O SEGUNDO EU DE TODOS NÓS
Theodiano Bastos
(Conteúdo do livro “O TRIUNFO DAS IDEIAS” do mesmo autor,
publicado pela editora VILLA RICA.
A
causa do rompimento de Jung com Freud teve origem no conteúdo do livro “O
EU E O INCONSCIENTE”, editora Vozes, no qual C.G. Jung consegue provar que o
inconsciente tem autonomia e consegue levar uma pessoa a cometer atos
contrários a seu consciente, enquanto Freud afirmava que o inconsciente não tem
esse poder.
ESPÍRITO DO ENGANO religioso
ou a sombra, o segundo eu de todos nós da psicanálise.
Venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cabe perguntar: de onde vem essa
tentação?
— É de dentro de nós mesmo,
quando o inconsciente arrebata do consciente, pois infelizmente não se tem um
antivírus para impedir que esse Mal se manifeste e aí as tragédias acontecem...
Leiam o que segue:
"Quem se propõe a escrever
artigos e crônicas para a vida efêmera de um jornal, revista ou mesmo em
livros, às vezes se pergunta: Vale mesmo a pena o esforço de escrever num país
com tão poucos leitores, o pouco apreço e a incômoda sensação de que a
literatura não tem mais a importância social que já teve no passado e a perda
do glamour junto à mídia?”
Lendo
o interessante livro do teólogo e psicanalista Rubem Alves, "O Retorno
Eterno", encontrei um alento. Diz ele em uma de suas crônicas: "O
escritor não é alguém que vê coisas que ninguém mais vê. O que ele faz é
simplesmente iluminar com os seus olhos aquilo que todos vêem sem se dar conta
disso... E o que espera é que as pessoas tenham aquela experiência a que os
filósofos Zen dão o nome de "satori"; a abertura de um terceiro olho,
para que o mundo já conhecido seja de novo conhecido como nunca foi".
A psicanalista e terapeuta brasileira Rosilane Josej Perelberg,
professora de psiquiatria em Londres, alerta em sua entrevista no Jornal do
Brasil, como o sexo afeta a vida das famílias e suas implicações sobre doenças
mentais em seus membros.
Isso vem a propósito de dramas familiares conhecidos na vida. Alguns
tendo como pivô a mulher com o perfil destrutivo, popularmente conhecida como
mulher “tomba-homem", isto é, que atrai os homens com risinhos nervosos,
tendo como objetivo secreto e compulsivo destruí-los. "Engraçado, disse-me
uma delas confidencialmente no consultório: Homem nenhum nunca me fez mal e, no
entanto, odeio os homens". Esse mal também atinge alguns homens que odeiam
as mulheres, sem que nenhuma delas lhes tenham feito algum mal, são os misóginos,
os que têm desprezo ou aversão às mulheres, ao casamento e a compromissos
sérios com as mulheres.
Homens e mulheres com esses problemas
deveriam ter a humildade de procurar um psicoterapeuta e resolver seus
conflitos interiores, no mais comum das vezes fruto da desagregação familiar e
seus traumas na vida da criança. Tudo isso tem origem no relacionamento entre
os pais, no seio familiar, na usina psíquica que é a família. Freud já
alertava: Quando um homem e uma mulher se relacionam na intimidade, não é um
relacionamento entre duas pessoas, mas na verdade entre seis, pois cada um leva
dentro de si o pai e a mãe, as influências recebidas no relacionamento entre os
pais. É esse conflito mal resolvido que dá origem ao "segundo eu", ou
seja a sombra, o lado negativo da personalidade de cada um de nós. O inimigo
dentro de nós. “O pior inimigo está dentro de nós mesmos”.
Se a mulher teve um pai tirânico, que dominava a mãe sadicamente,
que nunca assistiu no lar uma cena de amor, ternura e carinho entre os pais,
certamente terá um relacionamento conflituoso e compulsivo com o sexo oposto,
fruto do conflito interior mal resolvido, porquanto o pai é o primeiro homem na
vida de uma mulher. E pelo complexo de Eletra ela se apega ao pai e no íntimo
costuma ser rival da mãe. Já no caso do homem, de acordo com o complexo de Édipo, ele se apega à mãe e no fundo é um
rival do pai. É da natureza humana, queira-se ou não.
É um ato de compaixão e sabedoria aceitarmos as fraquezas
e as enfermidades da alma de nossos pais, lamentando o relacionamento
conflituoso que tiveram e deram origens às neuroses dos filhos. "Os males
que a mente causa, a mente cura", diz Karen Horney. A visão cristã
diz que o homem nasce com o pecado original. Isso não significa que o homem é
inevitavelmente mau, mas que tem de lutar contra o mal dentro de si.
Devemos sempre lembrar, daí a necessidade dos
que sofreram na infância procurarem o socorro psicoterápico, pois o conflito
interior não resolvido, é como um vírus no computador que alguém contagia com o
objetivo de causar danos, tão logo seja acessado o arquivo ou dado para
desencadear uma seqüência destrutiva guardada na memória do equipamento. Assim
também na mente humana. Está tudo arquivado na memória inconsciente e tão logo
surja algum acontecimento ou mesmo vaga referência ao trauma vivido, é
disparado das profundezas do inconsciente uma seqüência incontrolável e
compulsiva de reações que a consciência não consegue evitar ou controlar.
Sobre a conexão entre a psiquiatria e a
psicanálise, diz o Prof. Guy Briole, da Universidade de Paris e membro da
Associação Mundial de Psicanálise, alerta: “a medicação não resolve o problema
da idéia fixa alucinatória de perseguição que o paciente vivencia. Somos contra
a posição ‘tome o remédio e cala-te’ e defendemos o posicionamento ‘tome o
medicamento para sofrer menos e fale’, ressalva. Os psiquiatras não escutam os
doentes. ‘Hoje em dia eles falam mais que os próprios pacientes”.
Enfim, os psicanalistas somente ajudam a
pessoa a encontrar as respostas que estão nelas mesmas.
Esse texto está na
Internet no Blog O PERISCÓPIO (theodianobastos.blogspot.com)