GERAÇÃO Y
Os nascidos nas décadas de 80 e 90
THEODIANO BASTOS (*)
Ao contrário das gerações anteriores, quando prevalecia entre os jovens a desesperança, a Geração Y mudou muito: “Entre mudar o mundo e ganhar dinheiro, os jovens estão optando pelos dois”.
“Os jovens informados e conectados de hoje, diz ele, sabem tantas coisas novas que mais importa ouvi-los, “não dizer a eles, mas com eles”, diz FHC no livro “A Soma e o Resto”.
O
grupo é formado por pessoas competitivas, pouco afeitas a ideologia política,
focadas em ganhar dinheiro e subir na vida. Mas também preocupados com a
preservação do meio ambiente, mas afeitos a saltar de um emprego para o outro e
que preferem se comunicar um o outro por meio de redes sociais, não sabem como
viver longe da tela do computador e dificuldade no contato pessoal.
COMENTÁRIOS:
Os últimos 8 anos apagaram toda a ideologia ou busca de ideais. O lema é: pagando bem que mal tem?;
Sou pai de dois casais e avô de sete netos (quatro netos e três netas) e sempre lembros a todos de que Viver é saber administrar as frustrações da vida, diz o autor do blog, Theodiano Bastos.
“Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil”...
Diz ELIANE BRUM, jornalista escritora
Considerei, entretanto, que se justificava aproveitar este espaço da mídia impressa para mostrar algumas destas opiniões.
A imensa maioria confirmou a opinião do jovem.
@Edthe: É um sinal de como está nossa era. Juventude sem ideais é protótipo de uma pessoa fracassada no futuro;
@marlonjlima: Concordo plenamente. Os últimos 8 anos apagaram toda a ideologia ou busca de ideais. O lema é: pagando bem que mal tem?;
@andredutra12: Os poucos jovens com ideais nem sempre são ouvidos e talvez acabem deixar aquilo morrer consigo. Temos que inspirá-los!;
@DorgivalJR: Sou Qualificador Profissional do Pro-Jovem e eles falam sempre que estão “deixando a vida me levar”, mas para onde?;
@giordanobr: Triste, porém atual. Mostra como a minha geração está desnorteada, sem rumo e sem objetivos. O sonho está acabando;
Outros chamam atenção de que o problema pode não ser apenas desta geração.
@Cesaurio: Pouca gente tem ideais hoje em dia... Mas... Será que muita gente os tinha nos anos de 1960?;
@allenfranco: Não são apenas pessoas jovens que têm estes problemas, muitos de seus colegas no Senado também têm este "problema" em comum.
@allenfranco: Não são apenas pessoas jovens que têm estes problemas, muitos de seus colegas no Senado também têm este "problema" em comum.
Alguns insistem que têm ideais e amigos idealistas, embora faltem condições para que aqueles apareçam.
@roneyb: Há um paradoxo em um jovem dizer que jovens não têm ideias. Parece-me mais a velha baixa autoestima atacando;
@lovingunme: Creio que ele não tenha os amigos ideais. A juventude não está perdida, há quem permaneça na luta, na militância;
@pjrecords: Esse cara é que não tem ideais, todo mundo tem objetivos, só que não são compreendidos. Talvez por ignorância nossa;
@luhan_amaral: Acho triste juventude sem ideais. O ideal vem do (auto) conhecimento, que vem da educação, que vem da cultura. Perdeu-se algo;
@jujubamenegaz: Esta frase não me espanta. Nossa geração é muito fraca. Quer um corpo sarado, ganhar um milhão e passar o carnaval em Salvador. E quando o ano começar, depois das festas, quem sabe poderemos mudar o mundo em um segundo;
@liviafragoso: É. Eu sinto uma imensa falta de pessoas com quem debater assuntos interessantes e olhe que eu só estou pedindo isso;
@Alexandredantas: Acho isso comum. Ninguém mais tem aqueles ideais de antigamente. Ninguém mais tem aquele desejo de mudar o mundo, é uma pena;
@josietemendes: As pessoas no geral estão com preguiça de pensar. E nos jovens vejo, além disso, eles têm preguiça de ler, pesquisar...
Outros explicam as causas da falta de idealismo.
@JOR6INHO: As pessoas abandonam seus ideais não por opção, mas pela pressão vivida numa sociedade consumista oposta a qualquer ideal;
@fabianoaas: Os pais não educam mais os filhos para almejarem melhorias em suas vidas mediante seus esforços. Vive-se por viver apenas;
@camila_XD: Às vezes é desesperador. Você olha para os cenários político e social e nada muda para melhor. Aí é de se pensar "ideais para quê?";
@senhordelicio: Quando se vive em uma sociedade em que predomina o incentivo ao consumo desenfreado, o que esperar senão a alienação?;
@FabioSA: É fácil, não existem muitos jovens com formação madura ou com opinião própria sobre assuntos importantes como: política e educação.
Importante, porém é saber que apesar de todos os erros das gerações mais velhas, de nossa incompetência para inspirar os jovens, eles ainda tomam o tempo para dialogar sobre a crise de seus ideais.
Ainda menino, o carioca Caio Braz, (Jovens- Inspiradores, http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pense-grande-comece-pequeno-e-ande-rapido), hoje com 22 anos, alimentava o desejo de mudar, em alguma medida, o mundo. A chave para a ação, contudo, só apareceria anos depois, quando Caio topou com uma frase proferida por Guy Kawasaki, uma das mais importantes figuras do Vale do Silício, polo americano das indústrias de tecnologia: "Tente resolver um problema seu e você estará resolvendo um problema da humanidade". Imediatamente, o jovem se voltou a seus problemas.
Kahlil Gibran em O Profeta: “Seus filhos não são seus filhos. Mas sim filhos e filhas do anseio da Vida por si mesma. Eles vêm por meio de vocês, mas não provêm de vocês. E embora estejam com vocês, não lhes pertencem. Vocês podem lhes dar seu amor, mas não seus pensamentos. Pois eles têm pensamentos próprios. Podem abrigar seus corpos, mas não suas almas. Pois as almas deles residem na morada do amanhã, que vocês não podem visitar nem mesmo em sonhos.”
***
Os jovens de 18 a 30 anos não procuram o psicanalista pelo fato de reprimirem seus desejos, mas porque não sabem o que desejam. Antes procuravam porque não ousava realizar seus desejos. Hoje é a busca rápida do prazer. A idéia é aproveitar sem se envolver, o sexo sem compromisso, o prazer ocasional, sem compromisso... .Busca imediata de prazer máximo, sem freios nem restrições. O mundo virtual pela internet... Ali qualquer um pode viver uma série de vidas sucessivas sem nenhum compromisso definitivo.
As pessoas querem se distanciar da realidade, não querem um limite. NOS PERÍODOS DE CRISE MORAL, COMO O ATUAL, até a capacidade de sonhos foi destruída; é o hoje, o agora, nada de futuro...
Vivemos a era da incerteza, do lusco-fusco, aurora e trevas, o sol da madrugada, a era dos extremos. Os muros caíram os sonhos se desvaneceram, ideologias não exercem mais fascínio, como também um curso, um diploma que garanta mais emprego. Estudar para quê? Perguntavam os jovens das gerações anteriores. Como dissipar a ansiedade dos jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho e dos desempregados que não sabem como voltar a ele? A verdade é que vivemos em um mundo no qual a única certeza é a de que tudo muda ou pode mudar. Algum tempo atrás cada geração vivia melhor que a anterior. Agora não é bem assim. Está se desconstruindo um mundo sem construir uma coisa nova em seu lugar. Vazio existencial, falta de amparo emocional no seio da família, ausência de perspectivas de vida decorrente da falta de trabalho, enfim, caminhamos para o desconhecido. Para onde vamos? Cada vez mais homens sem rostos, que acreditam serem deuses e que elegeram o dinheiro como uma religião universal, tomam decisões nas empresas transnacionais que afetam a vida dos cidadãos em todos os cantos do mundo. O desenganjamento é a característica dos nossos tempos. As pessoas estão desiludidas politicamente, e mesmo quem não está fica desorientado. Hoje os adversários são muito mais difusos. Uma grave ameaça à democracia participativa. Estamos cada dia mais desesperados e infelizes com o estilo de vida que levamos. O estilo de vida é de uma velocidade vertiginosa, ninguém tem mais tempo para a reflexão sobre o significado da vida, a meditação ou a contemplação. Isso é enlouquecedor. Estresse, ansiedade, angústia, correria. Globalização da economia, homens e mulheres transformados em mero consumidores de coisas.
Nas condições atuais divertir-se é alienar-se. Comprar coisas, o novo ópio.
O desemprego deixou de ser um mal econômico e social e passou a ser um bem econômico. As corporações multinacionais anunciam programa de desemprego e suas ações sobem nas bolsas, pois isso representa mais enriquecimento dos acionistas e executivos. O dinheiro, o dólar, cultuado como o “Bezerro de Ouro” Bíblico, “América, terra de ganâncias ilimitadas e esperanças traídas”.
O medo dos pobres, o crime organizado, o fundamentalismo islâmico. O desencanto com as religiões, a desilusão com o materialismo, a sede de Deus, os moços abrindo a porta do inferno com as drogas (75% homens 20% mulheres e apenas 30% se curam), a violência grassando nos quatro cantos do mundo. Crianças matando os pais, professores e colegas nas Escolas. A mídia eletrônica (TV vídeo, cinema, internet) cultuando agressividade nas crianças e contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais violenta, o surgimento dos serial killlers juvenis. “Violência é definitivamente coisa de garoto e uma tendência masculina” (90% homens, 10% mulheres). Eros e Tanatos, amor e morte, as profecias de Nostradamus prevendo a batalha de Armagedom que fica ao lado do Monte Carmel em Israel, as figuras sinistras de Gog e Magog, os quatro cavaleiros do Apocalipse: morte, fome, peste e guerra do “Livro das Revelações” das Bíblia, um texto fantástico e confuso de São João.
Agora descobrem na biblioteca Nacional de Israel manuscritos de Isaac Newton “Os segredos de Newston”, revelando que o mundo deve acabar em 2006, baseando-se no texto bíblico do Livro de Daniel. “Ele pode acabar além desta data, mas não há razão para acabar antes”, revela. Segundo ele, l.260 anos se passariam entre a refundação do santo Império Romano por Carlos Magno, no ano 800, e o final dos tempos.
Tudo isso torna confuso a cabeça dos moços, que precisam ser sacudidos para tirá-los da passividade. Muitos estão num nevoeiro, não enxergam bem o caminho, não têm projeto de vida, não têm esperança. Tão inclinados às ilusões quanto às desilusões, nos jovens o que prevalece não é a esperança de um progresso humanizado, de libertação, mas de exploração, da opressão, do poder de destruir. A realidade virtual, grandes ambições com poucos esforços”. Gostaria de vê-los mais inquietos, mais pensantes, menos centrados no próprio umbigo“, diz a escritora Fanny Abramovich, Nunca foi tão difícil ser adolescente. Dentro das brumas do amanhecer do novo milênio, os jovens estão marcados pelo dasajustamento entre o sonho e a realidade. Sentem dificuldade de superar o real do virtual: sexo virtual, ambições virtuais ilimitadas, violência virtual, tudo superexcitante, nada satisfaz.
O Jornal do Brasil, caderno B de 31/05/98 , traz uma longa entrevista de Regina Zappa com o pesquisador alemão Jo Groebel, assessor dos Governos da Alemanha e Holanda, e da UNESCO. Em 2 anos de pesquisa visitou 23 países, inclusive o Brasil, ouviu 5000 meninos e meninas de 12 anos, cristãos e muçulmanos. É o retrato da influência da mídia eletrônica: 44% das crianças não conseguem diferenciar a realidade do que vêem na telinha. Passam 50% mais tempo vendo TV, do que fazendo qualquer outra atividade fora da Escola, como leitura, dever de casa, esporte, conversa com a família. 50% das crianças pesquisadas estão ansiosas, a maior parte do tempo.
Em cada programa de uma hora exibido na TV, há entre 5 e 10 ações violentas. A violência na TV é apresentada como coisa normal, divertida, recompensada e inevitável. “O que vemos é promoção sistemática da cultura da violência. Em detrimento da cultura pacífica”. “A violência compensa”, diz o pesquisador, que recomenda neutralizar todo esse mal com muita conversa, orientação e reflexão dentro da família e da escola, e código de conduta e ética para a mídia.
Martin Luther King, em 1964: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”
“Diz o psicanalista francês Charles Melman, (Veja 23/04/08 pág. 92) Assistimos hoje a um acontecimento que talvez não tenha precedente na história, que a dissolução do grupo familiar. Pela primeira vez a instituição familiar está desaparecendo, e as conseqüências são imprevisíveis”