segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

UNIFICAÇÃO DAS POLÍCIAS CIVIL E MILITAR



Projeto propõe unificação das polícias Civil e Militar

É preciso um novo modelo de polícia nos estados, sem vinculação com as Forças Armadas. A PM se transformaria em "polícia estadual" com ações ostensivas e de apuração de infrações penais, enquanto a polícia civil passaria a se chamar "polícia estadual investigativa", com a missão de apurar infrações penais de alta complexidade.

"Não tem como uma polícia começar um trabalho e a outra terminar. Aí está o índice de elucidação dos crimes no nosso País: 8% em média"

A discussão de mudanças na gestão das polícias Civil e Militar vem ganhando força com projetos no Senado e Câmara dos Deputados, em Brasília. Há duas propostas de emenda à Constituição (PEC) em tramitação – uma no Senado Federal, a PEC 51/13, que visa a alteração do atual modelo de segurança pública, convertendo as duas corporações em uma só; outra na Câmara dos Deputados, a PEC 431/14, que amplia a competência da PM, dando-lhe atribuições de polícia judiciária, com poderes de investigação. Os dois projetos são bastante polêmicos. Para o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Minas Gerais (Sindepominas), delegado Marco Antônio de Paula Assis, o modelo ideal para o Brasil é o da Polícia de Ciclo Completo, a chamada polícia unificada, segundo ele adotado em quase todos os países.

Trata-se de uma organização civil, com delegação à mesma corporação policial tanto das atividades repressivas de polícia judiciária ou investigação criminal quanto da prevenção aos delitos e manutenção da ordem pública, incluindo a presença ostensiva uniformizada de agentes nas ruas. Assis afirma que, no Brasil, a Constituição Federal dispõe sobre as duas polícias, prevendo o exercício da polícia judiciária pelas corporações civis e a atuação ostensiva e preservação da ordem pública pelas militares. “Nessas condições, as duas entidades atuam de forma isolada, tendo como único contato o momento da apresentação dos presos em flagrante, pelos militares, nas delegacias da Polícia Civil, para as providências de polícia judiciária cabíveis”, disse o delegado.

Em agosto, o sindicato criou a Campanha de Esclarecimento Público sobre o Papel e a Importância do Delegado de Polícia. Além da valorização da função dos delegados de Minas Gerais, a campanha busca estreitar as relações com a população e mostrar a importância dessa parceria. Atualmente, Minas conta com um efetivo de 1.200 delegados para atender os 853 municípios mineiros. O número está abaixo do indicado pela Lei Orgânica de Minas Gerais. O efetivo para o estado deveria ser de 1.987.

Na opinião do chefe da sala de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, major Gilmar Luciano Santos, o melhor modelo de polícia para o país não é de uma polícia única, mas sim a potencialização operacional das corporações já existentes. “O ciclo completo de polícia é hoje a melhor proposta para potencializar e agilizar a prestação do serviço policial do Brasil. Nesse modelo, seja a Polícia Civil ou a PM, quem prende em flagrante já apresenta à Justiça”, explicou o major. Quanto a militarização, ele afirmou ser necessária para manter a hierarquia e a disciplina.

O major Lázaro Tavares de Melo da Silva, assistente de gabinete do comandante-geral, explicou que o ciclo completo de polícia considerado ideal pela corporação prevê a capacidade que as agências policiais têm de desenvolver a fase pré-processual por inteiro. “A PM pode realizar tanto atividades de prevenção e patrulhamento ostensivo, quanto as de polícia repressiva, lavrando autos de prisão em flagrante e abrindo inquérito. Quem ganha nesse modelo é a sociedade”, afirmou. Fonte: http://www2.camara.leg.br/
04/07/2018

Especialista defende unificação das polícias Civil e Militar

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados 23/08/2016 

Comissão especial da Câmara dos Deputados analisa a unificação das polícias no Brasil

O coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Segurança Pública (Cepesp) da PUC de Minas Gerais, Luis Flávio Sapori, defendeu nesta terça-feira (23), em audiência pública, a unificação das polícias Civil e Militar.
O assunto foi discutido durante audiência pública da comissão especial destinada a estudar o tema e se contrapôs à resistência das duas instituições em aceitar a unificação.
Segundo Sapori, o ideal é implantar o ciclo completo de policiais no Brasil, sistema que determina que “a mesma polícia que faz o patrulhamento das ruas investigue os crimes cometidos”. Ou seja, o policial militar estaria apto a realizar o trabalho do policial civil e vice-versa.
“Não é uma terceira polícia, é transformar as duas existentes em uma só. Ambas as polícias teriam função ostensiva e judiciária. É uma mudança constitucional em que, a partir de certo momento, cada estado teria uma única polícia, que será definida posteriormente como civil ou militar, escolhendo apenas a cultura que querem seguir”, explicou.
Desta forma, na visão do palestrante, o Estado economizaria em recursos, equipamentos e estruturas, que seriam os mesmos para todos os policiais.
Antigo e ineficiente
Ao criticar o atual modelo adotado no Brasil, Sapori afirmou ser um formato antigo e ineficiente. “Nosso modelo de polícia, há décadas, dá sinais claros de que não é capaz de enfrentar com competência e eficiência a violência no Brasil. Só faz com que as polícias se tornem competitivas e não cooperativas”.
Porém, o especialista destacou que a unificação não soluciona todos os problemas da segurança pública brasileira, mesmo que aumente, ao menos, a capacidade de prevenção e repressão dos policiais.
Ele relatou também que existe um risco ao juntar policiais de culturas organizacionais distintas. “Não basta dizer por lei que a cultura das polícias vai deixar de existir. Está na cultura do indivíduo”, disse.
Ciclo completo
O autor do requerimento para realização da audiência pública, deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG), afirmou que “o ciclo completo se impõe como premissa na busca por eficiência e eficácia na polícia brasileira”. Para ele, o convidado forneceu soluções para os modelos sugeridos à comissão especial.

Por outro lado, ele pediu que a Polícia Rodoviária Federal, guardas municipais, agentes de trânsito, entre outros responsáveis pela segurança pública do País fossem incluídos nos debates. “Não parece razoável que apontemos soluções para duas polícias apenas”, declarou. Reportagem – Clara Sasse Fonte: http://www2.camara.leg.br
Projeto no Senado propõe unificação das polícias Civil e Militar
Andréa Silva / Aqui  01/10/2015

A discussão de mudanças na gestão das polícias Civil e Militar vem ganhando força com projetos no Senado e Câmara dos Deputados, em Brasília. Há duas propostas de emenda à Constituição (PEC) em tramitação – uma no Senado Federal, a PEC 51/13, que visa a alteração do atual modelo de segurança pública, convertendo as duas corporações em uma só; outra na Câmara dos Deputados, a PEC 431/14, que amplia a competência da PM, dando-lhe atribuições de polícia judiciária, com poderes de investigação. Os dois projetos são bastante polêmicos. Para o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Minas Gerais (Sindepominas), delegado Marco Antônio de Paula Assis, o modelo ideal para o Brasil é o da Polícia de Ciclo Completo, a chamada polícia unificada, segundo ele adotado em quase todos os países.

Trata-se de uma organização civil, com delegação à mesma corporação policial tanto das atividades repressivas de polícia judiciária ou investigação criminal quanto da prevenção aos delitos e manutenção da ordem pública, incluindo a presença ostensiva uniformizada de agentes nas ruas. Assis afirma que, no Brasil, a Constituição Federal dispõe sobre as duas polícias, prevendo o exercício da polícia judiciária pelas corporações civis e a atuação ostensiva e preservação da ordem pública pelas militares. “Nessas condições, as duas entidades atuam de forma isolada, tendo como único contato o momento da apresentação dos presos em flagrante, pelos militares, nas delegacias da Polícia Civil, para as providências de polícia judiciária cabíveis”, disse o delegado.

Em agosto, o sindicato criou a Campanha de Esclarecimento Público sobre o Papel e a Importância do Delegado de Polícia. Além da valorização da função dos delegados de Minas Gerais, a campanha busca estreitar as relações com a população e mostrar a importância dessa parceria. Atualmente, Minas conta com um efetivo de 1.200 delegados para atender os 853 municípios mineiros. O número está abaixo do indicado pela Lei Orgânica de Minas Gerais. O efetivo para o estado deveria ser de 1.987.

Na opinião do chefe da sala de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, major Gilmar Luciano Santos, o melhor modelo de polícia para o país não é de uma polícia única, mas sim a potencialização operacional das corporações já existentes. “O ciclo completo de polícia é hoje a melhor proposta para potencializar e agilizar a prestação do serviço policial do Brasil. Nesse modelo, seja a Polícia Civil ou a PM, quem prende em flagrante já apresenta à Justiça”, explicou o major. Quanto a militarização, ele afirmou ser necessária para manter a hierarquia e a disciplina.

O major Lázaro Tavares de Melo da Silva, assistente de gabinete do comandante-geral, explicou que o ciclo completo de polícia considerado ideal pela corporação prevê a capacidade que as agências policiais têm de desenvolver a fase pré-processual por inteiro. “A PM pode realizar tanto atividades de prevenção e patrulhamento ostensivo, quanto as de polícia repressiva, lavrando autos de prisão em flagrante e abrindo inquérito. Quem ganha nesse modelo é a sociedade”,
afirmou. Fonte: http://www.em.com.br/

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DOIS ESTADOS PARA DOIS POVOS, JUDEUS E PALESTINOS



JOSÉ MARQUES - EM GUSH ETIZION (CISJORDÂNIA) 

Membro de uma família ligada ao líder palestino Yasser Arafat (1929-2004), Khaled Abu Awwad, 50, achava que a solução para o conflito com Israel era "atirar os judeus ao mar e devolvê-los ao lugar de onde vieram".
Ele mudou depois de entrar em contato com o "outro lado". Hoje, é amigo de um rabino e defende a convivência pacífica dos dois povos.
José Marques/Folhapress
O judeu Hanan Shlezinger e o árabe Khaled Abu Awwad na sede da ONG onde acontecem os encontros
Khaled vive na Cisjordânia e desde 2014 participa de reuniões em que árabes e judeus contam suas histórias, trocam experiências e discutem a relação.
Os encontros acontecem na região do assentamento judaico de Gush Etzion e são organizados pela ONG Roots, fundada por seu irmão, Ali Abu Awwad.
Os dois lutaram na primeira Intifada (levante palestino contra Israel), nos anos 1980. Até 1993, Khaled foi detido 18 vezes e ficou preso um ano e meio. Já Ali esteve na prisão por sete anos.
Um terceiro irmão, Youssef, foi morto por soldados israelenses no ano 2000. A morte fez os Awwad refletirem sobre soluções para a situação em que viviam.
"Entendíamos que voltar ao caminho da violência não ia levar a nada e, também não tínhamos a força para seguir nesse caminho. Muita gente da Palestina começou a falar: Por que não se encontram com gente do outro lado?", relembra Khaled.
Nessa busca, eles conheceram o rabino Hanan Shlezinger, 59. Como os Awwad, Shlezinger passou a maior parte da vida indisposto a encontrar os rivais no conflito.
O rabino nasceu nos Estados Unidos e foi viver na Cisjordânia —lugar que ele chama de Judeia e Samaria— porque acredita que ela é a terra prometida. Passou 33 anos no local sem nunca ter conversado com um árabe.
"Eu não via os palestinos que viviam aqui. Para mim eram transparentes, eram figurantes. Há quase três anos comecei a me dar conta de que eu estava equivocado", afirma Shlezinger.
Ele foi convidado para reunião em que se encontraram palestinos e colonos judeus. No local, conheceu Ali e ouviu pela primeira vez o termo "ocupação israelense" e que "a vitória de Israel é a tragédia da Palestina". Entrou em "confusão existencial".
"Eu ficava confuso e enojado de escutar o que Ali dizia. Eu pensava: 'Sou parte da cristalização do sonho dos profetas, da construção de um Estado judeu depois de 2.000 anos'", disse o rabino. "Cheguei em casa e me senti muito envergonhado."
"Durante dias, semanas, meses, pensei comigo mesmo: 'Como pode ser isso, como pode ser que haja uma realidade tão diferente da minha que eu não podia ver?'. Se é verdade que há uma tragédia e que o povo da Palestina sofre, a culpa é minha."
Ele passou a ser um dos membros mais ativos do grupo e acreditar que o conflito só terá solução quando as duas partes se conhecerem.
ASSENTAMENTOS
Gush Etzion é conhecida por áreas com grande fluxo de trânsito de árabes e colonos judeus e pelo histórico de violência.
Entre 2015 e 2016, houve mais de dez ataques ou atentados com mortes em entroncamento da região.
É próximo a esse entroncamento, em casa de um cômodo que pertenceu ao pai dos Awwad, que reuniões acontecem a cada duas semanas.
Atualmente, a cada reunião vão cerca de 40 pessoas, dos dois lados —segundo os organizadores, nunca são as mesmas. Recentemente, foi inaugurado um grupo apenas para mulheres.
Shlezinger diz que, antes de uma solução política, é necessário que os dois povos passem pelo que chama de "terapia coletiva" para reconhecer "a humanidade e o direito do outro povo".
"Estamos preparando terreno para qualquer acordo político futuro", afirma.Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ 29/12/16

Israel tem que escolher entre colônias e democracia, por clóvis rossi


Mahmoud Illean - 20.set.2016/Associated Press


28/12/2016 16h32
Israel tem que escolher entre os assentamentos que mantém (e amplia) em territórios palestinos e preservar suas duas principais características (um Estado judeu e democrático).
"Não pode ter ambas", decretou John Kerry, o secretário de Estado dos Estados Unidos, o maior aliado de Israel, transformando em institucional uma avaliação que é corrente entre analistas independentes, não contaminados pelo radicalismo que é uma característica básica do Oriente Médio.
A lógica que Kerry assumiu é fácil de enunciar: como ele próprio disse, há hoje tantos habitantes árabes como judeus no pequeno território que Israel e palestinos deveriam dividir, se respeitada a resolução da partilha que a ONU adotou em 1948.
Se Israel continuar a dificultar a solução clássica "dois Estados para dois povos" e mantiver a tendência de criar no terreno fatos que conduzam a um único Estado, logo os palestinos se tornariam a maioria, pelo maior índice de natalidade em relação aos judeus.
Se esse Estado único for democrático, a maioria (palestina) mandaria e ele deixaria de ser judeu. Para preservar o caráter judeu, teria que cercear os direitos dos palestinos, inclusive o direito ao voto –com o que Isreael deixaria de ser democrático.
O longo pronunciamento de Kerry repetiu afirmações e posições adotadas ao longo dos anos por sucessivas administrações norte-americanas, mas seu eixo ficou claramente centrado em defender a necessidade dos dois Estados, a "única solução viável".
Kerry deixou claro que essa saída está ameaçada em especial pela expansão das colônias israelenses em territórios palestinos.
A ameaça, de resto, foi explicitada por Naftali Bennett, líder do partido ultranacionalista Bait Yehudi (Lar Judaico), representante dos colonos, logo após a vitória de Donald Trump na eleição norte-americana.
Bennett deu então por sepultada a tese dos dois Estados. A escolha de David Friedman para embaixador de Trump em Israel só fez reforçar essa impressão: Friedman não só defende as colônias como quer que a embaixada dos Estados Unidos se transfira para Jerusalém, deixando Tel Aviv (cidade em que a ONU determinou que todas as embaixadas se instalem).
Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Kerry, no entanto, lembrou que o status de Jerusalém terá que ser definido em um acordo de paz abrangente e que os palestinos têm a legítima aspiração de ver sua capital instalada em Jerusalém oriental (de maioria palestina).
O discurso de Kerry é a mais contundente manifestação de repúdio à solução de um só Estado e, ao mesmo tempo, a mais angustiada indicação de como a tese está prosperando velozmente.
O secretário de Estado admitiu, francamente, que a nova administração, a de Trump, tem pontos de vista diferentes em relação a Israel/Palestina. Logo, tudo pode mudar a partir de 20 de janeiro quando Trump assumir.
Mas Kerry tem razão quando diz que ninguém até agora apresentou uma "alternativa viável" para pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos, que, de resto, só tenderia a se agravar se Israel encampar a tese de seus radicais. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi 28/12/16