MARISA
LETÍCIA, PERFIL
Foi muito feio o Lula, no depoimento perante o juiz Sérgio Moro, responsabilizar a sua própria esposa, já falecida. Isso foi imperdoável. Eurípedes: “Deus enlouquece primeiro aqueles a quem quer destruir”.
Após interrogatório, Lula disse a aliados estar convicto de
que será condenado por Moro
NONATO
VIEGAS, Revista ÉPOCA, 15/05/17 Após
interrogatório de cinco horas com o juiz Sergio
Moro na quarta-feira, dia 10, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse a aliados estar convicto de que será condenado
pelo magistrado. Por outro lado, afirmou que o encontro forçado com o juiz lhe
deu mais gás para se dedicar à política. “Não conhecem o Lula”, afirmou. Moro
decidiu que o prazo para as alegações finais do processo envolvendo o tríplex
em Guarujá, São Paulo, será no dia 20 de junho. Fonte: http://epoca.globo.com/ 15/05/17
“Quero
tudo o que tenho direito”, dizia Marisa Letícia aos amigos mais íntimos. Exigiu
escritório ao lado de Lula no Palácio do Planalto, onde entrava na hora que
quisesse, mandou o jardineiro colocar, nos jardins do Palácio da Alvorada, uma estrela
do PT
CRUCIFIXO ESTAVA NO COFRE DO BB
23 "caixas lacradas"
estariam guardadas numa agência do BB na rua Libero Badaró, em São Paulo, inclusive o crucifixo barroco, obra esculpida por
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e que
estava sumido. O crucifixo era do patrimônio do Palácio do Planalto e foi
levado.
O cofre está no nome da ex-primeira-dama Marisa
Letícia e do filho do casal, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. Segundo o
relato de funcionários do banco aos policiais federais, as peças chegaram ao
local em 23 de janeiro de 2011. Até uma espada cravejada de pedras preciosas
dada em 1968, pela rainha Elizabeth, ao então presidente Gal Costa e Silva,
também estava nesse cofre. Na mudança do casal ao
deixar a presidência, foi utilizado 11 caminhões...
Casada há 43 anos, Marisa já foi
descrita pelo marido como uma "grande mãe italiana". Ela esteve ao
lado de Lula nas greves, nas lutas, na criação do PT, nas viagens das caravanas
da cidadania, nas campanhas eleitorais. Mas preferiu ficar longe dos holofotes.
"Fora de casa Lula é o centro das atenções. No campo doméstico, Marisa é
soberana. Ela é a âncora da família", contou amiga dos tempos de
sindicalismo Miriam Belchior, que foi ex-assessora especial da Presidência.
Mulher de opiniões declaradas, sempre foi discreta, tímida e, segundo a amiga,
optou por esse papel.
O temperamento forte sempre foi
da porta para dentro, onde botava "os pingos nos is". Em público foi
reservada. Gentil, simpática e afetuosa com os amigos, tratava com indiferença
gente que julgava interesseira. Também nunca foi de lamentar, mas de resolver
os problemas. Em sua primeira entrevista como primeira-dama, à revista Criativa
em 2003, respondeu sobre o segredo de seu casamento: "quando somos jovens
imaginamos que o mundo tem que ser cor-de-rosa, só que ele não é. Isso muitas
vezes é um choque. O amadurecimento proporciona isso, compreensão das coisas,
mais paciência. Nós (Lula e ela) aproveitamos o nosso tempo juntos para ficar
bem, felizes."
Neta de italianos, dona Marisa
nasceu num sitio em São Bernardo do Campo, SP, onde havia plantações de batata
e milho e criações de galinhas e porcos. A casa de dois quartos onde viveu até
o sete anos era de pau-a-pique e chão de terra batida. Não tinha luz elétrica. Nem
água encanada, só poço. O colchão onde dormia era de palha. Marisa foi a
penúltima filha dentre 12 irmãos. Sua mãe, Regina Rocco Casa, era famosa
benzedeira: sabia tirar quebranto, curava menino com bucho virado. O pai
hortelão, Antônio João Casa, adorava plantas. Marisa puxou isso dele.
A primeira-dama tinha "mão
boa" para lidar com mudas. Quando levou uma jabuticabeira no vaso para
dentro do apartamento em São Bernardo, Lula achou que a planta jamais ia
vingar. "Eu fiquei, como muitos, todo santo dia resmungando e dizendo que
era impossível", disse o marido num discurso em que fez parábola da planta
de Marisa. Lula disse que o Brasil poderia crescer em pleno aperto econômico
como a jabuticabeira que, contrariando todas as previsões, sua mulher fez vicejar.
"Como ela acreditou mais, irrigou mais, cuidou mais do que eu, o pezinho
de jabuticaba dá frutos quatro, cinco vezes por ano, coisa que esse conselho
[Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social] pode imitar se quiser",
disse Lula, quando criou órgão do governo em fevereiro de 2003.
Quando ainda era menina de nove
anos, em vez de bonecas, Maria foi embalar três sobrinhas do pintor Cândido
Portinari. De babá, virou operária aos 13 anos. Embalou, então, bombons Alpino
na fábrica de chocolates Dulcora. Teve de parar de estudar na sétima série.
Moça bonita, loura de cachos até
a cintura, aos 19 anos, Marisa saiu da casa dos pais para se casar com seu
primeiro namorado, Marcos, um motorista de caminhão. Ele carregava areia para construções
durante o dia e de noite, saía com o táxi do pai, um Fusca, para ganhar
um extra. Queria comprar a casa própria. Seis meses depois do casamento, Marcos
foi morto por bandidos num assalto ao táxi. Viúva, a única herança de Marisa
foi o filho de quatro meses na barriga. Ela morou no primeiro ano de viuvez com
o sogro, depois foi para a casa de sua mãe e trabalhou como inspetora de alunos
num colégio público. Dona Marília, a primeira sogra que sempre foi amiga do
peito de Marisa, ajudou a nora criar o neto de sangue, Marcos Claudio, e os
outros três que a primeira-dama teve com Lula.
Curiosidade dos destino: viúvo aos 39 anos quando perdeu no
parto a esposa e o filho, casou-se com Maria Letícia, que foi babá aos nove
anos e operária de uma fábrica de doces aos 13, também viúva de um motorista de
táxi assassinado quando estava grávida de quatro meses
“O sogro do primeiro casamento de
Marisa, seu Cândido, foi quem primeiro falou de Marisa para Lula. Em 1973, Luiz
Inácio tinha o apelido de "Baiano". Novato no sindicato dos
metalúrgicos, sofria o luto por sua primeira mulher, Maria de Lourdes, que
perdeu, com o filho, na sala de parto havia dois anos. Vez ou outra, Lula fazia
uma corrida no taxi Fusquinha de seu Cândido porque a bandeirada era mais barata
do que a dos carros de quatro portas. Lula contou, em entrevista à escritora
Denise Paraná no livro "O filho do Brasil", que seu Cândido, sempre
que falava da morte do filho, dizia que a nora Marisa era muito bonita.
"Foi muita coincidência. O tempo passou. Quando um belo dia estou no
sindicato chega essa tal de dona Marisa", disse Lula.
No encontro entre os dois viúvos
não houve suspiros de contos de fada. Marisa foi ao sindicato buscar um carimbo
para retirar sua pensão. Lula deixou cair sua carteirinha de identidade de
sindicalista para mostrar que também era viúvo. Ele inventou uma firula
qualquer na documentação dela para ter desculpa para pedir o telefone de
Marisa. Ela nem atendia as ligações. Mas o ex-operário, que venceu a primeira
eleição para presidente na quarta tentativa, é insistente. Um dia estacionou o
carrinho TL na porta da casa da viúva loura e botou o então namorado de Marisa
para correr, dizendo que precisava falar um assunto sério com ela. Lula acabou
conquistando a simpatia da mãe de Marisa, Dona Regina, a benzedeira, e depois o
coração da ex-primeira-dama. Em sete meses se casaram.
Um ano depois do casamento, Lula
já era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Naquele tempo,
Marisa não entendia nada sobre sindicalismo, greves, ditadura, passeatas,
piquetes… Carregava no colo o recém-nascido Fábio Luiz e tinha na barra da saia
o primogênito Marcos Cláudio, que Lula adotou como seu. Um dia, cansada do
sumiços de Lula – que saía de casa de madrugada para fazer piquete em porta de
fábrica–, Marisa decidiu entrar no curso de política do religioso militante de
esquerda Frei Betto. Aos poucos, ela passou a entender a luta dos sindicalistas
e acabou por influenciar outras mulheres de metalúrgicos.
Certamente não foi fácil. Lula
nunca pôde acompanhar a mulher na maternidade no nascimento dos filhos, por
exemplo. Marisa foi mãe e pai dos meninos. Reunião de escola, festinha,
finanças da casa, crediário… Tudo era ela quem cuidava. E sem empregada. Joana,
considerada uma "irmã de criação" de Marisa, e a ex-sogra, dona
Marília, a acudiam em situações especiais.
Em 1980, os militares tomaram o
sindicato e a sala da casa de dona Marisa virou a nova sede dos metalúrgicos. E
ela também assumiu posto de secretária. Nesse mesmo ano, Lula foi preso.
Acusado de incitar uma greve ilegal, foi enquadrado na Lei de Segurança
Nacional, principal instrumento de repressão do regime militar. "Marisa
organizou toda a passeata com as mulheres de metalúrgicos encarcerados. E levou
as crianças no meio daquela multidão ", recorda amiga Miriam Belchior, que
também participou da manifestação. "Tinha polícia para tudo quanto é
lado", Marisa disse em entrevistas. Ela levava os filhos Marcos, Fábio e
Sandro para visitar o pai na cadeia. O caçula, Luiz Cláudio, ainda não tinha
nascido.
Sempre junto de Lula, dona Marisa
fundou o partido dos trabalhadores também em sua sala. "Marisa entendia a
missão do Lula. Ela só pegava no pé do marido aos domingos", disse Luiz
Marinho, amigo do casal, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e
ministro da Previdência no governo Lula. Para ela, domingo era sagrado, era o
dia da família. E pouco importava se o almoço familiar acontecesse no
apartamento de São Bernardo ou nos salões projetados pelo arquiteto Oscar
Niemeyer. A cena dominical do dia das Mães em que Lula se ajoelhou aos seus pés
não teve nada de excepcional como alardeou a imprensa na época. Os pequeninos
gestos de carinho de Lula à sua mulher eram rotineiros. Em uma entrevista,
Marisa disse: "Em um casamento o amor é muito importante. Mas sonhar
juntos é fundamental". Nos sonhos de dona Marisa, estávamos todos
incluídos.”
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/ 14/05/17