por Luiz Fontenelle
Hoje
vamos falar de um paradoxo. Se eu sou membro de um partido que traz em seu
próprio nome a defesa dos direitos dos trabalhadores, e se sou indicado por
esse partido para gerir um fundo de pensão dos trabalhadores de uma determinada
empresa, é se se esperar que meu desempenho na gestão desse fundo seja o melhor
possível. Afinal, o meu partido foi guinado ao poder e lá permanece por quatro
gestões graças ao seu apelo em favor da classe trabalhadora. Até de uma forma
conflitante com o seus empregadores.
Pois bem, vamos ver como eu me saí:
Pois bem, vamos ver como eu me saí:
- Comecei por investir em títulos da dívida da Venezuela, dado o grande retorno que esses títulos ofereciam.
- Na mesma linha, investi nos títulos da dívida da Argentina,
- Apliquei fortemente em ativos da EBX. Afinal, O Eike Batista garantia que as ações dessa empresa em 5 anos iriam valer tanto as da Petrobrás (no que ele estava quase certo).
- Comprei também ativos dos bancos Cruzeiro do Sul e BVA (que infelizmente vieram a quebrar).
- Na área internacional, investimos no Lehman Brothers (que um mês depois veio a falir e levar de roldão a economia mundial),
O
resultados desses investimentos foi que o meu fundo, o Postalis, dos
funcionários dos Correios, acumulou um déficit de R$ 5,6 bilhões. Isso levou o
seu conselho deliberativo a impor aos funcionários dos Correios uma
contribuição adicional, na tentativa de cobrir esse rombo.
Não
existe em tese, para o empregado de uma empresa que possui fundo de pensão,
investimento melhor que ele. Se para cada real que você põe no fundo a empresa
contribui com o mesmo valor, em nome do empregado, isso significa que você
começa com um rendimento de 100%. Mas não vamos ficar só com o Postalis;
passemos ao Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Afinal,
trata-se de um banco, e bancos sabem tratar de dinheiro. Pois bem, o rombo do
Funcef chega a R$ 5,5 bilhões. O da Petros, dos funcionários da Petrobrás, vai
um pouco mais longe: R$ 6,2 bilhões.
O Funcef
e o Petros possuem 37,5% da participação na Sete Brasil, empresa que já mereceu
um Post de minha parte. Ela foi criada para ser a locadora de navios e
plataformas de petróleo para a Petrobrás, e que se encontra em situação
falimentar, tendo sido recentemente socorrida por pressões do governo pelo
BNDES e pela Caixa (a mesma). Aliás, o que vimos com a criação da Sete Brasil
foi uma estranha manobra para se conseguir dinheiro para a exploração de uma
riqueza inviável, o Pré Sal, uma enorme manobra de marketing, em virtude da
Petrobrás não ter caixa suficiente para comprar esses insumos. O resultado foi
uma posição de destaque na Operação Lava Jato.
Já houve várias tentativas de se
criar uma CPI para a investigação desses fundos. Esqueçam. As indicações para
gerir esses fundos têm origem exatamente no Congresso Nacional. É uma anomalia
enorme: um gestor que tem por obrigação buscar os melhores investimentos, com o
menor risco, que deveria ser escolhido entre profissionais do mercado, em vez
disso sai de indicações de políticos que lá colocam incompetentes para dirigir
o dinheiro, que pertence aos trabalhadores, para os seus fins ideológicos (e
pessoais).
A questão se agrava quando uma entidade externa, no caso a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entra nela e resolve comparar os fundos de pensão a nível global. Os nossos fundos tiveram a quinta pior rentabilidade liquida (descontada a inflação) em 2014. Ganhamos apenas de Hong Kong, Rússia, Armênia e Malawi.
Voltando ao Postalis, ele é controlado pelo PT e pelo PMDB. Em março deste ano o seu Conselho Deliberativo decidiu impor aos funcionários, para cobrir esse rombo, uma contribuição de 25,98% sobre o valor do contracheque. Um funcionário que recebesse R$ 1.000 por mês passaria a receber R$ 740,20, menos o desconto da contribuição normal. O assunto foi parar na Justiça, que em abril mandou suspender essa contribuição extra.
Segundo a Juíza que acatou os argumentos da ADCAP (Associação dos Funcionários dos Correios), do rombo de R$ 5,6 bilhões, R$ 2,7 bilhões são resultado da má gestão, R$ 1 bilhão é resultante da dívida dos Correios com o plano, e apenas R$ 1,7 bilhões são consequência de mudanças na expectativa de vida. Vejam aqui que os Correios, além de não entrarem com a sua parte, tentaram jogar esse valor nas costas dos seus empregados e pensionistas.
Só existe uma solução para esse descalabro: a terceirização. Isso vem sendo feito com os fundos de pensão de empresas privadas. Trabalhei em uma empresa cujo fundo de pensão era controlado pelo Citibank, que possui especialistas no setor, os quais jamais comprariam títulos da Venezuela ou da Argentina, muito menos ações de empresas X do Eike, menos ainda de bancos falidos ou do Lehman Brothers. Tentem fazer isso e os pelegos paus mandados vão dizer que estão entregando suas poupanças pros banqueiros.
Fonte: http://ceticocampinas.blogspot.com.br/ (15/08/15)
A questão se agrava quando uma entidade externa, no caso a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entra nela e resolve comparar os fundos de pensão a nível global. Os nossos fundos tiveram a quinta pior rentabilidade liquida (descontada a inflação) em 2014. Ganhamos apenas de Hong Kong, Rússia, Armênia e Malawi.
Voltando ao Postalis, ele é controlado pelo PT e pelo PMDB. Em março deste ano o seu Conselho Deliberativo decidiu impor aos funcionários, para cobrir esse rombo, uma contribuição de 25,98% sobre o valor do contracheque. Um funcionário que recebesse R$ 1.000 por mês passaria a receber R$ 740,20, menos o desconto da contribuição normal. O assunto foi parar na Justiça, que em abril mandou suspender essa contribuição extra.
Segundo a Juíza que acatou os argumentos da ADCAP (Associação dos Funcionários dos Correios), do rombo de R$ 5,6 bilhões, R$ 2,7 bilhões são resultado da má gestão, R$ 1 bilhão é resultante da dívida dos Correios com o plano, e apenas R$ 1,7 bilhões são consequência de mudanças na expectativa de vida. Vejam aqui que os Correios, além de não entrarem com a sua parte, tentaram jogar esse valor nas costas dos seus empregados e pensionistas.
Só existe uma solução para esse descalabro: a terceirização. Isso vem sendo feito com os fundos de pensão de empresas privadas. Trabalhei em uma empresa cujo fundo de pensão era controlado pelo Citibank, que possui especialistas no setor, os quais jamais comprariam títulos da Venezuela ou da Argentina, muito menos ações de empresas X do Eike, menos ainda de bancos falidos ou do Lehman Brothers. Tentem fazer isso e os pelegos paus mandados vão dizer que estão entregando suas poupanças pros banqueiros.
Fonte: http://ceticocampinas.blogspot.com.br/ (15/08/15)