quarta-feira, 30 de abril de 2014

CENÁRIO INQUIETANTE



ALTERNÂCIA, SIM. CONTINUÍSMO, NÃO.               CHEGA DE PT

Preferimos esconder a cabeça para não ver os problemas, pelo Senador Cristovam Buarque 

“Vem desde os gregos a ideia de que o homem é um animal político. Os outros animais se movem por instinto, os homens pela conversa. Cada vez que três pessoas tentam decidir algo fazem política. Mas, olhando para os brasileiros de hoje, pode-se dizer que o político é um animal parecido ao avestruz. A exemplo desta ave há uma preferência por esconder a cabeça para não ver os problemas ao redor.
Diante da grave crise energética que se abaterá sobre o mundo inteiro, nas próximas décadas, os políticos se comportam como avestruz. Não despertam para os limites da disponibilidade de petróleo que se esgotará, esgotando também a Petrobras, qualquer que seja a competência e honestidade de sua direção depois de uma CPI séria. Nem despertam para o enorme potencial que temos para gerar energia a partir de novas fontes, tal como a energia solar, e ainda a relegada e criativa experiência do etanol.
O animal político brasileiro se comporta como avestruz para não ver a gravidade da violência espalhada, profunda e destruidora sobre todo o tecido social brasileiro. Não percebe que vivemos um tempo de guerra, com mais de 50 mil mortos por ano, vítimas de assassinatos. Com a cabeça escondida, deixamos de ver a violência e o medo generalizado nas ruas das cidades.
Escondemos a cabeça para não identificar e entender as causas da guerrilha de grupos organizados por meio de celulares e de computadores para queimar ônibus, impedir o trânsito, paralisar serviços. E, tal como avestruz, decidimos enfrentar parte dessa guerra espalhada envolvendo localmente as Forças Armadas; não ver os riscos de soldados serem mortos por traficantes dentro do território nacional ou de soldados matarem acidentalmente crianças no meio de tiroteio. O que em guerra se chama de efeito colateral, dentro do território nacional será chamado de assassinato.
Não vemos os riscos de nossas cidades degradadas, da economia baseada em produtos primários, enquanto os outros países investem em produtos de alta tecnologia.
O avestruz prefere não ver o triste futuro de um país que não cuida de suas crianças, abandonando-as e jogando-as em escolas sem aulas, sem equipamentos, sem professores e sem avaliação, onde não conseguem concluir o ensino fundamental. Só um avestruz não vê o triste futuro do Brasil retratado na cara de suas escolas de hoje.
Também é comportamento de avestruz não perceber a falta de credibilidade nos políticos, vistos como um tipo especial de avestruz que, além de esconder a cabeça, enfia as mãos no chão para trocar favores com recursos públicos. Continuar agindo dessa forma é o comportamento de avestruz suicida.”
EDUCAÇÃO E BOLSA FAMÍLIA

Desde que tomou posse como presidenta da República em janeiro de 2011, Dilma Rousseff investiu mais no programa Bolsa Família do que em Educação Básica, segundo o Portal da Transparência do governo. Os gastos com a transferência de dinheiro que garante “agradecimento nas urnas” já superam os R$ 64,9 bilhões, quase 20% a mais do destinado para educação das crianças do País no mesmo período.
O ex-presidente Lula, mentor de Dilma, gastou R$ 47,8 bilhões com Bolsa Família em seu segundo mandato, 60% mais que em Educação.
Fonte: http://www.cristovam.org.br/ e O Globo
Segundo dados do Banco Central, o valor gasto pelo governo Dilma com Bolsa Família é superior aos lucros dos bancos no Brasil em 2013.
Fonte: http://www.diariodopoder.com.br/, 20/04/14



domingo, 27 de abril de 2014

31 DE MARÇO DE 1964: GOLPE MILITAR NO CONTEXTO DA GUERRA FRIA



GOLPE MILITAR DE 1964E A GUERRA FRIA, por Theodiano Bastos 

Na noite do dia 31 de março de 1964, como representante do sindicato,mas já sem mandato, estava na Prefeitura de Salvador reunido com o então prefeito de Salvador, Virgildásio de Sena e muitos líderes sindicais. Havia um nervosismo muito grande e vi que o prefeito portava uma pistola na cintura. E se afastou um tempo e ao voltar, visivelmente transtornado informou a todos que a Guerra Civil havia começado, com as tropas de Juiz de Fora se dirigindo para o Rio, comandada pelo general Mourão Filho.
A reunião foi interrompida e cheguei em casa transtornado, muito tenso e com medo. Falei por alto com a esposa, evitando deixá-la preocupada, pois cuidava de duas filhas, Hosana, com menos de dois anos e Cristiane que havia nascido em 25/12/63, com apenas três meses. E estava sem emprego de carteira assinada, vivendo com os poucos recursos como diretor do Boletim Comercial da Bahia, uma publicação semanal mimeografada, apenas com a capa impressa, qual mal dava para pagar o aluguel da pequena casinha na Rua Miguel Calmon, 6, no bairro da Saúde.

Muitos anos depois, em evento político em Nanuque/MG, reencontrei o Virgildásio e ele ficou atônito quando lhe informei que estava com ele na Prefeitura de Salvador na noite do dia 31 de março de 1964.

No dia seguinte, 01/04/1963, saí caminhando pelo centro de Salvador em direção ao Sindicato dos Bancários da Bahia, na ladeira de São Bento e estava com as portas lacradas. Fui em direção à Praça da Piedade e vi a sede do Sindicato dos Petroleiros em chama. Mesmo não sendo mais bancário, pois o banco havia aberto inquérito administrativo por abandono do emprego, sempre tive todo apoio da diretoria, na época presidido por Raimundo Reis. Cheguei a ir ao Rio e conversei com o presidente do Banco do Comércio (da Rede Moreira Sales), Dr. Artur Bernardes Filho, filho do ex-presidente da república Artur Bernardes (1922 a 1926), mas não consegui que o banco me aceitasse de volta,mesmo alegando que sempre tinha sido um bom funcionário, cumpridor dos deveres e que nunca tinha faltado a um único dia de
trabalho e que estava desempregado com a carteira sem saída, impossibilitado de conseguir outro trabalho e que era casado, e tanto a esposa como filha de pouco mais de um ano dependiam de minha pessoa para sustento e que pagava aluguel etc, mas nada disso comoveu o presidente na época do Banco do Comércio SA.

Mas o bom advogado do sindicato defendeu-me com brilhantismo na Justiça do Trabalho e ganhamos a questão, conforme já disse antes.O banco pagou todos os salários até o dia 30/04/1964, mas recusou meu retorno ao trabalho.
Ao retornar tive de viver de bicos por 13 meses, pois como não tinha saída na Carteira de Trabalho, não poderia procurar novo emprego. Entrei na Justiça do Trabalho, onde ganhei a questão recebendo todos os salários dos meses após o retorno, mas não fui readmitido. Com esse dinheiro mudei-me para Feira de Santana e fiz sociedade comdo um amigo de juventude, numa pequena fábrica de estofados de fundo de quintal.

ERA KENNEDY
“Os desafios dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial colocaram o país mediante uma complexa gama de questões sociais, políticas e econômicas a serem enfrentadas. A construção de uma das maiores potências mundiais passou por obstáculos que se desenvolveram em um mundo marcado por transformações. A Guerra Fria e os direitos civis eram algumas das novas questões que alertavam o “Tio Sam”, no início dos anos de 1960.

Logo após o mandato do general Dwight Eisenhower, os norte-americanos viveram momentos de estagnação econômica e depararam com conflitos políticos internacionais. A ameaça comunista tinha embalado o governo de Eisenhower em gastos exorbitantes na corrida espacial contra a União Soviética. Ao mesmo tempo, as tensões do mundo bipolar ocasionaram grande insegurança à pretensa hegemonia estadunidense no mundo.

Essa preocupação com problemas externos acabou deixando de lado um vasto conjunto de questões internas a serem resolvidas nos Estados Unidos. A emergência dos problemas nacionais fez com que um jovem e “moderno” político democrata vencesse as eleições de 1960. John Kennedy chegou ao poder interessado em oferecer uma “nova fronteira” para os cidadãos norte-americanos. Suas propostas envolviam a busca por igualdade e justiça social.
Comparado aos mandatos dos antecessores, Kennedy marcou sua administração pela adoção de leis que ampliavam direitos sociais e promoviam a integração racial. O caráter transformador de suas medidas provocou reações extremadas por parte dos setores mais conservadores do país. Ao combater objetivamente a questão racial dos Estados Unidos, Kennedy remexeu em uma questão polêmica não só da política, mas da cultura norte-americana.

Na política externa, o tom modernizante de Kennedy não era o mesmo dedicado à sua nação. No Vietnã, as liberdades democráticas foram tolhidas por uma intervenção militar que resultou em uma das mais longas guerras travadas pelos Estados Unidos. Com relação a Cuba, o incidente da Baía dos Porcos foi resultado de uma tentativa do governo Kennedy em tomar o governo cubano por meio do treinamento de exilados cubanos que deveriam derrubar o presidente Fidel Castro.

ALIANÇA PARA O PROGRESSO
Para contornar os primeiros fracassos de sua política externa, firmou a chamada Aliança para o Progresso, onde enfatizava a ajuda financeira aos países mais pobres da América Latina. Além disso, Kennedy lançou o desafio da ida do homem à Lua, dando continuidade à corrida espacial iniciada durante a Guerra Fria. Em 1962, na Crise dos Mísseis, Kennedy denunciou a existência de ogivas nucleares soviéticas em Cuba. 
Tal episódio abriu portas para um possível conflito mundial.
As incertezas trazidas pelas tensões militares da ordem bipolar e as ações que lutavam contra o problema racial nos Estados Unidos fizeram com que Kennedy tornasse nome fácil na boca de muitos simpatizantes e opositores.
Nos tempos da guerra fria, Fidel Castro transformou Cuba em um “submarino russo”, com foguetes russos a cem quilômetros dos EUA. O bloqueio decretado por Kennedy evitou a guerra nuclear mas com o compromisso de deixar Fidel em paz! Os EUA aceitariam uma Cuba com armamento atômico? Claro que não! John Fitzgerald Kennedy foi um político estadunidense que serviu
como 35° presidente dos Estados Unidos (1961–1963) e é considerado uma das grandes personalidades do século XX. Ele era conhecido como John F. Kennedy ou Jack Kennedy por seus amigos, e popularmente como JFK.
Durante a Segunda Guerra Mundial, conhecido por sua liderança como o comandante do barco PT-109 na área do Pacífico Sul, ao realizar um reconhecimento, o seu barco foi atingido por um destróier japonês, que partiu o barco em dois e causou uma explosão. A tripulação responsável conseguiu nadar até uma ilha e sobreviver até serem resgatados.

Eleito em 1960, Kennedy se tornou o segundo mais jovem presidente de seu país, depois de Theodore Roosevelt. Ele foi Presidente de 1961 até seu assassinato em 1963. Durante seu governo houve a Invasão da Baía dos Porcos, a Crise dos mísseis de Cuba, a construção do Muro de Berlim, o início da Corrida espacial, a consolidação do Movimento dos Direitos Civis.

Essa façanha lhe deu popularidade e começou assim sua carreira política. Kennedy representou o Estado de Massachusetts como um membro da Câmara dos Deputados a partir de 1947 até 1953 e depois como Senador de 1953 até que se tornou presidente em 1961. Com 43 anos de idade, foi o candidato presidencial do Partido Democrata nas eleições de 1960, derrotando o Republicano Richard Nixon em uma das eleições mais apertadas da história presidencial do país. Kennedy foi aúltima pessoa a ser eleita Presidente enquanto ainda exercia um mandato como Senador, até a eleição de Barack Obama em 2008. Também foi o único católico a ser eleito presidente dos Estados Unidos. Até a data, era o único nascido durante a Primeira Guerra Mundial e também o primeiro nascido no século XX.

O presidente Kennedy morreu assassinado em 22 de novembro de 1963 em Dallas, Texas. O ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald foi preso e acusado do assassinato, mas foi morto dois dias depois, por Jack Ruby e por isso não foi julgado. A Comissão Warren concluiu que Oswald agiu sozinho no assassinato. No entanto, o Comitê da Câmara sobre Assassinatos descobriu em 1979 que talvez tenha havido uma conspiração em torno do acontecido. Este tópico foi debatido e há muitas teorias sobre o assassinato, visto que o crime foi um momento importante na história dos Estados Unidos devido ao seu impacto traumático na psique da nação.
Muitos viram em Kennedy um ícone das esperanças e aspirações americanas, e em algumas pesquisas no país ele ainda é valorizado como um dos melhores presidentes da história da nação.
Mediante a tamanha comoção nacional, a morte do presidente chacoalhou os Estados Unidos, apontando para a inviabilidade de determinadas posições conservadoras. Durante o restante da década de 1960, os direitos civis, a questão racial e a guerra do Vietnã foram assuntos de grande recorrência nos noticiários internacionais e entre os próprios cidadãos estadunidenses”. Fonte: http://www.brasilescola.com/historia-
-da-america/era-kennedy.htm

Lincoln Gordon, embaixador no Brasil em 1964
Em 1960, Gordon ajudou a desenvolver a Aliança para o Progresso, um programa do governo estadunidense de assistência à América Latina, feito com o propósito de evitar que os países da região aderissem a revoluções e ao socialismo como alternativa para o progresso sócio-econômico, como havia ocorrido em Cuba. Em 1961, a revista Time noticiou que Gordon havia se tornado “o maior especialista de Kennedy em economia latino-americana. Gordon preparou a agenda dos EUA para a reunião econômica interamericana de julho aprovada na semana passada pela Organização dos Estados Americanos”.
De 1961 a 1966, Gordon serviu como embaixador dos Estados Unidos no Brasil, exercendo papel importante no apoio às articulações da oposição ao presidente João Goulart, que resultariam no golpe militar de 1964. No dia 30 de julho de 1962, no Salão Oval, Kennedy e Lincoln Gordon discutiram o gasto de US$ 8 milhões para interferir nas eleições e preparar o terreno para um golpe militar contra Goulart para expulsá-lo, se necessário disse Gordon ao presidente. A conversa foi gravada no sistema de gravação que Kennedy mandara instalar no fim de semana.

Mais tarde, de acordo com o historiador brasilianista James Green, Gordon “deu a luz verde para que os militares dessem o golpe de 1964. Ele deixou claro que (...) os Estados Unidos iam reconhecer imediatamente os militares no poder”. Em 27 de março de 1964, ele escreveu um telegrama ultra-secreto para o governo dos Estados Unidos pedindo apoio ao golpe do general Humberto de Alencar Castello Branco através do “envio clandestino de armas” e remessas de gás e combustível, a serem posteriormente complementadas por operações secretas da CIA. Gordon acreditava que Goulart, “buscando poderes ditatoriais”, estava conspirando
com o Partido Comunista Brasileiro.

 O embaixador escreveu que “tanto eu quanto meus assessores acreditamos que nosso apoio deve ser dado” aos golpistas para “ajudar a advertir um desastre grande aqui – que pode transformar o Brasil na China na década de 1960”.

Em uma palestra sobre a política externa estadunidense na Universidade de Harvard em 19 de março de 1985, Noam Chomsky disse o seguinte sobre o papel de Gordon no golpe de 1964: “Em um caso, o do Brasil, o país mais importante da América Latina, houve o que foi chamado de “milagre econômico” nas últimas duas décadas, mesmo que tenhamos destruído a democracia brasileira através do apoio a um golpe militar em 1964. O apoio ao golpe foi iniciado por Kennedy, mas finalmente finalizado por Johnson. O golpe foi pedido pelo embaixador de Kennedy, Lincoln Gordon, “a única vitória mais decisiva para a liberdade na metade do século XX”. Nós instalamos o primeiro verdadeiro grande estado de segurança nacional, estado semi nazista da América Latina, com tortura de alta-tecnologia e assim por diante. Gordon o chamava de “totalmente democrático”, “o melhor governo que o Brasil já teve”. Bem, houve um aumento no milagre econômico e houve um aumento no PIB. Mas houve também um aumento no sofrimento para grande parte da população.”.

Para Green, “Gordon ajudou os militares pessoalmente porque tinha uma visão de mundo moldada pela Guerra Fria, era anticomunista e realmente achava que o Brasil estava à beira de uma revolução comunista”.
Apesar de todos os indícios comprovando sua atuação no golpe, Gordon morreu negando que havia conspirado com os militares. Em entrevista dada ao Fantástico em 2006, ele afirmou que a “participação ativa (dos Estados Unidos no golpe) foi praticamente zero”. Na mesma ocasião, ele confirmou que a CIA havia ajudado financeiramente os candidatos da União Democrática Nacional nas eleições de 1962, mas disse que havia sido “um erro da nossa parte”. De acordo com o então presidente estadunidense, Lyndon B. Johnson, o serviço de Gordon                                                                      
no Brasil foi “uma rara combinação de experiência e sabedoria, idealismo e julgamento prático”. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lincoln_Gordon

Em 18/12/1962, ao ir ao consulado dos EUA em Salvador para pegar o visto, fui atendido por Mr.Wade H.B.Matthews, vice Cônsul.
Ele olhou nos meus olhos e perguntou:
— Você é filiado ao Partido Comunista do Brasil? Ao responder que não, ele perguntou:
— Mas você já foi filiado ao PCB, Partido Comunista do Brasil, e voltei a negar e ele então deu o visto no passaporte válido até dia 18/03/1963.
Era chefe de cadastro da sucursal do Banco do Comércio S/A, da rede Moreira Sales e como tinha mandato sindical, era Diretor Cultural do então Sindicato dos Bancários e Securitários do Estado da Bahia, com sede em Salvador. Tinha estabilidade no emprego, mas a presidência do Banco do Comércio S/A, com sede no Rio de Janeiro, negou a licença de 75 dias, sem remuneração e, ao me afastar, consideraram meu afastamento como abandono do emprego e desta forma viajei muito preocupado, pois era casado e tinha um filhinha de pouco mais de um ano.
Deixara a esposa e uma filhinha de pouco mais de um ano em Nanuque/MG e tudo isso me causou grande preocupação e viajei com apenas 58,500kg em 1,80m de altura; parecia Dom Quixote de tão magro.
Fazia parte da bolsa o compromisso de não pedir residência nos Estados Unidos por dois anos.
Recebíamos de bolsa US 15,00 por dia, pago semanalmente, e com esse dinheiro pagávamos o hotel, todos de luxo, alimentação e gastos extras e até sobrava alguma coisa.

Éramos bolsistas da USAID – Agency for International Development, órgão do Departamento de Estado dos EUA.
Muito do que diremos sobre essa estada nos Estados Unidos foi fruto de observações feitas por nós mesmos, de centenas de perguntas aos mais diversos tipos humanos, desde o irrequieto nova-iorquino, até gente pacata e agradável de Alton, pequena comunidade (pouco mais de 35 mil habitantes) do estado de Ilinois. Fiz contato com o homem de rua, com a dona de casa, com o grevista dando piquete, com o negro, com o porto-riquenho etc. Embora os Estados Unidos na época (1963) tivesse, inegavelmente, o padrão de vida mais elevado do mundo, nem por isso poderia ser apresentado como um paraíso, pois lá também havia problemas e dificuldades. Era verdade também que, comparado com os nossos problemas, já naquela época, pareciam poucos e provenientes de uma economia altamente desenvolvida, enquanto os problemas do Brasil, também naquela época, eram provenientes do rápido desenvolvimento e não de uma economia parada, como poderia parecer a um estrangeiro desavisado. Apesar dos pesares, ninguém poderia negar que o povo brasileiro estava elevando seu padrão de vida.
Quando estava em Washington fomos informados para o grupo

escolher quem deveria ser entrevistado pela rádio “A Voz da América”. Embora considerasse o José Gevaerd mais experiente, até porque ele era economista e professor universitário, para minha surpresa fui o escolhido.
Mas aí, na hora de ir para a entrevista fui informado de que ela havia sido cancelada. Todos estranharam isso.
Em março de 1964, o clima era muito tenso no Sindicato e senti que alguma de muito grave estava por acontecer. A maioria esmagadora da diretoria do Sindicato dos Bancários era de funcionários do Banco Brasil,  filiados ao PCB – Partido Comunista Brasileiro, mas eram moderados.
Mas havia um grupo muito atuante que pregava abertamente um golpe preventivo.

Fonte: “Pegadas da Caminhada”, autoria de Theodiano Bastos, ainda no prelo, a ser publicado como e-book na AMAZON.