VELÓRIO DE CINCO ANOS
Com as idas e vindas, finalmente em agsto termina o velório do governo Dilma,
do lulopetismo e do Fórum de São Paulo, com a votação no Senado para o
afastamento definitivo de Dilma.
A vitória nas eleições de 2014 foi o pior dos
resultados para o lulopetismo. O PT venceu perdendo porque a bomba estourou no
próprio colo da Dilma e o Aécio acabou recebendo a Graça do Livramento perdendo
as eleições, ou seja, perdeu ganhando.
São mais de 12 milhões de desempregados, (12 mil perdem o emprego por cada dia útil), 200 mil lojas fechadas, um rombo de R$ 170,5 bilhões nas contas públicas. Dívida pública, em abril, de R$ 2,79 trilhões, segundo o Tesouro. Dívida pública poderá encerrar 2016 em R$ 3,3 trilhões.
Os gastos
do governo com juros são altos e devem permanecer em níveis elevados. Só neste
ano, R$ 277,3 bilhões estão autorizados em orçamento com “juros e encargos da
dívida”. O montante é semelhante ao que o governo federal desembolsou para o
principal programa social, o Bolsa Família. Nos últimos 15 anos, R$ 221,7
bilhões foram destinados para transferência de renda às famílias mais carentes
do país.
Os brasileiros estão se mantando: São 116
homicídios por dia e 54 mortes por dia no trânsito. Resultado: Dilma sairá com apenas 9% de aprovação...
“Nesta paisagem de terra arrasada, a economia é
apenas uma das variáveis. O processo político degradou-se, os valores foram
embrulhados por uma linguagem cínica, a credibilidade desapareceu já há tempo.
Um governo
que já nasceu morto e a lei nos determina um velório de cinco anos. Muito
longo,até os velórios costumam ser animados. E algo que anima este velório é a
revelação dos últimos segredos das delações da Lava Jato.
O PT é uma nave sem rumo.Não defende as medidas de ajuste econômico por as considerarem como “neoliberal”, como se fosse “neoliberal” o bom senso na administração das contas públicas. Imaginem se um(a) chefe de família pudesse gastar indiscriminadamente sem atentar para o orçamento doméstico! Teria de cortar gastos se quisesse sobreviver. Seria, por isto, “neoliberal”?
O partido, porém, está radicalizando. O campo e a cidade já se encontram em tensão. A ofensiva do MST e de seu braço urbano, os sem-teto, está claramente delineada. Diga-se, a seu favor, que acreditaram no discurso eleitoral. São eles, porém, os bolivarianos do Brasil, pretendendo implantar o “socialismo do século XXI”. Embora não contem com o apoio da população, não deixam de fazer um jogo extremamente perigoso.
Invasões e depredações no campo, ocupações de rodovias e ruas das principais cidades já estão se tornando “normais”, em uma “anormalidade” que pode vir a ameaçar as instituições. Os que os estão apoiando e insuflando jogam gasolina no fogo. Não reclamem depois das consequências.
Não havendo uma recuperação da economia, uma recomposição governamental de sua base parlamentar, um afastamento da imagem da presidente do esquema do petrolão e um arrefecimento de ânimos dos movimentos sociais, poderemos viver uma crise institucional. Uma crise institucional significa a falência da capacidade de a presidente da República governar o país, havendo paralisia decisória e comprometimento do funcionamento de nossas instituições democráticas.
Sem condições, a presidente Dilma, nesse cenário, teria de cair. A sua continuidade no cargo, em determinado momento, poderá vir a ser interpretada por congressistas e população em geral como uma “ameaça existencial” à vida republicana. Trata-se de um cenário extremo, porém não descartável, devido à rapidez com que o cenário está se deteriorando no país.
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/
TEMPOS SOMBRIOS
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