um dos mais
belos conceitos da matemática responde pelo nome de “limites”. Apesar da complexidade de sua definição formal, que não cabe neste
texto, trata-se de uma idéia de bases simples, criada por Arquimedes em
Siracusa, há mais de dois mil anos.
Faça o seguinte exercício:
desenhe um quadrado em uma folha de papel. Ele tem quatro lados iguais, é
claro. Se você aumentar o número de lados para oito, estará diante de um
octógono. Dobrando o número, passando, portanto para dezesseis, terá criado um
hexadecagono. Essas figuras chamam-se genericamente polígonos. E é claro que, à
medida que você for aumentando o número de lados, estes estarão ficando cada
vez menores.
Continuando nesse processo,
chegará um momento em que cada lado da figura ficou tão pequeno que se
confundirá com um ponto. Nesse momento, o polígono terá virado uma
circunferência. O momento em que uma figura geométrica com “lados”
transforma-se em outra com “pontos” (um polígono virando uma circunferência) é
designado como o “limite”.
A beleza desse conceito
reside no fato de que, ainda que não possa ser identificado na prática, pode
ser demonstrado matematicamente. Sabemos que existe um limite para dobrarmos os
lados, depois do qual, surgem os pontos. Que momento mágico é esse? Você pode
imaginá-lo? Pode sim, e creia, cada um de nós cria essa imagem à sua maneira.
A vida também é assim. Há pessoas
que não se acomodam em sua condição presente e continuam multiplicando seus
vários lados indefinidamente, na tentativa de criar esferas capazes de rolar
cada vez mais rápido. Outros, entretanto, interrompem muito cedo essa
multiplicação, pois ela exige esforço, e continuam sendo quadrados tentando
mover-se. Com pouca esperança e pouco alcance, é claro.
Eis o dilema: como transformar o limite em
alcance, sem ser irresponsável ou incoerente? Conhecer os limites pessoais às
vezes nos obriga a parar, mas parar não significa concordar com a interrupção,
muito menos conformar-se com a derrota. Saber parar pode significar uma tomada
de posição, cujo objetivo é a recuperação da força, ou o tempo necessário para
que se construa a condição imprescindível ao passo seguinte. O cubo, antes de
virar esfera precisa conscientizar-se que é um cubo, mas que não precisa sê-lo
para sempre.
É claro que a superação
exige energia pessoal, e muita. O polêmico, mas respeitadíssimo filósofo
Gurdjieff descreve uma cena que representa um verdadeiro esforço na
determinação do limite humano: imagine caminhar dois dias e duas noites sob
neve forte, sem ter o que comer, e ao final chegar a uma cabana aquecida pelo
fogo, banho quente, comida e bebida farta e, então… rodar nos calcanhares e
voltar na escuridão, trilhando o mesmo caminho até o ponto de partida…
De acordo com Gurdjieff, o
ser humano é dotado de dois acumuladores de energia. São eles que nos fornecem
a fantástica energia da vida. Um esforço como o descrito acima, seria capaz de
esgotar o primeiro acumulador, o que é muito grave, mas teria o mérito de
disparar o segundo, necessário para garantir uma sobrevida, por assim dizer.
Não aconselho ninguém a
fazer tal expedição na neve, e sim a começar a prestar atenção em seus dois
acumuladores de energia. Todos nós, mortais comuns, já passamos por situações
em que tudo parecia perdido e nós simplesmente não tínhamos mais forças para
continuar. Foi quando ligamos o segundo acumulador e demos os passos finais,
que nos levaram até onde queríamos chegar. E provavelmente o segredo para
ligá-lo é acreditar que ele existe.
O limite humano é uma das
maiores preocupações que o homem sempre carregou dentro de si. Não há pensador,
antigo ou moderno, que não tenha abordado o tema. Desde Sócrates, com seu “conhece-se a ti mesmo”, que, ao estimular o autoconhecimento, esperava criar consciência dos
limites pessoais, até Friedrich Nietzsche, que, em 1892 lançou o livro Assim
Falava Zaratustra, abordando o tema da superação humana.
Nessa obra, Nietzsche
reescreve as idéias de Zaratustra, também chamado Zoroastro, um profeta do
século VI a.C., que teria escrito o código moral, político e religioso dos
antigos persas, e que se referia ao fato de que os homens, em algumas
circunstâncias deveriam se superar, ampliando seus limites, transformando-se em
verdadeiros “super-homens”.
Nietzsche concordava com Zaratustra, mas dizia que
essa capacidade quase ilimitada de ampliar limites não era coisa para qualquer
um, e sim seria uma conquista de alguns poucos, “escolhidos” pelo destino.
Dizia ele que a maioria das pessoas são comandadas pelos sentimentos de medo,
rancor, superstições, ciúmes, inveja, o que as aprisiona a uma mentalidade e a
um comportamento de escravos. Poucos seriam os eleitos pela natureza ou pela
vida para ser Übermensch, a palavra alemã que significa algo como “um humano
melhor” e que foi popularizada como “super-homem”.
A angústia humana diante de
suas dificuldades rotineiras fez aparecer alguns personagens de ficção que
funcionam como uma espécie de “imagem projetada” do homem comum. O Superman que
conhecemos das revistas ou do cinema é apenas um dos super-heróis de plantão,
criado em 1933, em plena grande depressão americana, por Jerry Siegel e Joe
Shuster. Para resolver aquela crise, só mesmo um homem com super poderes.
Parece então que o super homem de Zaratustra passa por Nietzsche e chega até
Siegel e Shuster. Da Pérsia aos Estados Unidos com escala na Alemanha em um
parágrafo, simbolizando o medo de chegar ao limite, e a esperança de poder
ultrapassá-lo. Resta a certeza de que sempre podemos ser melhores do que somos,
e que isso é uma conquista diária, e que não seremos salvos por nenhum super
homem, apenas por nós mesmos!
Mas chega de
tanta citação. Voltemos à vida prática, à vida como ela é, cheia de desafios,
problemas, prazos, ansiedades, esperanças. Todos esses fenômenos, muito claros
ou pouco perceptíveis, recheiam a vida de quem trabalha, paga contas, namora,
estuda, cria filhos, monta empresas, ou seja, a vida de todos nós.
O limite do prazo, o limite
da competência, o limite do saldo bancário, o limite da paciência serão, na
verdade, projeções do limite interno de cada pessoa, o limite do humano? Há
controvérsias, mas duas verdades são inquestionáveis – a primeira: o limite é
individual; a segunda: o limite não é fixo.
O fato de sermos “indivíduos”
nos torna singulares, únicos, com características absolutamente indissociáveis
de nós mesmos. O que somos, incluindo aí os nossos limites, deriva da interação
de nossa genética com o aprendizado acumulado ao longo de nossa vida. Não somos
só biologia ou só sociologia. Somos ambos. O pensamento pertence à nossa
condição humana, mas é aprimorado através do convívio social, da percepção do
mundo com todas as suas belezas e suas mazelas.
Empurrar os limites
significa aumentar o raio de ação. Significa ganhar mais espaço para viver e
para criar vida ao nosso redor. Não é possível “não ter limites”, mas é
possível trabalhar para que o limite obedeça à nossa vontade, ao nosso
pensamento racional aliado às nossas melhores emoções, e não à tirania dos modelos
absorvidos de fora para dentro de maneira cega e cordata. Aceitar que “não
podemos” porque alguém acha isso, baseado em sua opinião a nosso respeito ou na
projeção que ele faz de sua própria pessoa, de seus próprios limites, nos
condena a uma vida “autômata” e não “autônoma”.
O limite é individual, é do
indivíduo…é meu, e não da pessoa que me olha e “deduz” o que eu posso ou não
posso fazer. No entanto há um pré-requisito: a maturidade. Conhecer seus
limites significa conhecer-se em sua dimensão mais intima, o que requer
maturidade, algumas vezes confundido com idade.
O limite não é fixo, e por
isso mesmo, a grande vantagem de se conhecer o próprio limite não é o saber
“até onde posso ir”, mas descobrir o que fazer para “ampliar o limite”,
aumentando o potencial realizador. A verdade é que o limite é o mais móvel dos
valores humanos. A única coisa que fazemos, quando trabalhamos em nosso
desenvolvimento pessoal, através do estudo, da leitura, do trabalho, dos
diálogos, da ginástica, é aumentar nossos limites.
Não há limites para quem sonha? Há sim: sua
competência em transformar os sonhos em realidade. É nesse ponto que vamos
encontrar a diferença entre as pessoas. E essa competência é desenvolvida
especialmente através dos “diálogos internos”, aqueles em que nós fazemos as
perguntas que nós mesmos responderemos. É claro que para tanto usamos também o
farol de emite luz de fora, do mundo, das experiências da humanidade, e que
serve para que possamos ver melhor nosso interior, nosso mundo íntimo.
Se você deseja transformar
um quadrado em um círculo, será responsável por esse desejo e pelo esforço
necessário para desenvolver a habilidade que lhe permitira chegar lá,
aumentando os lados, até que virem pontos. Infinitos…”
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