Por THEODINO BASTOS
Todos temos em algum grau traços da
chamada 'tríade obscura'; agora, psicólogos querem acrescentar mais uma
característica a esse grupo.
Na psicologia, existe um conceito chamado de
"tríade obscura". Este trio infame é composto de traços de
personalidade que definem o que costumamos chamar de "pessoa ruim".
O primeiro desses traços é o narcisismo. Pessoas
narcisistas tendem a se concentrar em si mesmas, fantasiar com poder ilimitado
e precisar da admiração constante dos outros.
Em seguida vem a psicopatia, isto é, falta de empatia
com os demais. É a característica própria de pessoas manipuladoras, não
confiáveis e que não se importam com os sentimentos ou interesses de outras
pessoas.
Essa turma do mal é completada pelo
"maquiavelismo". Pessoas que têm esse comportamento muito acentuado
costumam ter atitudes cínicas e adotarem estratégias cujo único propósito é
beneficiar seus próprios interesses.
Os três traços estão presentes nas pessoas
emocionalmente frias. Alguns estudos mostraram que pessoas com altas pontuações
na "tríade obscura" também possuem níveis baixos de características
como simpatia, honestidade e humildade.
Recentemente, uma equipe de psicólogos da
Universidade de Western Ontario, no Canadá, sugeriu em um artigo acadêmico que
uma quarta característica deveria ser incluída nessa combinação do mal: o
sadismo.
A 'tétrade' obscura
Os especialistas definem o sadismo como "uma
tendência a se envolver em comportamentos cruéis, degradantes ou agressivos em
busca de prazer ou dominação".
Na linguagem comum, ser sádico é gostar de causar
sofrimento aos outros.
Várias das características do sadismo se sobrepõem às
características da tríade, mas, ao mesmo tempo, dizem os pesquisadores, este
tem aspectos únicos que justificariam estudar a possibilidade de somá-lo à
tríade. Seria a "tétrade obscura".
Para chegar a essa conclusão, os psicólogos
submeteram um questionário com nove questões a 202 universitários (54 homens e
148 mulheres), entre 17 e 26 anos.
Estas são as nove questões do teste, em que os
participantes tiveram que marcar de 1 a 5 o quanto concordaram com essas
afirmações:
1. Eu
aplico peças nas pessoas para que elas saibam que eu estou no controle da
situação;
2. Eu
nunca me canso de pressionar as pessoas ao meu redor;
3. Eu
prejudicaria alguém se isso significasse que eu estaria no controle;
4. Quando
eu zombo de alguém, acho engraçado vê-lo com raiva;
5. Ser
mal com os outros pode ser divertido;
6. Dá
prazer ridicularizar as pessoas na frente de seus amigos;
7. Acho
divertido ver as pessoas brigarem;
8. Eu
penso em ferir as pessoas que me irritam;
9. Eu
não machucaria ninguém de propósito, mesmo que essa pessoa não goste de mim.
10.
As respostas dos estudantes levaram os pesquisadores a concluir que,
apesar do sadismo compartilhar algumas das características do narcisismo, da
psicopatia e do maquiavelismo, "não pode ser reduzido a (uma manifestação
dos) outros três".
11.
Minna Lyons, pesquisadora da escola de psicologia da Universidade de
Liverpool, não participou do estudo canadense. Ela, porém, concorda que o
sadismo é uma característica em si.
12.
"O sadismo é interessante porque parece diferente da tríade
obscura", disse Lyons à BBC Mundo. "Se alguém tem pontuação alta em
psicopatia, ele não necessariamente gosta de causar dor a outras pessoas, então
parece ser um traço de personalidade distinto."
13.
Para Lyons, é importante estudar esses comportamentos entre pessoas
comuns, não apenas entre pessoas que foram diagnosticadas com um distúrbio de
personalidade, para ver como essas características se entrelaçam com outros
comportamentos.
14.
Além disso, ela adverte que essas características fazem parte do
comportamento diário das pessoas. E que, em certas circunstâncias, podem
inclusive ser benéficas.
15.
"É normal que haja pessoas com alto índice de sadismo, o que não
faz delas anormais. Inclusive o fato de ter uma pontuação alta não te torna
necessariamente uma pessoa má", explica Lyons.
16.
"(Essas características) tornam-se problemáticas no momento em que
começam a interferir na vida, ou a pessoa começa a perder o controle, e começa
a prejudicar outras pessoas e a si mesmo", diz a psicóloga.
17.
Ela também alerta para o fato de que esse tipo de teste é apenas uma
ferramenta de medição. Não é usado como diagnóstico, já que muitos outros
fatores devem ser levados em consideração ao avaliar o comportamento de uma
pessoa.
SAIBA MAIS EM: https://www.bbc.com/portuguese/geral-48047457 E https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/04/25/os-tres-tracos-de-personalidade-que-caracterizam-uma-pessoa-ma.ghtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário