sábado, 9 de março de 2024

GAZA, 63 MULHRES MORREM POR DIA E 37 SÃO MÃES

 


Por THEODIANO BASTOS

'Não houve Dia da Mulher em Gaza', dizem mães de crianças famintas. Dia da Mulher? Em uma barraca em Rafah, onde Um Zaki disse que estava fervendo mingau em fogo aberto para matar a fome de seus seis filhos, a data passou como uma piada cruel.

 

Todos os dias, mulheres morrem pelas bombas israelense.

Recém-nascidos começam a morrer de fome em Gaza

O número de crianças que morrem de desnutrição provavelmente vai aumentar rapidamente se não houver um cessar-fogo e não chegar mais ajuda humanitária, especialistas alertam.  

"Qual vai ser o destino das crianças que passam fome? Será que vão encontrar alguém para salvá-las, ou elas vão morrer? Meu filho Ali já morreu."

O pai de Ali, um bebê palestino que morreu recentemente de desnutrição e desidratação no único hospital pediátrico do norte de Gaza, fez um apelo por ajuda para as outras crianças que estão sendo atendidas ali.

Em paralelo, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez um alerta em relação ao aumento da fome na região, caso as remessas de ajuda humanitária não sejam ampliadas substancialmente.  

O Ministério da Saúde de Gaza afirma que mulheres e crianças representam 70% das mais de 30.700 pessoas que foram mortas e 72 mil que ficaram feridas no território desde o início da guerra.

Os militares israelenses lançaram uma campanha aérea e terrestre em Gaza após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro do ano passado, que mataram cerca de 1,2 mil pessoas — a maioria civis — e fizeram outras 253 reféns, segundo autoridades israelenses.

Estima-se que 300 mil pessoas estejam atualmente isoladas no norte de Gaza, onde o Programa Mundial de Alimentos (PMA) firma que a fome atingiu níveis catastróficos, já que apenas uma pequena quantidade de ajuda humanitária foi capaz de chegar.

Exames de desnutrição realizados por agências da ONU em janeiro revelaram que uma em cada seis crianças com menos de dois anos estava gravemente desnutrida. Dessas crianças, quase 3% sofriam de perda de peso grave e necessitavam de tratamento urgente.

O hospital Kamal Adwan está tentando tratar bebês e crianças gravemente desnutridos com recursos básicos limitados, como leite

A falta de alimentos nutritivos, de água potável e de serviços médicos — assim como a exaustão e o trauma causados pelo conflito — também estão prejudicando a capacidade das mães de amamentar seus bebês.

Sem leite materno ou fórmula — cujos fornecimentos são considerados quase inexistentes no norte —, os bebês podem rapidamente ficar gravemente desidratados e desnutridos, o que aumenta o risco de doenças potencialmente fatais, como insuficiência renal.

A médica Samia Abdel Jalil, que trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Kamal Adwan, contou em entrevista à Gaza Lifeline que uma menina morreu no hospital com poucos dias de diferença da irmã mais velha.

"Tivemos dificuldade de conseguir leite para todo o departamento, e não só para aquela menina", lembrou a médica.

"Ela morreu sem receber sua pequena dose de leite."

Salah Samara, um bebê de quatro meses, é uma das crianças gravemente doentes que a médica Abdel Jalil e seus colegas estão tentando tratar com os recursos limitados que têm à disposição.

A mãe disse que ele nasceu prematuro e ficou gravemente desidratado, e que agora estavam sofrendo de doença renal crônica e retenção urinária, que é extremamente dolorosa e causa inchaço abdominal.

"Meu coração sofre muito por causa do que está acontecendo com ele. É muito difícil você ver seu filho chorando todos os dias por não conseguir urinar... e os médicos não serem capazes de ajudá-lo."

"Ele tem direito a receber tratamento e tem direito a todo o resto, em virtude de ser uma criança no início da vida", ela acrescentou.

"[Sua] condição está piorando a cada dia. Ele precisa de tratamento imediato e urgente no exterior. Espero que alguém que ouça minha voz ajude a tratar meu filho."

SAIBA MAIS EM: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cjmx0mkjnzwo E https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2024/03/08/nao-ha-dia-da-mulher-em-gaza-dizem-maes-de-criancas-famintas.htm

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