COMISSÃO DA VERDADE
MEMÓRIAS DE UMA GUERRA SUJA
O Brasil era o único
país que ainda não havia investigado os crimes praticados pelas ditaduras
militares. Mas finalmente a Comissão da Verdade foi constituída e farão parte
do grupo: José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça no governo Fernando
Henrique), Gilson Dipp (ministro do STJ e do TSE), Rosa Maria Cardoso da Cunha
(amiga e ex-advogada de Dilma), Cláudio Fonteles (ex-procurador-geral da
República no governo Lula), Maria Rita Kehl (psicanalista), José Paulo
Cavalcanti Filho (advogado e escritor), Paulo Sérgio Pinheiro (atual presidente
da Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU para a Síria).
A
Comissão da Verdade vai investigar e narrar violações aos direitos humanos
ocorridos entre 1946 e 1988 (que abrange o governo do presidente Eurico Gaspar
Dutra até a publicação da Constituição Federal). O grupo apontará, sem poder de
punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura e vai
funcionar por dois anos. Ao final deste prazo, a Comissão deverá elaborar um
relatório em que detalhará as circunstâncias das violações investigadas.
REAÇÃO DOS MILITARES
Em fevereiro, grupos de militares da reserva reagiram contra a Comissão da Verdade.
Em nota, clubes das três Forças Armadas, que representam militares fora da
ativa, criticaram a presidente Dilma Rousseff por ela não ter demonstrado
"desacordo" em relação a declarações de ministras e do PT sobre a
ditadura militar (1964-1985).
A reclamação tratava, entre outros temas, sobre uma declaração da ministra
Maria do Rosário (Direitos Humanos), segunda a qual a Comissão da Verdade pode
levar à responsabilizações criminais de agentes públicos, a despeito da Lei da
Anistia. O texto dos militares, que havia sido publicado na internet, acabou
sendo retirado do ar após pressão do governo.
Dias depois, também em nota, 98 militares da reserva reafirmaram os ataques
feitos por clubes militares à presidente Dilma e disseram não reconhecer
autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressar
opiniões. A nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não
Passarão", também atacava a Comissão da Verdade: "[A comissão é um]
ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o
beneplácito, inaceitável, do atual governo", dizia o texto, endossado por,
entre outros, 13 generais.
COMISSÃO DA VERDADE
A Comissão da Verdade não será via de mão única e
certamente a presidente Dilma Rousseff, também terá seu passado de guerrilheira
investigado. Ela era responsável pelo arsenal da VAR-Palmares, organização que
combateu a ditadura militar (1964-1985)
A
verdade é que todos os que pegaram em armas, como ela, não o fizeram para o
retorno da democracia no Brasil, mas para substituir a ditadura militar vigente
na época, para implantar o comunismo no Brasil, isto é, um regime totalitário
nos moldes da Rússia de Stalin, da China de Mao Tse-Tung, de Cuba de Fidel
Castro, isto é, uma ditadura ainda mais terrível que a dos militares de 1964,
essa é a verdade.
E Dilma
era Trotskista, a corrente mais radical da Revolução Russa e a corrente do PT
que está no poder é a do “Campo Majoritário” e majoritário em Russo é
Bolchevique.
Diz o Deputado Fernando Gabeira, “o sonho do PT é o
modelo chinês: autoritarismo político e liberalismo econômico”.
CASO
DA MORTE DE MÁRIO KOSEL FILHO
A
presidente Dilma certamente será chamada para explicar ao povo brasileiro como
foi mesmo sua participação na morte do Mário Kosel Filho, “Agora, a
exemplo do que fizeram com Lula, os marqueteiros vão tentar vender a imagem de
paz e amor dessa assassina”. “Ainda assim, enquanto eu
viver, não me calarei, até que todos saibam”.
“Mário Kosel Filho nasceu em 6
de julho de 1949, em
São Paulo. Era filho de Mário Kosel e Therezinha Vera Kosel. Fazia parte do Grupo Juventude, Amor, Fraternidade,
organizado pelo Padre Silveira, da Paróquia Nossa Senhora da Aparecida, no
bairro de Indianópolis, juntamente com mais de 30 jovens”.
O símbolo do
grupo, ironicamente idealizado por Mário, era uma rosa e um violão. Por ser
muito prestativo e preocupado em ajudar as pessoas, principalmente crianças e
necessitados, foi apelidado de Kuka, pelos demais participantes do grupo”.
“Mário estava
com 19 anos e prestava o serviço militar. Estava incorporado na 5ª Cia. de
Fuzileiros do 2º Batalhão, no 4º Regimento de Infantaria Raposo Tavares, em Quitaúna. Na madrugada de 26 de junho de 1968 estava no quartel, em
serviço automóvel passa pelo local e seus ocupantes lançam sobre o automóvel
acidentado uma bomba de grande poder destrutivo”.
“Mário teve
morte instantânea, pedaços de seu corpo foram lançados em todas as direções. Um
dos ocupantes do segundo automóvel era Dilma Rousseff”, acusa os pais de Mário Kosel Filho, Mário Kosel
e Therezinha Vera Kosel.
MEMÓRIAS DE
UMA GUERRA SUJA
Os
crimes cometidos pelo ex-delegado do DOPS Cláudio Guerra, de 71 anos, que
participou ativamente da repressão nos anos 1970 e 80 contra aqueles que
pegaram em armas para acabar com a ditadura militar. No livro Memórias de
uma guerra suja o ex-policial contou aos repórteres Marcelo Netto e
Rogério Medeiros como liquidou doze guerrilheiros e o que fez com os corpos de
outros dez presos políticos mortos em sessões de tortura na Casa da Morte, em
Petrópolis.
Incinerou-os na usina de açúcar Cambahyba, região de Campos, norte
fluminense: David Capistrano, José Roman, Luiz Ignácio Maranhão e João Massena
Melo, do PCB; Ana Rosa Kucinski e o marido Wilson Silva, da ALN; João Batista
Rita, da M3G; Joaquim Pires Cerveira, da FLN; Fernando Augusto Santa Cruz e
Eduardo Collier Filho, da APML.
Diz Bernardo Mello Franco, jornalista da Folha:
“Facínora, recuperado, farsante,
corajoso, vilão da ditadura, herói da Comissão da Verdade.
Nos últimos dias, todas essas
expressões foram usadas para descrever à Folha Cláudio Guerra, ex-delegado do Dops que afirmou, em livro,
ter matado e incinerado corpos de presos políticos no regime militar
(1964-1985).
Ignorado pela crônica do período, ele
agora se apresenta como protagonista de episódios lendários como a Chacina da
Lapa --morte de três dirigentes do PC do B no bairro paulistano, em 1976--, a
morte do delegado Sérgio Fleury --um dos principais nomes da repressão-- e o
atentado do Riocentro, realizado pela linha dura do regime em 1981.
O lançamento deu visibilidade
nacional a um personagem que, no Espírito Santo, já é associado ao crime
organizado e aos grupos de extermínio desde o fim dos anos 70.
"O nome
dele impõe temor em todo o Estado", diz o procurador de Justiça Sócrates
de Souza. "Durante muitos anos, ele esteve envolvido com quase todas as
mortes violentas na sociedade capixaba."
Condenado a 42 anos de prisão por um
atentado a bomba quando disputava o controle do bicho em Vitória, ele também é
acusado de diversos assassinatos, inclusive o da ex-mulher e da cunhada, torturas,
associação para o tráfico e outros crimes.
Apesar da repercussão na imprensa,
"Memórias de uma Guerra Suja" (Topbooks) foi recebido com ceticismo
por alguns pesquisadores e parentes de vítimas da ditadura.
Victoria Grabois, dirigente do grupo
Tortura Nunca Mais no Rio, estranhou que alguém que diz ter sido tão importante
tenha permanecido incógnito por décadas.
O ex-delegado nunca apareceu nas listas de torturadores
divulgadas há mais de 30 anos, e ao menos dois oficiais que ele citou como cúmplices
disseram que não o conhecem.
Um alto funcionário do governo federal que atua na área de
anistia política afirma que é comum ex-agentes exagerarem relatos”, finaliza o
jornalista na reportagem publicada na Folha de São Paulo.
A suspeita é agravada por trechos espetaculares do livro, como a
suposta participação num atentado em Angola que explodiu uma rádio e matou
integrantes do regime comunista em 1977.
A missão secreta teria decolado do subúrbio do Rio num Hércules
da FAB (Força Aérea Brasileira).
"A desconfiança é bem-vinda. Mas nós checamos todas as
informações e confiamos no que ele contou", diz o jornalista Rogério
Medeiros, que assina o livro-depoimento com Marcelo Netto.
O
deputado estadual Adriano Diogo (PT), que preside a Comissão da Verdade
paulista, afirma que o testemunho pode ser útil. "Ele pode não ter sido um
cinco-estrelas como está se vendendo. Mas se 1% do que diz for verdade, já é
relevante."
De acordo
com o Tribunal de Justiça do Espirito Santo, Guerra pode se livrar da pena em
2015, graças à idade avançada. O procurador Souza é contra o benefício.
"Ele
não é um criminoso comum. Se fez tudo isso no passado, pode voltar a
fazer."
Leonencio Nossa, de O Estado de S. Paulo, 03/05/12:
“No recém-lançado
livro Memórias da Guerra Suja, o ex-agente policial Cláudio Guerra diz que, na
condição de agente do Dops, incinerou corpos de adversários da ditadura numa
usina de cana em Campos dos Goytacazes (RJ), ao longo de 1974. O depoimento é
uma reviravolta na história relatada por ele mesmo. Uma biografia autorizada
por ele, Guerra, o cana dura, em 1980 e 1981, destaca que o ex-agente só
ingressou no Dops em setembro de 1975.
A primeira biografia
foi escrita pelo jornalista Pedro Maia, que tinha acesso direto a Cláudio
Guerra, um agente que se destacou na estrutura do crime organizado do Espírito
Santo e na organização criminosa Scuderie Le Cocq, acusada de extermínio na
Região Sudeste. “Em setembro de 1975, o já experiente delegado Cláudio Antonio
Guerra foi nomeado para chefiar a temida Delegacia de Ordem Política e Social,
a Dops”, escreveu Maia.
Agora, no novo livro,
Guerra conta que virou “combatente dos subterrâneos da batalha contra a
guerrilha no segundo semestre de 1972” e já era integrante do Dops há tempo.
O vice-presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa e o presidente da OAB do Rio de
Janeiro, Wadih Damous Damous afirmou que a seccional vai apoiar a presidenta
Dilma Rousseff na criação da Comissão da Verdade. "Não podemos mais
conviver com o desconhecimento, não podemos aceitar que na democracia existem
noções que estão sendo empurradas para baixo do tapete. É um direito humano dar
sepultura digna para aqueles que desapareceram
Cláudio Humberto 03/05/2012
O
livro revela que o temido delegado Sérgio Fleury não morreu acidentalmente: foi
executado por colegas, como queima de arquivo.
No livro “Memórias de Uma Guerra Suja”, publicado pela editora carioca Top
Books, constam informações sobre episódios como
atentado ao Riocentro, uma inacreditável ação terrorista num país
africano com o apoio
clandestino do governo militar brasileiro, o acidente de Zuzu Angel, os ataques à bomba em diversas redações de jornais do país e as mortes do delegado Fleury e do jornalista Baumgarten ganham novas versões na voz de um dos
maiores operadores da ditadura militar:
Personagens da Comunidade de Informações citados no livro
Cláudio
Guerra aponta no livro os militares, mentores da Comunidade de Informações, que
usaram o aparelhamento do Estado para dizimar a esquerda armada no país. O
núcleo da Comunidade de Informações da qual CLÁUDIO GUERRA participou tinha
como sede o Doi-Codi da Barão de Mesquita, Rio de Janeiro: Coronel Perdigão, Comandante Vieira, Doutor
Ney, Coronel Juarez, o aviador, Coronel Ustra e Coronel Paulo Malhães.
“Um país que desconhece o seu passado perde a
oportunidade de aproveitar, no presente, os acertos pretéritos. Perde
também a chance de esquivar-se dos erros”.