2018/1989, LIÇÕES DA HITÓRIA, por Theodiano Bastos
Em 1989 o Brasil elegeu Collor e em 2018, quem será eleito presidente?
Na eleição de 2018 já são 10 os candidatos. Em junho, quando das convenções, ficaremes sabendo quantos sobrara.
Na eleição de 1989 eram 22 candidatos a presidente, vejam:
Resultados Candidato(a)
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Vice
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1.º
turno
15 de novembro de 1989 |
2.º
turno
17 de dezembro de 1989 |
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Votação:
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Total
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Percentagem
|
Total
|
Percentagem
|
||
20 611 011
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30,47%
|
35 089 998
|
53,03%
|
||
11 622 673
|
17,18%
|
31 076 364
|
46,97%
|
||
11 168 228
|
16,51%
|
||||
7 790 392
|
11,51%
|
||||
5 986 575
|
8,85%
|
||||
3 272 462
|
4,83%
|
||||
3 204 932
|
4,73%
|
||||
769 123
|
1,13%
|
||||
600 838
|
0,88%
|
||||
Camilo Calazans (PDN)
|
488 846
|
0,72%
|
|||
Paiva Muniz (PTB)
|
379 286
|
0,56%
|
|||
Lenine Madeira (PRONA)
|
360 561
|
0,53%
|
|||
Reinau Valim (PSP)
|
238 435
|
0,33%
|
|||
Paulo Gontijo (PP)
|
Luís Paulino (PP)
|
198 719
|
0,29%
|
||
Zamir José Teixeira (PCN)
|
William Pereira da Silva (PCN)
|
187 155
|
0,27%
|
||
Ardwin Retto Grunewald (PN)
|
179 922
|
0,26%
|
|||
Eudes Oliveira Mattar (PLP)
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Daniel Lazzeroni Júnior (PLP)
|
162 350
|
0,24%
|
||
Maurício Lobo Abreu (PV)
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125 842
|
0,18%
|
|||
José Natan Emídio Neto (PMN)
|
109 909
|
0,16%
|
|||
Antônio dos Santos Pedreira (PPB)
|
José Fortunato da França (PPB)
|
86 114
|
0,12%
|
||
Manoel de Oliveira Horta (PDCdoB)
|
Jorge Coelho de Sá (PDCdoB)
|
83 286
|
0,12%
|
||
Armando Corrêa (PMB)
|
Agostinho Linhares de Souza (PMB)
|
4 363
|
0,01%
|
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Total
de votos válidos
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67 631 012
|
93,57%
|
66 166 362
|
94,17%
|
|
→ Votos em branco
|
1 176 413
|
1,63%
|
986 446
|
1,40%
|
|
→ Votos nulos
|
3 473 484
|
4,81%
|
3 107 893
|
4,42%
|
|
Total
|
72 280 909
|
88,07%
|
70 260 701
|
85,61%
|
|
Abstenções
|
9 793 809
|
11,93%
|
11 814 017
|
14,39%
|
|
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_no_Brasil_em_1989
Outro político que já está na corrida é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que deve trocar de partido e tem se portado como um antagonista à candidatura de Lula. Ele terá até o dia 7 de abril para estar filiado a uma sigla. Também já estão na pista o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o senador Alvaro Dias (Podemos-PR).
A ex-senadora Marina Silva não tornou oficial sua pré-candidatura, mas a Rede – partido que preside – trabalha internamente com os cenários que ela terá de enfrentar para não perder a terceira eleição consecutiva – chegou em terceiro lugar em 2010 e 2014. No PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, conseguirá se lançar na disputa se barrar o crescimento do prefeito paulistano, João Doria, e superar a tímida concorrência do senador José Serra (SP).
Há ainda surpresas que podem aparecer na disputa, entre elas o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, que conversa com a Rede e o PSB, o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e Luciano Huck.
O líder de
massas O Antagonista de 30
O candidato do PT é Guilherme Boulos,
como vem repetindo O Antagonista. Leia esta nota da Folha de S. Paulo:“Dirigentes do PT detectaram sinais de que Guilherme Boulos, o líder do MTST, está se preparando para ocupar o lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ele sair de cena. Boulos tem deixado claro que não pretende disputar a próxima eleição presidencial se Lula estiver no páreo, mas a avaliação na cúpula petista é que não existem hoje no partido sucessores que vistam tão bem como Boulos o figurino de líder de massas.”
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (sem partido), entrou na mira do PSOL para disputar a Presidência da República nas eleições do próximo ano. Após o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) declinar da possibilidade de disputar o Palácio do Planalto, lideranças do partido que evitavam falar abertamente no nome de Boulos por respeito ao parlamentar passaram a defender o líder dos sem-teto como representante da sigla na disputa de 2018.
Nunca na história política brasileira uma eleição reuniu personagens tão marcantes quanto o pleito de 1989. Estavam reunidos disputando a Presidência da República lideranças históricas, como Ulysses Guimarães, Leonel Brizola e Mário Covas, e forças políticas emergentes naquele momento, como Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor de Mello e Guilherme Afif Domingos. Ainda faziam parte da disputa figuras folclóricas, como Paulo Maluf, candidato derrotado na disputa presidencial de 1985, quando o mandatário brasileiro foi escolhido pelo colégio eleitoral, em uma eleição indireta.
Abaixo estão selecionadas as mais importantes entrevistas e reportagens daqueles meses intensos, que culminaram com uma disputa que marcou e marcará o Brasil por décadas ainda: a batalha entre Lula e Collor no 2º turno. Em cada uma delas é possível mais do que relembrar aqueles dias. As páginas de Istoé que são republicadas agora na versão online da revista são uma verdadeira aula da história recente do país.
1º turno
Fernando Collor de Mello: O azarão diz a que veio
Nesta entrevista publicada em abril de 1989, quando a corrida eleitoral ao Palácio do Planalto ainda estava morna, com diversos partidos ainda decidindo quem seriam seus candidatos, Fernando Collor já esbanjava confiança. Apesar de liderar as pesquisas de opinião naquele momento, ainda não havia cristalizado o arco de alianças políticas, econômicas e sociais que possibilitariam sua eleição. Ainda assim, afirmava, categórico, que seria o próximo presidente da República
Lula – “Com Quércia, o PMDB cresce”
Em abril de 1989 Lula estava muito mais próximo do líder sindicalista que parou o ABC paulista no fim dos anos 70 do que do presidente da República popular que se tornaria pouco mais de uma decáda depois. Nesta entrevista publicada no dia 12 de abril de 89, o presidente do PT se mostra um candidato ainda atrelado a conceitos ideológicos estanques, apesar de reforçar a todo momento que, eleito, não pretende se tornar uma espécie de ditador socialista à brasileira. Neste momento, quase sete meses antes das eleições, Lula parece não enxergar a força de Collor, ou ao menos procura não transparecer preoucupação com a figura salvadora criada em torno do ex-governador de Alagoas, que meses antes recebera o título de "O Caçador de Marajás".
Leonel Brizola – Brizola vai pela sombra
No começo de julho de 1989, quando esta reportagem foi publicada, Leonel Brizola estava certo de que iria disputar o segundo turno com Fernando Collor de Mello. O velho caudilho era o segundo nas pesquisas de opinião e via, de longe, Lula brigando para estar entre os principais candidatos daquela eleição. O alvo preferencial de Brizola, naquele momento, era Collor, a quem havia atacado vigorosamente no primeiro dos inúmeros – e históricos – debates daquela eleição.
Mário Covas – Contra todos e ninguém
O ex-governador de São Paulo Mário Covas era o nome de consenso dentro do PSDB para assumir o posto de candidato à Presidência da República em 1989. Depois de desempenhar papel de destaque na Constituinte e de liderar a debandada do PMDB para a criação do PSDB, ele se apresentava como uma espécie de conciliador nacional, o nome que "não estava contra ninguém", mas que se propunha a apresentar "algo concreto" para a criação do novo Brasil que recém entrava no período de redemocratização. Tudo lindo, não fosse o fato de que sua candidatura não decolava nas pesquisas.
Paulo Maluf – Agora em nova embalagem
Paulo Maluf chegou às eleições presidênciais de 1989 tentando provar ser um novo homem. Nos quatro anos anteriores o eterno candidato do PDS havia sofrido três duras derrotas consecutivas. A primeira no Congresso Nacional, quando foi preterido na eleição indireta para presdidente por Tancredo Neves, que acabou vencendo, mas não assumindo em decorrência de sua morte. Depois, em 86, no ano seguinte, disputou o governo de São Paulo e tornou a ser derrotado, desta vez por Orestes Quércia. A terceira e mais humilhante derrota havia sido em 1988, quando Eluiza Erundina, então no PT, derrotou o ex-prefeito biônico de São Paulo na disputa pelo comando da capital paulista. Nesta reportagem e entrevista publicadas no final de agosto de 1989, Maluf tenta, uma vez mais, reconstruir sua imagem.
Guilherme Afif Domingos – “Precisamos de um novo JK”
Ainda no começo da corrida eleitoral de 1989, Guilherme Afif Domingos se apresentou como o “empresário do bem”. Um representante da elite, sem dúvida, mas, segundo seu discurso, cheio de vontade para atacar um dos grandes problemas do Brasil até hoje: a má distribuição de renda. À frente do Partido Liberal, entrou na briga pra valer. Atacou, logo de cara, a poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (“uma estrutura que mama nas tetas do governo”) e bateu forte em Brizola (“é o que de mais conservador e anacrônico existe por aí”). Nesta entrevista, afirmou com todas as letras que o caminho para o crescimento justo do Brasil passaria pelo desenvolvimento da agricultura e disse que a divisão entre esquerda e direita estava apenas na cabeça da elite.
Ulysses Guimarães – A aposta de Ulysses
Ulysses Guimarães chegou às eleições de 1989 sem o mesmo prestígio que conquistara ao longo da bela, porém derrotada, campanha pelas eleições diretas para presidente de cinco anos antes. Após ver a emenda Dante de Oliveira ser derrotada no Congresso Nacional, Ulysses se transformou em uma espécie de símbolo maior das lutas pela redemocratização plena do país naquela segunda metade dos anos 80. Mas, já quase na virada da década, a proximidade excessiva com José Sarney e suas políticas econômicas desastrosas e a costumeira dificuldade em unir o PMDB lhe cobrariam um preço alto. Chegou ao final da campanha sem apoio, quase desacreditado por seus pares. Ainda assim, conquistou mais de três milhões de votos e terminou como o sétimo candidato a presidente mais votado. Esta reportagem, publicada no fim de junho de 1989, conta o momento crítico da campanha de Ulysses e como ele acreditava que seria possível reverter o fracasso que se anunciava.
Roberto Freire – A China é muito longe
Comunista comedor de criancinhas? Essa era a imagem que Roberto Freire menos queria passar para seus eleitores. Como primeiro candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB) à Presidência do Brasil desde 1945, ele tentava mostrar que, em 1989, as propostas de seu agrupamento político estavam a anos-luz de distância do movimento repressor tão presente na China comunista da época. Freire também se mostrava disposto a fazer possíveis alianças com PT, PDT e até PSDB, já prevendo que sua candidatura teria poucas chances de chegar ao segundo turno. Nesta entrevista, o líder comunista aborda temas que permanecem atuais hoje, como os direitos dos homossexuais, a descriminalização das drogas e do aborto. "Queremos uma definição concreta de que a mulher deve ser dona do seu corpo", afirmou.
Ronaldo Caiado – Diabo, Satanás, Cão, Estado…
Privatização, meritocracia, livre iniciativa… o discurso parece familiar? Na campanha presidencial de 1989, Ronaldo Caiado, do PSD, era o candidato que apresentava com mais afinco esses ideais liberais. Ex-líder da União Democrática Ruralista, poderosa instituição que representava os interesses dos grandes produtores do campo, o médico Caiado dizia não ser de direita, mas um democrata, e defendia a presença do Estado apenas em setores considerados estratégicos, como habitação, saúde e segurança. Para todos os efeitos, na campanha, Caiado era um "nanico", mas cujas ideias encontram, até hoje, muitos apoiadores. "Não podemos confundir defesa de livre iniciativa nem defesa de terra produtiva como sendo radical de direita", disse.
2º turno
Lula – Espantando os demônios
Lula concedeu esta entrevista à Istoé na semana seguinte às eleições presidenciais no 1º turno. Era final de novembro e naquele momento as negociações partidárias para conquistar apoios para o 2º turno estavam frenéticas. Lá, como cá, o PMDB tinha imensa importância não só na busca pelos votos, como também na composição da bancada parlamentar que garantiria a governabilidade do presidente da República. Após um primeiro turno sangrento, em que foi vítima de uma série de acusações que se mostrariam falaciosas pouco mais de uma década depois, Lula buscava nessa entrevista desmistificar a figura de comunista revolucionário criada por seus adversários.
Leonel Brizola – Lula, o flexível
Derrotado no primeiro turno das eleições presidenciais de 1989, Leonel Brizola não demorou a dar um apoio natural a Lula na sequência da corrida para a Presidência. Apoio de peso. Na visão de Brizola, o candidato do PT representava a única possibilidade real de uma nova política no Brasil, conduzida por um candidato saído do povo, das frentes de trabalho e da luta sindical. Nesta entrevista, concedida em dezembro de 1989, pouco antes do pleito de decisivo, o líder do PDT faz elogios abertos à capacidade de Lula para negociar, mas mostra sérias ressalvas em relação ao vice do petista, João Paulo Bisol: “Ele não é uma pessoa confiável, vamos ter de trazê-lo de rédea muito curta”, disse Brizola.
Fernando Collor de Mello: Dispensando alianças
Depois de um primeiro turno em que superou a descrença e a gozação dos adversários, que o viam como um político de segundo escalão saído de um Estado de menor expressão (Alagoas), Fernando Collor chega ao segundo turno com força renovada. Nesta entrevista, publicada em novembro de 1989, o candidato do PRN ataca Lula, do PT, e diz que não abriria mão de nenhum ponto de seu programa de governo em troca de alianças que poderiam ajudá-lo a alcançar os 51% de votos válidos.
Zélia Cardoso de Mello: Um pacote no primeiro dia
Zélia Cardoso de Mello era uma jovem economista de pouco mais de 30 anos quando conheceu Fernando Collor de Mello, em 1987. Dois anos depois, tornou-se sua principal assessora econômica, depois de eleito, sua ministra da Fazenda. Zélia teve uma passagem, no mínimo, impactante pela Esplanada e se tornou uma das figuras centrais dos anos Collor. Nesta entrevista concedida às vésperas do 2º turno, com Collor na dianteira das pesquisas, Zélia já dava indicativos claros de que o futuro governo trabalhava com ideia de aplicar um choque na economia brasileira a fim de reduzir a inflação, o maior drama daquele Brasil recém saído de 20 anos de ditadura. O que ninguém imaginava é que Zélia e Collor seriam capazes de fazer um confisco na Caderneta de Poupança. O resultado desastroso foi o primeiro dos muitos equívocos que fizeram Collor ser derrubado do Planalto e levaram Zélia a um auto-exílio em Nova. Fonte: https://istoe.com.br/385733_1989+UMA+ELEICAO+HISTORICA/