quinta-feira, 10 de junho de 2010

ISRAEL E TERRA SANTA, O QUE VI



ISRAEL E TERRA SANTA O QUE VI
                THEODIANO BASTOS

Foi uma viagem inesquecível, minha esposa Maria do Carmo e eu consideramos essa viagem como a mais importante e marcante de nossas vidas; superou em muito todas nossas melhores expectativas. O grupo tinha 38 pessoas, todas maravilhosas, sendo três padres, dois deles do Rio Grande do Sul e um do Paraná, de diversas partes do Brasil.
O guia nasceu na Argentina, cidadão israelense, mas fala português. Ficamos em excelentes hotéis: (Grand Beach Tel Aviv, perto de uma linda praia do Mediterrâneo), no Hagoshrim Kibbutz And Resort Hotel na Galiléia, que fica num bosque lindíssimo, com muitas, mas muitas flores e no Grand Court em Jerusa­lém. Nesses hotéis tremulavam as bandeiras de Israel, Estados Unidos e União Européia.
Voamos num 777 da El Al, empresa aérea israelense, com excelente tratamento aos passageiros.
Ao lado das estradas, em pleno deserto, muita agricultura irrigada por gotejamento, um emaranhado de finos tubos levando água e fertilizante para verduras e frutas tropicais, como banana, manga, laranja etc. Israel é um grande exportador de flores. Existem pomares em pleno deserto. Israel retira 70% da água que utiliza do Mar da Galiléia, que na verdade é um lago de água doce e está a mais de 20m abaixo do nível do mar, e que alimenta o Rio Jordão que leva água para o Mar Morto, que por sua vez está a mais de 400m abaixo do nível do mar e por isso existe uma comporta para evitar a vazão de maior volume de água.                                      
ISRAELENSES E PALESTINOS
Segundo um brasileiro que encontrei trabalhando no hotel em Tel Aviv, já cidadão israelense, disse que quem quiser trabalhar e viver em paz encontra ambiente favorável, e que o problema são os extremistas islâ­micos e também judeus (que até já assassinaram um presidente de Israel porque estava fazendo as pazes com os palestinos).
Muro das Lamentações: ninguém lê os pedidos, e quando as gretas ficam cheias, os pedidos são recolhidos, colocados em um saco e após cerimônia com preces a Javé, o saco é sepultado. Jerusalém tem 800 mil habitantes, m/m 60% são árabes/muçulmanos. Na parte murada (cidade velha) moram m/m 15 mil pessoas, a maioria árabes.
Shabat é o dia santificado que vai do por do sol da sexta ao por do sol do sába­do. Nesse dia ao visitarmos o Templo do Cenáculo onde está o túmulo de Davi, quase uma centena de jovens estavam trajando bermuda e camiseta que identificava uma tropa de elite, segundo o guia. Todos portando metralhadoras de última geração e estavam em treinamento e iam assistir a uma palestra.
CRISTIANISMO, JUDAÍSMO E ISLAMISMO
A Terra Santa é sagrada para as três religiões, e têm Abraão como patriarca e fundador dessas religiões. O Cristianismo, judaísmo e islamis­mo têm a mesma origem e têm mais pontos em comum do que o leitor imagina; as três religiões têm muitos profetas e um só Deus. Adão, Noé, Abraão, Jacó, José e Moisés estão nas três religiões, e Maomé, é o profeta do Islã. O Templo da Rocha em Jerusalém, tem a cúpula dourado. Os mulçumanos proibiram desde 2001 a visita dos turistas, e são reservadas somente para celebrações religiosas.
Tanto nas sinagogas como nas mesquitas, as mulheres ficam separadas dos homens, e até no Muro das Lamentações é assim. Em Safed, cidade da Cabala e do misticismo judaico, tivemos a sorte de ver uma procissão em direção a uma sinagoga para a iniciação religiosa de dois garotos de 13 anos (as meninas são aos 12 anos), tendo acima de suas cabeças uma espécie de manto suspenso por quatro pessoas da família, com uma vara em cada ponta do manto. Um trio tocava uma música muito alegre, com um tocando violão e cantando, um tocando clarinete e outro com um tambor cerimonial. Um dos garotos irradiava no semblante uma felicidade que não consigo esquecer.
Trata-se de uma região de grande valor estratégico, pois é ponto de passagem para três continentes: Europa, Ásia e África, e para as maiores reservas de petróleo do mundo. Jaffa, que tem 4.000 anos, por exem­plo, foi invadida e destruída 14 vezes... O conquistador que demorou menos ficou na área por mais de 100 anos. Napoleão invadiu a cidade para conquistar o Egito, mas logo se retirou porque a tropa ficou doente.
Consta nas Professias de Nostradamus (1.503/1.566) que a batalha do Armagedom  (um vale ao lado do Monte Carmel em Israel, perto do Iraque), marcará o final dos tempos, e o “Livro das Revelações” das Bíblia tem um texto fantástico e confuso de São João, dizendo que surgirão as figuras sinistras de Gog e Magog e os quatro cavaleiros do Apocalipse: morte, fome, peste e guerra.
CLIMA DE TENSÃO
A ONU, Estados Unidos, União Européia e Rússia trabalham para encontrar a paz na região, que só será possível com a criação do Estado da palestina independente, a demarcação das fronteiras, a aceitação do Estado de Israel e a internacionalização de Jerusalém, acredito.
Dia 7/6/10 na visita à Cidade Velha de Jerusalém (entre os muros) vi­mos muitos, mas muitos soldados do Exército de Defesa de Israel armados até o dentes e muitos, mas muitos policiais e um dirigível não-tripulado parando sobre a área, deslocando-se vagarosamente de um lado para o outro e filmando toda a movimentação.
Israel foi criado em 1948, tem apenas 62 anos de existência, 7,5 mi­lhões de habitantes, (80% são israelenses), mas já ganharam oito prêmios Nobel. 


Israel foi criado em 1948, tem apenas 62 anos de existência, 7,5 milhões de habitantes, 80% são israelenses, mas já ganharam oito prêmios Nobel.   

Você sabia que 152 personalidades judaicas já ganharam o Prêmio Nobel?

Desde seu lançamento, em 1901, o Prêmio Nobel foi conferido a 700 personalidades – 152 delas judeus. É uma estatística que impressiona: os judeus são, hoje um grupo de quase 13 milhões para o Escritório Central de Estatísticas de Israel, 14 milhões para a Enciclopédia Britânica de 1999 e cerca 16 milhões para outras fontes, num planeta habitado por 6 bilhões de pessoas. Mas são os responsáveis por grande parte das grandes novidades científicas e dos avanços na medicina no mundo todo, deste e do século passado.
Ao todo, já receberam o Prêmio Nobel de Literatura 12 judeus, o Nobel da Paz outros 9 judeus, o de Química 25, o de Economia 15, o de Medicina a impressionante quantidade de 50 judeus e a expressiva do de Física 41. Outros israelenses que já receberam o Nobel foram, em 1978, o então primeiro-ministro Menahem Begin, que dividiu o Nobel da Paz com o presidente egípcio Anuar Sadat; em 1994, o ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, e o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, com o Nobel da Paz. E, em 1966, Shmuel Yosef Agnon conquistou o Nobel de Literatura com a escritora sueca Nelly Sachs, também judia.
Judeus com Nobel:
Literatura: 1910 – Paul Heyse, 1927 – Henri Bérgson, 1958 – Boris Pasternak, 1966 – Shmuel Yosef Agnon, 1966 – Nelly Sachs, 1976 – Saul Bellow, 1978 – Isaac Bashevis Singer, 1981 – Elias Canetti, 1987 – Joseph Brodsky, 1991 – Nadine Gordimer, 2002 – Imre Kertesz e 2004 – Elfriede Jelinek.
Paz: 1911 – Alfred Fried, 1911 – Tobias Michael Carel Asser, 1968 – Rene Cassin, 1973 – Henry Kissinger, 1978 – Menachem Begin, 1986 – Elie Wiesel ,1994 – Shimon Peres e Yitzhak Rabin e 1995 – Joseph Rotblat.
Química: 1905 – Adolph Von Baeyer, 1906 – Henri Moissan, 1910 – Otto Wallach, 1915 – Richard Willstaetter, 1918 – Fritz Haber, 1943 – George Charles de Hevesy, 1961 – Melvin Calvin, 1962 – Max Ferdinand Perutz, 1972 – William Howard Stein, 1977 – Ilya Prigogine, 1979 – Herbert Charles Brown, 1980 – Paul Berg e Walter Gilbert, 1981 – Roald Hoffmann, 1982 – Aaron Klug, 1985 – Albert A. Hauptman e Jerome Karle, 1986 – Dudley R. Herschbach, 1988 – Robert Huber, 1989 – Sidney Altman, 1992 – Rudolph Marcus, 1998 – Walter Kohn, 2000 – Alan J. Heeger, 2004 – Avram Hershko e Aaron Ciechanover.
Economia: 1970 – Paul Anthony Samuelson, 1971 – Simon Kuznets,1972 – Kenneth Joseph Arrow, 1975 – Leonid Kantorovich, 1976 – Milton Friedman, 1978 – Herbert A. Simon, 1980 – Lawrence Robert Klein, 1985 – Franco Modigliani, 1987 – Robert M. Solow, 1990 – Harry Markowitz e Merton Miller, 1992 – Gary Becker, 1993 – Rober Fogel, 1994 – John C. Harsanyi e 2002 – Daniel Kahneman.
Medicina: 1908 – Elie Metchnikoff, 1908 – Paul Erlich, 1914 – Robert Barany, 1922 – Otto Meyerhof, 1930 – Karl Landsteiner, 1931 – Otto Warburg, 1936 – Otto Loewi, 1944 – Joseph Erlanger e Herbert Spencer Gasser, 1945 – Ernst Boris Chain, 1946 – Hermann Joseph Muller, 1950 – Tadeus Reichstein, 1952 – Selman Abraham Waksman, 1953 – Hans Krebs e Fritz Albert Lipmann, 1958 – Joshua Lederberg, 1959 – Arthur Kornberg, 1964 – Konrad Bloch, 1965 – Francois Jacob e Andre Lwoff, 1967 – George Wald, 1968 – Marshall W. Nirenberg, 1969 – Salvador Luria, 1970 – Julius Axelrod, 1970 – Sir Bernard Katz, 1972 – Gerald Maurice Edelman, 1975 – David Baltimore e Howard Martin Temin, 1976 – Baruch S. Blumberg, 1977 – Rosalyn Sussman Yalow e Andrew V. Schally, 1978 – Daniel Nathans, 1980 – Baruj Benacerraf, 1984 – Cesar Milstein, 1985 – Michael Stuart Brown e Joseph L. Goldstein, 1986 – Stanley Cohen e Rita Levi-Montalcini, 1988 – Gertrude Elion, 1989 – Harold Varmus, 1991 – Erwin Neher e Bert Sakmann, 1993 – Richard J. Roberts e Phillip Sharp, 1994 – Alfred Gilman e Martin Rodbell, 1995 – Edward B. Lewis, 1997 – Stanley B. Prusiner, 2000 – Eric R. Kandel e 2002 – H. Robert Horvitz.
Física: 1907 – Albert Abraham Michelson, 1908 – Gabriel Lippmann, 1921 – Albert Einstein, 1922 – Niels Bohr, 1925 – James Franck, 1925 – Gustav Hertz, 1943 – Gustav Stern, 1944 – Isidor Issac Rabi, 1952 – Felix Bloch, 1954 – Max Born,1958 – Igor Tamm, 1959 – Emilio Segre, 1960 – Donald A. Glaser, 1961 – Robert Hofstadter, 1962 – Lev Davidovich Landau, 1965 – Richard Phillips Feynman e Julian Schwinger,1969 – Murray Gell-Mann,1971 – Dennis Gabor,1973 – Brian David Josephson,1975 – Benjamin Mottleson, 1976 – Burton Richter, 1978 – Arno Allan Penzias e Peter L Kapitza, 1979 – Stephen Weinberg e Sheldon Glashow, 1988 – Leon Lederman, Melvin Schwartz e Jack Steinberger, 1990 – Jerome Friedman, 1992 – Georges Charpak,1995 – Martin Perl, 1995 – Frederik Reines, 1996 – Douglas D. Osheroff e David M. Lee, 1997 – Claude Cohen-Tannoudji,1999 – Martinus J. Godefriedus Veltman, 2002 – Raymond Davis, 2003 – Vitaly Ginzburg, 2004 – David J. Gross e David Politzer.                     Fonte: https://www.facebook.com/notes/associa%C3%A7%C3%A3o-cultural-jewish-in/voc%C3%AA-sabia-que-152-personalidades-judaicas-j%C3%A1-ganharam-o-pr%C3%AAmio-nobel/10151974845690980

É densamente povoado e cercado por inimigos de todos os lados. Tem 3.324km (apenas 80km de largura). O Hebraico, até a criação de Israel em 1948, era uma língua que só era usada nas cerimônias religiosas, mas passou a ser a língua oficial. A moeda é o Shekel e pelas cotações em 01/06/10 um dólar equivalia 3,78 Shekels, e um real, dois Shekels.
Israel tem Jerusalém como Capital (surpreendentemente uma cida­de muito arborizada, mas muito quente e seca), onde mantém o poder executivo, judiciário e legislativo, mas todos os países que têm relações com Israel só tem consulados em Jerusalém e embaixadas em Tel Aviv, uma cidade bonita, muito arborizada, ao lado do mar Mediterrâneo. Desafiando os que lutam pela paz na região: ONU, União Européia, Estados Unidos e Rússia, Israel está construindo 1.600 residências no setor palestino da cidade, acirrando ainda mais os ânimos.
BELÉM NA CISJORDÂNIA
Na visita a Belém para ver o local de nascimento de Jesus Cristo, vimos com tristeza a cidade cercada por muros, muita pobreza e crianças pedindo esmolas. Um contraste gritante com o que se vê em Israel. A igreja tem três cruzes e em seu interior tem outras igrejas: a Ortodoxa Grega, a mais bonita, a Católica e a da Armênia, isso no local de nasci­mento de Cristo...
Observei a face triste e suja de um menino palestino malvestido na praça em frente à Igreja da Natividade em Belém pedindo esmola. Não costumo dar esmola a crianças e fiquei sem saber o que fazer com a situação. Mas essa cena não me sai da lembrança; isso me marcou na visita ao território da Palestina, onde a pobreza do gueto cercado por muros de mais de oito metros de altura é marcante.
NAVIOS ABORDADOS EM ÁGUAS INTERNACIONAIS
Quando chegamos a Tel Aviv dia 31/05/10, a marinha de Israel atacava com helicópteros, e os soldados desceram por cordas na frota humanitária, que tinha o Mavi Marmara como nau capitânia e que levavam 10 mil to­neladas de todo tipo de produtos, como ajuda para os palestinos sitiados na Faixa de Gaza; prendem 700 e matam nove, sendo oito turcos e um americano, morto com quatro tiros na cabeça. Em 09/06 deportam os 700 ativistas presos para a Turquia; o navio irlandês segue para tentar furar o bloqueio, e em 10/6 a marinha de Israel invade esse navio em águas internacionais, mas sem violência e 19 pessoas são presas.
O mais grave nesse perigoso episódio é que Israel acusa o Irã, que tem por meta aniquilar Israel, de estar por trás dessas ações para montar um porto em Gaza. Antes os israelenses ironizavam a recusa dos palestinos em aceitar a existência de Israel (o que viriam a fazer em 1993), e diziam que “os árabes não perdem oportunidade de perder oportunidade”, e atualmente Israel tomou dos palestinos o papel de perdedor contumaz de oportunidade, diz o editorial de O Estado de São Paulo de 08/06/10.
Ao voltarmos à tarde da Galiléia para Tel Aviv, o ônibus da excursão parou na estrada que passava paralela à fronteira com a Jordânia (Israel tem apenas 80km de largura) e encontramos diversos ônibus parados, e ao longe, colunas de fumaça subiam e por duas vezes novas bombas explodi­ram. O trânsito foi liberado nos dois sentidos e mais adiante vimos uma ambulância e um veículo da segurança se comunicando. Quando íamos visitar a Via Dolorosa, o ônibus parou e quando o grupo descia, ouviu-se estampido de tiro, e o motorista e guia mandaram voltarmos depressa para dentro do ônibus.
Sinceramente não consegui vislumbrar um clima de paz tão cedo na região, entre árabes e israelenses, pois os extremistas de ambos os lados sabotam os entendimentos. Todos nós nos lembramos a foto histórica na Casa Branca, com Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos entre Yitzak Rabim, presidente de Israel apertando a mão de Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina. Yaatzak Rabim foi assassinado em 04/11/95 frente ao teatro nacional com dois tiros, cujo local vimos com um monumento de pedra negra e três bandeiras de Israel. O assassino era um extremista judeu que se opunha a sua política de paz com os palestinos e que continua preso, condenado a prisão perpétua.
A confusão na Faixa de Gaza, uma pequena área onde moram espremidos 1,5 milhões de habitantes, de grande pobreza, com 45% desempregados, iniciou-se em 2007, com a vitória na região do grupo extremista Hamas, inimigos da Fatah que querem a paz com Israel em troca da criação da Palestina, e por isso Egito e Israel fecharam as fronteiras.

        Sobre o mesmo tema, leiam no blog: o artigo “Cristianismo, Judaísmo, Islamismo e a Terra Santa”