quarta-feira, 20 de novembro de 2013

EIKE BATISTA: O ORGULHO DA REPÚBLICA SINDICAL



Eike Batista vai impor prejuízo de R$ 20 bilhões aos cofres públicos!


Há pouco mais de um ano Eike foi apresentado por Dilma como “o padrão” do empresário nacional, “a nossa expectativa” e, sobretudo, “o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado”.

As evidências apontam para a habitual privatização de recursos públicos e a socialização de prejuízos. A distribuição desigual do acesso aos bens coletivos (de capital) se vê representada na relação entre o Estado financiador e o empresariado privado.


1. “Minha missão é ajudar o Rio e o Brasil”.
2. “Criei uma sigla que resume um dos  um mandamentos para gerir bem uma empresa. É o PPI, ou Projeto à Prova de Idiota. Toda empresa, em algum momento, será comandada por um idiota, nem que seja por pouco tempo. Sabendo disso, nós montamos empresas que possam sobreviver aos idiotas. Meus ativos são à prova de idiotas”.
3. “Meu destino é lapidar diamantes brutos”.
4. “Por que só jogador de futebol e dupla sertaneja podem aparecer? Sou empresário transparente, tenho que me mostrar mesmo”.
5. “Deus deixou o item ‘saber fazer dinheiro’ para o meu pote”.
6. “Tenho que concorrer com o senhor Slim (Carlos Slim, bilionário mexicano). Não sei se vou passá-lo pela esquerda ou pela direita, mas vou ultrapassá-lo”.
7. “Tenho um pacto com a Mãe Natureza. Eu perfuro e acho coisas”.
8. “Uma companhia precisa de movimento. Calmaria é bom para quem não quer sair do lugar” .
9. “Um sonho é um sonho até que se acorde”.
10. “Eu, como brasileiro desta geração, digo com orgulho que o sucesso das minhas empresas não seria possível sem esse Brasil novo criado pelo presidente Lula”.

Eike em crise

Em maio de 2011, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, o brasileiro disse que se tornaria o mais rico do mundo até 2015 --mas o sonho tem ficado cada vez mais distante.
Com a falta de resultados e o pessimismo em relação ao futuro do grupo EBX, o mercado vem castigando as ações dessas empresas na Bolsa de Valores. Consequentemente, a fortuna de Eike vem encolhendo.
Ao final de junho de 2013, começaram a surgir rumores de que as empresas de Eike não teriam condições de honrar seus compromissos com os credores e teria que renegociar dívidas de curto prazo. Isso gerou mais temor entre os investidores. As empresas negaram.

Eike Batista vai impor prejuízo de R$ 20 bilhões aos cofres públicos!


DÍVIDAS:
Bancos públicos
“Enquanto os bancos privados são vistos como pouco afetados pela crise da EBX, os públicos devem ter maiores impactos. Na segunda-feira, o Bank of America Merrill Lynch informou em relatório que os estatais Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm a maior exposição ao grupo.
Os analistas do BofA disseram que o BNDES tinha de longe a maior exposição à dívida do EBX no fim de março - um total de R$ 4,9 bilhões, representando 5,8% do capital exigido do banco. O BNDES é a principal fonte de recursos de longo prazo para empresas brasileiras. Na quarta-feira, o BNDES informou que o valor total das operações contratadas com empresas de Eike é de R$ 10,4 bilhões, mas que nem tudo foi desembolsado.
Para o analista João Augusto Salles, da consultoria LopesFilho, o BNDES poderia assumir a figura de condutor das negociações entre a EBX e os bancos. "Por ser o maior credor, o banco poderá coordenar tudo, buscar investidores interessados e fazer o arranjo financeiro", afirmou.
A exposição da Caixa às dívidas das empresas de Eike era de R$ 1,4 bilhão, ou 3,4% do capital exigido do banco, principalmente ao estaleiro OSX, estimou o BofA Merrill Lynch.
Bradesco seria mais afetado
Entre os grandes bancos de capital aberto, o Bradesco é o mais exposto às empresas de Eike, com maior potencial de impacto nos resultados, segundo o UBS.
No pior cenário, uma dívida de R$ 5 bilhões das empresas de Eike representaria 1,7% da carteira de empréstimos do Bradesco. Para 2013, o UBS estima que o Bradesco tenha provisões totais de R$ 12,8 bilhões e lucro recorrente de R$ 12,4 bilhões. Em caso de um calote pelas empresas "X", as provisões saltariam e o lucro em 2013 seria reduzido entre 8% e 40%.
O Itaú tem uma exposição menor às empresas "X", segundo o relatório do banco suíço. No pior cenário, uma dívida de R$ 5 bilhões seria equivalente a 1,3% da carteira de crédito da instituição. No caso de um default das companhias de Eike, o lucro líquido neste ano seria de 7% a 34% menor.
Outra vantagem do Itaú é que o banco teria melhores garantias que o Bradesco para os empréstimos concedidos às companhias de Eike, segundo o UBS.                       Fonte: http://economia.terra.com.br/
Empresas de Eike Batista devem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pelo menos R$ 1,17 bilhão a serem pagos até o fim do ano. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo", que afirma ter tido acesso aos contratos firmados entre as empresas e o banco. 
Segundo a reportagem, outros R$ 683 milhões vencem em 2014. Os valores foram calculados com base nos contratos firmados entre 2009 e 2012 na gestão do atual presidente do banco, Luciano Coutinho. Os contratos foram enviados pelo próprio BNDES ao Congresso Nacional, segundo o jornal.
As empresas do bilionário enfrentam uma séria crise de confiança no mercado e grandes perdas na Bolsa de Valores.
Segundo a reportagem da semana passada, os contratos firmados entre 2009 e 2012 entre o BNDES e as empresas de Eike ultrapassavam R$ 10 bilhões.
De acordo com os documentos obtidos pelo jornal, na reportagem desta quarta, R$ 918 milhões deveriam ter sido quitados até junho deste ano.
A cotação das ações da OGX na BMFBovespa fechou no menor patamar desde o lançamento na bolsa.  Hoje, está com o fechamento de R$ 0,55, com queda de 30%.  O anúncio da OGX veio após os três poços marítimos da empresa em produção em Tubarão Azul, sofrerem problemas operacionais e registrarem quedas e interrupções nos últimos meses.  A cotação máxima registrada pelo papel foi em 15 de outubro de 2010, quando a ação fechou a R$ 23,27.  As ações, simplesmente, derreteram.

Para mim, isto não é novidade.  A empresa OGX está falida desde o fechamento do Balanço Patrimonial de 31/12/2012.  Já fiz diversas matérias sobre a insolvência das empresas X do menino Eike Batista.  Sobre OGX, escrevi em 27 de março deste ano, com o título "OGX do Eike Batista está falida!".  Na ocasião, já constatei que o Balanço Patrimonial da OGX estava maquiada para esconder os prejuízos.  Chamei atenção para o fato, já naquela ocasião, há 3 meses.

No auge da cotação na BMFBovepa, a OGX valia no mercado, cerca de R$ 75 bilhões.  Pela cotação do fechamento de hoje, vale cerca de R$ 1,8 bilhões.  O mercado detém cerca de 40% das ações, sendo o restante do Eike Batista.  
Considerando a perda, até hoje, os investidores minoritários perderam grosso modo R$ 30 bilhões.  Perdeu quem acreditou nos castelos de papel do menino Eike Batista.

Perderam BNDES, Fundos e bancos oficiais federais, que concedeu financiamentos subsidiados ao grupo de empresas X do menino Eike Batista em cerca de R$ 20 bilhões, sem as garantias reais.  Certamente, o estado falimentar da empresa OGX, vai puxar as demais empresas do grupo para baixo.  As outras empresas do menino Eike Batista são também castelos de papel.  Empresas construídas sem ter mínimo de expertise no setor.

O presidente Lula e na sequência a presidente Dilma, contando com anuência do ministro Mantega e do presidente do BNDES, gestores dos fundos e presidentes dos bancos oficiais, concederam financiamentos de R$ 20 bilhões, sem garantia real, que uma operação deste porte exige. Em tese, as garantias foram os projetados recebíveis, que não se concretizaram. Dentro do conceito normal de exigibilidade de garantias em operações de financiamento, especificamente, para as empresas X não obedeceram as boas normas do mercado de crédito bancário.

No meu entender, mesmo não tendo conhecimento jurídico, o presidente Lula, a presidente Dilma, o ministro Mantega, presidente do BNDES Luciano Coutinho e presidentes das instituições bancárias cometeram crime de peculato, no mínimo.  As operações foram montadas sabedores de que as empresas do menino Eike Batista eram castelos de papel.  Eike Batista praticou o maior estelionato praticado no Brasil.

EIKE BATISTA, O BILIONÁRIO-CELEBRIDADE
Elio Gaspari, O Globo, (04/11/13)
“A quebra da OGX de Eike Batista era pedra cantada e foi a maior concordata da história do país. Em 2010, suas ações valeram R$ 23,27. Para desencanto de 52 mil acionistas e algumas dezenas de diretores da grande banca pública e privada, saíram da Bolsa a R$ 0,13.
Todo mundo ganhará se disso resultar algum ceticismo em relação à exuberância irracional da cultura das celebridades poderosas. Nela, juntam-se sábios da banca que se supõem senhores do Universo e autoridades que se supõem oniscientes.
Admita-se que um vizinho propõe sociedade num empreendimento. Ele é um homem trabalhador, preparado, poliglota, esportista e bem sucedido. Apesar disso, expôs sua vida pessoal mostrando que tem um automóvel de luxo na sala de estar, comunica-se em alemão com o cachorro (o bicho chegou ao Brasil num Boeing privado, com dois treinadores).
Sua mulher desfilava numa escola de samba com uma gargantilha onde escreveu o nome dele e deixou-se fotografar de baixo para cima usando lingerie transparente. Nomeou para a diretoria de uma de suas empresas um filho que declarou só ter lido um livro em toda a vida.
Revelou que estava ligado em astrologia, confiando no seu signo (escorpião), e disse coisas assim: “Tenho alguma coisa com a natureza. Onde eu furo, eu acho”. Quando suas contas começaram a ter problemas, defendeu-se: “Meus ativos são à prova de idiotas”. Tem jogo?
Eike tornou-se uma celebridade, listada por oráculos da imprensa financeira como o homem mais rico do Brasil, oitavo do mundo e anunciou que disputaria o primeiro lugar. Até junho, quando as ações da OGX estavam a R$ 1,21, sentavam-se em seu conselho de administração figuras respeitáveis como o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie.
Lula visitava seus empreendimentos. A doutora Dilma Rousseff dissera que “Eike é o nosso padrão, a nossa expectativa e, sobretudo, o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado”. Quem entrou nessa, micou, inclusive a doutora.
Em seus delírios, Eike Batista criou uma fantasia que pouco tem a ver com a real economia brasileira, ou com as bases dos setores de petróleo, mineração e infraestrutura. Parte do mico ficou para os gênios da banca internacional. Cada um acreditou no que quis e deu no que deu. Falta de exemplos, não foi.
Para falar só de grandes empresários que já morreram, a austeridade foi a marca de empreendedores como Augusto Trajano de Azevedo Antunes, que criou a mineradora Icomi, Leon Feffer, criador da Suzano Papel, e Amador Aguiar, pai do Bradesco. Não foram celebridades. Descontando-se o fato de que “seu” Amador não usava meias, não tinham folclore.”  Elio Gaspari é jornalista.

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